quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Nem todo mundo acha que o JB morreu

Acabo de receber do amigo e ex-aluno Leandro Mazzini, editor da coluna "Informe JB".


Virando a página

A mídia que divulgou o fim da última edição impressa do Jornal do Brasil dá um tom de que o jornalismo morreu com o impresso. Não foi. Há apenas uma migração. Agora estreia o JB Digital, com matérias exclusivas e convergência de mídia.

Na primeira edição, desta quarta, 1º de setembro de 2010, por exemplo, vocês encontram várias reportagens de todas as editorias, e ainda a novidade - uma entrevista em vídeo com o presidente do TSE. Ainda teremos a TV JB e podcasts diários na própria edição, agregando valor à notícia.

Há muito romantismo em torno do jornal papel. Isso é bom. Mas até nisso há um exagero. A imprensa toda passa por uma mudança drástica, e o JB é apenas um exemplo disso. O Le Monde quase faliu em junho - teve de ter um aporte de 10 milhões de euros emergenciais para não ir ao Tribunal de Falências, e vendeu metade de suas ações para um grupo. O NYT foi salvo pelo mexicano Carlos Slim com aporte de US$ 1 bilhão há dois anos. Hoje os jornais do Brasil estão incentivando gradativamente a assinatura digital porque o custo do envio de exemplares para leitores em algumas capitais é maior que o ganho com a assinatura. 

O online/digital será caminho natural de todos os impressos, pela exigência do próprio leitor que segue as tendências. A migração será inevitável, até pelo fator ambiental. Derrubar árvore hoje não é negócio para nenhuma empresa - estão aí todos os dias as campanhas das próprias por compromisso ambiental.

É difícil mudar uma cultura de séculos de leitura de jornal, mas não impossível diante das tendências que norteiam já os rumos dos veículos de comunicação - a convergência de mídias online. É questão de tempo. Se houver uma pesquisa, poderemos descobrir que a massa das crianças e adolescentes de hoje em todo o planeta já trocou a leitura de jornal pelo noticiário na internet - que não deixa de ser tão bom quanto o impresso, e, em muitos casos, até mais analítico e rico em informações, outra vantagem do mundo virtual.

São essas crianças e adolescentes de hoje que em pouco tempo serão os leitores e anunciantes dos veículos de comunicação. E  eles já rascunham em seus cotidianos o que vislumbram sobre comunicação para daqui a poucos anos. A tela - seja ela do micro, do laptop, do ipad, do kindle e similares, do celular. Em lugar do papel.

Haverá uma hora em que , quem sabe, ainda lamentaremos lá na frente o fim da... internet. Ultrapassada por alguma extraordinária invenção humana alimentada pela tecnologia que nos engole. E o saudosismo não será diferente como o de hoje, dos que lamentam o fim de uma edição impressa.

Isso é inerente ao homem. O romantismo. E essencial. Mas existe uma inexorável verdade em nossa rotina. O mundo muda a cada momento, em tudo. Seja você um romântico ou não, deverá se adaptar para sobreviver. 

2 comentários:

Hérica Oliveira disse...

Felizmente ou infelizmente eu ainda não me adaptei...

PC Guimarães disse...

Muito menos eu, Hérica. Mas quem sabe o nosso Leandro está certo? Em setembro ele vai fazer palestras na Facha. Botafogo e Méier.