segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Para entender o que está acontecendo em Gaza. Robert Fisk



Deu hoje no Globo. Bob Fisk é dos bons. Não é daquele time de Reinaldo Azevedo, Diogo Mainardi, Olavo de Carvalho e cia.

Quem é o bandido, quem é o mocinho?



Alguma coisa está fora da ordem...

Deu hoje no Globo. Prefiro não comentar.

É hora de adivinhar o futuro

Deu hoje na coluna do MOACYR SCLIAR, na Folha. Interessante.

A difícil arte de adivinhar o futuro

Esse foi um erro que o sr. cometeu. Vamos ver agora se o sr. acerta a sua previsão. Diga: o que vai lhe acontecer agora?

Há tantos fatores imprevisíveis que é difícil adivinhar o futuro. Folha Online

ERAM OITO DA NOITE e, depois de ter atendido mais de 20 pessoas, o adivinho, cansado, preparava-se para ir para casa.

Quando, porém, abriu a porta da sala, viu-se diante de um desconhecido, um homem alto, grande, forte que ali estava, imóvel no corredor do velho prédio. Por um instante ficaram os dois parados, olhando-se. Finalmente o homem disse: - Vim para uma consulta. O sr. pode me atender?

A primeira reação foi dizer que estava de saída; que o homem voltasse no dia seguinte. Mas era tão imperioso o tom do estranho -não estava pedindo, estava mandando- que mudou de idéia: sim, poderia atendê-lo. Convidou-o a entrar. Passaram pela pequena sala de espera e entraram naquilo que o adivinho chamava de "recinto mágico": uma sala de razoável tamanho, guarnecida de pesadas cortinas de veludo vermelho desbotado. Uma mesa, várias cadeiras e, no centro da mesa, a bola de cristal que herdara do tio, famoso adivinho, e que ali estava, sobre a sua base de madeira de lei.

Convidou o homem a sentar-se, sentou também, ambos iluminados pela luz mortiça de uma única e fraca lâmpada que, no entanto, fazia com que a bola de cristal emitisse uma espécie de mágica claridade.

Normalmente o visitante deveria fazer alguma pergunta, sobre como estaria a saúde ou o casamento ou o seu dinheiro no ano que entrava.
Mas não foi isso o que o homem fez.

Começou a falar, mas não sobre si mesmo, e sim sobre o adivinho.
- O sr. é muito conhecido. Seus clientes dizem que raramente erra uma previsão. É verdade?

Perplexo e inquieto, o adivinho disse que aquilo o envaidecia muito, que fazia o que podia, usando a misteriosa vocação que se manifestara na infância e recorrendo também àquela bola de cristal que era uma verdadeira fonte de inspiração, graças à qual sempre acertava as previsões. Mas o homem o interrompeu:

- Eu sei de um caso em que o sr. errou. Um empresário que o procurou há muitos anos. O sr. disse que se sairia muito bem no ano que se iniciava, que abriria várias filiais e que todas seriam bem-sucedidas. O empresário abriu várias filiais por esse interior afora. Todas foram mal, todas. Ele faliu e depois se matou. É uma história que conheço muito bem. Esse homem era o meu pai.

Uma pausa e ele continuou:

- Esse foi um erro que o sr. cometeu. Vamos ver agora se o sr. acerta a sua previsão. Diga: o que vai lhe acontecer agora?

O adivinho estava em pânico. Claramente o visitante estava ali para se vingar. Mas vingar-se como? O que faria? Pegou o lenço e enxugou o suor que lhe corria pelo rosto. E aí viu o revólver que o homem lhe apontava, sorridente:

- O sr. tinha previsto isso? Que seria assaltado? E assaltado pelo filho do homem a quem o sr. há muito tempo enganou?

Sem uma palavra, o adivinho entregou-lhe o dinheiro, tudo o que recebera no dia, o que não era pouco. O homem levantou-se. Antes de ir, olhou para a bola de cristal. "Vai arrebentá-la com um tiro", pensou o adivinho. Mas o homem sorriu:

- Não, não vou dar um tiro na sua bola de cristal, fique tranqüilo. Mesmo porque o revólver é de brinquedo. Para assaltar alguém que brinca com o futuro é a arma ideal, não lhe parece? Boa noite.

Abriu a porta e saiu. O adivinho suspirou. Estava na hora de atualizar suas técnicas. E talvez de trocar a bola de cristal.

domingo, 28 de dezembro de 2008

12 sugestões para melhorar a Folha de S. Paulo em 2009

Deu hoje na coluna do ombudsman Carlos Eduardo Lins da Silva.

Ave Jano! 12 desejos para 2009

Com base no julgamento que leitores fizeram do desempenho da Folha em 2008, o jornal deveria adotar 12 resoluções para melhorar em 2009

FIM E INÍCIO de ano são momentos historicamente ideais para avaliações do passado e compromissos para o futuro. O patrono mitológico desse processo é o deus romano Jano, que tem uma face voltada para trás e outra para frente e, assim, conhece o que aconteceu e prevê o que acontecerá. Com base no julgamento que leitores fizeram do desempenho do jornal em 2008, aqui vão 12 resoluções que ele deveria adotar para melhorar em 2009.

1
PAINEL DO LEITOR
Que a seção seja inteiramente e sempre do leitor comum, não de personagens da notícia, personalidades ou de quem exige direito de resposta, que devem ter seu espaço no noticiário ou em seção nova, criada para eles.

2
FORA DO EIXO
Que os leitores residentes fora do eixo Grande São Paulo-Rio-Distrito Federal recebam o mesmo jornal que os dessas regiões recebem, com todos os suplementos e os cadernos especiais de interesse nacional que o compõem.

3
RESPOSTAS AO LEITOR
Que todos os jornalistas, colunistas, articulistas respondam com presteza e civilidade às manifestações recebidas dos leitores, que são a justificativa para o espaço que têm no jornal e o pagamento que recebem dele.

4
GRAMPOS
Que o jornal seja muito mais cuidadoso do que tem sido na divulgação de grampos e vazamentos, não reproduza acriticamente o que sua própria equipe não apurou, revele ao leitor o interesse de quem fornece a informação ainda que o mantenha anônimo. E que, quando um caso dá em nada, como parece ter sido o do suposto grampo de Gilmar Mendes pela Abin, noticie o desenlace com ênfase comparável à dada às acusações. Neste caso, a revelação das suspeitas rendeu cinco manchetes de capa e dezenas de páginas; seu epílogo, duas notas curtas em página interna.

5
PREVENÇÃO
Que se exerça mais o jornalismo preventivo, com o acompanhamento sistemático de políticas públicas, debate aprofundado e antecipado de matérias em tramitação nos Legislativos, cobrança metódica das autoridades públicas sobre seus planos, medidas e ações no sentido de amenizar efeitos de problemas previsíveis, como inundações e dificuldades de tráfego urbano, interurbano ou aéreo.

6
CELEBRIDADES
Que se exerça mais moderação no tratamento de celebridades, não se exagere no espaço e destaque dado a elas em fotos e textos, como se fez com Michael Phelps e Carla Bruni, entre outros, este ano (na terça passada, saíram cinco fotos dela em quatro páginas de Brasil, por exemplo). E que personalidades em exercício de funções públicas não sejam transformadas em estrelas pop, como o jornal esteve perto de fazer com o presidente do STF, Gilmar Mendes, ao longo de 2008.

7
DNA DA EDUCAÇÃO
Que a Folha demonstre seu comprometimento com a causa da melhoria da educação no país com um projeto que diagnostique a situação do ensino público no Brasil com a mesma qualidade da série "DNA Paulistano", o melhor produto que ela ofereceu ao público este ano.

8
NÚMEROS
Que o leitor não se sinta afogado em números quando ler textos e gráficos que tratam de cifras e valores muito além dos de sua rotina; que todas as grandes quantias sejam sempre acompanhadas de comparações que lhes dê sentido e proporção para a compreensão do cidadão comum.

9
EDIÇÃO ELETRÔNICA
Que as prometidas melhoras da Folha Online venham logo e ofereçam ao leitor pelo menos todos os gráficos e ilustrações que aparecem na edição impressa.

10
ANÚNCIOS
Que a Redação seja capaz de resistir aos impulsos criativos de publicitários e consiga impedir a interferência de anúncios sobre a legibilidade do material jornalístico e sobre o conforto do leitor com o texto.

11
PREVISIBILIDADE
Que o jornal se recuse a repetir imagens, notícias, informações que o leitor já se cansou de ver e ouvir nos meios eletrônicos na véspera; que seja mais criativo, inovador, ousado para surpreender o leitor quando este o abrir diariamente.

