domingo, 30 de dezembro de 2007

Ombudsman mostra que "negro não tem vez" na Folha de S. Paulo


Mais uma bela análise do Mário.

Na Folha, as festas são brancas...
Mário Magalhães
O jornal deveria estimular o debate sobre o uso preponderante de modelos brancos e não repetir tons monocromáticos nas fotografias que produz

A CAPA do caderno Vitrine do sábado retrasado pareceu de cara um tanto estranha, com um cabeludo ao estilo de Jesus cercado por meia dúzia de homens e mulheres de cada lado, remetendo livremente à "Última Ceia" pintada em Milão por Leonardo da Vinci.
A fotografia tratava do Natal, quando -não diga...- se celebra o nascimento de Cristo. O simbolismo da ceia com os 12 apóstolos, ao contrário, é de despedida. Um leitor apontou "grave erro conceitual". Capa estranha, mas não surpreendente -mais que preservar a abençoada independência frente à Igreja, a Folha incorporou o gosto às vezes arriscado por licenças e provocações à fé alheia.

Também não surpreende a pele alva dos 13 modelos retratados na imagem produzida pelo próprio jornal. Brancos como a longa toalha (de linho?) e a parede ao fundo, eles não aparentavam posar para uma publicação brasileira, mas, quem sabe, européia. Não havia, à vista, um só descendente de negro.

A foto não representa o caldeirão racial do país onde a Folha é editada nem a diversidade dos seus leitores. Tem sido assim há um bom tempo na cobertura de consumo em geral e moda em particular. Ignoro se alguma vez não foi.

A edição de 14 de dezembro da revista Moda, que circulou com o jornal em parte do Brasil, dedicou a capa ao Réveillon. Nela se viram quatro modelos brancos, estrelas de editorial (pelo que entendi, uma espécie de ensaio fotográfico de moda) dirigido por um cineasta a convite da Folha.

Em um ensaio sobre biquínis, maiôs e sungas, os três modelos eram igualmente brancos. Idem a garota que vestiu "moda esportiva". E a top model perfilada. E os atletas e modelos que apareceram em reportagem acerca de "estilo esportivo". A exceção que reafirma a regra se encontrou em outro ensaio de verão, "Moda Sport Club": o modelo futebolista era branco, bem como a ciclista, a tenista e a praticante de ioga -a corredora tinha ascendência africana.
Estava quase sozinha nas páginas, incluindo as de publicidade. Das 22 pessoas dos anúncios, 21 exibiam pele clara. Sobrou uma top paraense em campanha de grife paulistana. A modelo amazônica é das poucas que se vêem sem visual caucasiano.
O fenômeno é mundial. Em outubro, o diário espanhol "El País" denominou-o "anômala representação da diversidade racial".

O jornal citou levantamento sobre os 101 desfiles mais importantes da temporada primavera-verão de 2008. Em 31 deles "não havia uma só mulher negra". Isso em Milão, Paris, Londres e Nova York. Em terra mestiça como o Brasil, fica mais absurdo ainda.
Como a distorção se expressa aqui, a Folha deveria alinhavar reportagens e estimular o debate sobre ela. Lamentável é reproduzir tons monocromáticos nas fotografias que produz.

Ouvi o editor de Moda, Alcino Leite Neto, um dos jornalistas mais talentosos que conheci na Folha.
Sobre a última edição: "A revista só conseguiu implementar parcialmente seu objetivo político de expressar nos editoriais toda a gama de etnias do país. Na Moda nº 19 [outubro de 2006] esse objetivo foi melhor alcançado, ao fotografarmos a descendente de japoneses Juliana Imai (uma das raras modelos dessa origem no meio da moda) e três das principais modelos negras em atividade no Brasil à época: Rojane, Carmelita e Akotirenee Juliana".

"É algo a ser trabalhado melhor ao longo do próximo ano pela revista, o que não será tarefa fácil. Seria menos complicada se boas modelos de outras raças que não a caucasiana fossem empregadas com mais freqüência pelas agências de modelos e fossem convocadas pelos estilistas, com regularidade e em bom número, para as passarelas. A revista não é um caso isolado."

Nem novo: em outubro de 2005, o então ombudsman Marcelo Beraba subscrevia anotação de leitor sobre a ausência de afrodescendentes na revista Moda.
2008 renova a chance de mudar.
Um bom ano a todos.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Blog do professor pc recomenda: livro "Os melhores jornais do mundo"


Estou lendo. Já passei da metade e vou comentar, com mais detalhes, em breve. A "orelha" é do meu camarada Marcelo Pontes, um dos melhores repórteres que conheci. Um livro indispensável para jornalistas, estudantes de Comunicação e professores de Jornalismo.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Seguindo os passos do doutor Roberto

Saudações amigas e amigos. Obrigado, como sempre pela presença. Já notaram que o blog está mudando? Devagarinho, devagarinho. Quem fez a ilustração foi o meu camarada Tiburcio. Ainda vamos dar uma ajeitada, em especial no texto. Esse PC é mesmo muito folgado! Blog personalizado! Quem ele pensa que é? Teve até um que perguntou se eu teria ssunto pra botar no blog. E eu, aqui, cheio de mais mais mais e lero-lero. Esse bloguezinho vai ficar uma coisa simples mas, como dizem alguns amigos e alunos, vai ter ainda mais "a minha cara". Aprendi no Globo, com o doutor Roberto, aquele santo Homem!, que me ajudou muito, que as mudanças têm que ser feitas de forma devagar. Estava na Irineu Marinho quando começaram as obras da informatização da redação. Tinha um pouco de poeira, mas deu pra levar. Foi o preço do progresso.
Em breve pretendo criar um site também para abrigar os dois blogs e incluir textos (meus e de outras pessoas), imagens, dicas, short clippings etc.
É isso, por enquanto.
Obrigado, mais uma vez, pela visita. E perdoem a audácia do bofe.

