sexta-feira, 29 de junho de 2007

Um tributo a John Lennon (Here Today) só pra dar uma relaxada

Suíte da briguinha entre jornais

Jornais do Rio e de São Paulo: briguinha besta
Helena Chagas
Briguinha besta essa da imprensa carioca com a paulista em torno do troféu de estado mais violento, né? O Globo faz hoje editorialzinho criticando Folha e Estadão por terem dado na véspera mais destaque em suas primeiras páginas à operação policial no Morro do Alemão, que matou 19 no Rio, do que ao assassinato dos pais, durante assalto, na frente do filho de sete anos em São Paulo. Tudo, no fundo, para mostrar que a imprensa paulista superdimensiona a violência no Rio e esconde a de São Paulo.

Ora, seleção de notícias e o jeito que vão, maiores ou menores, para a primeira página é um problema de cada jornal com seu leitor. E, embora o crime de São Paulo tenha sido chocante e brutal, uma operação nunca antes vista de cerco a uma favela pela Polícia e pela Força Nacional, com 19 mortos, talvez seja, de fato, mais notícia. Em qualquer lugar. E se o leitor da Folha e do Estadão não achar isso e considerar que o destaque deveria ter sido inverso, ou se sentiu falta de informação do caso paulista, vai reclamar. E é a eles que os jornais têm que prestar contas.

Mas a gente vê que a má-vontade é recíproca, e que a provinciana e antiga disputa entre paulistas e cariocas ainda tem certa influência, pela manchete de hoje da Folha: "Entidades acusam polícia de abusos em ação no Rio". Ok, as entidades de direitos humanos estão em seu papel, que nessas horas é o de questionar. Boa parte dos bandidos devem ter sido fuzilados mesmo pela polícia. E, pior ainda, boa parte da população vítima de traficantes e de todos os tipos de violência no Rio está feliz e contente com isso. Chegamos a um nível de banalização da violência que é mesmo um horror. Mas, vamos e venhamos, nem a Comissão de Direitos da OAB e nem a Anistia Internacional mereciam manchete, né??? Foi uma cutucada, um jeito de mostrar o lado negativo da operação que o governo fluminense e a população do Rio tanto aplaudiram. Aliás, aplaudiram mesmo. Um inspetor da patrulha avançada, por exemplo, teve hoje direito à foto da capa do Globo, fumando charuto e declarando que seu sonho é ir para o Iraque. Um herói. É, são esses os heróis de hoje em dia...

Voltando a vaca fria da briguinha besta. Algum leitor ou cidadão do Rio ou de São Paulo ganha alguma coisa com essa discussão? Acho que não. No máximo, engajam-se na briga besta e vão brigar com seus amigos de São Paulo. Ou do Rio. O melhor jeito de não perder mais tempo com isso é decretar que Rio e São Paulo são as mesmas merdas na questão da violência urbana, e que um é tão violento quanto o outro, ainda que essa violência assuma modalidades e características diferentes em cada lugar. Pronto. E daí?

Fonte: blog dos blogs

Violência no Rio pauta Imprensa paulista


Deu no no Globo hoje. Bela sacada. Vale a pena ler.

terça-feira, 26 de junho de 2007

Como será o repórter do futuro?


Abro a página 2 do Globo de hoje e leio na coluna "Por dentro do Globo" uma materinha sobre os "Repórteres do futuro". Justamente um dos temas de uma das minhas provas finais. Aproveito e publico o melhor dos textos que li até o momento.

Desejável e inevitável
Flávia Ferreira
"A internet já ocupou o lugar das revistas e dos jornais, um conjunto de valores associados ao exercício da atividade informativa também está sendo drasticamente alterado e tudo indica que o perfil do profissional do futuro será bem diferente do atual. Esta evolução não é apenas desejável, mas também inevitável porque o jornalismo atual não pode continuar como está, embora tenham sido separados na forma e velocidade da mudança. A tecnologia, o novo perfil dos consumidores e a realidade econômica terão um papel crucial no futuro da imprensa, mas tudo indica que o exercício da profissão vai depender de fatores não-materiais, concentrados especialmente na área da educação.

Há necessidade de atualização dos profissionais que atualmente trabalham nas redações de revistas, jornais, rádios e emissoras de TV. O processo de modernização tecnológica é irreversível e está atropelando a maioria dos profissionais mais experientes, cujo conhecimento é indispensável na contextualização da informação um recurso que se tornou essencial à compreensão das notícias num ambiente de muita informação. As empresas estão recorrendo ao expediente fácil de trocar profissionais calejados por jovens que conhecem as novas tecnologias, mas carecem de maior experiência no relacionamento com fontes e leitores. O descarte dos veteranos parece uma solução fácil, mas suas conseqüências aparecem quando o noticiário perde densidade e o leitor troca os jornais pela internet, por exemplo. As redações do futuro estarão formadas por jornalistas que ingressarão nos próximos anos em algum curso de comunicação, mas se não houver uma urgente mudança nos currículos é quase certo que os novos profissionais serão tão desatualizados quanto os que saem hoje das universidades. A grande maioria das faculdades de jornalismo no Brasil não tem uma disciplina de jornalismo on-line, não discute as mudanças em curso na imprensa e nem prepara os alunos para as novas exigências de um mercado onde a comunicação digital será predominante. O que as faculdades fazem hoje é preparar profissionais para o desemprego. O terceiro e talvez mais importante fator a condicionar o futuro do jornalismo é a nova relação entre os profissionais e o público.

A internet colocou nas mãos das pessoas comuns a possibilidade de elas tornarem-se protagonistas ativos na arena da informação pública. Isto nunca havia ocorrido antes em escala massiva. Ferramentas como as máquinas de digital, as páginas web, os blogs, os chats e o correio eletrônico deram ao público um poder inédito em matéria de observação crítica da imprensa e isso passou a ameaçar o olímpico isolamento dos jornalistas e formadores de opinião pública. Os profissionais que já estavam desorientados pelo implacável encolhimento das redações, pela introdução maciça de novas tecnologias, pela falta de tempo e recursos para contextualizar informações, passaram também a enfrentar leitores vigilantes e cheios de exigências.

Por outro lado, os leitores e os autodenominados jornalistas amadores passaram a exercer o seu papel ativo na comunicação sem terem tomado consciência de toda a complexidade do jogo da informação. Trata-se de uma situação delicada e que pode gerar conseqüências trágicas. Ficou claro que os principais desafios da imprensa nos próximos 10 anos encontram-se mais no terreno educacional, por meio do aprendizado permanente dos profissionais, estudantes e dos novos "amadores" do jornalismo, do que na tecnologia e nas finanças".

domingo, 24 de junho de 2007

Vavá joga em que time?


Cadê Vavá?
Questão de equilíbrio: se Vavá enrolado valia manchete, Vavá se desenrolando merecia ao menos um título na página mais nobre do jornal

O aposentado Genival Inácio da Silva, irmão do presidente da República, ganhou a manchete da Folha em quatro edições de junho. A primeira contou que a Polícia Federal qualificou Vavá como suspeito de tráfico de influência e exploração de prestígio. A terceira transcreveu gravações em que o indiciado usa o nome de Lula para obter dinheiro. Na segunda e na quarta, o chefe do Executivo manifestou convicção da inocência do irmão. Na terça, o Ministério Público Federal acusou 39 pessoas por vários crimes, mas não incluiu Vavá na denúncia. Considerou que não havia provas contra ele na operação batizada como Xeque-Mate.

Era obrigatória a menção, em título da Primeira Página, à decisão favorável ao cidadão antes em apuros. Na edição São Paulo da quarta, o título ignorou a vitória de Vavá: "Compadre do presidente e mais 38 são denunciados". Escrevi na crítica diária a nota "Dois pesos, um erro grave". Não bastava o texto da chamada da capa informar que a acusação não atingia Vavá, era preciso destacar. Questão de equilíbrio: se Vavá enrolado valia manchete, Vavá se desenrolando merecia ao menos um título na página mais nobre.

