quarta-feira, 30 de maio de 2012

E tem gente que acha que qualificação é um pedaço de papel


"Formou"! Deu hoje na Folha de S. Paulo. Pra bons entendedores...

A difícil vida fácil dos repórteres: prefeito segura repórter pelo pescoço



O site da Folha publicou matéria sobre a agressão. Para ler, clique aqui.

"O papel da Mídia", Merval Pereira

Merval Pereira, com quem trabalhei no Globo, é um cara polêmico. A turma do PT e muitos acadêmicos não gostam dele. Mas o Blog do Professor PC é um blog imparcial. Merval hoje escreveu sobre o papel da mídia. E cabe reflexão.


MERVAL PEREIRA30.5.2012 10h07m
Nos últimos dias tive a oportunidade de falar sobre o papel da imprensa em situações diversas: ontem, na Academia Brasileira de Letras, encerrei o ciclo de palestras coordenado pelo acadêmico Affonso Arinos de Mello Franco sob o tema geral de “Eleições e reflexões”, falando sobre “os direitos e deveres” da mídia.


Na China, num debate promovido pela Academia da Latinidade com a Academia de Ciências Sociais de Xangai, analisei a relação da mídia com o Estado na América Latina.

Não há momento mais propício para discutir a imprensa, quando uma intensa luta política procura desacreditá-la no Brasil, como parte de um amplo movimento para tentar criar um ambiente favorável no Congresso à aprovação de uma legislação de controle social da mídia, como tentam radicais ligados ao governo petista desde que o partido chegou ao poder em 2002 com a eleição de Lula.

Lembrei que na América Latina enfrentamos um problema já superado na maioria dos países democráticos: a tentativa de restringir a liberdade de expressão. Espalha-se pela região um movimento de contenção da liberdade de imprensa em diversos países, como Venezuela, Argentina, Bolívia, Equador, onde televisões, rádios e jornais vão sendo fechados sob os mais variados pretextos, e muitos outros são ameaçados com diversas formas de pressão, sejam financeiras, sejam através de medidas judiciais.

Lembrei que no Brasil, uma democracia em processo de amadurecimento, somos uma exceção em um continente cada vez mais dominado por governos autoritários ou simples ditaduras.

Apesar disso, aqui também enfrentamos ameaças à liberdade de expressão. Depois de tentar criar diversos organismos, desde a Agência Nacional de Cinema e Audiovisual — que daria poderes ao governo de interferir na programação da televisão e direcionar o financiamento de filmes, e toda a produção cultural, para temas que estivessem em sintonia com as metas sociais do governo — até o Conselho Nacional de Jornalismo — com a finalidade de controlar o exercício da profissão e poderes para punir, até mesmo com a cassação do registro profissional, os jornalistas que infringissem normas de conduta que seriam definidas pelo próprio Conselho —, esse mesmo grupo político tenta viabilizar mecanismos de controle dos meios de comunicação.

Falei também na China sobre os problemas legais que cada vez mais surgem no caminho da livre expressão, com embargos de diversos feitios que tentam inviabilizar, até economicamente, os meios de comunicação, especialmente no interior do país, que enfrentam também a violência como arma de intimidação da liberdade de expressão, tendo sido registrados diversos casos de assassinatos e agressões a jornalistas.

Na Academia Brasileira de Letras, ontem, tratei de temas mais genéricos, de conceitos sobre a profissão de jornalista que são atemporais, valem para qualquer momento, mas especialmente para os tempos de eleição.

A imprensa enfrenta no mundo uma permanente batalha de credibilidade, que volta e meia é perdida. Embora aqui no Brasil ainda apareça entre as instituições mais respeitadas pela opinião pública, há um permanente desconforto na relação da imprensa com a sociedade.

Se de um lado ela ainda depende da imprensa para ter seus direitos respeitados e para que denúncias sejam investigadas pelos governos, de outro há questionamentos persistentes quanto à irresponsabilidade do noticiário, sobre as acusações veiculadas — o que muitos classificam de denuncismo — ou quanto ao superficialismo do noticiário.

No Brasil, há uma relação de amor e ódio típica de um país que ainda testa a solidez de suas instituições democráticas, e onde a Justiça não funciona plenamente.

A imprensa aqui, mais que em outras partes, transforma-se em Poder, por uma disfunção dos demais Poderes.

É disseminada pelos adeptos do governo uma tentativa de desacreditar os meios de comunicação na suposição de que a “opinião pública” representa apenas a elite da sociedade e não os cidadãos de maneira geral.

