segunda-feira, 30 de abril de 2007

Imprensa de Varejo?


Imprensa de Varejo

Diante de tanto grandes esquemas de troca de favores na política, por que a grande imprensa só se interessa por “varejista”? Se eu gostasse de pizza, proporia uma CPI da imprensa.

Por Oliver Buzzo

Nossos barões da imprensa venderam a idéia de que o “mercado” de favores na política é um “negócio” entre políticos somente. O “mensalão” – obra prima da literatura jornalística – teria sido um esquema de desvio de dinheiro público, criado por alguns maus representantes do povo. Os empresários, por exemplo, não tem nada a ver com essa estória. A política, afinal, é um mundo à parte. Será?

Em primeiro lugar, somente amadores operam com dinheiro público. Mesmo o “mensalão”, um esquema operado por dois ou tres birutas, foi majoritariamente financiado pelos bancos BMG e Rural. Houve uma participação do Banco do Brasil no esquema, mas isso apenas comprova o amadorismo do esquema. A participação de uma estatal coloca o Ministério Público no rastro da operação – um risco desnecessário. Considerando o leque de “favores” que o governo federal pode prestar à iniciativa privada, o envolvimento de “estatais” num esquema é “sujeira” desnecessária. De qualquer forma, o interesse jornalístico nisso tudo está no que a outra ponta (não os políticos) está levando. O banco BMG, por exemplo, ganhou o “OK” do governo para entrar no mercado do crédito consignado, um negócio de bilhões. Nesse caso, as consequências foram relativamente pequenas: os usuários do banco pagaram a conta.

Em segundo lugar, é necessário distinguir duas modalidades nesse “mercado”: há um “atacado” e há um “varejo”. Os esquemas de “varejo” são mais freqüentes no segundo escalão do governo ou nas prefeituras e Estados marginais. Nestes, agentes privados e públicos identificam uma oportunidade de lucro fácil e estabelecem uma parceria para explorar aquele nicho. O empreendimento é improvisado, imediatista, oportunista, ilícito e só funciona numa escala reduzida. O “atacado”, em contraposição, lida com grandes recursos, visa interesses de longo prazo e é estruturado com profissionalismo. São esquemas desenhados para o alto escalão. A peculiaridade do “mensalão” está no fato de que ele foi um “negócio” de “varejo” na sua forma, mas operacionalizado por gente próxima ao presidente. A administração Lula e a de Collor têm isso em comum: ambas nasceram fora do “establismment”. Daí a presença de amadores em seus esquemas.

Profissionais e amadores

“Troca de favores” não é “greve” ou “comício” – atividades nas quais se “monta o circo”, faz o que tem que ser feito e “puxa o carro”. Os operadores do “mensalão” nem sequer cumpriam os compromissos assumidos. Roberto Jefferson pôs o esquema abaixo porque não pagaram o que lhe era devido. Nossos jornalistas se comprazem por ter desvendado um esquema porco, mas os profissionais do ramo operam sob o nariz da imprensa e com o beneplácito dela. Os agentes do “atacado” planejam suas transações com profissionalismo e atuam dentro da lei (ou na zona cinzenta da legalidade). Mesmo quando articulam uma demanda específica (“varejo”), o assunto é conduzido com profissionalismo.

Por exemplo: uma empresa pode precisar de um “favor” de um político ou de um alto administrador numa posição chave. Um arranjo de longo prazo é estruturado com o facilitador. A conta é paga após ele encerrar suas atividades públicas. O pagamento vem na forma de um “emprego” bem remunerado. Geralmente o facilitador se torna um consultor ou conselheiro da empresa, qualquer função com mínima dedicação ao “trabalho”. Tudo é feito dentro da lei, sem uso de “laranjas” ou paraísos fiscais.

Os verdadeiros profissionais do “atacado” jamais se meteriam numa aventura do tipo “mensalão”. É aqui que os nossos tucanos têm muito a ensinar aos nossos petistas. Além do Ministério Público, a reação do governo americano ao 11 de setembro acabou com a vida fácil desse pessoal. Ficou praticamente impossível circular grande soma de dinheiro anonimamente pelo mundo afora. Hoje em dia, o dinheiro circulante nos esquemas precisa ter lastro e isso requer profissionalismo.

Transações “a granel”

Em terceiro lugar, vale destacar a diferença em tamanho do “varejo” para o “atacado”. Um dos principais exemplos dessa última modalidade foram os esquemas em torno das privatizações. Infelizmente essa estória não foi contada. Até houve uma CPI “calabresa” dessas transações e alguns dados interessantes foram levantados. Entretanto, nossos jornais e revistas não se interessaram em regurgitar esse material, como fizeram com outras “pizzas”. Suspeita-se que uma das pontas do esquema foram as operações ilegais de envio de dinheiro ao exterior via Banestado (a coisa foi estruturada antes do 11 de setembro).

O jornalista Lucas Figueiredo calculou que o “mensalão” girou cerca de 61,5 milhões de reais. Uma cifra mais provável seria a de 100 milhões de reais. Compare, agora, a diferença de valores no “atacado”: a CPI do Banestado estimou que o esquema movimentou entre 90 e 150 bilhões de reais! É mole? Essa diferença astronômica dá uma idéia da seriedade do “atacadão”. Nossas “vejas”, no entanto, só se interessam por transações “a granel”.

O melhor exemplo de “atacadão” é o financiamento de campanhas. Aqui a tendência à profissionalização tem sido crescente. Não há razão objetiva para a existência de caixa dois nas campanhas, além da força do hábito dos velhos caciques partidários. O captador ainda é um tipo sombrio, mas, em alguns anos, é provável que esse “serviçinho” seja feito, rotineiramente, por “fedelhos”, egressos das faculdades de administração. A aurora desse novo tempo já está no ar. O TSE vem apontando, eleições após eleições, um aumento incrível no volume de dinheiro declarado.

Partidos e empresas só tendem a ganhar com isso. Interesses de longo têrmo, conduzidos via lideranças partidárias (em vez de candidatos avulsos), firmados por meio de doações transparentes, trarão maior segurança e menor volatilidade ao sistema. A profissionalização fará do “troca-troca” um negócio “digno”, como atesta o estado de coisas nos EUA. Em tese, a sociedade também ganha com isso: é melhor conviver à luz do dia com o sistema e saber quais são os interesses em jogo. Pessoalmente, sentirei saudades da situação presente – um mundo inocente, onde o “jabaculê” ainda é “coisa feia”.

Conseqüências políticas

Por último, é preciso compreender as conseqüências políticas do “atacadão”. O “varejo” da troca de favores tem um custo financeiro, mas é politicamente inofensivo. É verdade que os loucos anos do “mensalão” levaram nossos moralistas à loucura, mas afora o aumento da temperatura política não houve desdobramentos significativos. O “atacado”, em contraposição, provoca reordenamentos político-institucionais – coisas que afetam seriamente a vida de todos nós.

Façamos um exercício de jornalismo, aqui, para melhor entender essa questão. No momento em que escrevo há algumas notícias com cheiro de “jabaculê”. No dia 21 de março, por exemplo, o presidente Lula sancionou um projeto, que reduz o quórum da Comissão de Biosegurança (CTNBio) para liberação comercial de sementes transgênicas. Com a nova regra, a maioria simples de votos – e não mais de dois terços – será suficiente para aprovar a comercialização de novas sementes.

A mudança foi feita na véspera de uma reunião da CTNBio, que decidiria a liberação comercial de um tipo de semente de milho transgênico, de propriedade de uma grande multinacional. O resto da estória não interessa aqui: alguns ambientalistas, capazes de somar dois mais dois, invadiram a reunião e impediram, temporariamente, a finalização da jogada.

Sem entrar nos méritos técnicos da questão dos transgênicos, o que interessa aqui é a inusitada “simpatia” do governo Lula aos transgênicos. É sabido que há uma forte oposição aos transgênicos no interior do governo. A Ministra do Meio Ambiente é notória oponente dessa tecnologia. Essa oposição não se restringe ao PT. No governo FHC a produção de gêneros transgênicos ficou proibida no país. Dois anos atrás, numa “canetada”, Lula mudou as regras e autorizou a produção de um determinado tipo de soja transgênica (e outro de algodão).

A justificativa do governo para a mudança da regra foi a de que o uso ilegal da semente transgênica da soja era generalizado no campo, sem o devido pagamento de royalties. O governo estaria apenas regularizando uma situação de fato. Na lógica do governo, em vez de aplicar a lei (que proibia a produção de transgênicos), preferiu-se legalizar o comportamento criminoso.

Multinacionais em ação

É claro que a lógica é outra. A produção de alimentos é um mercado de trilhões de dólares. A tecnologia do transgênico tem o potencial de revolucionar a forma como os alimentos são produzidos. A mudança na lei abre caminho para uma maior participação das multinacionais nesse mercado. Nada de errado na política pró-transgênicos de Lula. O autor desse artigo não tem posição definida sobre o assunto. O que deveria chamar a atenção dos nossos jornalistas é a forma como essa política está sendo desenvolvida.

Políticos costumam anunciar suas causas, quando se orgulham delas. O assunto interessa diretamente à nossa economia e a 188 milhões de consumidores brasileiros. A política vira uma prática sombria, a partir do momento em que assuntos sérios passam a ser decididos na “calada da noite”. Esse é o principal aspecto do “atacadão”: a troca de favores dessa modalidade provoca modificações em legislações, coisa que afeta profundamente nossas vidas.

Diante disso tudo fica a pergunta: por que a grande imprensa só se interessa por “varejista”? Se eu gostasse de pizza, proporia uma CPI da imprensa.


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Oliver Buzzo é sociólogo em São Paulo. Contato: oliverbuzzo@uol.com.br

Fonte: www.consciencia.net

sábado, 28 de abril de 2007

Jornalismo cidadão (Em inglês)

Cambridge Community Television hosted a 3-month documentary production course that resulted in this short documentary on Citizen Journalism. The Project Documentary team includes: Jason Crow, Shaun Clarke, Darcie Deangelo, Amy Mertl, Buz Owen, Jason Ong, Matt Landry, Mayana Leocadio. Read what "Journalism.co.uk" had to say about it:

Citizen journalism film released online
By: Oliver Luft

Cambridge Community Television (CCTV) - a US based electronic media public training forum - has released online an educational video about the history of citizen journalism.

The 15-minute documentary Citizen Journalism: From Pamphlet to Blog is a guide to US citizen journalism through the ages - from Thomas Paine in the 18th century to the more modern hows and whys of being an anti-establishment news hound.

The film features interviews with talking heads from the blogging world - including Ethan Zuckerman of Global Voices - discussing, among other things, how newspapers have gone through major cost-cutting exercises as their revenues are leeched by sites like Craigslist.


Grande dica do meu colega Pedro Markun, do Jornal de Debates

Onde está o lead? (Renato Maurício Prado)

A história abaixo é do tempo das laudas e foi publicada hoje na coluna do Renato Maurício Prado, em O Globo. Como vocês podem comprovar, houve uma época em que repórteres sabiam apurar, mas não sabiam escrever. Houve?