O jornal vinha bem na cobertura, a despeito de alguns tropeços. A posição dos procuradores sobre a ausência de provas contra Vavá não enfraquece a opção anterior da Folha de o eleger objeto de manchetes. Fiscalizar o poder é função do jornalismo.
Vavá foi indiciado, manteve relações com supostos membros de uma quadrilha, a PF pediu sua prisão (negada pela Justiça), grampos expuseram conversas suspeitas, o presidente se pronunciou a respeito da investigação. Isso tudo é notícia, tem interesse público e legítimo.

O jornal nem "condenou" nem "absolveu" Vavá. Assim como não afirmou que ele logrou êxito em suas ações. Na terça, ao contrário do que fizeram os diários "O Estado de S. Paulo" e "O Globo", não publicou a informação sem fundamento segundo a qual o irmão de Lula seria denunciado. Em compensação, os concorrentes, com acerto, estamparam na capa a novidade positiva para Vavá.

Na edição Nacional, concluída às 21h06, a Folha havia titulado na Primeira Página "Ministério Público denuncia compadre de Lula e poupa Vavá". Não era bem isso.
Como explica o "Aurélio", "poupar" também tem o sentido de "ser tolerante" e "indulgenciar". O verbo editorializa, emite opinião subliminar em espaço impróprio.
Pedi um comentário à Redação, que respondeu: "Na edição São Paulo (0h19), ocorreu uma rediagramação da Primeira Página em razão da nova crise aérea. A denúncia do Ministério Público, no entanto, continuou na submanchete, mas o título passou de três para duas linhas [...]".

Mais: "Nas duas edições, as chamadas relativas ao caso afirmaram com todas as letras que o irmão de Lula não havia sido denunciado e que o Ministério Público Federal pedira mais apurações sobre o suposto lobby praticado por Genival Inácio da Silva (Vavá)". Em suma: notícia ruim para Vavá ocupou manchete; boa, limitou-se às letras pequenas do texto da chamada.

Fonte: Mário Magalhães (ombudsman da Folha)

sábado, 23 de junho de 2007

Fernando Molica no ABI Online


Sou fã e leitor do site da ABI Online, editado pela Solange Noronha. E o Molica é um tremendo repórter e um baita lutador. Está em todas: na TV Globo, no Jornalismo Investigativo, nos livros e, agora, na "Eme Bi Ei" da FGV.
Quem não ler essa entrevista, é mulher do padre.

O talento precoce de um repórter
Rodrigo Caixeta

Carioca, criado em Piedade, no subúrbio do Rio, Fernando Molica completa 26 anos de profissão em 2007. Formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, ensaiou os primeiros passos na carreira ainda na infância, colaborando para o suplemento O Jotinha, de O Jornal. Naquela época, no entanto, sonhava ser jornaleiro, “para passar o dia inteiro lendo jornais e revistinhas”. Mas foi na adolescência que fez a escolha definitiva pelo jornalismo.

Aos 46 anos, o repórter especial da TV Globo concilia o trabalho na emissora com um cargo na diretoria da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e prepara-se para estrear no universo acadêmico coordenando um curso de MBA da FGV-Rio. Carrega ainda no currículo passagens pelas redações do Globo, Folha e Estadão e a autoria de três livros. Nesta entrevista, Molica remonta sua trajetória profissional, fala sobre os caminhos do jornalismo investigativo e as reportagens que marcaram sua vida e critica o desrespeito à liberdade de imprensa.


ABI Online — Quando você estreou no jornalismo e foi em qual veículo? Antes já tinha exercido alguma outra profissão?
Fernando Molica — Se for para responder ao pé da letra, usando a lógica dos mil gols do Romário, posso dizer que minha estréia foi em O Jotinha, suplemento infantil de O Jornal. Por volta dos 8/9 anos, eu mandava colaborações eventuais para o tal suplemento. Tinha até carteirinha de repórter-mirim. Mas o trabalho profissional começou em 1981, quando iniciei uma série de frilas para a Bloch Editores. Publiquei matérias na Manchete e na Fatos & Fotos. No mesmo ano comecei a estagiar na sucursal carioca do Estado de S.Paulo e acabei contratado em 1983, assim que me formei.

ABI Online — O que o motivou a se tornar jornalista?
Molica — Não sei bem, talvez um conjunto de fatores. Sempre gostei da idéia. Inicialmente, confesso, queria ser jornaleiro, para passar o dia inteiro lendo jornais e revistinhas. Mas, depois, no início da adolescência, decidi que iria ser jornalista. Até pensei em fazer publicidade ou cinema, mas a opção pelo jornalismo acabou vingando. Como disse, não sei bem o que me atraiu, não tinha nenhum parente jornalista, nenhum amigo dos meus pais exercia a profissão. Sei que gostava muito de ler jornal, um hábito que adquiri desde cedo — o timaço do Botafogo em 67/68 ajudou a criar esse vício. Outro detalhe importante: o jornal, de alguma forma, servia de ponte para um outro mundo, permitia que eu saísse de Piedade, do subúrbio. Pelo jornal eu sabia de fatos do mundo inteiro, inclusive da minha própria cidade, do que ocorria do outro lado do túnel. Sempre vi o jornal como, na prática, um bom amigo, que me contava boas histórias, que me mantinha bem informado. Ah, sempre gostei de escrever. Isso certamente também contribuiu para a opção.

ABI Online — Ao longo de sua carreira, você tem passagens pelas sucursais cariocas da Folha de S.Paulo e Estadão e na chefia de reportagem do Globo. Como foi sua experiência na redação destes jornais?
Molica — A passagem pelo Estadão foi fundamental. Em primeiro lugar, eu começava, enfim, a trabalhar em um jornal, um jornal importante. A sucursal era grande, formada por jornalistas mais velhos — na época, eu achava que qualquer pessoa com mais de 30 anos era meio idosa. Esse convívio com profissionais mais experientes foi importantíssimo, aprendi muito com eles. Mas, em 85, vi um anúncio da Folha para uma vaga de repórter na sucursal do Rio. O salário era o dobro do meu. Mandei o currículo e acabei sendo escolhido. A ida para a Folha representou um recomeço, cheguei lá no auge da implantação do "Manual de redação", um tempo bem radical, em que princípios consagrados do jornalismo passavam por uma crítica muito forte. Foi meio complicado no início, mas acabou sendo uma experiência que redefiniu muitos de meus conceitos sobre o jornalismo. Fiquei seis anos por lá, como repórter e chefe de reportagem. Depois, fui para O Globo e, um ano depois voltei para a Folha, como repórter especial. A ida para O Globo, na chefia de reportagem, representou minha estréia em um jornal local. Um negócio meio louco, na época havia 40 repórteres na editoria Rio. Isso sem contar com os fotógrafos. É muita gente. Pior é que repórter, por definição, é um ser meio indisciplinado, questionador — e é bom que seja assim. E a cidade é, digamos, dinâmica; de tédio a gente não morre, né? Enfim, foi um período muito intenso, conheci profissionais admiráveis, aprendi muito. Mas o convite para voltar a cuidar de um repórter apenas — eu mesmo — foi tentador.

ABI Online — Atualmente você é repórter especial da TV Globo. Quando surgiu o convite para a televisão? Houve algum tipo de dificuldade para se adaptar à linguagem televisiva?
Molica — Houve, claro. Aos 35 anos eu voltei a ser um iniciante. Não é simples. É claro que, no fundo, trabalhamos com a mesma matéria-prima, a notícia. Mas o processo de produção na TV é bem diferente, desde a apuração até a edição. A minha geração queria trabalhar em jornal, não me lembro que houvesse, na faculdade, alguém que dizia que queria ir para a TV (hoje, pelo que sei, é o contrário). Quando o Evandro Carlos de Andrade e o Luiz Erlanger me chamaram, achei que era para assumir algum cargo de chefia, não imaginava que era para ser repórter. Mas resolvi apostar, tentar aprender a fazer aquele negócio. E o início foi difícil. A TV tem uma gramática própria, você tem que aprender a falar para a câmera, tem que se preocupar com a voz, com a narração, com a “conversa” com o telespectador. O texto também é diferente, mais calcado nas imagens. O trabalho em jornal é mais solitário, na TV envolve muita gente, é preciso aprender a lidar com um trabalho mais coletivo. Mas já estou em TV há 11 anos, acho que está dando razoavelmente certo.