12
PORTUGUÊS
Que, apesar da reforma ortográfica a ser implantada em 2009, a Redação seja capaz de fazer diminuir a quantidade de erros gramaticais que ainda infestam o jornal e irritam o leitor.

sábado, 27 de dezembro de 2008

Erro de revisão xxxxx



Pesquei no kibeloco que pescou no surra.

Reportagem arriscada



Deu hoje no "Por dentro do Globo". A reportagem sai amanhã. Os tempos mudaram muito. Até a morte do Tim Lopes era comum repórteres subirem os morros. Subi muitos.

Antologia do colunismo. Cabral deslumbrado com viagens



Deu hoje na coluna "Nhenhenhém" do Jorge Moreno, em O Globo.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Reinaldo Azevedo, o "Espertalhão de 2008" na Carta Capital




O "jornalista" Reinaldo Azevedo merece o troféu de "Espertalhão do ano". Faturou uma boquinha na "desfigurada" Veja, criou um blog e escreveu um livro que faz a alegria dos fanáticos anti-PT e do pessoal da Direita (por que todo cara que é de Direita diz que não existe mais Esquerda e Direita?). A "Carta Capital", que está nas bancas, dá uma bela sacaneada nesse figura ridícula e seu "boné" mais ridículo ainda. Vale a pena passar a mãozinha e ler.

Dica de livro: "A Imprensa e o caos na ortografia", Marcos de Castro



Escrito há 10 anos, foi reeditado e atualizado em 2008. Imperdível para estudantes de Jornalismo, PP e RP. Boa reflexão. Estou acabando de "reler".

Dica de livros: "Memórias de um intelectual comunista", Leandro Konder




Bom de ler. Quase no final, Leandro fala de sua experiência como professor universitário. Conta a história de um aluno que não sabia quem foi Mussolini. Perguntou: "É um ditador barbudo?". Em outra turma, falando sobre a arte do Renascimento, Leandro citou Leonardo e uma aluna falou:
"Tem também Rafael, Micheangelo e Donatello".

Escreve o Mestre:
"Dei-lhe os parabéns e perguntei como ela tinha entrado em contato com os gênios renascentistas. Ela esclareceu: eram os nomes da Tartarugas Ninjas, filmezinho infantil da televisão".

E, como "Em todo lugar tem alguém da FACHA", vejam quem está numa das fotos publicadas no livro, junto de Mário Marona (ex-O Globo, TV Globo etc), Cristina (mulher de Leandro) e Milton Temer? Nosso coleguinha Cid Benjamin, professor da FACHA e, infelizmente, framengueiro doente. Ele diz que a barriga foi trabalhada no photoshop. Está mais para "photoshope", né?

sábado, 20 de dezembro de 2008

Antologia do colunismo. sorte do Bush



Deu hoje na coluna "Nhenhenhém", do Jorge Bastos Moreno, no Globo.

Febeapá vive: prefeito de Goiânia quer cobrar IPTU dos mortos



Ah se o Stanislaw Ponte Preta fosse vivo!

Febeapá, para quem não sabe, era o Festival de Besteiras que Assola (va) o País, criado pelo genial Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta.

O jornal e o poder. No bom sentido, Luiz Weis

Jornal a serviço do poder - no bom sentido
Luiz Weis (Observatório da Imprensa)

Fazia tempo que não aparecia um texto tão bem bolado sobre o gênero de primeira necessidade chamado jornal – no caso, para os governantes – como o artigo do colunista Richard Cohen, do Washington Post, publicado na quinta-feira, 18.

Intitula-se “Como estourar uma bolha”.

A bolha de que ele fala é a que, menos ou mais espessa, envolve todos os governantes em toda parte, limitando o seu conhecimento do mundo real ao que o seu pessoal lhes filtra.

E se depender dos puxa-sacos e oportunistas entre os que a cercam, a autoridade só verá a vida em rosa. E eles darão um jeito de persuadir o chefe, quase sempre ansioso por ser persuadido, aliás, de que a mídia ou é desinformada ou conspira contra ele quando dá notícias que o deixam mal.

”Isso é um problema”, reconheceu Barack Obama em recente entrevista, citada por Cohen. “Uma das coisas que eu terei de resolver é como quebrar o isolamento, a bolha em volta do presidente.”

Obama, comenta o colunista, parece acreditar que o antídoto à bolha é o BlackBerry [computador de mão com celular]. “Não vai dar certo”, critica. “BlackBerry é bom para e-mails, mas será tão sincero como o remetente da mensagem na outra ponta.”

Mas existe, sim, uma espécie de remédio, escreve Cohen. “Chama-se O Jornal.”

Deixemos que ele explique:

”O jornal é um tanto antiquado e muitas vezes difícil de manejar, mas dará ao presidente as notícias que ele não quer ouvir. O jornal não é escrito com ele em mente. O jornal não é feito para agradá-lo e nem está procurando emprego. O jornal dará ao presidente mais opções políticas do que a sua equipe oferece, e mais informações também. Em 1956, o presidente Eisenhower respondeu a um repórter numa entrevista coletiva: ‘Você está me contando coisas sobre o meu governo de que eu nunca tinha ouvido falar.’ É isso que um jornal faz.”

”Um jornal de alta qualidade é um repositório de vazamentos. Presidentes não gostam de vazamentos, mas, como remédios que têm um gosto horroroso, vazamentos são bons para presidentes. Vazamentos são uma forma importante de uma parte do governo se comunicar com outra. O secretário-executivo de um Ministério não pode passar a mão no telefone e ligar para o presidente. O ministro não deixará. O ministro talvez queira bloquear algo de que o presidente devia ter conhecimento. É onde entra o vazamento. O cara do segundo escalão vaza a informação a um jornal e o presidente acaba lendo-a no café da manhã. Isso não tem como acontecer com um BlackBerry.”

”A imprensa está ferida, assediada pela internet, assaltada por uma economia andrajosa e desprezada pelo twitteiros como devagar quase parando e muito exigente. Reconheço também que os jornais às vezes erram e ocasionalmente têm morte cerebral. Mas, dobrado do jeito que aprendi a fazer quando era jornaleiro e atirado com a curvatura certa [para cair na porta da casa do assinante], um jornal pode no momento apropriado fazer o que nenhum BlackBerry consegue – estourar A Bolha.”

Madonna: antes e depois



Belo e informativo box (em forma de infográfico) na matéria sobre a Madonna, publicada no caderno "Ilustrada", da Folha de S. Paulo, hoje.

Antologia do colunismo. O povo diz cada uma!



Deu hoje na coluna do Joaquim, no Globo.

Em todo lugar tem (alguém da) FACHA



Deu hoje na coluna do Joaquim, no Globo.

Ruy Castro e Bloch



Mais um belo texto do Ruy Castro (hoje) na Folha.

Fotosacana: a crise é feia



Deu na Carta Capital. A foto é de Sérgio Castro, da Agência Estado.

Repórter da Globo dá tapa em entrevistado



Esse Márcio Canuto! Muito doido. Mas um tapinha não dói, né?

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Grandes cenas do cinema: "Psicose", Hitchcock

Grandes cenas do cinema: "Rebel Without a Cause", James Dean

Grandes cenas do cinema: "O Grande Ditador", Chaplin

Grandes cenas do cinema" "Luzes da cidade", Chaplin

Grandes cenas do cinema: "Em algum lugar do passado"

Jornalista bom é jornalista preso. Deu no Observatório



O texto é grande - mas interessante. Fala sobre jornalistas presos - principalmente os que trabalham na Internet. Está no Observatório da Imprensa.

http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=516CID004

O futuro dos jornais. "A crise impressa", Carta Capital




Deu na "Carta Capital" que está nas bancas. Para ler é só passar a mãozinha que a coisa cresce.

Temas recorrentes, títulos repetitivos



Deu na coluna do Renato Pompeu na "Caros Amigos" que está nas bancas. Para ler é só passar a mãozinha.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Sapatada no Bush: você já deu a sua sapatada hoje?

Deu hoje na coluna do José Simão na Folha

Ueba! Chulé quase mata o Bush!

Vou lançar a enquete: "Em quem você quer dar uma sapatada hoje?". Na caixa do banco!

BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do Sudeste, ops, do CHUVESTE!

E atenção! Campanha Nacional da Sapatada! Eu também quero jogar um sapato no Bush! Ops, uma Havaianas. No Brasil, a gente não joga sapato, joga Havaianas! Mas o que quase matou o Bush foi o chulé. O chulé do iraquiano! Arma de destruição em massa. Arma química!

Não é mais homem-bomba! É o HOMEM-CHULÉ! Belzebush asfixiado pelo chulé do iraquiano! Aliás, vou lançar a enquete: "Em quem você quer dar uma sapatada hoje?".