"Essa é verídica e aconteceu no Jornal do Brasil, nos anos 60. Arthur Parahyba, repórter de faro atilado mas texto confuso (coisa normal, nas redações de outrora), chegou atrasado e esbaforido à seção de esportes, avisando ao editor Oldemário Touguinhó:

— Tenho uma grande história lá da Federação!

E mais não disse, nem lhe foi perguntado. Correu para a máquina para escrevê-la. Como a edição já estava praticamente fechada e a maioria dos redatores se preparava para ir embora, Oldemário escolheu um deles, para esperar a "matéria" e "penteá-la (no jargão jornalístico, fazer a leitura, corrigir erros e, se preciso, reescrever o texto para melhorar o estilo):

— Robertão, você fica para ler o Parahyba!

Com a bolsa já a tiracolo (sim, naquele tempo usavase bolsa a tiracolo), Luís Roberto Porto aceitou a missão a contragosto e decidiu tomar um café, enquanto o Parahyba ia escrevendo, freneticamente, lauda após lauda (sim, naquele tempo, escrevia-se, com máquinas, em laudas de papel, pois não havia computador — nem internet, nem celular...). Na volta do café, nada de o texto ficar pronto. E o Pa-
rahyba já tinha empilhadas, quatro ou cinco laudas.

— Posso ir lendo, para adiantar? — pediu o Robertão, ao repórter.

— Claro, vai em frente!

E o redator leu a primeira, a segunda, a terceira, a quarta e a quinta...

— Oldemário, onde é que começa isso? — perguntou, baixinho, ao editor, aproxi-
mando-se, discretamente, da mesa do chefe.

— Mas como você não sabe onde começa?!? Está de má vontade só porque eu lhe escolhi pra ficar de plantão, esperando pelo Parahyba? Me dá aqui! — trovejou o editor.

Roberto lhe entregou as laudas e o Oldemário leu a primeira, a segunda, a terceira, a quarta e...

— Parahyba, vem cá! Onde é o "lead" (o início) desse raio?

E o repórter, que a esta altura já produzira mais umas quatro laudas, levantou-se, resmungando:

— Estão querendo me gozar? Como não sabem onde começa? Dá aqui...

Ele próprio, leu a primeira, a segunda, a terceira, a quarta e a quinta folhas e, após alguns segundos de hesitação, disparou:

— Ah, misturaram tudo, agora nem eu sei..."

Esse finalzinho é exclusivo para os leitores do blog:


"Detalhe que só apurei hoje, graças a um e-mail do Robertão. A notícia em questão era a eleição do João Havelange para presidente da antiga CBD... (risos)" (Renato)

quinta-feira, 26 de abril de 2007

Sobre blogs

Meu aluno e blogueiro Filipe Cerolim mandou a contribuição abaixo. Muito interessante.
Apenas 2% da blogosfera fala português
Grande permanência on-line e uso de sites como Orkut não se reflete nos blogs.
Porcentagem pode ser justificada pelo acesso superficial da web no Brasil.
O Brasil é campeão de horas on-line e os brasileiros dominam ferramentas como Orkut e MSN, mas quando o assunto são os blogs o país passa longe da liderança. De acordo com um levantamento divulgado em abril pelo site Technorati, que monitora blogs em todo o mundo, o português corresponde a apenas 2% da blogosfera -- apesar de aparecer entre os 10 idiomas mais “blogados”. Este universo é dominado pelo japonês, que tem 37% dos posts, seguido de perto pelo inglês, com 36%.

Leia também
Silvio Meira comenta os 10 anos de (r)evolução


http://g1.globo.com/Noticias/Colunas/0,,7421-archive_2007_04_13_12,00.html

“Em relação a outros números da internet do Brasil, isso é pouco. Nos últimos meses temos sido campeões nas horas de acesso, e o MSN e o Orkut são dominados por brasileiros”, disse ao G1 Fábio Flaschart, professor da área de internet do Senac São Paulo. “Mas existe um crescimento muito grande, com a popularização de ferramentas para a criação de blogs, que o usuário iniciante pode utilizar.”

Os outros idiomas que estão entre os mais utilizados são o chinês, com 8%; o italiano e o espanhol, com 3% cada; russo e francês com os mesmos 2% que o português; e alemão e persa, com 1%. O persa é a novidade da lista, impulsionado pelo crescimento no número de blogueiros do Oriente Médio, especialmente no Irã. A porcentagem restante, 5%, é composta por outros idiomas em menor proporção.

A baixa representatividade no universo dos blogs em relação à quantidade de pessoas que falam português no mundo pode ter explicação no modo como se utiliza a internet no Brasil, país que responde pela maior parte dos falantes do idioma. “O consumo da web aqui é muito mais passivo. Uma coisa é ter acesso, outra é usar o ciberespaço como ferramenta da expressão. Apesar da popularização do PC e da internet, o aprofundamento ainda é muito superficial”, explica Flaschart.

E é justamente esta questão que faz com que o japonês seja o idioma mais presente nos blogs. Apesar de não ter a mesma abrangência mundial que o inglês, “a facilidade de acesso que os japoneses têm a instrumentos digitais é enorme, os aparatos e o acesso são muito fáceis e baratos”, conta o professor.
Utilização

O Technorati monitora mais de 75 milhões de blogs, e observa a criação de 120 mil novas páginas do tipo todos os dias pelo mundo, além de cerca de 1,5 milhão de novos posts por dia. O número de blogs entre as páginas mais visitadas no mundo também cresceu: hoje, há 22 nesta lista, contra 12 da anterior, correspondente à pesquisa divulgada em outubro de 2006 -- mostrando maturidade e solidificação.

“Antigamente, o blog era apenas um diário digital. Hoje empresas, meios de comunicação, professores e outros profissionais constróem suas páginas nesse formato. Com isso, aumentam sua inserção entre os usuários”, explica Flaschart.

O horário e a quantidade de postagens também são dados interessantes para mostrar como atua a comunidade dos blogs em cada idioma. Os posts em inglês e em espanhol costumam aparecer de maneira semelhante em todos os horários do dia, ao contrário dos em japonês, chinês e italiano, que têm publicações mais restritas a determinados períodos do dia, confirmando sua menor distribuição geográfica no globo. Com o monitoramento dos horários das postagens feito pelo Techorati, observou-se também que há uma grande quantidade de blogueiros utilizando o horário de trabalho para colocar conteúdo na web.

Fonte: G1

quarta-feira, 25 de abril de 2007

Assessoria de Imprensa: famosa quem?


Xexéo volta e meia volta ao assunto: a mania de algumas assessorias de Imprensa de tentar "vender" pautas de "celebridades" para os jornais e revistas. Como diria Danuza Leão (em uma situação parecida com essa):
"Calma, assessores!".

terça-feira, 24 de abril de 2007

Quase tal lá, como cá


Bela sacada do meu amigo Maurício Menezes.
"Precisamos refletir sobre o que está acontecendo no mundo. As fotos que os jornais publicaram sobre o miserável cenário do Morro da Mineira, onde várias pessoas morreram em troca de tiros são iguais às que vieram dos Estados Unidos, no tiroteio na suntuosa Universidade: policiais escondidos, em posição de tiro, civis apavorados, corpos sendo carregados. Só se distinguia uma foto da outra pelos corpos carregados: lá eram alunos bem alimentados e de futuro certo. Aqui eram negros, magros, descalços e sem qualquer futuro".

Fonte: Blog do Maurício

segunda-feira, 23 de abril de 2007

Dicas do Blog: Knight Center for Journalism


Há anos que recebo as notícias do Knight Center for Journalism, do meu camarada Rosenthal Calmon Alves. Como estou dando uma bela atualizada no blog hoje, fica a dica pra vocês. O site tem três versôes: em inglês, em espanhol e em português.

http://knightcenter.utexas.edu/staff.php

Dicas do Blog: Oficina de Crônicas na Flip


FLIP ABRE INSCRIÇÕES PARA OFICINA DE CRÔNICA
A crônica será o centro da Oficina Literária nesta quinta edição da FLIP. Os escritores e jornalistas Arthur Dapieve e Joaquim Ferreira dos Santos irão conduzir a Oficina, entre os dias 5 e 7 de julho, na Pousada do Ouro, em Parati, para 30 aspirantes a cronistas. Para participar da pré-seleção os interessados devem fazer a sua inscrição no site da FLIP (http://www.flip.org.br/index1.php3).

As inscrições encerram no dia 25/5.

Dicas do Blog: Palestra sobre Jornalismo na Casa de Rui Barbosa

O Rio por escrito: duzentos anos de imprensa no Rio de Janeiro
A Fundação Casa de Rui Barbosa e o Departamento de História da PUC-Rio, promovem, entre os dias 3 de maio e 7 de julho, o curso O Rio por escrito: duzentos anos de imprensa no Rio de Janeiro. As aulas serão na Sala de Cursos da FCRB (Rua São Clemente, 134 – Botafogo – RJ).

O curso tem como objetivo dar continuidade ao estudo da cidade do Rio de Janeiro, enfatizando as múltiplas visões da imprensa sobre a cidade. Nos quinze encontros*, ministrados por 28 professores de diversas instituições, serão abordados temas como: fotojornalismo, polêmicas jornalísticas e do sensacionalismo, revistas literárias, suplementos literários, música, política e crônicas.

A matrícula pode ser feita pela internet: www.cce.puc-rio.br ou pessoalmente (Rua Marquês de São Vicente, 225/ casa XV – Gávea ). Mais informações 0800-909556.

Jornalismo no Cinema


Me amarro em filmes sobre Jornalismo ou sobre histórias envolvendo Jornalistas. Assisti a vários. Gosto de dois em especial: "O Jornal" (http://adorocinema.cidadeinternet.com.br/filmes/jornal/jornal.asp) e "A Primeira Página" (http://adorocinema.cidadeinternet.com.br/filmes/primeira-pagina/primeira-pagina.asp). Muitos consideram "A montanha dos sete abutres" (http://adorocinema.cidadeinternet.com.br/filmes/montanha-dos-7-abutres/montanha-dos-7-abutres.asp) como um dos maiores clássicos do gênero.

A quem interessar possa, como se dizia antigamente, o "Jornal da ABI" está disponibilizando em pdf uma bela matéria sobre o tema no endereço a seguir:

http://www.abi.org.br/jornaldaabi/Janeiro-2007.pdf

Jornalismo Cidadão

Nasce em Boston o jornal de todos
Começa nesta semana, em Boston (EUA), uma experiência que vale a pena acompanhar: o jornal BostonNow estreou na internet nesta segunda-feira (16/4) anunciando para o dia seguinte sua estréia nas ruas, sem custo para os leitores. A novidade: ele foi construído em apenas dois meses, a partir de um convite geral à adesão de centenas de blogueiros da região.