ABI Online — O repórter de TV, aliás, gosta de estar ao vivo porque pode arrancar algo inesperado do entrevistado. Mas até que ponto vai o limite do profissional para não deixar o entrevistado em situação embaraçosa ou constrangedora?
Molica — Acho que isso vale para qualquer repórter, de TV ou não. O limite entre a ousadia e a grosseria é, às vezes, meio tênue. O problema é que, na TV, todos ficam mais expostos, o entrevistado e o entrevistador. Ao vivo, então, é pior. Como sempre, vale usar o bom senso.

ABI Online — Você é autor do romance “Notícias do Mirandão”, sucesso de crítica e vendas, de “O homem que morreu três vezes” e organizou “10 reportagens que abalaram a ditadura”. Quando surgiu o lado escritor? Fale um pouco sobre essas obras.
Molica — Acho que desde a adolescência eu queria tentar ser escritor. Mas o exercício do jornalismo acabou sendo intenso demais, não dava muito espaço para tentar outras possibilidades. Além do mais, como jornalistas, aprendemos a ser muito críticos, o que, de vez em quando, é meio castrador. Comecei a escrever o “Notícias do Mirandão” mais como um exercício, um desafio — será que vai dar? Talvez, na época, estivesse com saudades de escrever mais, o texto em TV é sempre curto. Achei que seria legal tentar escrever ficção, partir para um texto que dependesse da imaginação, não de um processo de apuração. Apesar de estar ambientado no Rio de Janeiro da atualidade, o livro é ficção pura, trata de um grupo de esquerda que resolve se aliar a traficantes de drogas cariocas para tentar organizar uma reedição da guerrilha urbana. Acho que a experiência jornalística ajudou a escrever o livro. O tempo todo eu ficava me perguntando: e agora, o que pode acontecer, o que é razoável acontecer? O livro foi publicado na Alemanha, deve sair ainda neste ano na França e vai virar filme, dirigido pelo Ruy Guerra, o que me deixou muito feliz. Já “O homem que morreu três vezes” nasceu de duas reportagens que fiz para o “Fantástico”, sobre Antonio Expedito Carvalho Perera, um ex-advogado de extrema direita que virou aliado da guerrilha no fim dos anos 60, foi preso, torturado, banido do Brasil e que, na Europa, tornou-se fornecedor de armas do “Carlos”, o “Chacal”, o terrorista-símbolo dos anos 70, o Bin Laden da época. Um personagem espetacular, a história do Perera é de humilhar qualquer ficcionista. Depois escrevi um outro livro de ficção, o “Bandeira negra, amor”. O “10 reportagens que abalaram a ditadura” faz parte da coleção Jornalismo Investigativo, um projeto da Abraji, Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, com a editora Record. Nossa idéia é recuperar reportagens significativas e publicá-las ao lado de textos de seus autores ou de jornalistas que cobriram aqueles fatos.

ABI Online — Você tem algum projeto editorial em andamento? Gostaria de falar sobre ele?
Molica — Há duas semanas lançamos, também pela Abraji, o segundo volume da coleção Jornalismo Investigativo, o “50 anos de crimes”, que traz reportagens sobre 20 casos policiais ocorridos entre os anos 50 e 90. E espero, ainda neste ano, publicar um outro livro de ficção.
ABI Online — Você saberia eleger uma matéria que tenha marcado sua trajetória até agora? Qual e por quê?
Molica — Em TV, gosto muito das reportagens sobre o Expedito Perera. Também estive na Colômbia, fiz matéria com guerrilheiros das FARC. Foi bem interessante. Na Folha, fiz muitas reportagens sobre religião, principalmente sobre a igreja católica. Acabei, juntamente com um outro colega, antecipando que o Leonardo Boff ia deixar o sacerdócio.

ABI Online — E como você avalia o ensino nas faculdades de jornalismo? Como você observa os focas que hoje chegam ao mercado?
Molica — Não acompanho assim tão de perto o ensino para poder uma análise mais responsável. Mas acho que ainda persiste uma separação meio doida entre teoria e prática, como se a teoria não fosse essencial para que possamos criticar e melhorar nosso trabalho. Sobre os jovens: não dá para fazer uma crítica geral. O que talvez fique mais evidente seja uma certa preocupação maior com as técnicas, com a prática do jornalismo em si e com a própria carreira. Talvez ocorra hoje uma menor preocupação com temas mais gerais, relacionados ao País. Minha geração começou a trabalhar ainda no regime militar, havia uma grande discussão sobre a abertura, a democratização do País. É possível que houvesse sonhos mais coletivos, uma esperança mais generalizada. Acho que hoje estamos todos mais céticos, mais individualistas, com menos esperança no País. Isso é muito ruim, principalmente quando ocorre entre os jovens.

ABI Online — Falando em ensino, no último dia 29 você coordenou o seminário “Novos caminhos do jornalismo investigativo”, na FGV do Rio. Quais são estes novos caminhos?
Molica — Acredito que estamos passando por um momento muito interessante no jornalismo. Cada vez mais temos acesso a instrumentos e fontes que nos permitem buscar e trabalhar as informações de forma independente. Estamos ficando menos dependentes de fontes como Deputados, promotores, policiais. Não que eles devam ser desprezados, de maneira alguma. Mas está sendo criada uma cultura fundamental no Brasil que tem a ver com o acesso a documentos públicos, a informações públicas. Esta é, inclusive, uma das lutas da Abraji, a busca por uma legislação que deixe claros os critérios para o acesso a documentos públicos. Os recursos oferecidos pela internet e por programas de computador permitem que o jornalista possa analisar esses dados, combiná-los e, no fim do processo, ter em mãos informações inéditas, exclusivas. O seminário procurou discutir essas possibilidades e também alguns limites para o nosso trabalho — o número de processos contra jornais e jornalistas não pára de crescer.

ABI Online — O que o levou a ingressar no mundo acadêmico, agora que você vai coordenar também o MBA em Jornalismo Investigativo e Realidade Brasileira, da FGV?
Molica — Recebi um convite do CPDOC (Centro de Pesquisa e Documentação da História Contemporânea do Brasil) para organizar e coordenar esse MBA. Fiquei muito animado, acho que é uma chance para estudar, de forma sistematizada, questões e técnicas fundamentais para o exercício do jornalismo, particularmente, do jornalismo de caráter mais investigativo, que busca informações inéditas. O universo acadêmico sempre me fascinou, ainda que, por diferentes razões, acabasse adiando uma volta aos estudos. O convite abreviou o processo e me colocou diante de um desafio muito interessante. Como coordenador, espero aprender muito.

ABI Online — O escândalo de Watergate — que levou à renúncia do Presidente Richard Nixon, acusado de envolvimento em escutas telefônicas ilegais, após investigação dos jornalistas Bob Woodward e Carl Bernstein, do Washington Post — é um marco na história do jornalismo investigativo e refletiu o melhor que o jornalismo poderia oferecer à democracia: manter o poder responsável. Ainda hoje é assim?
Molica — Essa idéia é bem interessante, a de controlar o poder. O falecido Brizola dizia que a política brasileira era uma espécie de clube fechado, e afirmava que era um estranho nesse ninho. Não me cabe julgá-lo, mas acho que a definição dele é boa. O poder cada vez mais se torna algo fechado em si mesmo, como se deslocado da sociedade. Ao vigiá-lo, o jornalismo presta um serviço inestimável. Algo como um “cuidado, estamos de olho”. O jornalismo funciona como uma espécie de ombudsman da população, isso, claro, ajuda a, pelo menos, fazer com que os caras pensem um pouco nas conseqüências de algumas das besteiras que pensem em fazer. Já é muito bom.