Na caixa do banco! Um amigo quer dar uma sapatada na caixa do banco: "Ela não quis aceitar o meu documento e não consegui retirar o meu FGTS!". E aquele que acordou mal-humorado: NO MUNDO! Eu quero dar uma sapatada no mundo. E um outro disse: "Eu jogaria no Bush de novo, pra tentar acertar". E eu acho que eu quero dar uma sapatada no Lula. Não sei por quê. Eu não sei porque tô dando a sapatada, mas ele sabe por que tá levando. Rarará!

Aliás, no Bush eu jogaria inseticida. Inseticida de barata. E o que mais me impressionou: a rapidez com que o Bush desviou do sapato. É a prática. Deve estar acostumado. A Laura Bush deve jogar sapato nele toda noite. "Você não pegou o Bin Laden." Vuuum! "Você não botou o lixo pra fora." Zuuupt! E uma amiga minha quer dar uma sapatada no Papai Noel do shopping. Ela foi transar com o Papai Noel do shopping e ele não encolheu a barriga e nem tirou a bota. E a Barbara Gancia quer bater na cabeça do Bush com um gato morto até o gato gritar!

E sabe como o Lula tá chamando o Barack Obama? Bavaria Oubrahma.

E adorei a charge do Tiago com o Bush de sapato na mão: "É o meu número! Joga o outro pé?!". Bem mongo! E eu vou lançar o chulé do iraquiano. Em spray. Spray de chulé iraquiano. Pra jogar no elevador do prédio. É mole? É mole, mas sobe! Ou como diz aquele outro: "É mole, mas trisca pra ver o que acontece!".

Sapatada no Bush: "O repórter e a objetividade", Ruy Castro

Deu hoje na Folha.

O repórter e a objetividade
Ruy Castro

Chocado e divertido com o repórter da TV iraquiana que atirou os sapatos contra o presidente Bush durante uma coletiva em Bagdá no último domingo, fui aos alfarrábios para ver o que os manuais de redação e as velhas apostilas mimeografadas dos cursos de jornalismo teriam a dizer sobre tal atitude. Não encontrei nada. Sinal de que os professores não pensaram na possibilidade.

Nem precisavam. A ética jornalística exige que as relações entre repórter e entrevistado sejam de objetividade total. O repórter pergunta, o entrevistado responde e o repórter anota ou grava, e faz nova pergunta. Não é permitido ao repórter flertar com o entrevistado, piscar para ele ou pedi-lo em casamento, mesmo que o entrevistado seja a Alessandra Negrini. Muito menos dar-lhe uma bofetada, cuspir-lhe no olho ou atirar-lhe os sapatos, mesmo que o entrevistado seja o Bush.

Nesse caso, pode dizer-se que Muntazer al Zaidi, o repórter iraquiano, transgrediu uma das cláusulas pétreas do jornalismo. Onde já se viu um repórter atirar os sapatos no homem mais poderoso do mundo? E ainda mais no Iraque, onde tal ato tem um forte conteúdo subjetivo - significa que a pessoa alvejada com os sapatos está abaixo da sujeira que eles pisam na rua.

Duas coisas chamaram a atenção: a rapidez com que Bush se esquivou, como se treinasse isso todos os dias, e a lerdeza dos seguranças, permitindo que Al Zaidi se agachasse, descalçasse o segundo sapato e o atirasse. E se a arma não fosse um sapato, mas uma pistola? Quantos disparos não teriam sido feitos no mesmo espaço de tempo?

Para milhões de iraquianos, o dramático Al Zaidi é um herói. Mas outros estão tiriricas, por ele ter preferido ofender Bush subjetivamente, ao invés de - aí, sim- objetivamente matá-lo.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Vale a pena ver de novo: sapatada no Bush

Sapatada no Iraque: "O resumo de uma era", Sérgio D´Ávila

Ao contrário do autor do post a seguir, Sérgio continua sendo repórter - ISENTO - e dos bons. Sem fanatismo contra uma causa. Vale a pena ler o texto abaixo, publicado na Folha de hoje.

O resumo de uma era
SÉRGIO DÁVILA (DE WASHINGTON)

Em 9 de abril de 2003, ganharam o mundo as imagens de iraquianos dando chineladas nos pedaços da estátua de Saddam Hussein que havia sido derrubada da praça Firdos (paraíso, em árabe), em Bagdá, e que então rodavam a cidade, num Carnaval de liberdade. Anteontem, os sapatos voadores tinham como alvo o suposto libertador do país, o (ainda) presidente George W. Bush.

Nos quase seis anos que separam os chinelos dos sapatos, o mundo assistiu a ascensão, o auge e a irresistível queda da Era Bush. O ato condenável do jornalista iraquiano Muntader al Zaidi, correspondente do canal Al Baghdadiya, baseado no Cairo, enterra simbolicamente aquele que entrará para a história como o pior presidente dos EUA da era moderna.

Movido por interesses nunca totalmente claros e baseado em inteligência falha -o quão deliberadamente falha a história ainda julga-, Bush livrou o mundo de um ditador sangüinário. Como no pós-11 de Setembro, contava com a boa vontade de parte da população da região. Como no pós-11 de Setembro, desperdiçou-a em meio a desmandos, mau planejamento, interesses torpes.

Esse vai ser o legado de Bush: um presidente a quem a História, com agá maiúsculo, deu três chances de ser maior do que o cargo, a última sendo a crise econômica sem precedentes. Nas três, ele empurrou as oportunidades para debaixo do tapete. Agora, sai não sob vaias, mas sapatadas.

Na etiqueta árabe, agredir alguém com a sola do calçado é uma grande ofensa. Saddam sabia, Bush descobriu anteontem. Que fique registrado que, como estadista, o republicano é amador, mas poucos conseguiriam se desviar dos petardos com tamanha destreza.

Sapatada no Iraque: "De havaianas e cúpulas", Clóvis Rossi

Deu hoje na Folha. Não concordo com tudo o que o Clóvis escreve, mas vale a pena ler este texto abaixo.


De havaianas e cúpulas
Clóvis Rossi

COSTA DO SAUÍPE - Suspeito que os jornalistas e as jornalistas que estamos na adorável Bahia para cobrir as multicúpulas da América Latina e do Caribe deveríamos usar havaianas.

Talvez nos deixassem ao menos chegar perto dos governantes reunidos na luxuosa Costa do Sauípe, mesmo depois de um jornalista (sic) iraquiano ter atirado dois sapatos na direção do presidente George Walker Bush.

Por falar nisso, o que me surpreendeu no episódio não foi que o rapaz tivesse atirado um sapato, mas que tivesse tempo de sobra para atirar o segundo sapato, ante a catatonia da segurança.

Essa gente inferniza a vida dos jornalistas com mil requisitos. Pede que nos credenciemos com muita antecedência, o que pressupõe que façam uma checagem suficiente para não liberar o crachá para quem usa sapatos suspeitos.

Mesmo assim, isolam os governantes, como aqui na Bahia. Eles ficam em um hotel, claro que o mais luxuoso, ao qual só podemos chegar se eles assim o decidirem e devidamente escoltados. E ainda passamos por verificação do equipamento que levamos, mesmo que seja uma modesto caderno de anotações (sapatos passam sempre).

Quando o entrevistado é o presidente dos Estados Unidos, seja qual for, somos tratados como militantes potenciais da Al Qaeda. Inverte-se a lógica: quando comecei nesta profissão, os jornalistas procurávamos as autoridades. Agora, as autoridades é que nos procuram, mas só quando querem.

Não é que eu goste de falar com elas. Às vezes, é de fato interessante. Mas o que me leva a procurá-las é o dever que elas têm de prestar contas ao público do que estão fazendo nessas cúpulas, homiziadas em "bunkers" inacessíveis.

Somos apenas a ponte entre elas e o público. Não fogem, pois, de nossos sapatos ou havaianas, mas do público.

"Viva Sapato!". Grande título na capa da Folha de S. Paulo de hoje



Se é que alguém não entendeu a "jogada", procure "Viva Zapatta!" na Internet.

Não duvido de nada. Tem gente que não conhece os Beatles.

Novo curso nas faculdades de Jornalismo: SAPATADA!



Meus amigos: o jornalista iraquiano não deve ter diploma. Se tivesse, teria acertado. Estou iniciando um novo curso na FACHA:

"A epistemologia sistêmica sobre o paradigma do com efeito na SAPATADA".

Publiquei as notas. Só aceito chororô de botafoguense

Quem reclamar de 7.0, eu jogo na chuva.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

domingo, 14 de dezembro de 2008

Jornalista iraquiano joga sapatos em Bush



Pena que não foi um Bamba. Deu no UOL.