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Bimbalham os sinos

Cony tem lá umas coisas esquisitas, mas tem um texto do balacobaco. Como este que saiu hoje na Folha:

Bimbalham os sinos
CARLOS HEITOR CONY

Houve tempo em que os jornais publicavam no Natal um editorial, crônica ou reportagem que começavam com este "bimbalham os sinos". Era o tempo, também, em que hospital virava "nosocômio", cemitério virava "necrópole" e bandido virava "meliante". Carnaval era o "tríduo momesco". E Papai Noel atendia pelo pseudônimo de "o bom velhinho".
"Mudaria o Natal ou mudei eu?" -é o verso final de um dos sonetos mais famosos da nossa língua, assinado por Machado de Assis, que não chegava a ser um poeta extraordinário, mas um observador cético, até mesmo cruel, da aventura humana. "Que eu, se tenho nos olhos mal feridos, pensamentos de vida formulados, são pensamentos idos e vividos" -foi assim que ele encerrou outro soneto famoso, dedicado à sua mulher.
Misturar sinos bimbalhando com Machado pode parecer uma extravagância minha, mas a verdade é que na infância os sinos ainda bimbalhavam, não apenas nas igrejas, mas no presépio que o pai armava todos os anos, patinhos de celulóide nadando num espelho que parecia lago, os personagens de sempre na manjedoura, o burro e o boi compenetrados -os primeiros a adorar o menino que nascera. Os três Reis Magos se aproximando, montados em camelos de barro. Por cima de tudo, um cometa prateado com uma estrela iluminada e o sininho que tocava quando o vento batia nele.
Numa de nossas épicas mudanças, o presépio ficou desfalcado, um dos camelos se esfarelou e o espelho do lago se quebrou. O pai já estava cansado, pediu-me que o substituísse. Preferi armar uma árvore de Natal, era menos complicado. O pai a detestou, considerou-a uma profanação. Velho jornalista, jornalista de outro tempo, ele disse que Natal sem sinos bimbalhando não era Natal.

domingo, 23 de dezembro de 2007

Reflexão de Alberto Dines sobre a Imprensa

ÁLBUM DE FAMÍLIA
Retrato de uma imprensa às vésperas dos seus 200 anos

A mídia, especialmente a mídia impressa e principalmente a diária, chega atarantada às festas de fim de ano. Ao esquema de fechamento insano, desumano, precário, acrescenta-se o extraordinário volume de páginas para acompanhar a avalanche de anúncios.

Faturar alto seria muito bom se o empresário de jornal não se comportasse exatamente como o empresário que fabrica salsichas, despreocupado com contrapartidas.

Na atual alucinação natalina subverteu-se o critério de relevância que há 400 anos comanda o processo de escolher e destacar informações nos veículos periódicos. O que entra numa edição não é necessariamente o que mais importa ao leitor, o que é destacado nem sempre é o mais pertinente. No lugar do princípio da transcendência, o império da aleatoriedade.

Dogmas "da casa"

Como se não bastassem estes desacertos elementares, nossas redações estão engessadas por fórmulas burocráticas estabelecidas pelo departamento comercial ou decretadas pela direção para preservar o vício da segmentação e do cadernismo.

Antes mesmo de traçado o primeiro esboço da primeira página já estão anotadas tantas recomendações e proibições, tantos preceitos e preconceitos, que a soma das criatividades do diretor de arte e do editor reduz-se a 10% do seu potencial.

A obrigação de valorizar os cadernos para adolescentes, comes & bebes, informática, turismo, TV ou a crônica feminina deixam um espaço mínimo para a valorização decente dos fatos do dia. Além disso, há os "especiais" que antigamente designava-se como "picaretagens", sem eufemismos porém com certo recato, e agora são vendidos despudoradamente com a promessa de destaque na primeira página.

Como se não bastasse, há os dogmas "da casa" ("uma cifra, qualquer cifra, vale mais do que um fato, qualquer fato"), os acertos do pool corporativo, as orientações da direção e a fogueira das vaidades dos colunistas. A sobra é mínima.

Ladeira abaixo

Se o panorama é desanimador nas capas dos jornais, nas páginas internas a deformação é produzida pela licenciosidade publicitária. As agências de propaganda pagam altíssimos salários aos seus criativos (aplausos calorosos!), mas isso não deve significar que esses geniais criativos tenham o direito de pisotear os cânones de leitura e da arquitetura interior de nossos jornais. Quem deve ser endeusado não é o anunciante, mas o leitor que paga para receber um jornal bem informado, bem escrito e... minimamente legível.

Um pouco de hombridade e honestidade da parte dos departamentos comerciais tornaria nossos jornais menos vulneráveis aos malabarismos circenses que infernizam a vida de quem precisa ler jornais. E, atenção: eles são em número cada vez menor.

Pouco interessa ao leitor se a agência ganhou um prêmio em Cannes ou no Canindé com a sua barafunda psicodélica concebida para liquidar as diferenças entre informação e anúncio (caso da recente campanha da agência África para a Phillips). O leitor gosta de anúncios desde que oferecidos como anúncios, sem truques ou mistificações.

As mazelas do nosso grande jornalismo não são políticas, ou melhor, podem não ser claramente políticas, mas são tantas e tão entranhadas que acabam criando padrões jornalísticos inconfiáveis no resto da mídia. Não esqueçamos que no Brasil inexistem agências de notícias autônomas, o jornal é ainda o grande pautador do rádiojornalismo, do telejornalismo e do webjornalismo. Uma pequena asneira produzida pela balbúrdia no fechamento rola ladeira abaixo com tal velocidade que em apenas 60 minutos converte-se numa asneira enorme, difícil de erradicar ou contraditar.

Reserva de qualidade

O quadro parece menos desolador nas temporadas opulentas quando a quantidade disfarça a qualidade. Fica mais visível na saison das vacas magras. Breve, em janeiro, teremos o indefectível "jornalismo de verão" com edições mirradas, mais complicadas para preencher por causa dos recessos, férias, recheadas de modismos e abobrinhas sob o pretexto de atrair o público feminino.

A idéia de que leitoras só se interessam por superficialidades e mundanidades é terrivelmente injusta e preconceituosa, porém condenada à clandestinidade – tabu. Nenhuma jornalista ou colunista ousaria propor uma discussão sobre o assunto numa reunião de pauta. Nenhum jornal ou revista encomendaria uma sondagem a respeito. E, no entanto, quando as tiragens começam a cair a solução mais comum é apelar para a mulher e insistir na tal da "leveza".

Temos editores da melhor qualidade, redatores talentosos, repórteres incansáveis, temos até recantos de bom nível jornalístico (caso do Valor Econômico), mas o quadro geral às vésperas das comemorações dos 200 anos da fundação da imprensa brasileira é lamentável. A festa merece convidados menos mambembes.