ABI Online — Um advogado escreveu um artigo em que diz que “o jornalismo investigativo pode ser proveitoso para a sociedade, no entanto, por vezes, torna-se conflitante com os objetivos da administração pública e se sobrepõe aos valores do particular, esbarrando no conceito de moral e ética”. Você concorda com esta afirmação? Por quê?
Molica — Seria bom que ele exemplificasse. O “por vezes” é genérico demais. Não entendi o “conflitante com os objetivos da administração pública”. Como assim? A investigação sobre o caso Collor atrapalhou a administração pública? Acho que foi o governo Collor que atrapalhou a administração pública. Mas é certo que cometemos erros, que exageramos que, eventualmente, ultrapassamos alguns limites. Mas o que ele diz serve para praticamente todas as profissões, inclusive para os advogados.

ABI Online — A morte de Tim Lopes deixou uma lacuna na profissão. Qual seria o limite do jornalismo investigativo? Até quando uma investigação é segura para o profissional dessa área?
Molica — Cada caso é um caso. Não dá para trabalharmos em tese. Cada matéria vai apresentar seus limites, suas dificuldades e seus riscos. Tudo isso tem que ser avaliado pelo profissional e pela sua chefia. O importante é não tomar decisões sozinho.

ABI Online — Qual seria a responsabilidade das empresas em relação aos seus jornalistas? Eles assumem o risco por suas atividades?
Molica — O melhor é discutir sobre cada pauta, sobre os eventuais riscos. De um modo geral, jornalistas que trabalham em grandes empresas correm menos riscos, mas isso não é uma verdade absoluta, como vimos no caso Tim Lopes. Muitas empresas têm promovido, em colaboração com sindicatos e entidades de jornalistas, cursos em que o repórter aprende a lidar com situações de risco, tiroteios, por exemplo. Várias empresas têm carros blindados, fornecem coletes à prova de balas. Acho que nenhuma matéria justifica o risco excessivo. E é melhor decidir isso em conjunto.

ABI Online — A atividade jornalística acarreta um risco de vida presumido atualmente?
Molica — Acho que não necessariamente. Depende da situação, do veículo em que o jornalista trabalha, dos interesses que serão contrariados.
ABI Online — Para alguns profissionais, o jornalismo investigativo se diferencia da rotina habitual das redações por fazer a investigação minuciosa dos fatos, pelo tempo que for necessário, por ter a disponibilidade de recursos específicos — tempo, dinheiro, paciência, talento e sorte — e a precisão das informações. São estes realmente os elementos essenciais para uma boa reportagem investigativa?
Molica — É muito difícil estabelecer uma fronteira: aqui termina o jornalismo mais comum e começa o investigativo. Uma boa investigação jornalística pode ser feita até em um dia, depende do caso. Mas é claro que, de um modo geral, matérias mais aprofundadas precisam de tempo, dinheiro, paciência, talento e, claro, sorte. O dinheiro tem sido um fator preocupante. As redações andam enxutas, com poucas sobras. De um modo geral é complicado tirar uma equipe da pauta e permitir que os profissionais se dediquem a um tema que, volta e meia, exige viagens, uma série de custos. Mas podemos ter atitudes de caráter investigativo no dia-a-dia, mesmo em pautas mais corriqueiras.

ABI Online — Como é o seu trabalho na Diretoria da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji)?
Molica — Tenho me dedicado principalmente à coleção de livros — o último deu um trabalho imenso. Contei com a ajuda de uma colega, a Bianca Encarnação, e de dois estudantes que ficaram encarregados de buscar as reportagens. Mas o trabalho foi muito grande.

ABI Online — Comemoramos recentemente o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa e de Expressão e diversas entidades jornalísticas divulgaram relatórios alertando para o crescente número de jornalistas mortos enquanto exerciam suas atividades. Como você analisa essa triste constatação?
Molica — Pois é, a situação é grave. Ainda não há uma cultura de respeito à liberdade de informação. Temos que ficar muito atentos a isso e exigir a punição dos culpados por esses crimes. Recentemente ocorreu o assassinato do jornalista Luiz Carlos Barbon, em Porto Ferreira, interior de São Paulo. Tudo indica que o crime está relacionado a reportagens que ele publicou. Isso é absurdo, escandaloso. Defender liberdade de imprensa não é uma atitude corporativa de jornalistas, é algo que interessa a toda a sociedade. Quem se achar prejudicado deve recorrer à Justiça, como em qualquer lugar minimamente civilizado.

ABI Online — Você disse, em uma entrevista ao Observatório da Imprensa, que “o jornalismo escreve a História todos os dias (...), uma escrita meio complicada, sujeita a erros, às dificuldades naturais da pressa, da falta de uma perspectiva histórica, de um distanciamento dos fatos”. Como resolver isso, a fim de escrever a História tal como ela é?
Molica — A história, ou a História, será sempre fruto do embate de várias versões. Até hoje não se chegou a um consenso se o Brasil foi descoberto, achado ou invadido por Cabral. E olha que já são mais de 500 anos... Não existe um olhar neutro, imparcial, há sempre um viés ideológico. É normal que seja assim. O que existe mesmo são versões bem fundamentadas e outras que não são fruto de uma boa apuração. Temos que aprimorar essa apuração, o cuidado na busca de boas fontes, de bons documentos. A partir daí temos condições de contar bem nossas histórias.

ABI Online — Qual é sua a relação com a ABI hoje em dia?
Molica — Admito que já foi maior. Mas acho que, de um tempo para cá, a entidade tem recuperado seu vigor, sua capacidade de mediar discussões importantes para o jornalismo e para a sociedade. A ABI é fundamental para o País.

Censura à Imprensa em Salvador


Censura: Justiça de Salvador manda recolher revista que traz críticas a prefeito local
Cristiane Prizibisczki/ Redação Portal IMPRENSA
A juíza Silvia Lúcia Bonifácio Andrade Carvalho, da 2ª Vara Cível de Salvador, determinou na última quarta-feira (20/06), o recolhimento dos 30 mil exemplares da 1ª edição da revista Metrópole e também proibiu rádio, site e blog do Grupo Metrópole, responsável pela publicação, de fazerem “referências explícitas ou implícitas, depreciativas ao nome, à honra, ao caráter, à intimidade, à vida privada e à imagem” do prefeito João Henrique Carneiro (PMDB), requerente do processo.

Um dia antes do lançamento da revista, na sexta-feira passada (15/06), cinco outdoors que reproduziam a capa da publicação foram retirados de pontos estratégicos da cidade. Com a chamada “A cidade no buraco – Salvador afunda em dívidas, lixo e bagunça”, o veículo trouxe reportagem com críticas à prefeitura e, na capa, a caricatura do prefeito com nariz de palhaço.

Carneiro alega que vem sofrendo “perseguições” do grupo desde que tomou posse, em 2004, ano em que já havia entrado com ação na justiça para tirar a rádio do ar. Na ocasião, o grupo recorreu e ganhou a causa. “Esta é a segunda tentativa [do prefeito João Henrique Carneiro] de nos calar. Queremos ter assegurada a nossa liberdade e o direito de poder criticar um político”, disse o diretor executivo da revista, Chico Kertész.

A decisão judicial também determina que seja cobrada multa de R$ 10 mil por cada dia que a revista circule e R$ 200 mil se qualquer veículo da rede Metrópole fizer alusão depreciativa ao prefeito de Salvador. Termina hoje (22/06) o prazo para o recolhimento da publicação, porém, Chico Kertész diz ser impossível que isso aconteça, pois, segundo ele, os exemplares já se esgotaram nos pontos de distribuição.

O grupo entrou na Justiça, na última quinta-feira (21/06), com pedido de Agravo para que a decisão da juíza seja revogada.

Fonte: Portal Imprensa

Imprensa nas bancas


Já li quase toda. Destaque para a entrevista com o Mário Magalhães, ombudsman da Folha; e para o perfil do João Moreira Salles, "publisher" (sic) da revista piauí. Mas tem outras matérias e artigos interessantes. Como sempre digo, é uma revista feia graficamente, mas essencial para professores e estudantes de Jornalismo.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Imprensa de alma lavada, diz Zuenir Ventura


Zuenir Ventura é sempre bom. A coluna dele hoje no Globo está imperdível também.

O Iraque é aqui!