AI 5 nunca mais!



O Estado de S. Paulo tem lá suas mazelas. Sempre foi um jornal conservador. Mas tem boas atitudes de quando em vez. Leiam matéria e vejam fotos sobre o maldito AI 5.

http://www.estadao.com.br/interatividade/Multimidia/ShowEspeciais!destaque.action?destaque.idEspeciais=876

Deixem a Dilma Roussef trabalhar



A Direita, como costuma fazer sempre, está distribuindo para seus pares e pessoas ingênuas, que acham que ser "subversivo" (sic) é vergonha, uma ficha política da ministra Dilma Roussef dos tempos em que ela combatia a ditadura militar.

Por que não enviam também a ficha do coronel Brilhante Ustra que, junto com seus iguais, torturava jovens de 20 anos de idade em quartéis militares e delegacias policiais? Ele continua solto por aí e defendendo as suas ídéias e ações.

O mundo mudou, minha gente. Acordem. Mas a Direita e seus Mainardis, Reynaldos Azevedos, Olavos de Carvalhos e Denys da vida estão bastante assanhadinhos. Aliás, nos comentários publicados no Estadão (post acima) tem um bobinho que sugere ao pessoal do Estado ler o blog do Reynaldo Azevedo. Tem gente que acredita em Reynaldo Azevedo. Fazer o quê? Tem bobo pra tudo. Tem gente que vai ser sempre manipulada.

Leiam coisa melhor. Não percam tempo com Reynaldo Azevedo, Diogo Mainardi, Olavo de Carvalho, Denys Rozenfeld e coisas desse tipo. Não percam tempo com esses "Pedros de Lara" da Nova Direita. Não têm a menor credibilidade entre as pessoas sérias e bem informadas.

Empreguem melhor tempo e dinheiro. Leiam o livro "O Seqüestro dos uruguaios", do Luiz Cláudio Cunha, que estou acabando de ler, e entendam mais quem foi Dilma Roussef e seus colegas "terroristas"* (sic). O autor fala até do roubo do cobre do Adhemar de Barros. Vocês sabem quem foi Adhemar de Barros? Conhecem a expressão "Rouba, mas faz"?

Falar em "terroristas" (sic), Fernando Gabeira, que os mauricinhos e patricinhas da zona sul votaram em peso na última eleição, achando que assim estariam prejudicando o governo do PT, também já foi chamado de "terrorista". E hoje em dia tem muitos outros "terroristas" na vida pública trabalhando com seriedade, sem torturar e matar ninguém.

Não caiam no jogo sujo da Direita, saudosa da Ditadura. Não sejam desinformados, bobos e ingênuos.

sábado, 13 de dezembro de 2008

O futuro dos jornais: "Murdoch exala otimismo sobre o jornal do século XXI - Entrevista publicada na Folha de S. Paulo - FINAL

(Continuação do post anterior)

Atendendo a milhões (rs) de pedidos de amigos e alunos que não conseguiram ler a entrevista com Rupert Murdoch na Folha de S. Paulo impressa (da última quarta-feira, dia 10 de dezembro) vou postar a matéria na íntegra, em capítulos, de baixo para cima.

Uma maneira pela qual planejamos aproveitar as oportunidades on-line é oferecendo três níveis de conteúdo. O primeiro será formado pelas notícias que colocamos on-line gratuitamente. O segundo será disponível aos leitores que assinam o wsj.com. E o terceiro será um serviço premium, criado para dotar os clientes da capacidade de customizar notícias e análises financeiras de primeira linha de todo o mundo. Em tudo o que fazemos, vamos transmiti-lo das maneiras que mais correspondem às preferências dos leitores: em sites que eles podem acessar em casa ou no trabalho em invenções ainda em evolução, como o Kindle da Amazon (artefato para leitura wireless), e também em celulares e blackberries.

No fim, ficamos onde começamos: o vínculo de confiança entre os leitores e seu jornal.

Muita coisa mudou desde que eu entrei no "Adelaide News" em 1954. As máquinas de impressão nunca foram mais velozes ou mais flexíveis. Temos computadores que nos permitem fazer o layout de múltiplas páginas em múltiplos países.

Temos uma distribuição mais veloz. Mas nada disso vai significar nada para os jornais se não cumprirmos nossa primeira responsabilidade: conquistar a confiança e a lealdade de nossos leitores.

Não penso que eu tenho todas as respostas. Em vista das realidades da tecnologia moderna, este próprio discurso na rádio poderá ser fatiado digitalmente. Poderá ser acessado em um dia, um mês ou uma década.

E eu poderei ser cobrado em qualquer momento, por todo o sempre, e com razão, pelos pontos nos quais ficar comprovado que estou equivocado - além de ser ridicularizado por minha incapacidade de perceber até que ponto o mundo se tornou diferente.

Mas acho que não serei desmentido sobre um ponto. O jornal, ou um primo eletrônico muito próximo dele, sempre estará entre nós. Ele não será jogado diante de sua porta pela manhã como é hoje. Mas o som que fará ao chegar vai continuar a ecoar na sociedade e no mundo.
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Tradução de CLARA ALLAIN

O futuro dos jornais: "Murdoch exala otimismo sobre o jornal do século XXI - Entrevista publicada na Folha de S. Paulo - Parte 9

(Continuação do post abaixo)

A palavra operacional é discernimento. Para competir hoje, não se pode oferecer um jornalismo do tipo antigo, tamanho único.

A tendência digital definidora no conteúdo é a crescente sofisticação das buscas. Já é possível customizar o fluxo de notícias por país, empresa ou assunto. Dentro de uma década, as coisas serão ainda mais sofisticadas. Você poderá satisfazer seus interesses singulares e buscar conteúdos singulares.

Afinal, uma estudante universitária da Malásia não terá os mesmos interesses que um executivo de 60 anos de Manhattan. Pensando em algo mais próximo, seu filho adolescente não terá os mesmos interesses que sua mãe. O desafio consiste em usar a marca de um jornal e, ao mesmo tempo, permitir que os leitores personalizem o noticiário, eles próprios - e lhes enviar as notícias das maneiras que eles quiserem.

É isso o que estamos procurando fazer agora com o "Wall Street Journal". O jornal tem a vantagem de ter uma base de leitores muito fiel, de ser uma marca conhecida por sua qualidade e contar com editores que levam a sério os leitores e seus interesses.

Isso ajuda a explicar porque o jornal continua a desafiar as tendências da indústria. Dos dez maiores jornais nos Estados Unidos, o "WSJ" é o único a ter tido um aumento de assinaturas pagas no ano passado. Ao mesmo tempo, pretendemos deixar nossa marca impressa na fronteira digital. O "WSJ" já é o único jornal americano a ganhar dinheiro de fato on-line. Uma razão disso é a demanda global crescente por notícias econômicas e por notícias precisas. A integridade não é apenas uma característica de nossa empresa, é um elemento de vendas.

(Continua no post acima)

O futuro dos jornais: "Murdoch exala otimismo sobre o jornal do século XXI - Entrevista publicada na Folha de S. Paulo - Parte 8

(Continuação do post abaixo)

Seria de se imaginar que nossa experiência com o "Times" serviria de boa lição sobre a importância de reagir ao que os leitores querem e de conservar um jornal relevante e viável.

Mas não foi sobre isso que escreveram os jornalistas, em sua maioria. Em vez disso, eles ofereceram muitas condolências pelo abandono da tradição, além de lamentos sentimentais chorando a perda de um formato do qual a maioria dos leitores do "Times" já não gostava.

Vejo a mesma coisa todos os dias. Em vez de encontrar assuntos relevantes às vidas de seus leitores, os jornais publicam matérias que refletem seus próprios interesses. Em vez de escrever para seu público, escrevem para seus colegas jornalistas. E, em vez de encomendar aos jornalistas reportagens que tragam mais leitores, alguns editores encomendam reportagens cuja única meta é a busca de um prêmio.

Quando comecei no ramo do jornalismo, qualquer pessoa que ousasse desfilar com um prêmio por excelência teria sido ridicularizada na Redação por levar-se demasiado a sério.

Mas hoje o desejo por prêmios virou fetiche. Os jornais podem estar perdendo dinheiro, perdendo circulação e demitindo pessoas a torto e direito. Mas ainda terão uma parede recoberta de troféus - prisioneiros do passado, em lugar de serem entusiastas do futuro.

Os leitores querem notícias tanto quanto sempre quiseram.

Hoje o "Times" de Londres é lido por um público global diversificado de 26 milhões de pessoas todos os meses. É um público muito maior do que a população inteira da Austrália - um público cujas dimensões superam de longe a compreensão e as ambições dos fundadores do jornal, em 1785. Essa estatística, por si só, nos diz que existe um público que quer notícias e que sabe discernir.