O aspecto inovador da iniciativa é que o conteúdo será uma mistura das colaborações de blogueiros amadores ou internautas comuns com o trabalho de jornalistas profissionais. Todas as manhãs, às 9h55, 60 pessoas serão admitidas numa teleconferência que irá decidir a pauta do dia e o futuro imediato da publicação. O número é limitado pela tecnologia, mas pode ser ampliado com o tempo, avisa um dos fundadores, o editor-chefe John Wilpers.

A versão impressa do BostonNow será distribuida gratuitamente e conterá uma consolidação do conteúdo mais relevante que tiver sido veiculado na versão eletrônica, evidentemente sem os vídeos e áudios. Trata-se de um jornal comunitário coordenado, dirigido e administrado por jornalistas profissionais, com amadores participando de um conselho editorial informal, mas decisor.

Direitos de autor

A comunidade online sobre a qual o jornal pretende se consolidar será autocontrolada. Um sistema de comunicação direta com os editores é colocado à disposição dos leitores, para que informem sobre conteúdos obscenos ou inapropriados. Os editores não pretendem editar o material tido como inadequado, pois eles consideram que a integridade do material postado representa a voz do blogueiro e precisa ser conhecido integralmente pelos leitores. Nos casos extremos, textos, imagens ou locuções considerados inadequados serão apagados da edição.

A edição impressa, que estréia com 150 mil exemplares, conterá sempre uma seleção das contribuições de blogueiros e outros cidadãos comuns, integrada ao material produzido por jornalistas profissionais. Os anunciantes podem comprar espaço apenas na edição online, apenas na impressa ou em ambas, combinando diversos formatos, como anúncios estáticos, spots de áudio e vídeos. O projeto prevê a predominância de anúncios do setor imobiliário.

Fotógrafos e cinegrafistas são convidados a expor seus trabalhos, inicialmente postados em sites específicos, com link para o endereço do BostonNow, e futuramente será criada a condição para que esse conteúdo seja postado diretamente no site do jornal. Os direitos dos autores serão preservados, embora seus conteúdos sejam mantidos nos arquivos do jornal.

Modelo subversivo

Ao postar o material, os autores escolhem a seção onde gostariam de vê-lo publicado, o que facilita o trabalho dos editores que cuidam da edição em papel. A seleção para publicação na versão impressa será feita pelos jornalistas editores do BostonNow, seguindo critérios como originalidade, relevância, relação com temas da comunidade ou com os interesses locais, textos sem erro, fotos e vídeos com alta qualidade digital.

A webmaster Regina O´Brien, co-fundadora do jornal, explica que a idéia é oferecer um ambiente integrador, em vez de competir com os blogueiros – que atuam às centenas na região onde se concentram muitos intelectuais, estudantes e profissionais que têm muito a partilhar com a comunidade.

Com o tempo, o BostonNow pretende oferecer alguma forma de remuneração aos autores de conteúdos que forem selecionados para o jornal impresso. Para isso, está prevista a revenda de conteúdos para a mídia de outras regiões dos Estados Unidos e do exterior. Os editores contam com a capilaridade que o jornal deverá apresentar, na medida em que vem arregimentando um grande número de blogueiros bem informados em variados setores das comunidades acadêmicas, de negócios e sociais da cidade.

Segundo os editores John Wilpers e Regina O´Brien, a opção pela transparência é absoluta. Todas as pessoas que participarem da reunião de pauta, a cada manhã, ficam sabendo o que pensam os editores sobre cada tema proposto para a cobertura diária, e podem influenciar na linha editorial do jornal online e na versão impressa.

Esse é um modelo que subverte completamente a prática geral da imprensa tradicional, baseada numa rígida estrutura de mando que se inicia e sempre desemboca, no topo, na voz do dono.

Fonte: Observatório da Imprensa (Luciano Martins Costa)

Futuro do Jornalismo

JORNALISMO IMPRESSO
O que o futuro reserva para a imprensa
Há muitos anos, fiz cobertura de guerras para o Estado de S.Paulo com o pseudônimo de Nelson Santos. Não foi caso de preconceito, mas de interesse pessoal. Escrevia para o Jornal do Brasil, do Rio, que me pagava mais, sob meu próprio nome. Tinha a direção de Alberto Dines e era um grande matutino nacional. Não foi há tanto tempo, porém antes da televisão a cabo e da internet.

As duas cidades eram como que dois países à parte. Conto isto para explicar meus vínculos com o grande diário paulista. E expressar minhas reações ao acordo que firmou com Veja, pelo qual aparecerão juntos nas bancas sob um único preço. Para mim, é comprovação de confiança no futuro da mídia impressa. Penso na mesma linha.

Não se desconhecem os efeitos das novas mídias eletrônicas sobre a mídia-papel. Têm sido de crise nas receitas e de declarações muito pessimistas dos proprietários de grandes jornais no Brasil e exterior. O jornal impresso, como o conhecemos e amamos, estaria em processo de morte, com dias contados. Discordei sempre. Lembro do avanço do rádio, e depois da televisão, produzindo reações semelhantes na então crise – com a qual grandes jornais se tornaram maiores e aprimorada a qualidade do jornalismo.

Estudando o que aconteceu, verifica-se que alguns editores souberam identificar o vasto espaço à espera de ser preenchido por veículos ajustados aos novos tempos. E encontraram os profissionais com a flexibilidade e criatividades necessárias. O talento...

Meio essencial para se atualizar

Havia no jornalismo a tendência de chamar o leitor pela manchete, o título. Sensacionalismo, num maior ou menor grau. Notícia, como promovido pela escola norte-americana, consistia em responder "quem, quando, onde, como e por que" do acontecido. A notícia estava nos primeiros parágrafos. Os subseqüentes eram os detalhes. O miolo era constituído do permanente, do que sempre se encontrava em cada veículo. Era o que, digamos, criava o hábito da leitura, sustentava a circulação.

O estilo do noticiário radiofônico e o televisivo é o adequado a cada mídia e difere do impresso. Por definição, esses noticiários cobrem espaço-tempo, segundos-minutos. Para nova audição, precisam ser gravados ou vídeogravados. Logo, os grandes editores, aqueles que jamais se tornam conservadores e rotineiros em suas tarefas, perceberam que o impresso tinha a vantagem possível de poder ser relido na hora ou depois, sem ter de se submeter a ser copiado. E de poder destacar significados para facilitar a compreensão.

Creio que foi este passo, pouco discutido, que passou a ser a diferença entre o impresso e o noticiário eletrônico. O editor atento logo passou a enfatizar a possibilidade de rever sem esforço. E de dar acesso ao leitor. Compreender, o que é essencial ao bom exercício de qualquer atividade. Na prática, o impresso passou ser o meio essencial para o indivíduo se atualizar, quase uma escola. Já não basta.

Demanda do mercado

Sei de recente pesquisa do Project for Excellence in Journalism (Projeto para Excelência em Jornalismo) revelando que 66% dos que seguem o noticiário político preferem o jornal diário. A Universidade da Califórnia descobriu que cerca de 70% procuram o jornal para se informar. A Associação Mundial de Jornais (World Association of Newspapers, da qual meu primo Jayme Sirotsky, da RBS, foi presidente), que representa 18 mil diários, verificou que 83% de seus associados estão otimistas quanto ao futuro do jornalismo impresso. E que 75% recebem com entusiasmo as novas mídias – o noticiário online (internet), que é meio obrigatório de todo o impresso.

Daqui a dez anos, apostam 35% deles, o impresso reinará supremo. E serão bem-sucedidos aqueles que souberem ser os primeiros a adquirir intimidade com as novas mídias e tiverem suficiente coragem e criatividade para ajustar o impresso à navegação pela internet – ambos os meios atualizados de propulsão. Ou entenderem que o efeito principal do peso da inimaginada massa de informações oferecidas ao indivíduo é o de fazê-lo sentir-se desorientado sem o confessar. Como um barco sem leme no meio de um furacão, entregue aos ventos.

A tendência é a de alienar, simplificar, limitar sua curiosidade e atenção ao mais próximo, à rua, ao bairro, à cidade, ao país. Ou, os mais necessitados de orientação, encontrar nos diários impressos que assumirem seu novo e essencial papel. Serão bem-sucedidos aqueles de acrescentarem significados às várias possíveis conseqüências do acontecido, reduzir a violência por meio de compreensíveis e possíveis alternativas; que assumirem o papel de bússola, apontando várias saídas da zona tempestuosa. E não se sentir perdido.

Desde a criação da mídia impressa, os pilotos talentosos não se assustam: sempre foram minoria, sempre se manifestaram na hora necessária e fizeram da imprensa o que tinha de ser.

O impresso nunca foi realmente de massa. Foi sempre consumido por um percentual menor da população. Continuará sendo o que souber identificar e corresponder à demanda do mercado. E dependerá, como sempre, do talento de indivíduos.

Fonte: Observatório da Imprensa (Nahum Sirotsky, de Tel-Aviv)

PPFP


Fonte: Coluna do Ancelmo
www.orkut.com/Community.aspx?cmm=142628

domingo, 22 de abril de 2007

É Campeão!!!

Folha foi preconceituosa?


Leitores vêem preconceito; será? --------------------------------------------------------------------------------
Não reconheço racismo e preconceito nos dois episódios, mas em um deles o jornal foi infeliz; como ouvidor gostaria de conhecer mais opiniões
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A FÓRMULA 1 revelou um piloto de 22 anos, Lewis Hamilton, que já é fenômeno de mídia. Na segunda, a Folha contou que o britânico "transformou-se no primeiro novato a chegar entre os três primeiros nas três etapas iniciais do Mundial".
Antes lembrou, como fizera em muitas edições, que o jovem magrinho é "o primeiro negro a competir na categoria máxima do automobilismo".
No mesmo dia, o leitor Juan Antonio Peñaranda escreveu ao ombudsman: "Acho um absurdo a importância que os senhores dão ao fato de o sr. Lewis Hamilton ser negro. Duvido que, se ele fosse russo ou chinês ou de qualquer outra raça, dariam o mesmo destaque. Considero essa atitude eminentemente racista".
Seguiu-o o leitor Felipe Critis Secol: "Por que ficar falando toda hora [que se trata do primeiro negro da F-1]? [...] Parem com isso!"
Na terça, o leitor Marcelo Alessandro de Souza voltou ao tema do preconceito, "perplexo" diante do que classificou como uma "barbaridade".
No desenho que ilustrou o massacre no qual um estudante matou 32 pessoas nos EUA, um quadro mostrou -para Souza- "um negro disparando contra vítimas brancas".
Ele pergunta: "Se o suspeito era asiático, segundo a reportagem, como podemos admitir uma reconstituição dos fatos [assim]? Pelo visto, a nossa tragédia social, aquela da discriminação e do preconceito, é reforçada dia a dia, principalmente entre a classe média".
De fato, mesmo ignorando que o assassino era coreano, as notícias já davam conta de que testemunhas o identificaram como asiático.
O editor de Arte da Folha, Fábio Marra, discorda do leitor: "O atirador foi desenhado de costas porque, até aquele momento, não tínhamos a confirmação de sua etnia. A tonalidade mais escura só foi usada para dar profundidade ao desenho. A arte não mostra um negro, é só um desenho sem cor nem traço definido".
São controvérsias de grande subjetividade. Não reconheço racismo e preconceito nos dois episódios. Em um deles, contudo, o jornal foi infeliz.
Respeito a opinião divergente dos dois leitores, mas creio que a Folha acerta em sublinhar a condição de Hamilton. Ele é o único negro, em 700 pilotos que já correram em um esporte de elite. É notícia, há relevo jornalístico.
Sobre a ilustração, concordo com Marcelo de Souza: trata-se de um homem negro (ou mulato), de pele escura e cabelo crespo, disparando contra pessoas de pele clara. É uma informação errada.
Como ouvidor, gostaria de conhecer mais opiniões. A Folha está certa ou errada? O que você pensa?"
Fonte: Folha de S. Paulo (Ombudsman Mário Magalhães)

Eu acho que os dois erraram e os dois acertaram. O pessoal que viu "pelo em ovo", como diria meu amigo Baroncelli; e o desenhista que deu uma de "migué", como se dizia antigamente.