Sou fã da coluna "Por dentro do Globo", publicada na página 2 do jornal, todos os dias. Parece que foi idéia do meu querido amigo Jorge Antônio Barros. Mostra, muitas vezes, os bastidores do jornal. A de hoje é imperdível. Quem iria imaginar que um dia repórteres tivessem que usar coletes à prova de bala para trabalhar!!!

domingo, 17 de junho de 2007

Belo lide!



Que belo lide da Elizabete Antunes na matéria com o nosso professor Nelson Hoineff. Foge da mesmice, mas pegou mal pros alunos da faculdade citada no texto. Só espero que não tenha sido na FACHA!

"Jornalismo vale tudo", por Gilson Caroni Filho


O meu amigo, professor e único sociólogo que conheço pessoalmente Gilson Caroni Filho é bom de escrita e está sempre escrevendo belos artigos em sites e jornais diversos. É bom de briga também e vive metendo pau na Grande Imprensa. O texto sobre o "Jornalismo vale tudo" começa assim:

"DEBATE ABERTO
‘Jornalismo vale-tudo’


A cobertura jornalística das investigações que pesam sobre Vavá, irmão do presidente Lula, é uma clara demonstração de uma imprensa que há muito trocou seu papel de fiscal dos poderes pelo de partido de oposição".

Quer ler mais?

http://www.cartamaior.com.br/templates/analiseMostrar.cfm?coluna_id=3621

"Hugo Chávez, sem uniforme", o livro


Finalmente li o livro sobre o Hugo Chávez. Livraço! E muito interessante o prefácio do professor da UFRJ, Francisco Carlos Teixeira da Silva. Imperdível para quem quer entender o que acontece hoje na Venezuela, sem a visão distorcida da grande Imprensa.

Mário Magalhães já é sócio do blog. Bela análise sobre a cobertura da promoção do Lamarca

Erros em série sobre Lamarca
A Folha cometeu uma sucessão de erros na cobertura de quinta e sexta sobre a promoção a coronel concedida a Carlos Lamarca (1937-71) pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça.
O jornal afirmou que Lamarca, um dos mais destacados militantes da esquerda armada contra a ditadura militar (1964-85), "morreu como capitão" em 1971 na Bahia.
Não procede: ao desertar do Exército em 1969 por iniciativa própria, o então capitão deixou de pertencer à Força. Não era oficial ao ser morto, mas ex-militar.
O jornal contou que em 1969 "Lamarca e companheiros rouba(ra)m o cofre do ex-governador de São Paulo Adhemar de Barros". Errado: o antigo capitão não participou do assalto.
Mais infeliz foi a afirmação, sem conceder margem a dúvida, de que, "para não ser presa", a revolucionária Iara Iavelberg "se suicidou" em 1972.
O correto é 1971, mas a falha essencial é a Folha se associar a uma versão controversa (há suspeita, também não provada, de assassinato pelos órgãos de segurança).
Recentemente, os restos da companheira de Lamarca foram retirados da ala dos suicidas no cemitério judaico onde estavam enterrados e transferidos para outro setor.
Grave erro consta do editorial de sexta: "A morte [de Lamarca] em combate -como acabou ocorrendo há quase 36 anos no interior da Bahia- é risco natural para quem escolhe pegar em armas".
Assim, a Folha bancou o relato do regime militar. Em 1996, a União concluiu que o guerrilheiro foi assassinado quando -desnutrido, doente e exausto- já não tinha condições de reagir. Não teria, portanto, havido combate algum, mas homicídio, em vez da prisão possível. É o que a imprensa noticiou há 11 anos.
Leitores se dividem sobre a condenação da Folha à promoção a coronel. Os que criticam o jornal protestam contra o emprego do termo "terrorista" para qualificar Lamarca. No entanto, Carlos Marighella (1911-69), um dos líderes da luta armada, se dizia guerrilheiro e terrorista.
É direito do jornal emitir opinião. Recomenda-se que o faça com transparência. A Folha deve ser rigorosa ao narrar a história, sem subscrever relatos superados ou carentes de comprovação.

A volta do chutômetro


Semana passada postei um blog chamado "Calculando multidões" sobre a passeata gay em São Paulo. Cheguei a comentar com o meu camarada ombudsman da Folha, Mário Magalhães, que sabe das coisas. Hoje ele abre a sua coluna na Folha com o belo texto abaixo. É bom saber que a gente está vendo o mesmo que as "feras" do Jornalismo estão vendo.

A volta do "chutômetro"

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É compreensível que organizadores de eventos, como a Parada Gay em São Paulo, batalhem por seus números; o errado é a Folha adotá-los --------------------------------------------------------------------------------

ANTES QUE a chuva desabasse, no fim da tarde de 18 de setembro de 1992, os animadores do comício pelo impeachment do presidente Fernando Collor alardearam a presença de quase 1 milhão de manifestantes no Anhangabaú.
Para a Polícia Militar, a audiência era de 650 mil. A Folha cravaria a marca de 70 mil, fundamentada em levantamento do Datafolha.
O instituto mapeara o vale, em São Paulo, medira as áreas ocupadas e observara a densidade (de duas a seis pessoas por metro quadrado).
A estimativa de multidões exige rigor, preconiza o "Manual da Redação": "Em evento importante, usar método científico de medição do local, com assessoria do Datafolha".
O jornal desafiou o bom senso ao sustentar, na última segunda, que a Parada Gay mobilizou na capital paulista o equivalente a 50 atos como o do auge dos caras-pintadas.
Junto a uma fotografia mostrando um mar de gente, a primeira página anunciou: "Parada Gay em São Paulo tem público recorde". Complemento: "Segundo cálculos dos organizadores, o evento reuniu 3,5 milhões de participantes".
O Folha deu o crédito para a organização, mas aceitou a conta, ao confirmar o "recorde". Cotidiano abraçou o número: "Parada Gay cresce; diversão e problemas, também". Por que cresceu? Porque em 2006 a avaliação "oficial" foi de 3 milhões.
Leitores apontaram a inconsistência. Na terça, o "Painel do Leitor" publicou carta de Adelpho Ubaldo Longo. Ele considerou a extensão e a largura da av. Paulista, com seis indivíduos por metro quadrado. Resultado: presença máxima de 806.400 pessoas.
Não havia aquela concentração na Paulista. E, na verdade, a parada tomou também a rua da Consolação. Para a Folha, ela se estendeu por 3,2 km. Mas não há como afiançar os 3,5 milhões.
Os promotores falam em somar o público circulante e o do entorno do trajeto, mas não empregam método científico. É compreensível que eles batalhem por seus números. O errado é a Folha adotá-los.
O diretor do Datafolha, Mauro Paulino, confirma as conclusões do leitor. Sobre o público total, ele diz: "Só poderia afirmar com certeza se tivesse aplicado o nosso método". As medições do Datafolha foram feitas de 1985 a 2000.
A Redação lembra que creditou aos organizadores a projeção. Diz que o testemunho de repórteres e a comparação de fotos "parecem dar razão a todos que afirmam que o evento de 2007 foi o maior".
Ou seja: dispensou o procedimento determinado pelo "Manual". Por que a Folha o abandonou? Responde a Redação: "Por que os custos de medição são muito altos. [...] Tal investimento só se justifica quando a precisão da estimativa se mostrar indispensável para a avaliação da importância jornalística de determinado evento".
Pois era o caso da parada, de repercussão mundial. O jornal deveria resgatar o Datafolha para medir multidões. Em um texto de 1989, a Folha chamou cálculos alheios de "chutômetro". Hoje pode assegurar que não divulga chutes?

sábado, 16 de junho de 2007

FACHA Méier - Trabalho de Secretaria Gráfica






Quatro belas páginas da aluna Anna Beatriz Thieme (que tem cara de criança) e uma bela capa da aluna Fabiana de Castro. O tema do trabalho era fazer uma revista de quatro páginas sobre um jornalista.