A “opinião pública” surgiu no fim do século XVIII, através principalmente da difusão da imprensa, como maneira de a sociedade civil nascente se contrapor à força do Estado absolutista e legitimar suas reivindicações no campo político.

Não é à toa, portanto, que o surgimento da “opinião pública” está ligado ao surgimento do Estado moderno. A gravidade do que aconteceu no “News of the World” na Inglaterra, com escutas ilegais e chantagens, liga perigosamente a prática de crimes comuns ao jornalismo, o que é inaceitável e põe em risco a própria essência da liberdade de expressão.

O jornalismo, instrumento da democracia, não pode se transformar em atividade criminosa.

Não obstante todos os novos recursos tecnológicos e as mudanças na sociedade que colocam o cidadão como protagonista, é o jornalismo, seja em que plataforma se apresente, que continua sendo o espaço público para a formação de um consenso em torno do projeto democrático.

A tese de que as novas tecnologias, como a internet, os blogs, o Twitter e as redes sociais de comunicação, como o Facebook, seriam elementos de neutralização da grande imprensa é contestada por pesquisas. Uma, recente, da Associação de Jornais dos Estados Unidos (NAA na sigla em inglês), mostrou mais uma vez que os jornais tradicionais são marcas confiáveis para as quais o leitor corre quando algo importante está acontecendo.

A pesquisa da NAA sobre o uso de multiplataformas mostra que três quartos de todos os usuários da internet têm os jornais como principal fonte de notícias e os leem em várias plataformas.

Não é à toa que os sites e blogs mais acessados tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil são aqueles que pertencem a companhias jornalísticas tradicionais, já testadas na árdua tarefa de selecionar e hierarquizar a informação.

O jornalismo profissional tem uma estrutura, uma forma profissional de colher e checar informações que a vasta maioria dos blogueiros não tem.

Não há dúvida de que, com o surgimento das novas tecnologias, os jornais perderam a hegemonia da informação, mas continuam sendo fatores fundamentais para cidadania.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Marcos Eduardo Neves na FACHA



O jornalista e escritor Marcos Eduardo Neves, autor do livro "Nunca houve um homem como Heleno", ex-aluno da FACHA, esteve hoje batendo papo com meus alunos de Técnica de Reportagem.

domingo, 27 de maio de 2012

sábado, 26 de maio de 2012

Deu hoje na Folha: "Digitalização da mídia não ameaça textos longos de cultura, diz alemão"

Interessante. Recomendo a leitura.


Digitalização da mídia não ameaça textos longos de cultura, diz alemão
Editor da seção cultural do jornal "Die Zeit", Moritz Müller-Wirth participa de congresso em SP
Jornalista mostra otimismo com número crescente de leitores do "Zeit" nas versões on-line e impressa
SILVIA BITTENCOURT
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE HEIDELBERG, ALEMANHA


Os longos textos intelectuais, que há décadas têm um espaço garantido nos principais cadernos de cultura da Alemanha, não estão ameaçados pelo fenômeno da digitalização da mídia. Eles sempre terão um lugar ao lado da informação curta e rápida dos portais jornalísticos.

A opinião é de Moritz Müller-Wirth, 48, editor de cultura do jornal semanal mais importante do país, "Die Zeit".

"Nunca o 'Zeit' impresso contou com tantos leitores como nos últimos anos", declarou à Folha por telefone, de seu escritório em Hamburgo.

Isto, segundo ele, acontece ao mesmo tempo em que o número de usuários da versão on-line do jornal também aumenta -e de forma muito mais rápida (4,72 milhões em fevereiro passado, 17% a mais do que em 2011).

JORNALISMO CULTURAL
Coautor e coeditor de vários livros, assim como cofundador de uma plataforma contra nazistas (www.netz-gegen-nazis.de), Müller-Wirth participará do 4° Congresso Internacional Cult de Jornalismo Cultural, que começa na segunda, no teatro Tuca, em São Paulo.

Promovido pela revista "Cult", o evento terá como tema "A Dialética do Conhecimento - Alta e Baixa Culturas" e receberá como palestrantes, além de Müller-Wirth, o cartunista Art Spiegelman, o escritor Gay Talese e a cineasta Claire Denis.

O editor do "Die Zeit" participa de uma mesa sobre a universidade nas páginas do jornal, da qual também fazem parte o editor da "Ilustríssima", Paulo Werneck, e o professor da Unicamp Marcio Seligmann-Silva.
Müller-Wirth é otimista quanto ao futuro da divulgação de estudos acadêmicos, que a seu ver continuarão encontrando espaço nos "feuilletons", os cadernos culturais alemães. No entanto, defende que podem ser apresentados em reportagens, perfis ou debates.