Secretaria Gráfica - Aula - Páginas


Quem descobriu a página da Renata, durante um trabalho em sala de aula, foi a aluna Thaiana Andrade, da FACHA Méier. Vale a pena navegar. Não só os alunos de Secretaria Gráfica. Renata, várias vezes vencedora de prêmios Esso e outros, é "fera". A página que ilustra este post ganhou o Prêmio Esso de Criação Gráfica Jornal.

http://rmaneschy.multiply.com/

sábado, 21 de abril de 2007

Blogs da FACHA em matéria do Portal Imprensa


Artigo:
Faculdade do RJ utiliza blogs para trabalhos de avaliação
por Filipe Cerolim

Alunos da FACHA (Faculdades Integradas Hélio Alonso), no Rio de Janeiro, estão produzindo blogs em seus trabalhos de avaliação. A novidade foi implantada pelo professor Paulo Cezar Guimarães, junto com os seus alunos das turmas de Técnica de Reportagem e Documentação Gráfica e Visual, na Unidade Botafogo; e de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), na Unidade Méier.

São cinco blogs. Todos sobre assuntos voltados para a Comunicação. A turma de Documentação Gráfica e Visual do turno da noite da faculdade já está com três blogs no ar. Um sobre a história da Imprensa, "De Guttemberg a Blogosfera"; outro sobre Mídia Alternativa e o terceiro sobre o escritor Gabriel García Márquez, que esse ano completou 80 anos. A turma de Técnica de Reportagem produziu um blog sobre o livro que revolucionou e criou a geração "beats", "On The Road", de Jack Kerouak. A turma de TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) está fazendo um sobre o extinto Grupo Manchete.

Por falar em professores, eles também têm seus blogs. Alguns até dois, como o próprio Paulo Cezar (um blog pessoal e outro voltado para seus alunos), e Sebastião Martins (um voltado para peças publicitárias e outro sobre seu hobbie, a poesia). Marcio Riscado também tem um em parceria com outros colegas, dedicado a fotos inusitada. Fora Cid Benjamin, pioneiro entre os professores.

Na FACHA não só turmas inteiras e professores estão criando seus blogs. Outros alunos entraram na onda e estão produzindo seus blogs pesssoais. O blog se tornou uma ferramenta muito útil para a comunicação.

Filipe é estudante de jornalismo do 5º período da FACHA (Faculdade Integrada Hélio Alonso), do RJ.

O "Googlepólio" é uma ameaça?


A ameaça do “Googlepólio”
O Google tem dinheiro, velocidade e corre riscos. A muitos, parece estar criando o que pode vir a ser o verdadeiro monopólio de “organização” de informação na web. Será que os competidores vão esperar sentados?
A essa altura do campeonato todo mundo já sabe que o Google comprou a DoubleClick, um negócio de publicação de anúncios na web, que era propriedade de dois fundos privados, por US$ 3.1 bilhões em dinheiro vivo, tirando a Microsoft (entre outros possíveis compradores) do jogo. A empresa de Redmond, que tem um negócio de anúncios como o do Google, mas com uma performance muito menor, parece que estava disposta a pagar pouco mais de US$ 2 bilhões e pulou fora da disputa. Nessa transação, o Google pagou o dobro do que tinha gasto para ficar com o YouTube. A DoubleClick faturou US$ 300 milhões no ano passado e havia sido comprada, em 2005, por US$ 1.1 bilhão -- o que levou muitos analistas a discutir o que, exatamente, aconteceu com a empresa em dois anos que a tornou tão valiosa. Pelo menos para o Google.

Uma das respostas é que Eric Schmidt comprou a empresa para evitar que a Microsoft fizesse o mesmo. Só que o alvo não era só a Redmond, mas também o Yahoo: o Google não tinha (até a semana passada) uma rede de servidores de banners (sim, os velhos banners) e “rich media” (ou “mídia rica”, propagandas interativas em flash, vídeo), a tecnologia, a prática do negócio e seus clientes. Agora tem. O que vai fazer com isso é outra história. Primeiro, pode haver conflito entre seus múltiplos modelos de negócio para anúncios: de um lado, aqueles simples, de texto, publicados por milhões de pessoas e empresas, que fizeram a fama e fortuna do Google até aqui; do outro, 1.500 clientes da DoubleClick, que estão entre os maiores anunciantes do mundo. A princípio, dois públicos complementares. Mas, o Google não tinha acesso até agora. Logo, por que haveria conflitos?

Há quem diga que o primeiro atrito poderá vir de uma tentativa de tirar as agências de publicidade do jogo de uma vez por todas, desintermediando -- como é hoje o caso dos anúncios do Google -- a interação entre quem paga pelo anúncio e o site que o publica. Na verdade, trata-se de reintermediação, com o Google (ou o GoogleClick) assumindo o papel das agências, servindo de interface para o cliente programar seus anúncios diretamente. Resta saber se os grandes clientes vão querer pagar este pato, já que hoje pagam agências exatamente para se verem livres da complexidade de (também) programar a propaganda. Mas não é essa a única preocupação: a medida em que o Google (e suas aquisições) registram e interpretam cada busca, click e link que há na rede, as preocupações sobre privacidade e suas garantias tenderão a ser cada vez maiores. Especialmente a partir do ponto em que a empresa começar a ser percebida como um monopólio.

Quase todo grande mercado, em todas as eras, tem seus monopólios, naturais ou não. A Microsoft detém, hoje, o quase monopólio dos desktops. Mas isso está nas nossas casas e, a não ser no caso de uma invasão, só nós temos acesso aos dados lá armazenados. E ainda, neste modelo, é possível trocar o software “X” pelo “Y”, quando nos aprouver. Estaríamos trocando funcionalidades apenas. O modelo do Google, e de uma web de negócios que funciona a partir de um software como serviço, é mais leve e sutil, e pode levar a monopólios ainda mais radicais. É só comparar a qualidade potencial de um negócio que está começando com a de um outro, estabelecido há anos, que já sabe exatamente quem você é, por onde anda, com quem conversa, que vídeos vê, o que compra e o que faz e o que não... Não, não há comparação. O potencial de criação de um monopólio a partir do Google e suas aquisições é imenso, e isso é parte do preço das ações da empresa na bolsa.

Depois da compra da DoubleClick, não demorou muito para as companhias ameaçadas pelo controle cada vez maior do Google sobre anúncios online começarem a atacar o gigante pelo flanco regulatório. Mal foi anunciado o negócio, Microsoft, Yahoo, Time Warner, AOL, AT&T e outros, menos votados, já estão reclamando(ainda informalmente, mas isso vai virar briga) do “domínio” de Google e as suas “conseqüências” para a privacidade na rede. Bradford L. Smith, advogado da Microsoft, muito mais acostumado a defender a companhia nas batalhas em que ela própria vem sendo acusada de práticas anticompetitivas nos últimos anos, disse ao The New York Times que “… a compra do DoubleClick pelo Google combina os dois maiores distribuidores de anúncios online e ‘reduz substancialmente a competição no mercado de anúncios na web’”. Pois é, cada um sabe onde seu sapato aperta. Para um resumo da cobertura sobre esta confusão, clique aqui.

Mas este não é o único debate sobre o assunto. Há cada vez mais especulação de que a Microsoft não compraria a DoubleClick de jeito algum, pois nunca adquire público e sim tecnologia, como no caso da absorção recente da TellMe por US$800 milhões. Isso pode estar errado, mas e daí? Daí, parece que Ballmer e amigos entraram na corrida pela DoubleClick só para forçar o Google a pagar mais… será? O fato é que agora o Google pode competir com o Yahoo na mesma plataforma de anúncios e a Microsoft fica ainda mais distante no mercado web. Mas ao mesmo tempo à frente no mercado de busca móvel e por voz (que é o que a TellMe faz). A corrida ainda não acabou. Façam suas apostas… e apostem também quando o Google vai ser processado por monopólio em alguma destas coisas, como anúncios na web, onde está eliminando, rapidamente, a competição.

Fonte: G1 (Silvio Meira)

O que você tem nessa cabeça, irmão?


Paisagem mental dos estudantes de jornalismo
Como pensam os futuros "formadores de opinião".
por Marcos Zibordi

TRECHO 1
Durante dois meses penei com a espinhosa pauta – vasculhar a mentalidade dos futuros jornalistas. Seria reportagem de fôlego em parceria com Marina Amaral, editora executiva de Caros Amigos, que buscaria, nas redações e entre os profi ssionais, histórias para compor um quadro descrevendo desde a formação universitária até o cotidiano das empresas, incluindo os cursos de adestramento intermediários entre a obtenção do diploma e o registro em carteira, entre outras excrescências.

Penei por vários motivos. Primeiro, que a dupla de repórteres durou pouco. Marina, atribulada com esta e outras pautas, além dos preparativos para as comemorações dos dez anos da revista, tirou o doce da minha boca.

Então brotaram os entraves naturais do raciocínio de reportagem: não falar somente com gente de São Paulo e do Rio de Janeiro, o Brasil é mais além; duvidar sempre da abrangência do mapeamento, nem que conversasse com todos os professores e estudantes de jornalismo de todas as universidades do país; bolar um questionário cujas respostas revelassem a mentalidade dos entrevistados; contatá-los.

Mas o que empacou mesmo foi pensar na minha relação com esta matéria. Se como repórter e professor de jornalismo eu vivo discordando dos paradigmas das duas profissões, como me posicionar escrevendo sobre elas? Saquei a chance de expor algumas opiniões na forma e no conteúdo deste texto, que já era parcial, subjetivo e autocrítico antes mesmo de ser redigido. Ele também mostraria o meu ambiente mental.