Fonte: Observatório da Imprensa

Jornalismo crítico quando deve ser crítico

Do ombudsman da Folha, Mário Magalhães:

O mundo visto por lentes sombrias
Houve um repórter que respondia sempre do mesmo modo quando a emissora em que trabalhava o acionava para dar as novas da seleção. Ao "Tudo bem?", devolvia a exclamação: "Tudo bem!". Mesmo que o time estivesse em uma crise danada. Tornou-se conhecido como "Repórter Tudo Bem".

Esse tipo de jornalismo oba-oba, que se confunde com o animador de auditório ou o bobo da corte, distorce tanto a realidade como o da escola "cri-cri", habituado a ver o mundo com lentes sombrias, mesmo com o sol a pino. Volta e meia, a Folha se perde nessa sombra. No domingo, o que era suposição razoável em artigo opinativo apareceu como obsessão na peça noticiosa sobre a decisão do Mundial. Título: "Jogo do tetra ameaça ser tétrico". "Linha-fina", abaixo: "Com Milan de um atacante só e Boca forrado de volantes, final no Japão tem tudo para ser amarrada".

À arrogância da adivinhação, somou-se a leviandade da insistência, na abertura: "A final do Mundial de Clubes em Yokohama [...] não deverá ser um jogo atraente". Foi um jogaço, goleada de 4 a 2 para o Milan. Pode ser pior, com a partida já vista, como quando o Barcelona derrotou por 2 a 0 o Glasgow Rangers em novembro. Esporte titulou "Ofuscado, Ronaldinho dá vez a jovem recordista". O texto seguiu na mesma batida.

Já o diário "El País", de Madri, estampou: "Ronaldinho lidera o triunfo azul e grená". "El Periódico", o melhor jornal catalão, encheu a bola do craque. A publicação especializada "Sport" destacou a "recuperação do brasileiro". Não é só no futebol. Nos Jogos do Rio, em vez de aguardar o fim da competição de ginástica, a Folha antecipou: "De potência, Brasil vira aprendiz no Pan". Logo jorraram medalhas inéditas para a modalidade.

O jornalismo crítico tem compromisso com os fatos. Se os fatos não são trágicos, não há como relatar tragédias.

O Jornalista é um contador de histórias

Concordo com a tese defendida por muitos coleguinhas e criticada por outros de que "o jornalista é apenas um contador de histórias". Acho que estou bem acompanhado. Hoje, em sua coluna o ombudsman da Folha, Mário Magalhães, reforça a teoria.

Que o Natal inspire boas histórias

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Grandes histórias não são sempre edificantes ou guardam final feliz; ao falar de um ou uns poucos, seduzem mais do que a prosa fria impessoal
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NA SEMANA em que o Papai Noel se desdobra para atender encomendas e não frustrar sonhos, evoco o herói de carne e osso revelado no mês passado: Riquelme, 5, salvou a vizinha de um ano e dez meses de um incêndio em Santa Catarina. Vestido com a fantasia de Homem-Aranha, o garoto brincava quando se deparou com a fumaça na casa de madeira ao lado e o horror da mãe que, de tão espichadas as labaredas, já desenganara a filha.

O Menino-Aranha disse à mulher que não se desesperasse. De gatinhas, venceu as chamas e puxou do berço, sem um ferimento, a criança menor que ele. Indagado pelos bombeiros sobre medo, o moleque com nome de craque argentino reagiu com a altivez dos valentes: claro que não tremeu, o Homem-Aranha nada teme.
Abandonado pela mãe, criado por avós e com o pai distante, Riquelme mostrou que super-heróis existem. E que, enquanto houver gente como ele, não faltarão boas histórias para o jornalismo contar. Pois a Folha contou muito mal a façanha. Apurou as informações por telefone, não conversou com Riquelme e seus parentes, nem se aproximou de Palmeira, a cidade onde vive o menino. Para noticiar o feito, editou um texto criativo como o resumo de um dia comum da Bolsa de Valores. Desgraçadamente, asfixiar histórias fascinantes tem sido mais comum no jornal que imprimi-las.
Neste ano, um juiz expulsou de uma sala de audiências no Paraná um trabalhador rural por calçar chinelos. O homem pobre não tinha sapatos. A Folha produziu reportagem sobre a covardia, mas não a publicou. Cobrada por um leitor, a Redação alegou "problema de espaço".

Espaço é menos questão de tamanho que de sensibilidade. A falta desta fez com que os depoimentos de vítimas do acidente de 1987 com o césio fossem relatados com o encanto de um parecer filatélico. E com que o jornal não se dispusesse a viajar para ouvir os alunos de uma escola pública do interior que se associaram à professora em uma vaquinha para assinar a Folha - só se leu a palavra da mestra, ouvida da capital.

Boas histórias jornalísticas não são compulsoriamente edificantes ou guardam final feliz. Ao falar de um ou uns poucos, seduzem mais que a prosa fria impessoal.
A Folha deveria se inspirar no Natal, no espírito das suas narrativas cativantes, para buscar grandes histórias e contá-las com sabor.
A todos, um feliz Natal.

sábado, 22 de dezembro de 2007

Afinal o que é um blog?

O que é um blog afinal? Um diário, né? E hoje estou a fim de entrar naquela base do só vou se você for ou do "meu querido Diário...". E é com esse que eu vou. Sambar até cair no chão. Chove onde eu estou. Acabei de comer um rico filé. Que me perdoem as vaquinhas e os boizinhos, mas adoro filé. Com tudo a que um carioca tem direito: com batata frita e arroz branquinho. Só não pinguei um feijãozinho preto porque eu esqueci. Mas era o complemento ideal. Ou então um ovo frito com a gema bem amarelinha e quentinha.
Há dias li as biografias de João Saldanha e de Rubem Braga. De terça pra hoje devorei quatro pequenos livros - um sobre o Brasil na Primeira Guerra, outro da Pollyana Ferrari, os belos ensaios do Sérgio Augusto e um antigo sobre Jornalismo do professor Chaparro. Não confundir com charro. Os cinqüentões, com certeza, vão me entender. Mas pelo endereço não tem erro.
Ainda falta um pouquinho da piauí, li toda a Caros Amigos, ainda falta muito do Le Monde Diplomatique Brasil e estou de olho na nova Brasileiros. Mas não resisti e fucei a estante. Reencontrei um antigo livro do Carlos Leonam, que conheci no Globo quando era criancinha no Jornalismo, sobre Ipanema. Tudo de bom.