O que não se deve fazer: pergunta imbecil

Final do primeiro tempo no Maracanã do jogo Internacional e Flamengo agora há pouco. O repórter do canal Premiere deixa o microfone ligado após fazer a sua pergunta. O repórter gaúcho se aproxima e:
"E aí, Gallo: o juiz obrigou você a botar um colete por estar com uma camisa preta e pro técnico do Flamengo que também está de camisa preta ele não pediu...".
Gallo apenas olhou e franziu a testa.

O que seria do futebol e do mundo se essa pergunta não fosse feita? Será que esse repórter tem diploma?

Jornal Impresso X Jornal Digital

Dica do blog: Fórum de Jornalismo Esportivo


ABI sedia fórum de jornalismo esportivo
Programado para os dias 20 e 21 de junho o “Fórum de Debates Noticiário Esportivo — Harmonizando o meio-de-campo entre imprensa, esporte e patrocínio”. O evento é uma promoção da ABI, com o Jornal dos Sports e a J. Cocco Sport Marketing, e será realizado no Auditório Oscar Guanabarino, no 9º andar do edifício-sede da Casa do Jornalista, no horário das 9h às 12h30. Dividido em três painéis diários, o fórum conta com o patrocínio da Petrobras e do Governo Federal.

Com o objetivo de discutir as relações que envolvem o noticiário esportivo no País, o fórum visa a debater questões sobre o relacionamento ético e comercial entre os jornalistas, os departamentos comerciais dos veículos de comunicação, o segmento esportivo representado por confederações, federações, clubes e atletas, e os patrocinadores e profissionais do marketing esportivo.

As vagas são limitadas e as inscrições — que custam R$ 95,00 — podem ser feitas no site www.jsports.com.br. Jornalistas e estudantes têm 50% de desconto.

Presenças confirmadas
Entre os palestrantes que já confirmaram presença, estão o locutor esportivo Luciano do Valle e o Coordenador de Patrocínios da Petrobras, Cláudio Thompson. Cláudio é o palestrante do painel 5, que acontece no dia 21, às 10h20. Ele falará sobre as estratégias da Petrobras para dar continuidade e manter o planejamento do patrocínio esportivo, explicando o funcionamento do Programa Petrobras de Esportes e mostrando quais são os objetivos, táticas e resultados a curto, médio e longo prazos. Com a larga experiência de 45 anos de carreira, Luciano do Valle palestra no painel 6, também no dia 21, às 11h40. Na pauta de sua apresentação figuram temas como a importância dos eventos internacionais e a conseqüente geração de negócios para os governos, a comunidade, as empresas e o jornalismo. Ele falará também sobre sua trajetória profissional e os programas esportivos que criou.

Mais informações: http://www.abi.org.br/primeirapagina.asp?id=2042

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Te cuida Latorraca!


Fernando Calazans citou o PCzinho aqui do blog em sua coluna hoje em O Globo. Pelo jeito, concordou comigo. E continuo fazendo a pergunta: o que aquele cara joga?

quinta-feira, 14 de junho de 2007

TV O Dia destaca palestra de Paulo Cesar de Araújo na FACHA

Minha ex-aluna Daniela Calcia publicou na TV O Dia matéria sobre a palestra de Paulo Cesar de Araújo, autor da biografia de Roberto Carlos, na FACHA.

http://mediacenter.db4.com.br/?id=56

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Dica de livro sobre o Jornal Nacional



Acabou de sair. Li no Globo de hoje. Parece interessante e não é caro (20 paus na FGV, ao lado da FACHA Botafogo). Comprei, já li o prefácio do Eugênio Bucci e acho que vou gostar. Muito interessante.

O Globo passa a ser impresso em Brasília (também)



Muito interessante essa notícia. E é um dos caminhos dos grandes jornais. Com isso, o leitor de outro estado passa a receber o jornal "fresquinho" nesses tempos de Internet.

terça-feira, 12 de junho de 2007

Posse de Markun na Internet

A posse de Paulo Markun como diretor-presidente da Fundação Padre Anchieta, no próximo dia 14, quinta - feira, às 10h, será transmitida ao vivo pela internet no site:
www.tvcultura.com.br

Paulo Cesar de Araújo na FACHA



Paulo Cesar de Araújo, autor da polêmica biografia de Roberto Carlos, lotou ontem o auditório da FACHA. Para surpresa de muitos alunos, quem fez a apresentação de Paulo Cesar foi o professor Aristides Alonso, fã confesso de Roberto Carlos e leitor do livro. Diversos professores, como José Eudes, Gilson Caroni, Ivan Proença, James Arêas e Mauro Silveira, prestigiaram a palestra.

Ao final, saímos, eu, PC Araújo e o jornalista Lula Branco Martins, para comer uma pizza no La Mole, do Centro Empresarial de Botafogo. José Eudes não recebeu autorização da primeira dama para ir junto. Um garçom "tagarela" quis saber de PC se ele era escritor, que livro tinha escrito e até tirou uma "casquinha" da matéria sobre o autor do livro de Roberto Carlos publicada domingo na revista do Globo. Disse que eu tinha cara de professor de Filosofia (te cuida, Drauzio Gonzaga!). Que figura! Paulo Cesar contou que já começa a ser reconhecido nas ruas e que a primeira vez que isso aconteceu foi justamente no Maracanã na torcida do Flamengo. Do Flamengo! Deve ter sido um torcedor do Botafogo, de passagem pelo local.

As fotos são de João Luiz Barcellos. A conta do merchandising da Minalba mando depois pra empresa.

Calculando multidões


A foto da capa da Folha de ontem é marcante. Não coube sozinha no "scaner"; por isso reproduzo a capa inteira. Mas será que a Folha acertou no cálculo? Quase 3,5 milhões de pessoas! Calcular público sempre foi um desafio para os jornalistas. Cobri a campanha das Diretas, comícios de candidatos (como o de Brizola na Cinelândia) e muitos outros. Os organizadores calculam uma coisa, a PM outra e os jornalistas "imaginam". A própria Folha "inventou" o sistema de calcular por metro quadrado nos anos 80. Hoje, no mesmo jornal, um leitor protestou:

"A av. Paulista tem 2.800 metros de comprimento por 48 de largura. Portanto, 134.400 m2. Admitindo que cada m2 comporte a presença de até 6 pessoas, temos que ela comporta a presença de no máximo 806.400 pessoas. Estou cansado de ouvir que a Parada Gay, a Marcha para Jesus e outras manifestações reuniram 2 ou 3 milhões de pessoas na avenida. A imprensa em geral e esta Folha em particular precisam ser mais criteriosas. Parem de chutar números: peguem uma calculadora e façam as contas."

O assunto é tema de debate também no blog de Mestre Ancelmo:

"gays
O cricri da passeata
O anúncio de que havia 3,5 milhões de pessoas nesta passeata gay de São Paulo, domingo, fez um cricri parar e fazer as contas. O danado conferiu um mapa digitalizado da Avenida Paulista, com todas suas dimensões, e garante:
- Se a Paulista, do Paraíso à Consolação, tem 2.500m de comprimento e 55m de largura, são 137.500m2, então. Com uma pessoa por metro quadrado, seriam 137.000. Mas, se eram 3,5 milhões, havia 25 pessoas por metro quadrado, o que é impossível.
É. Pode ser."


Um amigo me enviou e-mail comentando:
"3,5 milhões na Paulista?! Nem se o pessoal estivesse agarradinho caberia...".



Mas, cá entre nós, com todo o respeito à "catigoria", como diria a personagem de Camila Pitanga na novela das 8 (ou das 9): "Haja bicha!".

domingo, 10 de junho de 2007

Ombudsman da Folha lê jornal que nem o editor do blog


No domingo passado publicamos aqui no blog uma crítica ao jornal Folha de S. Paulo por "editorializar" as fotos das edições de sábado e domingo passados nas chamadas de capa sobre as manifestações pró e contra Hugo Chávez, no caso do fechamento da RCTV. Na Folha de hoje, o ombudsman Mário Magalhães fez o mesmo.