Comecei pelos professores da área. Marquei com Hamilton Octavio de Souza, colaborador da Caros, meu ex-editor na Revista sem Terra e atual chefe do Departamento de Jornalismo da PUC de São Paulo, 25 anos de docência e 35 de jornalismo impresso. Na conversa, percebi o tamanho do pepino. Hamilton disse coisas assim: “Existem raros professores em alguns poucos cursos de jornalismo que estão comprometidos com o ensino vinculado aos interesses da sociedade. O resto é totalmente acomodado, trabalhando em cursos medíocres que oferecem formação tecnicista, achando que ao jornalista basta escrever e não questionar o que ele está escrevendo. Muita gente não tem experiência jornalística, nunca pisou numa redação, não sabe como é que fecha uma revista, como produz um jornal, não conhece o ritmo de trabalho, nunca participou de uma reportagem”.


TRECHO 2

Via Internet
Das questões enviadas pelo Orkut, o maior conjunto de respostas similares mostra que os alunos não se desiludem com o curso de jornalismo. Poderia ser maturidade, mas, em minha opinião, é o esboço do realismo mais raso e constrangedor. Quase todos optaram pela profissão sem alimentar ilusões quanto ao curso e, menos ainda, em relação ao mercado de trabalho. Nenhuma utopia. Listam anodinamente o feixe de desilusões, os maus professores, a falta de infra-estrutura, as falhas técnicas e humanísticas na formação, os ditames do patrão, das empresas. Planura.

Não são todos. Formada no final do ano passado pela PUC-RS, Thais Fernandes, 22 anos, descreve a trajetória frustrante: “Disseram- me em alguns discursos apaixonados nos primeiros semestres que ser jornalista era trabalhar pelo bem comum, mostrar para o mundo os diversos mundos escondidos, ou propositalmente ignorados. Mas, logo em seguida, ser jornalista tornou-se fazer a melhor passagem, ganhar mais prêmios, ficar melhor no vídeo e vencer todo o resto. De repente, tudo vira uma grande competição. Quem tem o melhor estágio, quem está na grande emissora, quem tem mais contatos. Um atropelo sem fim, que acaba num dia em que todos jogam o chapéu para cima, se abraçam sorridentes, e cochicham entre si quem saiu empregado e quem provavelmente será um fracassado”.


TRECHO 3

Desconhecem o povo
Outra pergunta com resposta padrão diz respeito ao contato dos estudantes com os párias da sociedade. De novo a sinceridade constrangedora: simplesmente desconhecem. Luís Ricardo Bérgamo, 2º ano de jornalismo na USP, afi rmou que “meu contato é afastado por opção pessoal”. Contato afastado, como assim?

Então notei, relendo o parágrafo acima e a declaração que encerra este, o quanto estudantes e jornalistas se defendem criticando a postura alheia. Acho que todo mundo faz isso. A melhor maneira de saber sobre alguém é perguntando pro vizinho. “Quando aparece alguma notícia, como, por exemplo, a recente veiculação de que pretendiam criar barreiras para evitar o banho dos mendigos na praça da Sé, a lista de e-mail da minha sala abarrotou de protestos indignados contra a prefeitura e a favor dos mendigos. Mas duvido que 5 por cento , 2 por cento até eu diria, faz algum tipo de trabalho social para ajudar estas pessoas”, cutucou Flávia Faccini, da Cásper Líbero.

Apesar de desconhecerem a ralé, os estudantes de jornalismo têm verdadeira fissura em entrevistar, reportar, fotografar, documentar moradores de rua. De preferência, em preto-e-branco. Arrisco uma interpretação: sem consciência profunda dos problemas sociais do país, enxergam o que salta aos olhos, visão superficial porque, inclusive, vários moradores de rua lá estão por motivos diferentes da pobreza, como drogadições em geral, desentendimentos familiares e problemas mentais.

Marcos Zibordi é jornalista: mzibordi@hotmail.com

A edição impressa com a íntegra desta matéria JÁ ESTÁ NAS BANCAS!

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Direto do Front do "Repórter de Crime"

O blog "Repórter de Crime", do meu amigo Jorge Antonio Barros, no site do globo online, está cada dia melhor.
http://oglobo.globo.com/rio/ancelmo/reporterdecrime/#50622
Jorginho tem dado verdadeiras aulas de Jornalismo na Internet.
Pesquei mais uma pérola hoje:

Conselhos de uma repórter experiente no conflito armado do Rio

Pedi a repórter Cristiane de Cássia, do GLOBO, que me desse a visão de um correspondente da guerra do Rio, que é mais ou menos como a vejo, diariamente. Tenho pouco contato com a Cristiane porque eu chego bem mais tarde do que ela. Mas tenho uma sincera admiração por sua coragem e pela experiência que ela tem acumulado na cobertura do conflito armado do Rio. Nesse post, ela dá dicas preciosas não apenas para repórteres que cobrem tiroteios, cada vez mais comuns numa cidade refém das balas, como o Rio, mas também para os cidadãos que se descobrem no meio do fogo cruzado. Prepare-se para uma aula de jornalismo de guerra.

- Sou repórter há 12 anos e a maior parte desse tempo fazendo cobertura da violência na Cidade do Rio. Já perdi, há muito tempo, a conta dos tiroteios pelos quais passei. Os últimos foram hoje (ontem), dia 17, aniversário de minha mãe, no Catumbi, e no dia 6 de março, meu aniversário _ o segundo seguido num tiroteio, no Alemão- afirma Cristiane que tem usado até o colete a prova de balas, oferecido pelo jornal.

Cristiane ressalta que é preciso manter a calma, qualquer que seja a situação:

- É muito complicado trabalhar num confronto. Além de captar as informações, seja ouvindo as pessoas, seja simplesmente vendo os fatos que acontecem na sua frente, seja ligando para um policial. Você tem que se preocupar com sua segurança e com as dos outros à sua volta. Muita gente neste momento está mais nervoso do que você, principalmente pessoas idosas, crianças e até colegas jornalistas que nunca cobriram uma situação dessas. E você precisa acalmá-las. Pessoas nervosas em situações como essas prejudicam a segurança de todos - observa.

"Medo todo mundo, mas não pode ser desculpa para não relatar os fatos"

- Tem muita gente que me pergunta se eu não tenho medo de fazer esse tipo de matéria. Medo todo mundo tem, claro. Depois que me tornei mãe de uma menina linda, então, tenho ainda mais medo. Afinal, ela precisa que eu volte para casa. Por vezes, quando chego em casa após esse tipo de situação, a abraço e choro muito - revela a repórter.

Mas o medo não pode nos impedir de contar às pessoas o que acontece na nossa cidade. A missão do jornalista é essa: cobrir os fatos e relatá-los. As pessoas honestas que vivem nas comunidades carentes do Rio já sofrem demais e vêem na imprensa seu único apoio em momentos graves como os confrontos.

"As redações precisam cuidar mais da segurança dos repórteres"

Por isso, acho que não só eu, mas outros colegas, precisam ter um treinamento básico de como agir nessas situações. Afinal, hoje qualquer ponto do Rio é área de risco. Seja para quem faz matérias de polícia, seja para quem faz matéria de cidade, Segundo Caderno, economia. E as redações precisam prestar atenção na segurança de seus funcionários, dar mais apoio, ouvir um pouco quem se envolve nisso e costuma ser tão desvalorizado.

Já fiz dois cursos de conscientização de riscos para jornalistas. O primeiro foi em 2005, quando fiz parte de um grupo de 20 jornalistas brasileiros convidados para um curso da Sociedade Interamericana de Imprensa, num quartel na Argentina. Foi muito interessante. Aprendi sobre primeiros socorros, sobre sons de tiros, como agir em caso de seqüestro, como andar num rapel, como descer de um pára-quedas. Enfim, recebi várias informações interessantes e de forma muito prática. Mas o treinamento é voltado para quem atua em áreas de conflito planas, como Haiti e Chipre. O Rio tem uma geografia e outras condições bem particulares. Tanto que os militares

Em novembro do ano passado, participei com 50 jornalistas do Rio de um curso promovido pelas empresas de jornalismo na Vila Militar, em Deodoro. O curso foi ministrado pelo International News Safety Institute (Insi). Foram dois dias muito interessantes também.

Eis alguns pontos discutidos:

1. A importância do motorista experiente, que pode salvar a vida de sua equipe.

2. A necessidade de se ter um kit de primeiros socorros no carro e do treinamento para atender pessoas feridas na rua.

3. Em manifestações, é importante manter um tom de voz firme, mas não agressivo, e estudar rotas de fuga ou a melhor posição para se ficar cobrindo a manifestação sem ser ferido.

4. Tiros de fuzil podem atingir até 2 Km de distância. Portanto, é preciso pensar no local onde se proteger durante um tiroteio. Num carro, o único lugar seguro é do lado de fora, junto ao bloco do motor. Paredes de tijolos não protegem nada. Muro de concreto também só serve de proteção em caso de tiros de pistola. Para tiros de fuzil, é preciso duas paredes de distância. Encostas de morro são uma boa solução para se proteger.

5. Eles sugerem que a gente não fique exatamente atrás do policial. Mas no dia-a-dia vemos que é preciso seguirmos as ordens deles, que geralmente conhecem os locais onde estão atuando.

6. O colete à prova de balas e o carro blindado que usamos só protegem contra tiros de pistolas e estilhaços de fuzil e granada. Em momentos de tiroteio, não é bom ficar no blindado porque você não ouve o que acontece do lado de fora. Os nossos coletes têm um problema: são pretos e têm o nome imprensa escrito em letras douradas na costa, igualzinho o da polícia, o que nos confude com eles. Além disso, a comunidade nos vê de forma ruim quando usamos esses coletes. O ideal são aqueles que não se parecem coletes à prova de balas, mas sim coletes iguais aos dos fotógrafos.

Para finalizar, concordo com o que diz a instrutora Heather Allen, coordenadora desse último curso, ex-oficial do Exército inglês. Ela considera que os jornalistas brasileiros, principalmente os cariocas, trabalham de forma muito unida, mas é preciso usarmos isso melhor a nosso favor. Ela adverte que no mundo inteiro os jornalistas não deixaram de cobrir os conflitos, as guerras, os problemas das populações mais miseráveis. Eles só passaram a cobrir de maneira mais segura, mais planejada, devemos fazer o mesmo.

Fetiche no massacre

É impressionante o vídeo feito por um amador em seu celular sobre o massacre na Universidade Virginia Tech em que 33 pessoas morreram. Impressionante porque ele não mostra absolutamente nada, mas estava ontem em todos os noticiários de TV sobre o assunto - acompanhado de entrevistas com seu autor Jamal Albarghouti, que virou uma celebridade instantânea.

Talvez o vídeo possa servir de prova na investigação policial - porque registra o barulho dos tiros. Como imagem jornalística ou cinematográfica, não tem nenhuma importância (ao contrário, por exemplo, do vídeo da morte de Saddam Hussein). Em outros tempos, ela seria simplesmente descartada por falta de interesse.