(Continua no post acima)

O futuro dos jornais: "Murdoch exala otimismo sobre o jornal do século XXI - Entrevista publicada na Folha de S. Paulo - Parte 7

(Continuação do post abaixo)

Quando Dan Rather veiculou sua reportagem no "60 Minutes", da CBS, sugerindo que o presidente George W. Bush teria se esquivado de prestar serviço militar quando esteve na Guarda Nacional, blogueiros rapidamente expuseram a natureza dúbia de seus documentos e fontes.

Longe de festejar esse jornalismo cidadão, o establishment da mídia se pôs na defensiva.

Um executivo da CBS foi à Fox News atacar os blogueiros, numa declaração que ficará gravada nos anais da arrogância.

"O "60 Minutes'", disse ele, era uma organização profissional com "camadas múltiplas de verificações e contrapesos".

Contrastando com isso, ele descreveu o blogueiro como "um sujeito escrevendo de pijama na sala de sua casa". Mas, no final, foram os sujeitos escrevendo de pijama que obrigaram Dan Rather e seu produtor a pedir demissão.

Rather e seus defensores não estão sós. Um estudo americano recente constatou que muitos editores e repórteres simplesmente não confiam que seus leitores tomem boas decisões. É uma maneira educada de dizer que esses editores e repórteres acham os leitores estúpidos demais para pensar com suas próprias cabeças.

Ao enxergar seu público como garantido e permitir que eles mesmos se tornem tão institucionalizados quanto qualquer governo ou empresa sobre a qual escrevem, esses jornalistas estão pondo em risco seus próprios jornais. É simplesmente extraordinário que tantos que têm o privilégio de sentar na primeira fileira e escrever o primeiro relato da história possam ser tão imunes a seu significado evidente - sem falar nas conseqüências disso para sua própria indústria.

Vou dar um exemplo. Quatro anos atrás o "Times" de Londres estava passando por uma fase difícil em termos de sua circulação. Então fizemos um experimento de mudar do formato de folha grande para o que chamamos de versão "compacta". Durante quase um ano, imprimimos duas versões do "Times" - ambas contendo as mesmas fotos, manchetes e reportagens.

Os leitores, em sua maioria avassaladora, preferiram a versão nova, compacta. Então adotamos essa versão, invertemos nossa queda de circulação e ajudamos a colocar o "Times" em posição mais sólida, o que, é claro, é a chave para conservar empregos. E o fizemos sem afetar a qualidade jornalística.

(Continua no post acima)

O futuro dos jornais: "Murdoch exala otimismo sobre o jornal do século XXI - Entrevista publicada na Folha de S. Paulo - Parte 6

(Continuação do post mais abaixo)

Em uma época na qual as novas tecnologias de impressão tornavam jornais em todo o mundo mais eficientes, os jornais no Reino Unido eram obrigados a usar uma tecnologia que não mudara muito desde a Bíblia de Gutenberg. Os custos estavam acabando com centenas de empregos e aleijando o que é hoje o mais vibrante mercado de jornais no mundo.

Isso não seria sustentável no longo prazo. O colunista Bernard Levin descreveu Fleet Street (os jornais britânicos) como "condições que combinam um esquema criminoso de proteção com um hospício".

Decidimos mudar isso. Compramos as máquinas de impressão mais modernas que havia, as instalamos num centro em Wapping e contratamos boas pessoas para operá-las.

No fim, custou caro. Houve violência terrível, especialmente contra a polícia. Os trabalhadores que optaram por nos combater imaginavam que a direção da empresa acabaria cedendo, como haviam feito tantas outras no passado. Durante algumas semanas, ficamos debaixo de um cerco montado por pessoas determinadas a danificar nossas máquinas, prejudicar nosso pessoal e acabar com nosso negócio.

Mas tínhamos feito um bom planejamento e acabamos prevalecendo. Nossa vitória ajudou a tornar todos os jornais britânicos mais lucrativos. Isso significava salários melhores e um futuro mais promissor para seus funcionários.

Hoje o desafio que enfrentamos é diferente. Sob alguns aspectos, é um ataque direto a nosso julgamento.

Antigamente um punhado de editores podia decidir o que era notícia e o que não era. Eles agiam como uma espécie de semideuses. Se eles publicassem uma história, ela virava notícia.

Se ignorassem o fato, era como se nunca tivesse acontecido.

Hoje os editores estão perdendo esse poder. A internet dá acesso a milhares de novas fontes que cobrem coisas que um editor poderia deixar passar. Se você não se satisfaz com isso, pode começar seu próprio blog, cobrindo e comentando as notícias você mesmo.

Os jornalistas gostam de enxergar-se como guardiões, mas eles nem sempre reagem bem quando o público lhes cobra responsabilidade.

(Continua no post acima)

Quem lê tanta notícia? Vamos pagar pra rir?



Deu no gigablog do UOL.

http://uoltecnologia.blog.uol.com.br/arch2008-12-07_2008-12-13.html

O futuro dos jornais: "Murdoch exala otimismo sobre o jornal do século XXI - Entrevista publicada na Folha de S. Paulo - Parte 5

(Continuação do post abaixo)

Como se os desafios tecnológicos já não fossem suficientemente grandes, nossos concorrentes tomaram conhecimento de nossos planos. Assim que isso aconteceu, eles transformaram o jornal existente, -"The Canberra Times"- num jornal bastante impressionante em formato grande. Com isso, esperavam abocanhar leitores e anunciantes antes de nós conseguirmos sequer decolar. Só havia uma maneira de reagir: teríamos que partir para o âmbito nacional quase dois anos antes do programado.

Hoje, é claro, até mesmo o menor jornal australiano tem uma página na web que você pode acessar de qualquer lugar, de Cairns a Caracas. Naquela época, porém, nem tínhamos comunicações confiáveis por fax. Em lugar disso, tínhamos que levar as chapas de impressão de Canberra a gráficas em outras partes do país, de avião -geralmente tarde da noite. Para isso, chegamos a fundar nossa própria linha aérea.

Era tudo muito complexo, e, é claro, as coisas nem sempre saíam conforme o planejado.
Mas também era altamente instigante. O resultado foi que levamos um produto melhor a leitores em toda a Austrália e ajudamos a transformar o jornalismo australiano.
Tudo isso serviu de preparo para nossa próxima grande luta: a abertura de nossa gráfica em Wapping, na Inglaterra.

Para aqueles que são jovens demais para se lembrar daquela época difícil, permitam que eu lhes dê um pouco de perspectiva. Em meados da década de 1980, os jornais britânicos eram comandados basicamente por seus sindicatos, que resistiam a qualquer mudança para melhor.

Não eram sindicatos que operavam em prol da classe trabalhadora -eles atuavam num conluio fechado e corrupto. Alguns dos nomes que recebiam contracheques nem sequer existiam. Nossa folha de pagamento mostrava que cheques estavam sendo enviados a pessoas como M. Mouse e D. Duck -nenhum dos quais pagava imposto de renda.

(Continua acima)

O futuro dos jornais: "Murdoch exala otimismo sobre jornal no século XXI": Entrevista divulgada na Folha de S. Paulo (Parte 4)

(Continuação do post abaixo)

Eu me tornei editor e proprietário muito antes do que planejara. Aconteceu quando meu pai morreu, e eu fui chamado de volta de Oxford. Foi assim que me vi proprietário de um jornal aos 22 anos. Eu era tão jovem e tão novato no negócio que, quando cheguei ao jornal de carro no primeiro dia, o encarregado do estacionamento me repreendeu: "Ei, filho, você não pode estacionar aqui".

Aquele jornal era o "The Adelaide News". Sua Redação era um lugar barulhento. Mas era um barulho que tinha um objetivo. O som das vozes e das máquinas de escrever chegava a um crescendo nos minutos antes do horário de fechamento, que era esticado para além do ponto de ruptura por repórteres ousados, determinados a conseguir as versões mais frescas de uma reportagem.

Aquela música de pano de fundo criava uma urgência própria. Quando as máquinas começavam a rodar, todo o mundo no prédio sentia o estrondo. E, quando as máquinas começavam a rodar com atraso, os jornalistas me ouviam rugir.

Quando assumi a direção do "News", o "Adelaide Advertiser" era o jornal dominante na cidade. Seus donos tentaram convencer minha mãe a vender o jornal a eles. Enviaram a ela uma carta dizendo, basicamente, que, se ela não aceitasse a oferta, eles tirariam o "News" de circulação. Respondemos imprimindo a carta deles na primeira página do "News".