Vou nessa. Depois eu volto. Tô com preguiça de escrever e não posso perder o ônibus.

Bom domingo pra todos.
Um beijo (como se fosse mesmo um diário de adolescente).
pc

domingo, 16 de dezembro de 2007

O futuro dos Jornais? - 3

Nova estratégia do The New York Times pode antecipar mudança nas políticas editoriais dos grandes jornais
Carlos Castilho
(Fonte: Observatório da Imprensa)

Quase todas as redações nos grandes conglomerados da mídia consideravam uma heresia jornalística publicar uma notícia exclusiva primeiro na web e só depois na versão impressa de um jornal. Muitos ainda se agarram a rotinas convencionais, mas daqui por diante tudo pode ser diferente.

É que o The New York Times, visto pela maioria da imprensa brasileira como uma espécie de bíblia do jornalismo contemporâneo, acaba de romper com a tradição ao antecipar a publicação, na sua versão online, de um perfil do pré-candidato republicano Mike Huckabee, que fora planejado para a principal matéria da edição impressa de domingo (16/12).

O Times nunca havia feito isto antes e sua decisão vai influenciar centenas de outros jornais tanto dos Estados Unidos como do resto do mundo, conforme o Editors Weblog, produzido pelo Fórum Mundial de Editores (World Editors Fórum), da Associação Mundial de Jornais.

Aqui no Brasil quase todos os grandes jornais seguem a mesma regra (impresso primeiro), amparados na idéia de que a versão web não deve canibalizar a versão em papel.

A web está turbinando a produção e publicação de notícias de atualidade gerando um efeito-cascata em toda a imprensa. As revistas semanais foram as primeiras a sofrer o impacto da concorrência online e agora também os jornais terão que se curvar à nova realidade.

Na imprensa diária, as principais vítimas serão as edições dominicais cuja venda, em bancas e assinaturas, era sustentada por matérias “frias” produzidas durante a semana e paginadas no famoso “pescoção” de sexta à noite[1].

Mas a agonia do “impresso primeiro” vai acelerar a revisão das rotinas em quase todas as redações para evitar constrangimentos como o que o Times enfrentaria caso não antecipasse a sua matéria. A agência Associated Press publicou na sua página web um perfil de Huckabee, no meio da semana.

No Brasil, as redações ainda vêem a web com desconfiança apesar de as direções forçarem a digitalização do noticiário de olho na migração da publicidade para o ambiente online.

A questão agora é desenvolver uma nova política editorial para os jornais impressos, pois ali o filão da atualidade está irremediavelmente perdido. O da publicidade segue o mesmo caminho — e com ele todo um modelo de negócios.

A bolha publicitária deste fim de ano no Brasil é um fenômeno sazonal e também o resultado de uma série de descontos dados por jornais do eixo Rio-São Paulo para anunciantes de veículos zero km e novos empreendimentos imobiliários. As estatísticas anuais confirmam a migração das contas para o ambiente virtual de forma cada vez mais acentuada.

Os jornais impressos têm salvação. A questão é como ela será alcançada. Está na hora de os jornais impressos começarem a pensar seriamente em novas estratégias editoriais e modelos de negócios. As incertezas são muitas, os riscos enormes, mas uma coisa parece certa: sejam quais forem as alternativas escolhidas, elas terão que contemplar uma maior participação dos leitores na produção de material jornalístico.

Fotosacana - 11 (Renan Calheiros)


A foto foi publicada na Veja (argh!) da semana passada e o fotografado merece a gozação. É de Joedson Alves.

Erro de revisão: mau x mal


Erro grave na entrevista de Jack Nicholson publicada na "Ilustrada" da Folha. Que mané "mau humorado", meus caros colegas! Navegando, "pesquei" umas dicas interessantes publicadas no site da Culturatura. O título é "CEM ERROS MAIS COMUNS DE NOSSO QUERIDO IDIOMA". Pode ser conferido no endereço:
http://www.culturatura.com.br/gramatica/ortografia/erros.htm

A primeira dica é justamente sobre a diferença entre mal e mau. E é bem simples, embora seja um erro muito comum cometido por alguns dos meus alunos ao longo dos anos:

1 - "Mal cheiro", "mau-humorado". Mal opõe-se a bem e mau, a bom. Assim: mau cheiro (bom cheiro), mal-humorado (bem-humorado). Igualmente: mau humor, mal-intencionado, mau jeito, mal-estar.

Cuidado com certas perguntas

Está no caderno "ILustrada" da Folha de hoje. Durante uma entrevista coletiva, o ator Jack Nicholson arrasou um jornalista por causa de uma pergunta que não gostou.

"O que resta para interpretar depois de fazerem dois velhos moribundos?"

foi a questão de um jovem repórter à dupla Nicholson e Morgan Freeman, que estava ali para falar de seus papéis em "Antes de Partir", com estréia prevista no Brasil para 15 de fevereiro.

A cara de desgosto de Nicholson, afundado na cadeira e escondido atrás de seus óculos escuros, foi instantânea e provocou risadas da platéia.

"Um serial killer que mata as pessoas por causa de perguntas idiotas", respondeu o ator.

À grosseria acrescentou um "ho, ho, ho" sinistro e completou dizendo que não era de "afagar a imprensa estrangeira para ganhar elogios". "Tira essa merda de boné", prosseguiu, agora já convicto em sua atuação. "Está com medo?", finalizou, instalando um clima de "meu Deus, baixou o "Iluminado'" na sala.

Jornalismo ultrapassado


A Folha de S. Paulo insiste no erro. Há alguns anos, quando morreu o Papa e todos já sabiam, deu manchete com o título "Morre o Papa". Outros jornais também insistem nesse tipo de erro. Nos dias de hoje, com as notícias sendo divulgadas instantâneamente pela Internet (em especial), rádio e televisão, não cabe mais esse tipo de edição. Publicar quase 24 horas depois o título "Lutador Ryan Gracie é achado morto na prisão" cheira a notícia velha. Vamos prestar mais atenção, pô!

Quem é essa mulher?


Fiz um comentário sobre essa foto no blog do pc (http://blogdopcguima.blogspot.com) no dia em que foi publicada na Folha. Falei da eterna violência policial contra povo carente e estudantes. Hoje, na Folha, o ombudsman Mário Magalhães também destaca a imagem com uma "leitura" parecida com a minha. E, mais uma vez, concordo plenamente com o Mário. É primário no Jornalismo. Destacar uma pessoa na multidão vale mais do que informar que 100 pessoas foram vítimas da violência policial.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Caros Amigos nas bancas


Já recebi. Confesso que a distribuição melhorou um pouco. Antes, ficava dias sem receber meu exemplar de assinante. Mas não sei ainda se vou renovar. Prefiro comprar nas bancas.