O caso mostra que esse fetiche tecnológico por uma imagem não-institucional - produzida por um indivíduo, não por uma empresa de comunicação - talvez tenha ido longe demais. Ou havia algo ali naquele vídeo que eu não consegui enxergar?

Fonte: Ricardo Calil (nominimo)

Dica do Blog: Curso de Economia para Jornalistas


Minha ex-aluna Diana mandou.

terça-feira, 17 de abril de 2007

10 anos de blog

Blogs completam uma década
Foi em abril, há dez anos, quando o especialista em informática Dave Winer começou a escrever um diário na internet que seria conhecido como weblog - termo criado por Jorn Barger - e, atualmente, blog. Existe a polêmica se Winer foi ou não o primeiro blogeiro (Barger também é citado como o pioneiro com seu robotwisdom), mas parece certo acreditar que somente com Winer e seu Scripting News a interatividade e o que hoje nos acostumamos a ver como blogs foram finalmente consolidados. Desde então, os blogs caminharam lentamente para assumirem um papel cada vez mais ativo na mídia convencional. Os grandes portais convidaram vários jornalistas e especialistas para criarem blogs em seus domínios enquanto profissionais como o jornalista Ricardo Noblat passaram a usá-los como mais uma ferramenta de trabalho.

Jornais e blogs
No início do mês Silvio Meira, cientista-chefe do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (C.E.S.A.R) e blogueiro do Portal G1, lembrou que houve outra situação semelhante à revolução dos blogs antes mesmo do advento dos microcomputadores. Isso ocorreu com a idéia do ourives Johannes de Gutemberg, que criou uma prensa capaz de livrar a cópia de textos da tradicional forma de disseminação através de manuscritos que monges copiavam a mão. Dali para frente a publicação de textos tornou-se mais veloz e rápida. No ambiente virtual , os blogs permitiram que qualquer usuário da internet publicasse seus textos mesmo que não soubesse nenhuma linguagem de programação.

"Em um futuro relativamente próximo, creio que blogueiros poderão se sustentar com as rendas de seus blogs. Principalmente por conta de receitas publicitárias, uma vez que o mercado paulatinamente tem se conscientizado de que blogueiros, por arregimentarem leitores fiéis, são mais eficazes junto a determinados nichos específicos do que muito banner de portal", afirma Alexandre Inagaki, jornalista e autor do blog Pensar Enlouquece. Para ele, a blogosfera conseguiu agregar formadores de opinião que publicam textos sem os vícios da mídia tradicional.

Profissionalização
"Acompanhei o crescimento e a profissionalização dos blogs, na verdade acompanhei o próprio nascimento deles, então tinha uma boa idéia do potencial. Quando vi que havia uma estrutura de publicidade já funcionando no Brasl - o Google AdSense - percebi que o blog estava pronto pra dar dinheiro", revela Carlos Cardoso, visto na blogosfera como o primeiro problogger (aglutinação de professional blogger ou blogueiro profissional) brasileiro com o seu Contraditorium, que trata exatamente de como transformar blogs em veículos rentáveis. Cardoso lembra que só começou seu blog quando passou a acreditar que eles poderiam dar dinheiro. "Na verdade já dava, mas ao invés de 100 dólares em um blog, eram 100 blogs ganhando um dólar", explica. Em outras partes do mundo, blogs que sustentam seus donos já rendem através de anúncios online, mas no Brasil isso ainda não é tão freqüente.

Amadurecimento
Ataques terroristas e as recentes guerras ajudaram a fortalecer o blog como mídia. Blogueiros de Nova Iorque conseguiram manter internautas informados enquanto portais tiveram problemas devido ao excesso de acesso durante o ataque às torres gêmeas em 2001. Para o jornalista Raphael Perret, mestre em Informática e pesquisador de comunicação online, outro bom exemplo de ação que consolidou a credibilidade dos blogs foi o Salam Pax, que falava sobre as dificuldades da vida no regime iraquiano de Saddam Hussein e tornou-se porta-voz dos civis iraquianos durante a guerra do Iraque, em 2002.

"Sem dúvida, uma série de episódios contribuiu para o avanço da popularidade dos blogs. No Brasil, destaco: o oferecimento de serviços de hospedagens pelos grandes portais, a publicação de colunas sociais sobre blogs nos suplementos de informática dos jornais, com a atitude pioneira do Jornal do Brasil (2001); e o lançamento de blogs pelo Globo Online, mantidos por seus jornalistas e colunistas (2003)", afirma Perret que também é autor dos blogs Butuca Ligada e Tá na tela. De acordo com ele, estas ações apresentaram o blog aos chamados soft users, ou seja, usuários que navegam por pouco tempo na internet. Desde então, vários jornalistas passaram a assumir o blog como uma extensão do seu trabalho ou como uma forma de publicar os textos que quisessem sem a necessidade do crivo de um editor. No Comunique-se, a ferramenta Blog-se passou a ser a casa dos textos do quadrinista Miguel Paiva ou uma extensão da divertida coluna Jornal da ImprenÇa de Moacir Japiassu.

Coluna eletrônica
"Acho que cada um tem um motivo para manter um blog, depois que a ferramenta deixou aquela imagem de diário adolescente para transformar-se, pelo menos entre os jornalistas, num instrumento de exposição de idéias, notícias, comentários, ou seja, numa grande coluna eletrônica. No meu caso, o interesse é manter viva a discussão sobre assuntos que envolvam a cobertura policial", explica o jornalista Marco Zanfra, autor do Manual do Repórter de Polícia e do blog Repórter de Polícia. Zanfra lembra que, enquanto o manual, apesar das atualizações, é uma obra estática, o blog pode ser uma ferramenta para que colegas do meio mantenham-se constantemente atualizados e para que possa ser usada junto com outros trabalhos.

Para Cardoso, escritor de livros de informática e ex-redator publicitário, a carreira de blogueiro pode ser ainda mais promissora do que outras. Mesmo com tantos jornalistas na blogosfera, os blogueiros precisam saber mais do que montar o lead ou conduzir uma entrevista. De acordo com o blogueiro, um jornalista medíocre pode ser capaz de cumprir funções simples por anos em um grande veículo. A mesma regularidade não valeria se ele quisesse se sustentar pelo seu blog. "Em um blog, ele jamais conseguirá destaque se não for bom. A principal vantagem - não ter um veículo por trás- se torna a maior desvantagem, se você for um jornalista sem grandes arroubos criativos, estilo ou imaginação. No ambiente da blogosfera acontece um darwinismo diferente. Há espaço para todos, mesmo os mais inaptos, mas isso só quer dizer que seu blog terá o direito de existir, não que alguém vá lê-lo".

Fonte: Comunique-se

domingo, 15 de abril de 2007

E a Folha não tem fotógrafo de madrugada!


Boa análise do novo ombudsman da Folha, Mário Magalhães. Vocês conhecem o Mário?
O que me surpreende é saber que a Folha não tem fotógrafo de plantão na madrugada! Quem foi comigo ao Globo na semana passada viu o Celso, fotógrafo, de plantão. Alguém até comentou comigo. Pelo menos eles vão resolver esse problema.

sábado, 14 de abril de 2007

Desemprego no Jornalismo

Universidades estudam desemprego no jornalismo
Carlos Castilho
Acabam de ser divulgados nos Estados Unidos dois estudos acadêmicos que, apesar de reconheceram e crise na imprensa mundial, identificam algumas tendências que podem amenizar a aguda e continuada redução do número de empregos em jornais, revistas, rádios e televisão.

Um grupo de pesquisadores da Universidade de Indiana descobriu que seis mil jornalistas norte-americanos perderam emprego entre 1992 e 2002. O total de profissionais empregados caiu de 122 mil para 116 mil, o que contraria algumas estatísticas produzidas por organizações sindicais de que a queda tinha sido da ordem quase 11 mil demitidos.

Mas um texto publicado na edição de março/abril da Columbia Journalism Review usa os dados da pesquisa da Universidade de Indiana para afirmar que a médio e longo prazo a tendência é menos pessimista. Houve um crescimento absoluto de 67 mil jornalistas em 1971 para os atuais 116 mil.

A pesquisa da Universidade de Indiana não inclui os profissionais que migraram para a internet onde criaram weblogs pessoais. Não há dados precisos sobre isto mas um artigo publicado na edição de novembro da revista acadêmica Journalism afirma que a migração de jornalistas para a blogosfera pode ser considerada “significativa” , o que de alguma forma reduziria ainda mais o total de sem-emprego no jornalismo americano.

O artigo “Mapping the journalism-blogging relatonship” , produzido por um grupo de pesquisadores da Universidade do Alabama, também nos Estados Unidos, afirma que já não é mais possível estabelecer uma clara fronteira entre o jornalismo e os weblogs.

O que mais chama a atenção é o fato da academia norte-americana ter finalmente despertado para os estudos sobre a crise na imprensa. É um fato extremamente positivo que poderia ser imitado aqui no Brasil, pois a comunicação pública é hoje um componente social estratégico na chamada Sociedade do Conhecimento.

A crise na imprensa não é limitada aos Estados Unidos. É um fenômeno global que também não está restrito a determinadas empresas. É toda uma atividade em mutação, que não tem nada a ver com um processo terminal. Pelo contrário, tudo indica que a tendência é o fortalecimento da imprensa e da comunicação, embora não necessariamente com os mesmos grupos e formatos atuais.

Os estudos sobre desemprego entre jornalistas parecem indicar que os profissionais estão buscando suas próprias alternativas para continuidade da atividade informativa, de uma forma talvez mais ágil do que as empresas onde trabalhavam antes.

Fonte: Observatório da Imprensa

Aula de Jornalismo: Persistência e sorte


Leio sempre a coluna "Por dentro do Globo", na página 2 do Jornal. Creio que meus alunos fazem sempre o mesmo. A de hoje é imperdível.

Alunos da FACHA no blog da Cora Rónai


Na última terça-feira, como faço há alguns anos, levei um grupo de alunos da FACHA (4 de Botafogo e 3 do Méier) para conversar informalmente com o sub-editor da Rio de O Globo, Jorge Antonio Barros. Início de madrugada, redação silenciosa, atenção total. Aula de Jornalismo com um grande Jornalista num grande Jornal.

Cora Rónai, conhecida por "clicar" tudo na sua maquininha digital, não resistiu e fotografou o grupo. E publicou no blog:
http://www.cronai.com/

Cantinho do Mobral: Tem culpa o teclado?


Este absurdo saiu na última quinta-feira no Jornal dos Sports. Como eu estava fora do Rio, não pude postar antes.
Será que a culpa foi do teclado? E a emenda que foi pior do que o soneto?

Pelamordemeusfilhinhos!!!

Dicas de leitura: livros sobre buscas e google


Se quiserem saber mais, cliquem num site de busca; se quiserem comprar, cliquem num site de comparação de preços.

Tô lendo os dois.