O resultado foi uma boa e velha guerra entre jornais. Ela teve um custo alto. Mas me ensinou que, com bons editores e leitores fiéis, é possível desafiar rivais mais consolidados e bem financiados - e vencer. E foi o que fizemos.

Dez anos mais tarde surgiu uma nova prova: criar o primeiro jornal nacional da Austrália. Hoje isso pode não soar como grande coisa. Mas foi uma grande coisa nos anos 1960, quando o país mal era interligado por linhas telefônicas. Nosso plano era começar um jornal em Canberra, fortalecê-lo e então levá-lo ao nível nacional.

(Continua acima)

O futuro dos jornais: "Murdoch exala otimismo sobre jornal no século XXI": Entrevista divulgada na Folha de S. Paulo (Parte 3)

(Continuação do post abaixo)

Quando eu era adolescente, essa foi uma lição-chave que meu pai me ensinou. Se você fosse proprietário do jornal, o melhor que poderia fazer seria contratar editores que cuidassem dos interesses de seus leitores - e dar a esses leitores reportagens honestas sobre as questões que mais os preocupavam. Em troca, você receberia confiança e lealdade que poderia levar ao banco.

Ao longo de muitas décadas trabalhando com jornais, tive o privilégio de assistir à história sendo escrita e impressa quase todas as noites. Hoje eu gostaria de falar sobre o que essas experiências me ensinaram -e porque elas me dão confiança no futuro.

Minha intenção é usar minha experiência para iluminar a maneira como precisamos reagir aos dois desafios mais graves com que os jornais se confrontam hoje. O primeiro é a concorrência vinda das novas tecnologias - especialmente da internet.

O desafio mais sério é a complacência e condescendência que grassam no coração de algumas Redações. A complacência se deve ao fato de terem gozado um monopólio - e agora se verem tendo que competir por um público que elas antes davam como garantido.

A condescendência que muitos jornais manifestam em relação a seus leitores é um problema ainda maior. Não é preciso ser nenhum gênio para observar que, se você trata seus clientes com desdém, terá dificuldade em conseguir que eles comprem seu produto. Os jornais não constituem exceção a essa regra.

(Continua acima)

O futuro dos jornais: "Murdoch exala otimismo sobre jornal no século XXI": Entrevista divulgada na Folha de S. Paulo (Parte 2)

(Continuação do post abaixo)

É verdade que nas próximas décadas as versões impressas de alguns jornais vão perder circulação. Mas, se os jornais derem aos leitores informações confiáveis, veremos ganhos na circulação - em nossos sites, em nossos feeds de RSS, em e-mails transmitindo notícias e anúncios customizados, nas notícias enviadas a celulares.

Em suma, estamos passando dos jornais publicados em papel para os jornais como marcas. Durante toda a minha vida profissional, sempre acreditei que existe valor social e comercial na transmissão de notícias e informações precisas de maneira barata e pontual. Neste século que temos pela frente, a forma de transmissão pode mudar, mas o público potencial de nosso conteúdo pode multiplicar-se muitas vezes.

O setor dos jornais tem significado muito pessoal para mim. Eles estão no cerne de meus negócios há mais de meio século. Se sou cético em relação aos pessimistas hoje, a razão é simples: já ouvi seus prognósticos mal-humorados muitas vezes.

Os desafios são reais. É provável que nunca chegue a existir um escritório sem papel, mas os jovens estão começando a abolir o papel em suas casas. Fontes de renda tradicionais -como os classificados- estão secando, impondo pressões ao modelo econômico. E os jornalistas enfrentam nova concorrência de fontes alternativas de notícias e informação.

Assim, temos um fluxo constante de artigos como a capa da "The Economist" declarando que "os jornais são uma espécie em perigo de extinção". Isso é bastante irônico, vindo de uma revista bem-sucedida e em expansão que gosta de se descrever como "jornal".

Meu resumo do modo como algumas das mídias estabelecidos vêm reagindo à internet é o seguinte: não são os jornais que podem ficar obsoletos. São alguns dos editores, repórteres e proprietários de jornais que estão se esquecendo do bem mais precioso de um jornal: o vínculo com seus leitores.

(Continua acima)

O futuro dos jornais: "Murdoch exala otimismo sobre jornal no século XXI": Entrevista divulgada na Folha de S. Paulo (Parte 1)

QUERO falar com vocês sobre um tema que sempre abala certos jornalistas: o futuro dos jornais. É um tema cuja relevância vai muito além da coleção febril, às vezes insegura de egos que é a categoria dos jornalistas.

Um número grande demais de jornalistas parece sentir prazer perverso em ruminar sobre seu fim iminente. Conheço setores econômicos que estão enfrentando concorrência nova e difícil da internet: bancos, varejistas, companhias telefônicas e assim por diante. Mas esses setores também enxergam a internet como uma oportunidade extraordinária.

Entre nossos amigos jornalistas, porém, há alguns cínicos enganados que estão ocupados demais redigindo seus próprios obituários para se permitirem sentir-se instigados com a oportunidade.

A autocomiseração nunca é algo bonito de se ver. E às vezes ela começa já nas escolas de jornalismo - algumas das quais estão perpetuando o pessimismo dos líderes de sua tribo. Mas eu tenho uma visão muito diferente.

Diferentemente dos que vislumbram o fim do mundo, eu acredito que os jornais vão alcançar novas alturas. No século 21, as pessoas estão mais sedentas por informação do que jamais estiveram. E elas têm mais fontes de informação do que jamais tiveram.

Entre essas muitas vozes diversas e que competem entre si, os leitores querem aquilo que sempre quiseram: uma fonte na qual podem confiar. Foi sempre esse o papel dos grandes jornais no passado. E esse papel fará os jornais serem grandes no futuro.

Quando se discute o futuro com jornalistas, constata-se que um número grande demais deles pensa que nosso negócio é apenas o dos jornais físicos. Eu gosto da aparência e da sensação do jornal em papel tanto quanto qualquer pessoa. Mas nosso negócio não é imprimir sobre árvores mortas. É oferecer a nossos leitores ótimo jornalismo e ótimo julgamento.

(CONTINUA ACIMA)

O futuro dos jornais: "Murdoch exala otimismo sobre jornal no século XXI": "Obama marca guinada de empresário"

Obama marca guinada de empresário
DA REDAÇÃO (Folha de S. Paulo)

A única coisa que atrai a atenção de Rupert Murdoch tanto quanto o mundo dos jornais, dizem auxiliares, é a política. Até recentemente, seus veículos reproduziam a posição conservadora do chefe, mas isso vem mudando nos últimos tempos.
O "Times" de Londres apoiou os trabalhistas nas eleições de 2005; o "New York Post" anunciou apoio a John McCain, mas fez cobertura efusiva da vitória de Barack Obama nos EUA.

Michael Wolff, autor de um livro sobre Murdoch, tenta explicar a guinada do empresário: "É um caso de "isso é o que você deveria fazer para estar mais de acordo com o que os leitores querem e o zeitgeist'", disse ele ao "New York Times".
Wolff conta que Murdoch o instou a votar em Obama nas primárias democratas, pois sua vitória "venderia mais jornais".

Elisabeth, filha do empresário, chegou a organizar um evento para arrecadar fundos para o democrata. Murdoch não foi tão longe, mas orientou a Fox News a adotar tom mais moderado na cobertura das eleições -embora a emissora tenha se mantido muito mais pró-republicana do que as concorrentes.

"Rupert encontrou Obama e ficou muito impressionado com seu intelecto e sua habilidade para inspirar", disse ao "New York Times" Gary Ginsberg, vice-presidente da News Corporation.

O futuro dos jornais: "Murdoch exala otimismo sobre jornal no século XXI" - Frases

JORNALISTAS TÊM PRAZER EM RUMINAR SOBRE SEU FIM

Há setores enfrentando concorrência nova e difícil da internet: bancos, varejistas e assim por diante. Mas esses setores também enxergam a internet como uma oportunidade extraordinária.

O JORNAL NÃO SE BASEIA EM ÁRVORES

Estamos passando dos jornais publicados em papel para os jornais como marcas. A forma de transmissão pode mudar, mas o público potencial pode multiplicar-se muitas vezes.

LEITORES QUEREM FONTE NA QUAL CONFIAR

Foi sempre esse o papel dos grandes jornais no passado. E esse papel fará os jornais serem grandes no futuro. Nosso negócio real não é imprimir sobre árvores mortas.
É oferecer ótimo jornalismo.

MAIOR BEM É O ELO COM O LEITOR

Muita coisa mudou. Mas nossa responsabilidade continua sendo conquistar a confiança do leitor.