Na crítica interna, publicada no dia 6 passado, com o título "Venezuela não", Mário Magalhães já havia alertado para a edição das fotos:

"Venezuela, não
A primeira página do sábado trouxe em seu alto a foto de três recatadas funcionárias da RCTV em protesto anti-Chávez. No domingo, em meio a tantas fotografias possíveis do ato pró-governo, o jornal escolheu a de duas mulheres de biquíni (ou algo menos que isso) em cima de uma caminhonete. A comparação dá a impressão de simpatia com os manifestantes contrários ao presidente e de antipatia com os favoráveis. É direito da Folha ter opinião. É bom que o jornal a manifeste. Mas nos espaços próprios."


Valeu a semana.
Como diria o slogan do Observatório da Imprensa: "Você nunca mais vai ler jornal como antes" (risos).

sábado, 9 de junho de 2007

Assessoria de Imprensa (Dica de livro novo)


Modelo de assessoria de imprensa desenvolvido por jornalistas é tema de livro
Redação Portal IMPRENSA*

“O livro oferece ao mercado um panorama do setor. É um completo manual de como se deve fazer assessoria de imprensa com seriedade e eficiência. Trata-se de um trabalho que vai muito além dos padrões desse tipo de publicação, a começar pela qualidade do texto e pela fundamentação das informações”. A opinião é de Audálio Dantas, um dos mais respeitados jornalistas brasileiros, que escreveu o prefácio de “O signo da verdade”. Ricardo Viveiros fundou a empresa em 1987 e é seu diretor-superintendente. Marco Antônio Eid é o diretor de Operações, há 12 anos.

Os dois jornalistas apresentam no livro os modelos, estratégias e a experiência de duas décadas da agência, considerada uma das mais bem-sucedidas do Brasil. Demonstram, de modo didático e detalhado, todas as informações necessárias para quem trabalha, quer trabalhar ou abrir uma assessoria de imprensa ou que precise interagir ou contratar uma empresa do setor: jornalistas, relações públicas, profissionais de marketing, estudantes e professores dessas áreas e de comunicação em geral, bem como administradores de empresas, empresários e executivos de distintos segmentos, considerando que todas as organizações precisam estabelecer relações profissionais com a mídia jornalística, numa civilização na qual as informações e a imagem institucional incluem-se entre os mais valiosos patrimônios de uma empresa.

Aliando teoria e prática, os autores explicam o funcionamento de uma assessoria de comunicação, apresentam cases ilustrativos de grande sucesso e demonstram como pode ser construída uma sólida relação entre organizações de todos os setores e a mídia jornalística. Ao final, contextualizando tal trabalho, “O signo da verdade” conta a história da imprensa brasileira, resgatando todo o seu desenvolvimento ao longo de 200 anos, a serem comemorados em 2008.

Isso é Jornalismo?

Veja ilustre blogueiro o belo anúncio faceiro que você tem abaixo, no entanto acredite...


... fizemos o mesmo antes para divulgar a palestra do autor do livro sobre Roberto Carlos na FACHA. Como sempre costumo dizer aos meus alunos nas aulas de Secretaria Gráfica, é muito importante ficar atento para a identidade visual. Foi o que fizemos, foi o que O Globo fez para divulgar a revista do jornal que sai amanhã, domingo. A imagem da capa do livro é forte. Pode até não ser muito boa, segundo alguns, mas é forte. Portanto...

quinta-feira, 7 de junho de 2007

Tim Lopes, uma homenagem


Bacana a nota do Mestre Ancelmo sobre a homenagem ao Tim Lopes, que virou, merecidamente, nome de rua na Barra. Estudei com o Tim na FACHA e fui amigo dele no Globo. Tim falava com todo o mundo, era bem chegado em todos os lugares, estava sempre rindo.
Que saudades!

Isso é o que se chama de consciência ecológica!


Vale a pena ver. É antigo, mas é fantástico. Arrepiante! E reparem na reação da platéia de adultos. Como diria um antigo amigo meu, quem entrar neste blog e não assistir este vídeo, "está com nada". Ou, como diria nosso saudoso amigo e professor Roberto Moura: "Não sabe o que está perdendo!".
Fonte: consciencia.net

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Quem foi que disse que os jornais impressos vão acabar?


Fonte: O Globo

Títulos: MPB como inspiração




Letras de músicas, títulos de livros e de peças de teatros, nomes de filmes são sempre boas fontes de inspiração pra fazer bons títulos. Por isso a necessidade de os jornalistas terem boa formação cultural. No último domingo, a revista do Globo deu três belos exemplos disso.

E por falar em crimes e em chineses!




Haja pré-datados!
Como disse, estou lendo vários livros ao mesmo tempo. A biografia não autorizada do Roberto Carlos (faltando pouco para terminar), a "biografia" autorizada do Reali Júnior, as dicas de "Media Training" do Nemércio, o "acadêmico" da revista Realidade e, mais recentemente ainda, os 50 crimes lançados na segunda. Para completar (ou tumultuar) ainda comprei (com 40% de desconto como assinante de O Globo - ou seria 20%?) as histórias do repórter Gilberto Scofield Jr. na "Nova China" (adoro livros escritos por repórteres; ao contrário de livros escritos por acadêmicos. Têm conteúdo e leitura leve e fácil. Que eles não me leiam!).

domingo, 3 de junho de 2007

Eu fui! E já estou lendo.

Qual é a da Folha de S. Paulo?



Na edição de sábado, a Folha de S. Paulo divulgou em manchete na capa a foto de "funcionárias" da RCTV protestando contra Hugo Chávez. São 3 moças bonitas, bem vestidas, bem comportadas. Hoje, a mesma Folha publica uma foto de manifestantes a favor de Chávez. A intenção do jornal é clara. Isso é o que se chama de uma edição tendenciosa!

Fraude Jornalística


Muito boa a análise do ombudsman da Folha, Mário Magalhães (publicada hoje). Recursos como este sempre foram muito utilizados no Jornalismo. Não chega a interferir na notícia, mas é discutível sim. Tenho alguns casos pra contar. Volto em breve.

Uma fraude jornalística

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Mostrar como autêntico um cenário falso é fraude e mina a credibilidade do jornalismo; fotógrafo é repórter, e não cenógrafo --------------------------------------------------------------------------------

A FOTOGRAFIA que você vê acima, publicada pela Folha no dia 24 de maio, não é bem o que parece. Não se presta a um "jogo dos sete erros", por haver mais.
Alguns deles:
1) Todos os clientes deixaram os guardanapos intactos sobre as mesas.
2) Os talheres estão igualmente intocados.
3) Ninguém foi servido de água ou outra bebida.
4) As mulheres estão sem bolsa, o que não é comum.
5) O garçom se aproxima para servir um café ao homem que ainda lê o cardápio.
6) Embora em cada uma das três mesas ocupadas haja apenas um cliente, não foram retirados os outros pratos (os três estariam à espera de exatos três acompanhantes?).
7) Restaurante é ambiente para relaxar, mas a mulher do meio trai o desconforto.
8) Não há couvert, entrada, prato principal ou doce nas mesas (em nova coincidência, os comensais seriam recém-chegados, embora o homem vá tomar o cafezinho?).
Não são coincidências: a foto que mostra aos leitores um restaurante em funcionamento é uma encenação. Saiu na Ilustrada, acompanhando crítica na seção "Comida".
Quem alertou o ombudsman foi uma leitora, consultora de gastronomia, que não quer se identificar em público. As observações numeradas acima são, quase todas, oriundas do seu olhar certeiro.
O chef do Picchi Ristoranti, Pier Paolo Picchi, não é o responsável pela farsa. Seu negócio são os prazeres da mesa, não o jornalismo. O crítico Josimar Melo, que não estava com o fotógrafo, classificou a nova casa como boa.
Por telefone, narrei as dúvidas a Picchi, e ele foi direto: "Você está certo". Quem eram as pessoas à mesa? "Não estou bem lembrado, mas deve ser gente que trabalha aqui."
O chef contou que se acercava a hora do almoço, mas nenhum cliente chegara. Ele estava presente. Quem teve a idéia da montagem? "O fotógrafo de vocês [da Folha]".
Pedi e recebi da editoria de Fotografia seis fotos. Uma revela o salão vazio.
Ouvi o autor da foto, Raimundo Paccó, 40, 20 de jornalismo, free-lancer da Folha há um ano. Ele reconheceu que funcionários do restaurante se transformaram em "clientes" e afirmou: "Não quis mostrar o ambiente vazio, não tive a intenção de montar a foto. Para não derrubar a pauta e conseguir fazer outras duas, acabei cometendo um erro. Estou extremamente arrependido".
A secretária de Redação da área de Edição, Suzana Singer, disse que o jornal "não sabia da encenação e que essa prática é condenada na Folha".
Recentemente, uma repórter da TV australiana ABC "flagrou" crianças brincando junto a um míssil no Iraque. A seqüência não-exibida denunciou que ela forjara a cena, orientando os meninos para a brincadeira perigosa.
O fotógrafo da Folha não expôs a risco a vida de ninguém. Mas, no conteúdo, a atitude é semelhante. Mostrou como autêntico um cenário que era falso. Inventou. Fotógrafo é repórter, não cenógrafo. Houve fraude jornalística.
Em 2001, como apontou o ombudsman Bernardo Ajzenberg, a Folha já publicara cena com um homem posicionado pelo fotógrafo sob um termômetro de rua.
Fraudes assim minam a credibilidade do jornalismo. Com a moderna tecnologia digital, é mais fácil manipular a imagem. Os leitores, contudo, hoje parecem bem mais atentos, o que é muito bom.

