quarta-feira, 23 de abril de 2008

"Notícias do fumacê", Ruy Castro na Folha

Como meus trilhões de alunos e amigos sabem, não me acho careta nem moralista. Mas o texto do Ruy Castro na Folha de hoje vale uma reflexão. Sou fã do trabalho do cara.

Notícias do fumacê
RUY CASTRO
O lobby da maconha cochilou e a informação vazou. Em dezembro último, pesquisadores canadenses publicaram um trabalho na revista "Chemical Research Toxicology" afirmando que a fumaça da Cannabis apresenta mais substâncias tóxicas que a do tabaco comum. Um "baseado" conteria, por exemplo, uma quantidade de amônia equivalente a 20 cigarros comerciais.
Os níveis de cianeto de hidrogênio e de óxido nítrico -elementos que os usuários do jereré nem imaginam existir, mas que afetam corações e pulmões- seriam de três a cinco vezes superiores aos do cigarro comum. E o tremendo calor nas guimbas que se fumam até o último milímetro é alto indutor do câncer de lábio e de língua. Sem falar em que os fumantes passivos de maconha estão sujeitos aos mesmos riscos que os praticantes do fumacê.
Entendo e respeito o antitabagismo de pessoas que nunca fumaram ou largaram o cigarro depois de décadas na ativa. Eu próprio deixei de fumar há anos. Mas sempre achei suspeita a aversão ao cigarro pelos fumantes de maconha, sob o argumento de que esta seria inofensiva porque "ninguém fuma 20 "baseados" por dia". Sabe-se agora que isso nem é necessário. E, em última análise, o ato de queimar fumo e engolir fumaça é o mesmo, não?
Na Grã-Bretanha, também desafiando o lobby, e em atenção aos alertas dos agentes sanitários, o governo reclassificou a maconha na lista de drogas perigosas, promovendo-a do grupo C (o dos remédios "controlados", tipo Valium) para o B, junto com as anfetaminas. Significa que, a partir de agora, os britânicos apanhados com a erva estarão sujeitos a prisão e multa, não apenas apreensão.
Os aderentes à Marcha da Maconha, no próximo dia 4, em dez cidades brasileiras, fariam bem se dormissem sobre essas informações.

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