O JORNAL CONTINUARÁ ENTRE NÓS

Ele não será jogado diante de sua porta. Mas o som que fará vai continuar a ecoar na sociedade.

EDITORES PERDERAM O PODER

A internet dá acesso a coisas que um editor deixaria passar. E você mesmo pode cobrir as notícias.

O futuro dos jornais: "Murdoch exala otimismo sobre jornal no século XXI" - Abre

Atendendo a milhões (rs) de pedidos de amigos e alunos que não conseguiram ler a entrevista com Rupert Murdoch na Folha de S. Paulo impressa (da última quarta-feira, dia 10 de dezembro) vou postar a matéria na íntegra, em capítulos, de baixo para cima.

MÍDIA

Murdoch exala otimismo sobre jornal no século 21
Megaempresário da mídia acha que nunca houve tanta sede por informação de qualidade


Dono da News Corporation destoa de clima pessimista na imprensa mundial e crê que tecnologia abre novas possibilidades aos jornais

Em meio a declínio na circulação, queda no volume de anúncios e cortes de postos de trabalho nos principais jornais dos EUA e da Europa, uma voz de respeito se ergue contra as previsões catastrofistas que vêem o jornal com os dias contados: a do magnata das comunicações Rupert Murdoch, 77, acionista majoritário e executivo-chefe da News Corporation, um dos maiores conglomerados de mídia do mundo.

Em uma palestra dada no mês passado para uma série da rádio australiana ABC, chamada "Uma Era Dourada para a Liberdade", Murdoch diz enxergar a nova era tecnológica como uma oportunidade, e não uma ameaça, para os jornais tradicionais.
"É verdade que nas próximas décadas as versões impressas de alguns jornais vão perder circulação. Mas, se os jornais derem aos leitores informações confiáveis, veremos ganhos na circulação [em outras mídias]", aposta Murdoch.

Para o empresário, os leitores atuais querem a mesma coisa que os leitores do passado: uma fonte na qual podem confiar. "Foi sempre esse o papel dos grandes jornais no passado. E esse papel fará os jornais serem grandes no futuro."

O otimismo do empresário destoa do cenário nebuloso que enfrenta hoje a mídia nos países desenvolvidos. A circulação dos jornais nos EUA sofre uma queda acelerada -entre abril e setembro, recuou 4,6% em relação aos seis meses anteriores.

Além de perderem circulação, os jornais assistem à fuga dos anunciantes. Em 2007, a receita publicitária das versões impressas dos jornais americanos recuou 9,4%.

A queda da circulação e a perda de anunciantes acarretam corte de pessoal para tentar equilibrar os custos -o que acaba tornando mais difícil para os jornais manter a qualidade do produto.

Tudo isso já vinha ocorrendo antes mesmo do acirramento, nos últimos meses, da crise econômica global. Com ele, a situação tende a se deteriorar, e a primeira demonstração disso foi o pedido de concordata feito pelo grupo Tribune, que edita dois dos maiores jornais dos EUA, o "Chicago Tribune" e o "Los Angeles Times".
Murdoch vem sendo menos afetado pela crise. O seu "Wall Street Journal" tem a segunda maior tiragem nos EUA, e, ao contrário dos concorrentes, não sofreu queda na circulação nos últimos meses. O "Times" de Londres, cujas vendas vinham caindo, inverteu o sentido com o abandono de seu formato tradicional e a opção por um tamanho menor.

Na palestra do mês passado, cuja íntegra a Folha publica a seguir, Murdoch aposta alto no futuro do seu negócio: "Diferentemente dos que vislumbram o fim do mundo, eu acredito que os jornais vão alcançar novas alturas".

Quem tiver acesso ao site da Folha, é só clicar (para ler na íntegra, de uma só vez):
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/inde10122008.htm

Paulo Francis, o documentário do Nelson Hoineff e Ruy Castro

DEU HOJE na Folha. Hoje eu vou ver o dvd. Mas também recomendo, desde já.

O coração como arma
RUY CASTRO

Na noite de 13 de dezembro de 1968, Paulo Francis tomou um avião em Nova York e mandou tocar para o Rio, onde morava. Enquanto ele lia Geoffrey Barraclough a 30 mil pés, os militares faziam horrores por aqui - fechado o Congresso e abolido o habeas corpus, estavam indo buscar em casa quem eles consideravam perigosos para o regime: políticos, editores, poetas, repórteres, caricaturistas.

Na manhã de 14, ao pousar no Galeão e aberta a porta do avião, Francis teria posto o pé na escadinha e, de nariz em pé, perguntado sorridente, para ninguém em particular: "E aí, como se comportou o Brasil na minha ausência?". Em resposta, mãos truculentas o teriam algemado e levado preso para o quartel. Segundo outra versão, mais correta, Francis só foi preso no dia seguinte, 15, de pijama, em seu apartamento em Ipanema.

Hipótese também mais heróica, porque, já sabendo da prisão de tantos de seus amigos, poderia muito bem ter ido se esconder em um sítio na roça. Mas preferiu ficar e ver no que dava. Deu cana, da qual só foi libertado no Natal, por interferência de outro amigo, ligado ao general Sizeno Sarmento.

Eu próprio, julgando-me um alvo, também andei escondido por alguns dias. Mas saí da toca e estive com Francis logo depois que o soltaram. Perguntei-lhe: "Foi torturado?". E ele: "Barbaramente. O carcereiro escutava Vandeca [a cantora Wanderléa] pelo radinho de pilha o dia inteiro".

Por várias razões, é Francis que me vem à cabeça em todo aniversário do AI-5. Mas, desta vez, há mais um motivo: o belo documentário "Caro Francis", que acaba de sair, produzido por Nelson Hoineff. É o retrato de um homem cuja principal arma retórica não era a inteligência, a mordacidade ou o destempero verbal, mas -agora ficou claro - o coração.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Marraio, pedi primeiro: Feliz Natal, um puta 2009



Pessoas queridas do blog. Hoje é sexta-feira, chove lá fora; eu sou filho único e pisciano. Portanto, ansioso pra caralho. Não agüento mais "segurar" o cartão. Quero ser o primeirão a desejar a todos Feliz Natal e um puta 2009. Sem mais delongas.

Mas ninguém precisa se preocupar. Não vou sumir. Vou continuar por aqui. Perturbando vocês. A mensagem depois vai para o lado.

pc

Correspondência do professor Ricardo Benevides. Na íntegra. Vale a pena ler

Meu camarada Ricardo Benevides, um dos professores mais talentosos da nova geração, avisa sobre curso de Jornalismo na FACHA. Se eu fosse aluno, eu me inscrevia.
"PC, meu caro,

Acho que o assunto deve interessar a um de seus blogs, se não a todos. Meu amigo Dimmi Amora é um dos jornalistas responsáveis por conduzir um curso para os colegas que chegam à redação do Caderno Rio (O Globo), onde ele trabalha. Agora ele e outros três bambas resolveram oferecer o curso para alunos universitários, como curso de extensão.

Uma oportunidade como essa, só na FACHA, né? E o curso ainda contabiliza 4 créditos que valem para a graduação. A informação completa está abaixo, no link do curso deles: se chama Oficina Prática de Reportagem Investigativa.

Se puder, dê uma força na divulgação. Acho imperdível para alunos de jornalismo.

Grande abraço,

Benevides"

Anúncios bizarros



Meu camarada Marcelo Mattyi mandou a dica. Você pode ver outros no endereço:
http://www.hbo-br.tv/madmen/

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Prêmio Esso 2008. Primeira página: O Dia



Belíssima sacada de Alexandre Freeland, André Hippert, Breno Girafa, Ana Miguez e Luísa Bousada para a matéria "Cientistas brasileiros fazem alerta: mais terremotos vêm aí".

Foto vencedora do Prêmio Esso 2008: "Martírio no presídio", de Clóvis Miranda, da "Crítica", de Manaus



Que belo trabalho! A fotografia mostra um dos detentos no momento em que era removido, depois de ter sido torturado e mutilado. Além de chocante, lembra a imagem de Jesus Cristo sendo retirado da cruz.

O jornal tem futuro. É Murdoch quem garante



A Folha de S. Paulo de hoje publica duas páginas sobre "o jornal no século XXI". Vale a pena conferir.

Antologia do colunismo. FHC e o "sifu" do Lula



Deu hoje no Painel da Folha.

Datena acha que motorista bom é motorista espancado



Deu hoje na coluna "Toda mídia" da Folha. Gente: o que é Datena? Em que época ele vive? Como pode alguém defender a violência e a tortura?