sábado, 2 de junho de 2007

Porque hoje é sábado! Que nota hilária!


Deu hoje no Ancelmo.

Porque hoje é sábado - 5 (Livro sobre Jornalismo)


Não li ainda e já e gostei do livro sobre o Reali Júnior, ex-correspondente do Estadão em Paris. São depoimentos prestados ao jornalista Gianni Carta. Vou comprar. Hoje tem resenha no caderno "Prosa e Verso", de O Globo.

A sinopse:
"ÀS MARGENS DO SENA, é correspondente no exterior há 35 anos. Fez reportagens sobre momentos históricos como a Revolução dos Cravos, em Portugal; a morte do caudilho Francisco Franco, abertura e democratização da Espanha; a assinatura, em Paris, do acordo de paz no Vietnã; a Guerra Irã-Iraque; o assassinato do presidente egípcio Anuar Sadat, no Cairo; a morte de Arafat, em Paris; diversas eleições legislativas na Europa. Entre outras personalidades, entrevistou Chico Xavier, os presidentes Jânio Quadros, José Sarney, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva; o aiatolá Khomeini; Yves Montand, Glauber Rocha, os presidentes da França Giscard dEstaing, François Mitterrand e Jacques Chirac. Durante cinqüenta anos de carreira, os primeiros dezesseis no Brasil, trabalhou para o Correio da Manhã, O Globo, Diários Associados, e para o Estado de S. Paulo, Rádio Record, Rádio Jornal do Brasil e Rádio Panamericana - hoje Jovem Pan -, a qual em 1972 o enviou a Paris, de onde, no início escreveu também para os Diários Associados, e a partir de 1973 para o Estadão. Ainda no Brasil, trabalhou na TV Record e TV Tupi, e na França para a TV Globo e ESPN, durante a Copa de 1998, e para a TV Bandeirantes, na Copa de 2006".

Porque hoje é sábado - 4 (Dicas de leituras: "piauí" e "Caros Amigos" nas boas bancas do ramo)



Mais uma vez, a "piauí" chega às bancas antes de chegar ao site da revista. Comprei, como faço desde o primeiro número, e estou lendo. "Caros Amigos" de junho chegou antes.

Porque hoje é sábado - 3 (Revista peruana)

Revista reúne ícones do novo jornalismo
RAUL JUSTE LORES
DA REPORTAGEM LOCAL

Fenômeno cult e ícone do renascimento literário do Peru, a revista "Etiqueta Negra" aposta no chamado novo jornalismo (mistura de literatura e não-ficção) e recolhe elogios entusiasmados de jornais como o "New York Times" e o "Guardian".
Seu time de colaboradores conta com ases do novo jornalismo, como Jon Lee Anderson e Alma Guillermoprieto (ambos da "New Yorker"), escritores como Tomás Eloy Martínez, Alan Pauls e o filósofo Fernando Savater.
Criada há cinco anos, a "EN" ganhou fama pela sofisticação gráfica e pelos belos ensaios fotográficos. Agora, acaba de estrear um novo projeto visual (que pode ser conferido no site www.etiquetanegra.com.pe).
Mas como uma revista chegou tão longe, sendo produzida em um país pobre e de poucos leitores? "Ela nasceu do entusiasmo de poucos. Não tem multinacional ou banco por trás, só um grupo de amigos", contou à Folha Julio Villanueva Chang, 39, editor da revista.
http://www.etiquetanegra.com.pe/
Fonte: Folha de S. Paulo

Porque hoje é sábado - 2 (Editorial da Folha sobre Imprensa e Mercado)

Imprensa e mercado
O JORNALISMO que se propõe a manter um compromisso público com a qualidade do que divulga encontra-se sob pressão num mercado invadido por empresas preocupadas com corte de custos e com lucros imediatos.
A idéia, que não é nova, foi elaborada pelo filósofo alemão Jürgen Habermas, um dos mais renomados pensadores vivos, no artigo "O Valor da Notícia", publicado no último domingo nesta Folha. Habermas faz coro aos que identificam, no público atual, um interesse decrescente por temas institucionais e uma curiosidade intensa por celebridades e entretenimento.
Na conjugação das duas tendências, os veículos voltados ao jornalismo "sério" estariam, na visão do filósofo, sob grave ameaça. Já pelos termos em que o problema é formulado, vê-se que Habermas endossa uma distinção demasiado estanque entre jornalismo "de qualidade" e "de entretenimento".
Há gradações entre um modelo e outro. E, se um jornalismo superficial, irresponsável e barato parece ganhar espaço no conjunto da mídia, por outro lado o modelo enaltecido por Habermas é uma torre de marfim da qual se afastam parcelas expressivas de potenciais consumidores de informação e opinião.
O verdadeiro desafio para o jornalismo de qualidade é o de assegurar seus compromissos básicos (veracidade, relevância pública dos temas e enfoques, debate de idéias) mas ao mesmo tempo renovar-se para cativar leitores que também mudaram.
A vulnerabilidade maior do texto, no entanto, está na solução sugerida. Habermas acredita que veículos de comprovada atuação "séria" -como julgá-lo? quem julgaria?- devam merecer subsídio do Estado, por representarem valores de interesse público. Solução inusitada, que faz pensar na estatolatria que tantas vezes se atribuiu à mentalidade alemã.
Seria um passo temerário. Até o mais cauteloso modelo de canalização de fundos públicos poderia gerar dependência dos veículos beneficiados em relação ao Estado, eventualmente ao governo de plantão.
A imprensa criou suas primeiras raízes na praça livre, espaço de circulação de bens e idéias que se formou à revelia do controle estatal. De resto, o jornalismo de qualidade já enfrentou com êxito apreciável a competição oriunda de outras ondas de inovação tecnológica e de sedução fácil do público, a exemplo do advento do rádio e da TV.

Porque hoje é sábado - 1 (Dicas de livros)


Estou lendo. Dois livros essenciais para estudantes de Comunicação (e de Administração também, principalmente o "Media training") e para professores que gostam de estar atualizados. O livro de Nemércio Nogueira, "Media training", é uma edição revista e atualizada. O de Letícia Nunes de Moraes, "Leituras da revista Realidade - 1966-1968", tem origem numa tese acadêmica. Dando uma espiadinha básica, antes de "cair dentro", o que pretendo fazer em breve, parece ter um pouco daquele "ranço" acadêmico, comum nesse tipo de trabalho. Não existe coisa mais ultrapassada do que "Este trabalho de pesquisa pretende ser...". Por que teses e monografias são tão convencionais e repetitivas em suas estruturas? Pra que isso, pô? Mas vou ler assim mesmo. Me interessa saber mais sobre a revista Realidade.

Comprei pela Internet, na Saraiva. Paguei R$ 70,52 (com o frete incluso para entrega no Rio).