Leilão de patrono, de Ricardo Kotscho

Um dos textos interessantes publicados no novo livro de Ricardo Kotscho, "Uma vida nova e feliz" (capa abaixo), é o que reproduzo a seguir. Sei que muitos já conhecem, mas é interessante reproduzir nessa época de formaturas. Pra conseguir, bastou digitar no google as primeiras palavras do texto, como alguns professores fazem quando querem pegar "alunos espertinhos" que acham que descobriram a pólvora.

Em leilão, o patrono
Ricardo Kotscho

No último dia do ano, enquanto não chegava a hora de ir com a família passar o réveillon no clube, aproveitei para responder às mensagens dos amigos e leitores que chegam nesta época, desejando o de sempre: paz, saúde, esperança. Em meio aos votos de feliz ano novo, porém, chegou um e-mail de Lúcido da Silva que me deixou pasmo, colocando em xeque (aliás, no caso, em cheque) as esperanças que a gente sempre busca um jeito de encontrar em algum canto do fundo da alma.

São duas cartas. Uma foi enviada pela comissão de formatura dos cursos de Administração, Turismo e Jornalismo, da Faculdade Estácio de Sá, de Santa Catarina, desconvidando o patrono da turma, Rubens Araújo de Oliveira; a outra, a resposta do professor aos alunos. Pelo que ambas revelam sobre o momento que estamos vivendo, achei que vale a pena transcrevê-las na íntegra para que os próprios leitores possam tirar suas conclusões.


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A carta dos estudantes ao professor

Excelentíssimo Dr. Professor Rubens Araújo de Oliveira

Nós, da comissão de formatura 2005/2 dos cursos de Administração, Turismo, Jornalismo e GSI da Faculdade Estácio de Sá, de Santa Catarina, vimos, por intermédio desta, comunicá-lo de uma situação que nos deixa muito constrangidos e, de certo modo, frustrados. Há alguns meses, em visita pessoal dos membros da comissão de formatura a Vossa Senhoria, solicitamos e fomos prontamente atendidos e correspondidos na solicitação do convite, que muito nos honraria, para homenageá-lo como patrono das turmas acima mencionadas. Até então, também foi abordada a possibilidade de um auxílio para amenizar os custos referentes à formatura. Hoje pela manhã, fomos informados formalmente que o auxílio que poderia ser repassado aos formandos seria de R$ 1.000,00, que entendemos que esteja dentro das suas atuais possibilidades financeiras.

Ao repassar esta informação, a comissão e os demais formandos ficaram em uma situação delicada em face da dificuldade em completar o orçamento. Os mesmos reagiram e sugeriram o auxílio de outra pessoa, que era também cogitada a ser homenageada, cujo valor disponibilizado amortizará o custo relativo ao local da colação de grau, pois contávamos com a disponibilidade do novo auditório da Estácio.

Então, diante desta situação extremamente complicada, nós da comissão acatamos o que a maioria dos formandos optou, que é de homenagear como patrono a outra pessoa que fará uma contribuição mais elevada. Gostaríamos de agradecer o aceite e o comprometimento, nos desculpar pela alteração e pelo não cumprimento do convite que fora gentilmente aceito pelo senhor, mas, diante dos fatos, a maioria decidiu que seria mais justo homenagear a pessoa que se propôs a fazer a maior contribuição para com os formandos.

(Assinam a carta os seis integrantes da comissão de formatura, cujos nomes vou omitir.)

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A resposta do professor aos estudantes

Prezados acadêmicos,

Vocês não devem se sentir constrangidos. Frustrados, sim. Constrangidos, nunca! Quem sabe este constrangimento não se trata de vergonha! Ou de falta de caráter! Ou ainda falta de ética! Entendo que estou “desconvidado” para ser patrono. Em minha vida de quase 30 anos como professor, devo ter sido patrono, paraninfo, nome de turma e homenageado dezenas de vezes. Jamais imaginei que formandos convidassem e “desconvidassem” patronos por dinheiro! Enfim, sempre há uma primeira vez para tudo.

Se eu utilizasse a mesma moeda (literalmente) é uma pena não ter sido comunicado antes… Neste caso, por idêntico critério, não teria pago minha parte como “patrono” na última festinha de confraternização dos formandos.

Meus queridos ex-futuros afilhados:

Eu é que me sinto constrangido. Decepcionado. Surpreso. Triste mesmo!

Constrangido, porque pensei que o convite realizado fosse uma homenagem ao ex-diretor geral da Estácio pela sua capacidade de administrar e levar adiante um projeto que em cinco anos tornou-se a maior escola de administração de Santa Catarina. Todos os cursos que ora estão se formando obtiveram a nota máxima de avaliação do MEC. Patrono é isso: uma pessoa que os formandos entendam deva ser exemplo na área de atuação dos cursos.

Decepcionado, porque pensei que nossos alunos honrassem o título de bacharel após quatro anos de muita luta e sacrifício. Patrono é isso: uma pessoa que dignifica a profissão.

Surpreso, porque jamais imaginei ter sido “comprado” como patrono. Isto é, fui “eleito” pelos formandos somente porque iria dar dinheiro para a formatura. Patrono não é isso. Patrono não se vende.

Triste, porque vejo que não consegui, após quatro anos de curso superior, mudar os valores de alguns alunos da Estácio. Patrono é isso: uma pessoa que possui valores que prezam pela ética, moral, honra e palavra.

Sinto-me aliviado. Dormirei melhor… Não consegui comprá-los por R$ 1.000,00. Obviamente, a honraria de ser patrono vale muito mais do que isso. Tivesse eu as qualidades de um patrono acima citadas, talvez me sentisse “enojado” com a situação. Como não as possuo, sinto-me aliviado em ter poupado um dinheirinho que seria gasto com pessoas das quais me envergonho de ter sentido alguma consideração de relacionamento. Assim sendo, e como não resta alternativa, com muita alegria aceito o “desconvite”.

Entendo que outros formandos não devem compartilhar da mesma opinião desta comissão. A estes, desejo sucesso e sorte. À comissão de formatura e aos outros que trocaram o patrono por dinheiro, o meu desprezo.

