sábado, 13 de dezembro de 2008

O futuro dos jornais: "Murdoch exala otimismo sobre o jornal do século XXI - Entrevista publicada na Folha de S. Paulo - Parte 6

(Continuação do post mais abaixo)

Em uma época na qual as novas tecnologias de impressão tornavam jornais em todo o mundo mais eficientes, os jornais no Reino Unido eram obrigados a usar uma tecnologia que não mudara muito desde a Bíblia de Gutenberg. Os custos estavam acabando com centenas de empregos e aleijando o que é hoje o mais vibrante mercado de jornais no mundo.

Isso não seria sustentável no longo prazo. O colunista Bernard Levin descreveu Fleet Street (os jornais britânicos) como "condições que combinam um esquema criminoso de proteção com um hospício".

Decidimos mudar isso. Compramos as máquinas de impressão mais modernas que havia, as instalamos num centro em Wapping e contratamos boas pessoas para operá-las.

No fim, custou caro. Houve violência terrível, especialmente contra a polícia. Os trabalhadores que optaram por nos combater imaginavam que a direção da empresa acabaria cedendo, como haviam feito tantas outras no passado. Durante algumas semanas, ficamos debaixo de um cerco montado por pessoas determinadas a danificar nossas máquinas, prejudicar nosso pessoal e acabar com nosso negócio.

Mas tínhamos feito um bom planejamento e acabamos prevalecendo. Nossa vitória ajudou a tornar todos os jornais britânicos mais lucrativos. Isso significava salários melhores e um futuro mais promissor para seus funcionários.

Hoje o desafio que enfrentamos é diferente. Sob alguns aspectos, é um ataque direto a nosso julgamento.

Antigamente um punhado de editores podia decidir o que era notícia e o que não era. Eles agiam como uma espécie de semideuses. Se eles publicassem uma história, ela virava notícia.

Se ignorassem o fato, era como se nunca tivesse acontecido.

Hoje os editores estão perdendo esse poder. A internet dá acesso a milhares de novas fontes que cobrem coisas que um editor poderia deixar passar. Se você não se satisfaz com isso, pode começar seu próprio blog, cobrindo e comentando as notícias você mesmo.

Os jornalistas gostam de enxergar-se como guardiões, mas eles nem sempre reagem bem quando o público lhes cobra responsabilidade.

(Continua no post acima)

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