Classificados do blog - Vaga na Folha


Saiu hoje na Folha de S. Paulo.

quinta-feira, 12 de abril de 2007

Taxista blogueiro deu entrevista para alunos da FACHA

Conforme combinado, o taxista blogueiro Jorge Schweitzer deu entrevista para os alunos da FACHA. Conquistou o grupo. A entrevista será publicada em breve no Jornal Laboratório. Antes e depois da entrevista, ele postou mensagens no seu blog sobre o papo com os alunos:
http://jorgeschweitzer.spaces.live.com/

O antes:
"Estou me encaminhando para uma conversa (as 10h 30min) com alunos de Jornalismo na Faculdade de Comunicação Hélio Alonso em Botafogo a convite do Professor Paulo Cesar, o PC que também solicitou uma crônica minha no Jornal Eletrônico do Marcun (Apresentador do Programa de TV “Roda Viva”) que eu tenho admiração, mas não consegui postar impedido pelo questionário (que me recuso terminantemente responder enquadrado) que pedia minha data de nascimento, cpf, rg , numeração da cueca samba-canção, etc...

Mas deixo por aqui o tal texto para vocês...

Espero que eles me recepcionem com tapete vermelho, cafezinho e sanduíche gorduroso, mas se pegarem pesado prometo mandá-los à mierda em alto e excelente som já que irei bêbado e armado com duas Parabelluns devidamente lubrificadas com óleo Singer que furtei de minha vizinha costureira que faz consertos de fecho éclair e bainhas invisíveis por 10 reais o trabalho e é gostosíssima, porém não possui avião...

Se retornar vivo, dou notícias...

PC me garantiu que serei tratado com deferências e beija-mão...

Porém, recuso compaixão destinadas à tiozinhos desprotegidos...

Quero ser massacrado...

Se me tratarem com bondade é porque acreditam que sou um indefeso idiotizado...

Quero ser tratado como um igual...

Taxista em Movimento é igual desletrado titubiante presidente...

Não entende de puerra alguma...

Mas engana bem.., "

O depois:
Acabo de chegar do encontro com os Estudantes de Comunicação da Faculdade Hélio Alonso...

Ao chegar o porteiro e um faxineiro já sabiam que eu existia, o primeiro mandou eu entrar direto com o carro e o segundo me indicou a sala 18, logo acima da escada do lado direito sem eu perguntar absolutamente nada...

Comecei a ficar preocupado...

Torcia muito para que a turma fosse composta de no máximo 10 pessoas ou que tivessem cancelado o encontro...

Ao abrir a porta quase caí de costas...

A sala estava cheia...

Fui apresentado e fiquei procurando para ver se já não conhecia nenhum...

Do lado esquerdo uma menina dormia...

Fiquei imaginando que depois de eu começar a falar o resto da turma iria acompanhá-la...

Mas foram extremamente gentis comigo...

Não houve uma pergunta, ou insinuação, que pudesse me deixar constrangido ou que eu tivesse dificuldade para responder...

Segundo o professor nós estouramos o horário previsto...

Me senti totalmente à vontade...

Algumas vezes devo ter deixado de responder corretamente pois não me preparei para abordar assunto algum e eles conduziram como se estívessemos num bar jogando conversa fora...

Alguém colocou um aparelho na minha frente que não sei se era uma câmera ou gravador, mas procurei ignorar pois qualquer máquina me inibe...

Uma menina batia fotos enquanto conversávamos e, como prometeram enviar algumas, vou reproduzir aqui no blog...

Estas exposições são complicadas para quem não corre o sangue "Robert" nas veias como eu, mas tenho consciência que se eu me esconder não vou conseguir divulgar minha página e produzir um material legal e atraente...

E, o principal, captar patrocinadores que viabilizem a idéia...

Sempre que me chamarem para falar em um lugar bacana como a Facha eu comparecerei com maior prazer...

É importante registrar a impressão que ficou desses meninos e meninas: todas as moças são belíssimas e os rapazes inteligentes...

Não vi um feio nem burro dentro daquela sala...

Jorge Schweitzer

ps: bueno, depois da última declaração acima espero que eles não me descrevam como um imbecil no trabalho que eles irão apresentar na semana que vem sobre nossa conversa...

Tu és o Glorioso, não podes perder, perder pra ninguém!

quarta-feira, 11 de abril de 2007

AGENDA: Jornalismo Cultural no Itaú



O Instituto Itaú Cultural promoverá nos próximos dias 16 e 17 de abril (segunda e terça) um colóquio sobre o tema JORNALISMO CULTURAL .

LOCAL: Centro Cultural Justiça Federal - Av. Rio Branco, 241 [metrô Cinelândia, saída Pedro Lessa].
HORA: 18h às 21h30.

Entrada Franca. Não há necessidade de reserva antecipada.

O evento faz parte do programa RUMOS JORNALISMO CULTURAL (Informações: 2007-2008) e, nesta segunda edição, lança um edital com o tema Jornalismo Cultural. O edital contempla 02 (duas) carteiras:
- Carteira Professores de Graduação
- Carteira Estudantes de Graduação.

Informações completas sobre o edital:
www.itaucultural.org.br/rumos2007

Taxista blogueiro na FACHA




Jorge Schweitzer, o taxista blogueiro que foi destaque na coluna de Joaquim Ferreira dos Santos, no Globo de terça-feira, ficou de ir à FACHA amanhã dar uma entrevista pros alunos do Jornal Laboratório, para a matéria que está sendo produzida sobre bogs.

segunda-feira, 9 de abril de 2007

O Pasquim no blog dos meus alunos



Estou desenvolvendo, junto com várias turmas, trabalhos produzidos em blogs. Um deles é sobre "Mídia Alternativa". Vale a pena ver o vídeo sobre o Pasquim.

http://midiaalternativabypc.blogspot.com/

Dica do blog: Palestra sobre "Imprensa e Cidade" na Casa de Rui Barbosa

Seminário Imprensa e Cidade
dia 12/4/2007, quinta-feira, das 10:30 às 18 h

O evento tem como objetivo destacar o papel da imprensa periódica no Rio de Janeiro e em São Paulo, no século XIX e início do XX, como um elemento promotor e divulgador da modernização do país.
Mais informações:
http://www.casaruibarbosa.gov.br/

Que professor é esse?!

A nota abaixo saiu na coluna do Ancelmo na Internet. Já acho um absurdo. Num País sem segurança, não vejo problema de celulares ligados em sala. O meu também fica ligado.

"Enviado por Ana Cláudia Guimarães - 8.4.2007| 13h49m
Educação
Torpedo na aula
O deputado estadual João Pedro vai apresentar projeto de lei que proíbe o uso do telefone celular nas escolas do Rio durante o horário das aulas.
Diz que é para combater a fofoca e o troca-troca de torpedos dentro de sala.
Será que funciona?"


Agora, duro mesmo é o comentário de um "professor":

"tb sou professor. solicito que meus alunos desliguem o celular antes de iniciar a aula ou simplismente guardem.
contudo já vi e presenciei diversas sessões legislativas que os deputados atenden telefones e pior. um parlamentar discursando para o presidente e o presidente da alerj ao celular.

como vi em outros comentários. vamos primeiro acabar com os celulares nas cadeias e depois vamos terminar com ele nas escolas. e mais se esta lei for aprovada, quem irá fiscalizar? "

E quem irá fiscalizar o nobre colega?

domingo, 8 de abril de 2007

A transformação dos Jornais 4 (Folha de S. Paulo)

A transformação dos Jornais 3 (Folha de S. Paulo) Para ler primeiro lá embaixo


Novidades já integram dia-a-dia das Redações
Em setembro, o "New York Times" anunciou em suas páginas a contratação de um executivo. Nenhuma novidade, é prática do jornal mais influente do mundo publicar textos sobre a movimentação interna da empresa que o edita. Não fosse o cargo do recém-contratado: "futurólogo-residente".
O ocupante é Michael Rogers, ex-diretor de novas mídias da empresa que edita o "Washington Post" e ex-gerente-geral do site da revista semanal "Newsweek". Mas foi a empresa Practical Futurist (futurólogo prático), criada por ele em 2004, e a coluna semanal homônima que assina no site MSNBC que chamaram a atenção de Arthur Sulzberger Jr., o editor do "NYT".
A função de Rogers é desenvolver novas estratégias para o site do jornal e pensar em inovações para outros produtos da empresa -o jornal à frente, é claro. É um dos exemplos nítidos do que o relatório "O Estado da Mídia" fala quando se refere a busca por inovações.
No "Los Angeles Times", foi criada uma editoria de jornalistas investigativos para investigar o futuro do jornalismo, comandada pelo "Innovation Editor" (editor de inovação).
A primeira conclusão e recomendação do time -fruto de estudo batizado de "Spring Street Project" e apelidado pelos detratores de "Manhattan Project", alusão aos cientistas reunidos pelos EUA que desenvolveriam a bomba atômica- é que o jornal devia unificar urgentemente as Redações da versão em papel e on-line.
O "L.A. Times" pretende fazer até o final do ano a integração total, uma Redação que funcione 24 horas com lema "Dê o furo na internet, faça a análise no papel" ("Break it on the web, expand it on the print"). Outra recomendação é um uso maior dos recursos multimídia, como os blogs e a produção de vídeos.
O último é a menina-dos-olhos de Sulzberger, do "New York Times". A seu pedido, repórteres levam câmeras de vídeo digitais ou pequenas equipes que as operam em pautas especiais, com objetivo de fazer a reportagem impressa ser acompanhada de um vídeo na versão on-line da mesma.
Hoje, o site põe no ar 25 vídeos desse tipo por semana, mas a produção cresce. Há um curso de treinamento para uso da câmera, que todos os jornalistas da Redação farão até 2008; novos usos são testados, como vídeos-declarações que acompanham as tradicionais foto-reportagens de casamento no caderno "Sunday Styles".
A idéia vem pegando também nas revistas. Nos últimos dias, a Time Inc., que edita 130 títulos, anunciou inauguração de um estúdio para que seus jornalistas produzam conteúdo para os sites de suas publicações, revistas como "Time", "Fortune", "Sports Illustrated" e "Entertainment Weekly".
Outra novidade envolve o chamado "jornalismo-cidadão": a participação de leitores na produção de notícias ou de imagens noticiosas. Em San Francisco, na Califórnia, o site de notícias Topix anunciou na segunda que será editado por leitores-voluntários.
Iniciativa semelhante vem do Assignment Zero, colaboração entre a revista "Wired" e um site experimental de jornalismo dirigido por um professor da Universidade de NY. Além disso, o conglomerado Gannett, que edita 90 jornais, como o "USA Today", quer transformar Redações em "centros de informação" 24 h, receptores de todos os leitores.
Se o entusiasmo pelo leitor participativo é grande, as críticas também o são. No mesmo "Los Angeles Times", uma ação do tipo na editoria de opinião foi abortada após semanas pela falta de qualidade em geral dos textos e pelo predomínio de artigos insultosos.
Andrew Keen, um dos mais ferrenhos críticos da internet, escreve no inédito "The Cult of the Amateur - How Today's Internet is Killing our Culture" ("Culto ao Amador -Como a Internet de Hoje Está Matando nossa Cultura", a sair em junho), que "jornalismo-cidadão" e ações parecidas estimulam a "ditadura dos idiotas".
Em entrevista ao site I Want Media, Michael Rogers, do "NYT", revelou: "Parece banal, mas o básico ainda vale. Tudo começa com repórteres, redatores e editores que sabem reconhecer e contar uma boa história. Sem eles, não faz diferença quão incríveis são as novidades tecnológicas".