Seguramente, a vida lhes ensinará o que a faculdade não conseguiu!

Por último, desejo a todos a felicidade da escolha de um patrono bem rico! Que ele possa pagar todas as despesas e contas… Seguramente, a maior qualidade do homenageado.

Que tenham uma excelente formatura. Estarei lá presente na qualidade de professor da Estácio. Digam ao acadêmico orador que em seu discurso não fale das qualidades dignas do ser humano. Muito menos em decência, honra, moral e ética. Se assim o fizer, irei aparteá-lo e chamá-lo de mentiroso!



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Depois de ler estas duas cartas na véspera de um novo ano, comentar o quê? Como o professor Oliveira, eu também já participei como patrono ou paraninfo de mais de uma centena de formaturas, mas nunca tinha ouvido falar numa coisa dessas. Ao contrário, os formandos sempre fizeram questão de pagar minhas despesas com transporte e hospedagem. Patrono ser cobrado para receber uma homenagem? Fazer leilão de patronos?

Convidar e depois desconvidar?

Uns dez anos atrás, até achei meio folclórica a desculpa que me deram os formandos de uma faculdade de jornalismo do interior do Paraná. Às vésperas da viagem, informaram-me que não poderiam mais pagar a passagem de avião simplesmente porque o tesoureiro da comissão de formatura tinha sumido com a grana. Agora, vejo que a coisa ficou mais séria: criaram a figura do patrono-patrocinador.

Ainda bem que, para mim, a primeira imagem de 2006 que ficou guardada na memória foi a da minha neta, que ainda não completou três anos, dançando e pulando toda feliz, até de madrugada, enquanto pais e avós despencavam de sono em volta da mesa no réveillon do clube.

Laurinha nunca me deixa perder as esperanças.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Bartô no Jô


Já falei do repórter Bartolomeu Brito, o Batô, em outro post. Ontem ele foi no Jô. Como era muito tarde, botei pra gravar. Assisti agora há pouco. Pô! O Bartô não contou a melhor história que ele viveu e que é lide da matéria assinada por Fábio Varsano e publicada na revista "Lide", do Sindicato dos Jornalistas do Rio. É só passar a mãozinha que dá pra ler.

Blog do professor pc recomenda: novo livro do Ricardo Kotscho


É um legítimo Ricardo Kotscho e, pra quem conhece, dispensa maiores comentários. A capa lembra livro de auto-ajuda. Mas não tem nada a ver. Talvez até tenha. Mário Prata, que escreveu o prefácio, diz que é um livro de alta ajuda. Tô lendo.

Blog do professor pc recomenda: livro sobre Venezuela


É indicado pela Caros Amigos. Vale a leitura. É preciso - sempre - ouvir os dois lados. A Grande Mídia dá a versão dela. O autor esteve lá e tem outra leitura do país de do seu presidente. Há dois outros livros interessantes, que já citei aqui: "Venezuela", de Pablo Uchoa, e "Hugo Chávez sem uniforme", de Cristina Marcano e Alberto Barreto Tyszka.

O resumo:
VENEZUELA – Povo e Forças Armadas, Autor: Izaías Almada

O que fazem as emissoras de televisão, o rádio, o cinema, as agências de notícias, a publicidade, os grandes jornais e revistas pertencentes a fortes grupos capitalistas, senão proceder a uma gigantesca lavagem cerebral que nos induz a um pensamento único de aceitação da ideologia que sustenta o próprio capitalismo?

Por quê tentam nos exigir agora uma obediência cega a um internacionalismo comandado por uma nação poderosa como os Estados Unidos da América, sob a ameaça de um poder militar que conta com armas nucleares, com armas de destruição em massa, químicas e biológicas, mas negadas àqueles que discordam do seu pensamento único, da “sua” democracia?

Por que temos todos que comer hambúrgueres e pizzas Hut, beber Coca-Cola, usar tênis Nike e assistir a filmes de terror e efeitos especiais ou ler best-sellers de sexo, drogas, corrupção e violência, onde os conceitos de humanismo e solidariedade mal cabem numa caixinha de fósforos?

Estes são apenas alguns dos questionamentos que Izaías Almada procura elucidar neste brilhante livro. Venezuela: Povo e Forças Armadas traz a história recente da Venezuela no melhor formato do jornalismo investigativo. Oferece ao leitor a informação da real Venezuela, e não a Venezuela que é pintada pela grande mídia brasileira e internacional.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Jornalismo Gay na revista Imprensa


A revista Imprensa de dezembro já está em algumas poucas bancas do Rio. Comprei ontem no Botafogo Praia Shopping e já estou lendo. Além da matéria de capa sobre o (super) mercado gay, tem entrevistas com Ignacio Ramonet e Mônica Bergamo, da Folha. Como sempre, vale a pena dar uma lida.

domingo, 9 de dezembro de 2007

Falando de "barrigas"

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Mário Magalhães, ombudsman da Folha, já virou "sócio" do blog. Sua coluna aos domingos é sempre uma aula de Jornalismo com J maiúsculo.

Seu Barriga assombra o jornalismo
Volta e meia os oponentes do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, fustigam-no aqui no Brasil com imagens do antigo seriado de humor mexicano "Chaves". Um dos personagens do programa, Seu Barriga, costumava ser alvejado com boladas pelo menino Chaves.
Na segunda-feira, o espectro do Seu Barriga alvejou o jornalismo na cobertura do referendo venezuelano sobre a reforma constitucional. Aprovada, ela permitiria a reeleição ilimitada de Chávez.
O diário "O Estado de S. Paulo" amanheceu com o anúncio do triunfo do "sim" chavista: "Referendo aumenta poderes de Chávez". Como se soube de madrugada, o "não" se impôs.
Uma "barriga" antológica. Como define o "Manual", "barriga" é a "publicação de grave erro de informação".
Em contraste, inspirada pela virtude da cautela, a Folha pisou no freio. Título na primeira página da edição concluída às 21h22: "Boca-de-urna dá vitória a Chávez em referendo".
Na mais tardia, à 1h34, leu-se a manchete prudente: "Referendo na Venezuela tem disputa acirrada". E abaixo: "Pesquisas de boca-de-urna indicam vitória de Chávez, mas governo evita comemorar antes do resultado final".
Na terça, descobriu-se que a Folha também cometeu a sua barriga, bem como muito do jornalismo nacional e estrangeiro: a pesquisa de boca-de-urna do instituto Datanálisis não existia -era cascata de fontes governamentais. O jornal se baseou na agência noticiosa Efe, que errou.
Tivesse mais cautela, a Folha só informaria sobre o levantamento após checar. Em um pleito polarizado, com batalhas da informação determinantes para o desfecho da guerra, o ceticismo, essa outra virtude jornalística, nunca é demais.