DVD do Paulo Francis no Prêmio Esso




Como faço há alguns anos, fui ontem à festa de entrega do Prêmio Esso. Os jornais vencedores e seus sites já estão divulgando o que aconteceu. Mas adorei ganhar o dvd "Caro Francis", um filme do meu camarada Nelson Hoineff, também professor da FACHA. Vou ver com calma e depois comento.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Pulitzer para Jornalismo online

Prêmio de jornalismo Pulitzer permite a participação de jornais online

Sites de notícias poderão se inscrever nas 14 categorias da premiação que aceitava somente jornais impressos.

O Pulitzer, prêmio de jornalismo voltado a jornais, anunciou nesta terça-feira a inclusão de jornais exclusivamente online.

Também será permitida a inscrição de conteúdo totalmente online nas 14 categorias jornalísticas do Pulitzer.

O prêmio recebe materiais de jornais dos Estados Unidos ou de empresas de notícias que publicam ao menos semanalmente e são dedicadas a reportagem e cobertura de notícias. Materiais como gráficos interativos e serão aceitos também.

Em 2006, o Pulitzer começou a aceitar materiais divulgados somente na internet - mas apenas em duas categorias.

Fonte: IDG Now (Pesquei aqui ao lado nas notícias do google)

25 mil visitas em 5 meses. Obrigado, Pessoal!

Juntando os três blogs: o blog do prof, o blog do pc e o blog de crônicas são mais de 100 mil visitas em 5 meses. Tá bom, né? Como diria o síndico: "Um dia eu chego lá!".

Chula é palavrão?

Deu hoje na Folha. Hilário! O "sifu" do Lula continua rendendo.

A plebe rude
CARLOS HEITOR CONY

De certa forma, e uns pelos outros, quase todos os cronistas e colunistas em atividade na mídia nacional comentaram a recente fala do presidente da República, que usou uma expressão classificada de "chula". Resisti até agora, mas quem há de?
De minha modesta parte, não fiquei escandalizado com a expressão em si, mas confesso que até hoje fico ruborizado quando leio ou ouço a palavra "chula". Quando a ouvi pela primeira vez, mais ou menos aos 12 anos, pensei que se tratava de um sinônimo técnico ou erudito para "vagina", órgão feminino que eu conhecia por outros nomes em voga no distante Lins de Vasconcelos, onde nasci e me criei.

Vai daí, achei o uso da palavra "chula" mil vezes pior do que a expressão popular usada por Lula. Além disso, a exposição do cargo que ocupa o obriga a falar todos os dias em diversas ocasiões, nem sempre formais. E a linguagem coloquial nem sempre pode ser evitada. Nunca tivemos um presidente que falasse tanto em público, muitas vezes desnecessariamente.

Nos 20 anos em que exerceu o poder, Getúlio Vargas pouquíssimo falou de improviso. Seu sucessor, o marechal Dutra, era ruim de prosódia e só falava o estritamente necessário, às vezes nem isso.

JK falou muito, FHC também. Somando os dois, não chegam à metade do que Lula já falou -e ainda lhe restam quase dois anos de mandato. Jânio era econômico e castiço demais quando falava qualquer coisa -e até mesmo quando não falava. Tinha obsessões pela colocação dos pronomes.

Em outro cenário político e lingüístico, a expressão usada chocaria a classe média, como chocou alguns comentaristas da mídia. Mas a plebe rude, que engrossa os 70% de aprovação ao presidente, teve mais um motivo para considerar Lula como um dos seus.

As "senhoras" não ligaram o nome à pessoa



Ainda sobre o "caso sifu" (ver post abaixo sobre o blog do Caetano Veloso" e o post acima da crônica do Cony).

Antologia do colunismo. Quem manda tu sê pobre!



Deu hoje na coluna do Ancelmo.

Fotosacana: Lula e o copo



Deu hoje no Globo. A foto é de Roberto Stuckert Filho.

Sobre crônicas, prêmios, pautas, leveza de texto, Joaquins etc



Deu hoje no "Por dentro do Globo".

Venda de diploma. Em suaves parcelas



Pesquei no youtube. Uma criação da Cia. Barbixas do Humor.

Aprenda inglês de uma vez com o "profethor de pronúnthia"



Pura dica. Pesquei hoje na Folha. Arthur é o tal "professor de inglês que usa um método hilário para ensinar a pronúncia correta das palavras a seus alunos".

Tem mais vídeos no youtube.

Serghei, um dos destaques de blog sobre Woodstock, feito por alunos da FACHA



Meus alunos de Documentação, da FACHA, produziram um blog sobre os 40 anos de Woodstock, que serão comemorados em 2009. Um dos destaques é a entrevista com o rockeiro Serguei. Este vídeo é a segunda parte da entrevista. Quem quiser ver o blog e o vídeo na íntegra, é só clicar:
http://bloogstock.blogspot.com/

Lançamento do livro do Joaquim sobre a Leila



Li e recomendo.

O jornal de papel e o twitter

Deu hoje na coluna do Clóvis Rossi, Folha.

Quando o erro é anônimo
CLÓVIS ROSSI

A "Tribune", que edita, entre outros, os jornais "Chicago Tribune" e "Los Angeles Times", está na iminência da bancarrota. Já o "New York Times", que é um pouco sinônimo de grande jornal, vai hipotecar sua sede para obter liqüidez.
São notícias que levarão água para o moinho dos que acreditam que o jornal em papel está condenado à morte -e eventualmente súbita.

Calma. Só parte das dificuldades dessas empresas está de fato vinculada à queda na vendagem e, principalmente, na receita publicitária, fenômeno mais agudo nos Estados Unidos e em países europeus do que nos chamados mercados emergentes, Brasil inclusive.

Mais calma ainda nos festejos pela substituição do papel pelos "blogs", "twitters" e demais bossas da informação on-line ou por telefone. Democratiza mais a informação? Sim. Melhora a sua qualidade? Não necessariamente.

Os "twitters", aquelas mensagens curtas enviadas pelo celular, chegaram a ser celebrados como principal fonte de informação, por exemplo, no caso dos atentados em Mumbai, na Índia.

Agora, a BBC acaba de se desculpar por ter sido descuidada em usar um rumor (que se revelou falso) difundido via "twitter". "Deveríamos ter checado antes e só divulgado depois, se confirmada a informação" (o que não aconteceria), admite o editor Steve Herrmann.

O leitor, se consulta regularmente a internet, sabe que se trata de território livre para boato, informação interessada, lobbies nem sempre honestos nem legítimos, fantasias, teorias malucas ou venenosas etc. etc. etc.

Não que os jornais sejam santos ou perfeitos. Mas, em caso de erro, o leitor sabe a quem reclamar, pois tem o endereço, o telefone, o CNPJ, o e-mail, o ombudsman. Nos "twitters" da vida e seus parentes, o erro é anônimo.
Pior para o leitor.

É "sifu" ou "sifo"? Caetano sacou

Interessante. Está lá no blog do Caetano Veloso
http://www.obraemprogresso.com.br/

SIFU?

"Não me incomoda muito que o presidente da república tenha usado a expressão “sifo” num discurso no Rio. Conheço pessoas que estavam lá e ficaram revoltadas. Dou-lhes razão. Mas não me abalei muito.

Me aborrece mais que todos os jornais do país, ao contar a história, tenham grafado “sifu”. Não entendo a razão. Me parece que assim os jornais mostraram no mínimo tanta vulgaridade quanto Lula.

“Sifu”, assim escrita, é uma palavra oxítona. O “u” final cria o problema. Ele entrou aí porque palavras relativas a sexo são vistas como sujas: não têm história.

O verbo que está abreviado na segunda sílaba da palavra composta não contém a vogal “u”: é “foder”. Mas leio até em livros eruditos “culhão” no lugar de “colhão”, “buceta” no lugar de “boceta” e “fuder” no lugar de “foder”.

“Sifo” é, assim escrita, a palavra paroxítona que o presidente pronunciou - e sua segunda sílaba é a primeira do verbo abreviado. Escrevê-la com um “u” é transformar a primeira página dos jornais brasileiros em parede de banheiro suja de parada de ônibus.

Este sou eu: apesar das incertezas a respeito da origem do uso da palavra “veado” para designar “homossexual do sexo masculino”, me sinto mal quando vejo escrito “viado”. Millôr Fernandes escreveu que quem escreve “veado” está dando provas de que é um. Acho que adoro dar esse tipo de prova, pois só grafo “veado”. Primeiro porque sou adepto da tese de que se está dizendo o nome do animal e não algo derivado de “desviado”. Depois porque, na dúvida, preferiria manter a mesma atitude que exijo em relação a “boceta”, “colhão” e “foder”. Cariocas e baianos não escrevem “chuveu” nem pernambucanos, “cibola”. Não.

“Sifu” é uma indecência oxítona que a imprensa consagrou (...)".