Na foto, a fachada do novo prédio do The New York Times, em Nova Iorque.

A transformação dos Jornais 2 (Folha de S. Paulo)

"Leitores terão conexão direta", afirma autora
A imprensa poderia usar uma personalidade revolucionária, como foi Ted Turner ao criar a CNN nos anos 80, para encontrar seu novo modelo, e um dos pré-requisitos é que tal pessoa tenha formação no jornalismo clássico, mais que na internet.
Nesse novo modelo, os leitores terão conexão mais direta com o conteúdo, uma habilidade maior de julgar o valor dele e de expressar esse julgamento. Serão também um dos fornecedores desse conteúdo. É o que disse à Folha Amy Mitchell, vice-diretora do Project for Excellence in Journalism.
Inicialmente ligado à faculdade de jornalismo da Universidade Columbia, em NY, o PEJ ganhou vida própria e assumiu a responsabilidade da quarta versão anual do relatório "O Estado da Mídia". Agora associado ao Pew Research Center, de Washington, o PEJ colocou no ar suas conclusões. São 160 mil palavras, em www.stateofthemedia.com. Mitchell supervisionou o trabalho e é co-autora do estudo. Leia entrevista.

FOLHA - A revista "The Economist" se pergunta quem matou o jornal. Conforme seu relatório, ninguém -ainda. Quem está com razão?
AMY MITCHELL - Os jornais não estão mortos ainda. Estão batalhando para descobrir como podem prosperar nos próximos anos e qual será a forma que a notícia vai tomar. Mesmo agora, agregadores como o Google e o Yahoo! dependem primeiro do conteúdo de jornais para exibir seus resultados.
FOLHA - O "Estado da Mídia" declara que o negócio da comunicação entra numa nova fase. Mas diz que a indústria tem poucas respostas sobre como mudar o modelo. Não é contraditório?
MITCHELL - Não, o negócio está entrando numa nova fase. Os velhos modelos estão desmoronando. Mas os novos modelos e sua eficácia ainda não são claros. Temos visto todo tipo de experiência, mas neste momento não há um modelo claro que possa substituir o velho.

FOLHA - Um dos pontos destacados é a parceria entre jornais impressos e sites de classificados online. É um dos caminhos?
MITCHELL - Talvez. É muito cedo para qualificar o resultado das novas parcerias. Mas abre possibilidades.

FOLHA - "A transformação pela qual o jornalismo passa é histórica, tão importante quanto a invenção da televisão ou do telégrafo", segundo o relatório. Onde isso vai dar?
MITCHELL - Uma de nossas certezas é que os cidadãos estarão muito mais envolvidos. Os leitores terão conexão mais direta com o conteúdo, habilidade maior de julgar o valor dele e de expressar esse julgamento. Eles serão também em alguma medida fornecedores desse conteúdo.

FOLHA - O estudo duvida que as empresas de capital aberto sejam o modelo mais apropriado para o jornal na fase de transição. Mas afirma que as empresas fechadas ainda não provaram ser a melhor saída. Qual é a solução?
MITCHELL - O que estamos tentando dizer é que a tendência atual é favorável ao modelo da empresa privada. Há uma vantagem: muitos jornais que teriam fechado de outra maneira estão ganhando nova chance [com novos compradores]. O que não está claro é o tipo de investimento que os novos proprietários farão. Investirão no conteúdo só pelo valor do jornalismo ou será investimento movido a lucros e faturamento?

FOLHA - Segundo o relatório, a indústria devia achar um líder visionário, com o papel que Ted Turner e sua CNN nos anos 80. De onde é mais provável que saia esse "novo líder", do Vale do Silício ou de Manhattan? Uma pessoa com formação pontocom ou vinda da mídia tradicional?
MITCHELL - Isso é difícil de responder! Um dos pré-requisitos necessários é que seja alguém com algum conhecimento de jornalismo.

FOLHA - O estudo prevê que os órgãos de mídia tentarão atingir mais efetivamente seu público se voltando mais para região geográfica [hiper-localismo] ou valorizando as próprias personalidades ["grifes" jornalísticas]. O segundo caso não levará a um noticiário mais opinativo?
MITCHELL - Pode levar. Depende do público-alvo. Um nicho geográfico provavelmente pedirá cobertura mais neutra, enquanto uma baseada em colunistas pode ser mais tendenciosa.

FOLHA - Como avalia a pesquisa que aponta otimismo em 85% dos entrevistados quanto ao futuro do jornalismo?
MITCHELL - O resultado mostra que eles vêem um lugar para eles nos novos modelos, e acho que eles estão certos.

A transformação dos Jornais 1 (Folha de S. Paulo)

Jornal passa por transformação "histórica"
Ritmo de implementação de mudança aumentou, afirma estudo "O Estado da Mídia", divulgado nos Estados Unidos
Para um dos autores da pesquisa, "é como se a empresa de comunicação fosse um shopping, e o jornal, sua loja-âncora"
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON


Em sua edição de 24 de agosto, a revista "The Economist" se perguntava quem matou o jornal. No livro "The Vanishing Newspaper - Saving Journalism in The Information Age" (O Jornal Evanescente - Salvando o Jornalismo na Era da Informação, 2006), Philip Meyer chega a dar o ano do óbito: o último exemplar em papel do último jornal norte-americano seria lido em algum momento do primeiro trimestre de 2043.
A notícia da morte do jornal é um exagero, para parafrasear o que escreveu com humor Mark Twain, pseudônimo de Samuel Langhorne Clemens (1835-1910), depois de saber que um repórter havia saído a campo para descobrir se o autor tinha morrido. Ao menos é o que se conclui da leitura de três levantamentos recentes, o mais importante deles "O Estado da Mídia" ("State of the News Media 2007"), recém-divulgado.
O relatório afirma que o modelo no qual as empresas de comunicação se firmaram nas últimas décadas nos EUA está sendo revisto -e que o ritmo da mudança se acelerou no ano passado: "A transformação pela qual o jornalismo passa é histórica, tão importante quanto a invenção da televisão ou do telégrafo, talvez tanto quanto a invenção do processo de impressão em si", afirma o estudo, o mais amplo do tipo, feito anualmente por entidade ligada à Universidade Columbia, em Nova York.
Diz ainda que os jornais começam a se mexer mais rapidamente, embora não saibam ainda exatamente o caminho a seguir. Nesse sentido, ganham importância iniciativas como a integração de Redações das versões em papel e on-line do mesmo veículo, o uso maior dos recursos multimídia, a disseminação dos blogs e até a utilização do chamado "jornalismo cidadão", em que o leitor contribui com notícias ou imagens.
Na área de conteúdo, são citados o que o texto chama de "hiper-localismo" -cobertura exaustiva da comunidade local-; a "valorização de marcas", ou seja, maior exposição das "grifes" jornalísticas; e a existência de público e lugar tanto para artigos que aprofundem e organizem assuntos do dia anterior como para textos superficiais, curtos ou sobre celebridades. "É como se a empresa de comunicação fosse um shopping center, e o jornal, sua loja-âncora", escreve Tom Rosenstiel, um dos autores.
A amparar a tese da precocidade da morte anunciada, estão os números. O estudo lista diversos índices negativos da indústria local -queda na circulação média de 2,8% de segunda a sábado nos seis meses terminados em setembro passado, em comparação com mesmo período de 2005; faturamento sem crescimento num ano sem recessão- e outros tantos positivos, para concluir: "Neste momento, achamos muito cedo para concordar seja com os otimistas, seja com os alarmistas".
De qualquer maneira, o "Estado da Mídia" calcula que, por dia, "cerca de 51 milhões de pessoas ainda comprem" um exemplar "e no total 124 milhões leiam um jornal", recorde histórico. Esse número representa 41% da população norte-americana. Para efeito de comparação, há 110,4 milhões de lares com TV nos EUA, segundo o instituto Nielsen, e 205 milhões de usuários da internet, segundo o "World Factbook" da CIA.

Circulação e publicidade
Os dados batem com levantamento mais amplo feito anualmente pela indústria mundial, patrocinado pela World Association of Newspapers (WAN). Segundo o estudo, a circulação paga mundial dos jornais cresceu 6% nos últimos cinco anos, e a publicidade, 11,7%. O aumento foi alavancado pela América do Sul e pela Ásia, principalmente Índia e China -sete dos dez jornais pagos mais lidos do mundo hoje estão naquele continente (veja quadro nessa página).
Paradoxalmente, as notícias sobre a imprensa publicadas pela imprensa são mais negativas do que o próprio estado de ânimo dos que as editam. É o que concluiu o primeiro "Barômetro da Redação", realizado pelo instituto de pesquisas Zogby a pedido da agência de notícias Reuters e do World Editors Forum, ligado à WAN, divulgado na última semana. Dos 435 editores ouvidos no mundo, 85% vêem com otimismo o futuro do jornalismo.

Previsões prematuras
Para John Zogby, embora a circulação de 62% dos veículos em que os pesquisados trabalham tenha estacionado ou caído nos últimos cinco anos, "previsões da morte dos jornais são tão prematuras quanto a noção de que a televisão mataria o rádio". O motivo, disse ele ao "Financial Times", é que "editores de jornais vêem a internet e seus novos componentes jornalísticos como a próxima onda dos próprios negócios e estão se preparando para ela, em vez de lutar contra".
No Fórum Econômico de Davos, na Suíça, Arthur Sulzberger Jr. declarou que "não sabia" se o "New York Times" ainda terá uma versão impressa daqui a cinco anos. "Quer saber?", completou o empresário norte-americano, "não importa." No mesmo evento, Sergey Brin, bilionário fundador do Google, diria que vê "bom futuro" para os jornais: "Recebo o "NYT" aos domingos e é legal".

Qualidade
Ambos elaborariam suas respostas. Para o editor do "Times", não importa o meio em que as notícias produzidas por sua equipe serão entregues, desde que o jornal continue líder e zelando pela qualidade do que faz. Já para o jovem do Vale do Silício, para ser mais do que "legais" os jornais devem se concentrar em criar um conteúdo verdadeiramente único.
De alguma maneira, o momento atual de transformação da indústria citado pelo relatório passa pela justaposição das duas frases -e a interdependência de seus autores. Um dos sites noticiosos mais freqüentados na internet nos EUA é justamente o Google News, um agregador de notícias que traz, entre outros, o conteúdo do "NYT". O primeiro não existiria sem o segundo, e o segundo aproveita o primeiro para alavancar a sua audiência.