Cony e a merda

Cony tem lá algumas coisas esquisitas, mas tem também boas sacadas.

Chávez e Cambronne
Carlos Heitor Cony

"Ainda bem que as coisas mudam em quase todos os setores, inclusive na imprensa. Sou de um tempo em que não se podia escrever a palavra "câncer" nos jornais. Os secretários de redação (não havia ainda os editores) escreviam por cima: "insidiosa moléstia".
Durante alguns anos, Graciliano Ramos exerceu, no "Correio da Manhã", funções que seriam as de um "copy desk" antecipado. Lia os textos da reportagem, tinha acessos de cólera quando encontrava um "entrementes". Dizia em voz alta: "Entrementes é a pqp!". Ainda hoje não se deve escrever o palavrão por extenso, mas esse dia ainda chegará.
Lembrei essas coisas ao ler, na Folha de quinta-feira passada, reportagem sobre o desabafo do presidente Hugo Chávez sobre a derrota que ele sofreu no referendo da Venezuela.
Em letras grandes, o título chamava para o texto: "Oposição teve vitória de "merda", afirma Chávez".
Creio que tenha sido a primeira vez em que vi a palavra em tipos grandes e em negrito, como é praxe usar em títulos. Mas, durante anos, autores parnasianos e de sensibilidade vernácula usavam uma expressão erudita para designar a mesma coisa. Referiam-se ao general francês Pierre Cambronne, que, ao perder a batalha, descera do cavalo e reclamara: "Merde!".
Era o palavrão de Cambronne, que comandou em Waterloo o último escalão da Velha Guarda de Napoleão. Ficou de bom tom evitar a palavra e usar a expressão que o tornou célebre. Referir-se a Cambronne ficou sendo uma prova de erudição e bom gosto, como a citação das rosas de Malherbe.
O mais estranho é que a mesmíssima palavra é uma das mais usadas no dia-a-dia do francês. Antes de entrar em cena, os artistas se beliscam e dizem "merde", que equivale a um voto de boa sorte.

Fonte: Folha de S. Paulo

sábado, 8 de dezembro de 2007

Blog do professor PC recomenda: "Cobrindo desastres"


"Pesquei" no blog Novo em Folha. Em inglês.
A AlertNet colocou no YouTube um vídeo para repórteres que vão cobrir guerras, desastres, tragédias humanitárias e outras misérias.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Blog Assessorando - VF - URGENTE


Atenção alunos de Assessoria: este trabalho veio sem nome. Quem fez? Entrem urgente em contato comigo. Depois vou arrumar pra publicar. Tô correndo no momento.

Quem criou uma assessoria com o nome de GMC também esqueceu de assinar.

URGENTE!

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Rádio Nacional, Setentinha. Que bela lembrança!




Mexendo nos meus sites favoritos, encontrei o link pro site que foi feito pelos alunos da FACHA Méier pro TCC da Rádio Nacional. Que bela lembrança! Os alunos brilharam. "Indivíduos competentes", como diria o locutor Waldir Amaral. Minha primeira homenagem nesse final de ano que se aproxima.
Quem quiser dar uma olhada:

http://www.facha.edu.br/radionacional/

Garrincha era 7. Aos meus alunos da FACHA - ATENÇÃO!



Amanhã, sexta, é o último dia para resolver pendências. Estarei à noite na Faculdade. Claro que quem não fez a VF ficará sem nota. E pros que tirarem nota 7.0 vou logo avisando: não se preocupem; é uma boa nota. Não sei se eu daria essa nota toda para mim. Garrincha era 7. E sobre o 10 quase todos sabem o que eu penso. Mas não posso escrever aqui porque é politicamente incorreto.

Blog do professor pc recomenda: blog "Novo em Folha"


Confesso: "matei a Danna de Teffé". Ou melhor, confesso: "Não conhecia o blog Novo em Folha". Quem me indicou foi a aluna da FACHA Prescyla, que encontrei hoje na Editora Mauad X. Acabei de visitar o blog. Do balacobaco. Tudo a ver com estudantes de Jornalismo. Vou botar nos links favoritos e visitar sempre.

O endereço:http://novoemfolha.folha.blog.uol.com.br/

Blog do professor pc recomenda:"Rubem Braga, um cigano fazendeiro do ar"



Entrei na livraria Prefácio, na Voluntários da Pátria, em Botafogo (a livraria mais cheirosa do Rio), e descobri essa jóia. Tinha dois na estante; agora só tem um. Vou parar de ler jornais, revistas, e-mails, sites, blogs, receitas, bulas de remédios, classificados, etiquetas de calcinhas. Vou parar até de bater punheta. Só vou ter tempo para ler Rubem Braga. Li quase tudo desse cara. Lamentava não ter mais o que ler. Agora tenho. Uma vez, já devo ter dito aqui, meu amigo Francisco Carlos Âncora da Luz, o Piu, o primeiro intelectual que eu conheci, escreveu sobre uma peça de teatro interpretada pelo José Wilker: "Quem não for ver ´A China é azul´, tá com nada". Atualizo a frase:
"Quem não ler Rubem Braga, tá com nada".

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Perdi meu celular!

Meus amigos: estou sem celular. Mandei bloquear. Quem quiser falar comigo, favor mandar e-mail ou recado por aqui.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Prêmio Esso 2007. Eu fui


Como acontece há quase 20 anos, estive hoje na festa de entrega do Prêmio Esso de Jornalismo (e Telejornalismo). Mais de 1.000 trabalhos inscritos. Gostei da dupla de apresentadores desse ano, Márcio Gomes e Renata Capucci. E gostei mais ainda de o Paulo Totti, "experiente" jornalista, ter levado um dos prêmios. E ainda disse que não fez nada; apenas escreveu a matéria. A mulher sugeriu e a editora comprou a idéia. Gostei também do prêmio principal ter ido pra matéria do Globo sobre os juízes combinando votos na Internet. Só não acertei nos palpites no vencedor do prêmio de Telejornalismo. O resto acertei todos. Mais ou menos previsível pra quem acompanha o prêmio há duas décadas.
Vou dormir.

Entrevista com André Iki Siqueira, autor do livro "João Saldanha, uma vida em jogo"


Meus amigos: acabei de falar com o André Iki Siqueira, autor do livro sobre o João Saldanha, que acabo de ler. Combinamos fazer uma entrevista sobre o livro e sobre o João Saldanha. O aluno que quiser participar deve entrar em contato comigo por e-mail.

A foto do André é de Fabiana Cimieri

Obrigado pela gentileza, Herval Faria!


Eu e a aluna Fernanda Nagaoka estivemos semana passada na Video Clipping para fazer uma entrevista com o meu "velho" camarada Herval Faria, "manager" (hehe) da empresa, para o blog "Assessorando". Herval, como sempre, foi de uma gentileza sem adjetivos.

E que empresa a Video Clipping!

Herval sabe tudo de clipping, assessoria e, claro, Jornalismo. Deu uma aula particular para a Fernanda e para mim.
Com estou ficando velho (já passei dos 40) e o blog é meu, passei a dar uma de doutor Roberto e a registrar, em fotos, meus contatos com "gente importante"; e do bem!

Esse aí passou!


Estou corrigindo VFs. Um monte delas. Em alguns textos, como sempre ocorre, os alunos colocam justificativas para faltas e pouca participação, desculpas esfarrapadas e, (também) como sempre, mensagens de Natal e de carinho (em especial das meninas, que me amam, claro - rs). Mas não é que um gozador (a "oposição" vai dizer que ele é puxa-saco) botou o escudo do time mais charmoso do mundo no cabeçalho da prova! Né, João Vitor? Como diria a musiquinha: "Esse aí passou, esse aí passou, esse aí passou...!".
É cada figura!

domingo, 2 de dezembro de 2007

Jornalismo com alma de release (Mário Magalhães)

Bela crítica do ombudsman da Folha, hoje. Mais uma.
Jornalismo com alma de release
O jornalismo brasileiro é pouco crítico na cobertura de políticas públicas. É o que confirma um portentoso cruzamento de dados da Agência de Notícias dos Direitos da Infância com base em 15 análises temáticas de mídia produzidas de 2000 a 2005.
A Andi esquadrinhou 17.481 textos de jornais de todos os Estados e eventualmente de revistas, sobre assuntos como saúde do adolescente, drogas, trabalho infantil e doméstico, educação, violência e desenvolvimento humano e social.
Constatou que inexpressivos 8,52% deles cobraram ou responsabilizaram o governo, fosse no mandato derradeiro de Fernando Henrique Cardoso ou no inaugural de Luiz Inácio Lula da Silva.
Ao não cobrar, o jornalismo oculta limitações e falhas dos governos. Ao não responsabilizar, deixa de esclarecer os deveres do Estado. Vai-se a uma entrevista e, já é hábito, limita-se a divulgar de modo submisso as declarações, promessas e versões das autoridades. Conforme Guilherme Canela, coordenador de Relações Acadêmicas da Andi, "na cobertura de políticas públicas, a mídia se vale fortemente das fontes oficiais. E não chegam a 10% as matérias com opiniões divergentes".
O resultado é este: jornalismo com alma de release.

Turma do blog "A Revista Goodyear"



Meu xará Paulo Cezar Júnior, da turma de Secretaria Gráfica da FACHA Méier, acaba de enviar as fotos dos alunos que participaram da produção do blog e da publicação "A Revista Goodyear" (endereço ao lado).

Entrevista pro site InfoRel


Fabíola Ortiz, estudante de Jornalismo da UFRJ, que conheci durante uma palestra na turma da professora Cristina Rego Monteiro, ex-colega de FACHA, manda e-mail pra informar que a entrevista que dei para o site InfoRel está no ar. Quem quiser dar uma conferida, é só clicar:

http://inforel.org/logado.jsp?editoria=D2

sábado, 1 de dezembro de 2007

Professora faz vaquinha pra estimular leitura de jornal. Viva a professora Cláudia Regina Pinto!

Professora incentiva leitura de jornal com vaquinha para assinatura
MARIANA BARROS
DA REDAÇÃO


Incentivados pela professora Cláudia Regina Pinto, 35, os alunos da 6ª B e da 6ª C da escola estadual Jardim Daniel David Haddad, em Salto de Pirapora (122 km de São Paulo), fizeram uma vaquinha para bancar a assinatura de um jornal. Acostumada a ler jornal desde os 17 anos, Cláudia quis transmitir o hábito às crianças, aguçando a curiosidade e melhorando a linguagem e o entendimento delas.
Como a escola não contava com recursos, ela mesma decidiu fazer uma assinatura da Folha. "Também não tenho condições [financeiras], mas, por eles, fiz o sacrifício. Depois de arcar com o custo por algum tempo, ela solicitou ajuda aos pais e às próprias crianças. Como nem todos os alunos tinham condições de contribuir, a classe foi dividida. Enquanto o grupo de assinantes faz alguma atividade com o jornal, os demais seguem outra proposta -ela garante que não há ciúmes entre as turmas.
Para Cláudia, o fato de as crianças arcarem, direta ou indiretamente, com a assinatura faz com que dêem mais valor ao jornal. "Como são eles que pagam, então valorizam. Os livros, por exemplo, que o Estado dá, eles pegam de qualquer jeito. O jornal, não", avalia.
O zelo se reflete até na maneira como a edição chega até eles. "Levo o jornal fechado. Se chegar aberto, eles reclamam", conta Cláudia.
Os meninos começaram a se interessar pelo noticiário lendo sobre futebol, enquanto as garotas procuravam primeiro o horóscopo. A primeira página era lida pela professora, o que contribuiu para que, aos poucos, as crianças passassem a ler sobre mais assuntos.
"Hoje eles lêem a primeira página sozinhos e lembram o que saiu no dia anterior", diz Cláudia. A cada dia, um dos estudantes leva o jornal para casa e fica com o exemplar por dois dias, para que a família também possa lê-lo.
Apesar de sua determinação em estabelecer nas crianças o hábito de ler jornais, a professora é modesta sobre sua influência. "A idéia se concretizou graças a eles. Claro que eles segue meu exemplo, mas foi a vontade deles", diz.

Fonte: Cotidiano (Folha de S. Paulo)