Leitura obrigatória para a intelectualidade alemã, o "Zeit" foi fundado em 1946.

É um calhamaço em formato nórdico (57 centímetros de altura por 40 de largura), com cerca de 80 páginas.
Traz longos textos de política, economia e cultura, entre outros temas, além de uma revista de variedades.
Liberal de esquerda, o jornal tem como editor o ex-chanceler social-democrata Helmut Schmidt, de 93 anos.

OTIMISMO
Os números do "Zeit" ("tempo", em alemão) confirmam as declarações de Müller-Wirth. O jornal impresso aumenta a cada ano sua tiragem (mais de 505 mil exemplares por semana no ano passado). Também teve um recorde de vendas em 2011.

O editor apontou, porém, para um desafio do jornalismo cultural na era da internet: buscar novos formatos sobretudo para os leitores mais jovens, usuários das novas mídias, que hoje se educam por meio da internet.
"Mas a leitura como caminho para a educação sempre permanecerá como o núcleo da coisa", afirma ele.

O semanário alemão já vem adotando alguns desses formatos na sua versão digital, o "Zeit Online", que conta com uma Redação própria.

Ali, redatores do jornal impresso também apresentam críticas de livros na forma de vídeo, assim como procuram o contato com o leitor na rede social Facebook.

IMPRESSO E ON-LINE
Para o editor do "Zeit", a formação de jornalistas da área cultural deve ser diferenciada entre quem trabalha num portal on-line e quem escreve para o impresso.

Segundo ele, o portal exige textos mais leves, com uma estrutura diferente daquela dos textos da publicação em papel. "O ponto de intersecção é educação e um conhecimento amplo", diz.

O leitor do "Zeit" continua a ser, sobretudo, o chamado "Bildungsbürger" (ou "cidadão culto"), de acordo com Müller-Wirth.

MESA "UNIVERSIDADE NAS PÁGINAS DO JORNAL" - 4º CONGRESSO CULT
QUANDO de 28 a 31/5; mesa
COM Moritz Müller-Wirth, Paulo Werneck e Marcio Seligmann-Silva: terça (29), às 14h
ONDE Tuca (r. Monte Alegre, 1024, tel. 0/xx/11/3670-8453)
QUANTO R$ 800 para todas as atividades do congresso

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Assessor de Imprensa é jornalista?

Eu acho que continua sendo. O Eugênio Bucci acha que não. O que os americanos acham? Vale a pena ler a matéria e o artigo publicado no primeiro número da edição brasileira da Columbia Journalism Review.

Para ler é só clicar nas imagens.





Jornalismo cascata? Ou alguém aí sabe romeno?



Deu assim no BlueBus:


Jornalista nao chega a tempo pro vendaval, pede para alguém chutar areia ao vivo (!)  veja

 12:40O repórter romeno Adrian Boioglu nao chegou ao local a tempo de gravar imagens da tempestade de areia, entao decidiu improvisar - enquanto fazia a entrada ao vivo no jornal, pediu que um assistente ficasse chutando areia (!) para que parecesse um efeito dos fortes ventos, veja no vídeo abaixo o momento em que o câmera desliza a cena mais do que devia e mostra os chutes do assistente  Segundo o Huffington Post, apesar da falsa tempestade de areia criada pelo jornalista, a notícia do ocorrido era mesmo real. A dica é do The Presurfer.


Mas no youtube, onde foi postado o vídeo, tem o seguinte comentário:


"Eles não estão fingindo nada neste ... O repórter diz algo ao longo das linhas de "o vento está soprando muito forte, olhar para o meu colega levantando a areia mostrando o quão forte o vento é ...".

"O Jornalismo brasileiro é muito ruim". Entrevista polêmica com Mino Carta, o criador do Jornal da Tarde, da 4 Rodas, da Veja, da IstoÉ, do Jornal da República e da Carta Capital



Imperdível. Recomendo aos meus alunos e ex-alunos.

ESPM lança versão brasileira da Columbia Journalism Review

Estou lendo e recomendo.


Em parceria com a Universidade Columbia, dos Estados Unidos, a Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), no Brasil, lançou a Revista de Jornalismo da ESPM, a versão brasileira da influenteColumbia Journalism Review, informou o portal Meio e Mensagem. A revista começou a circular no início de maio e será trimestral.
Como aponta o título da publicação, a Revista de Jornalismo da ESPM tratará de temas relativos ao jornalismo, terá artigos traduzidos da revista americana e também matérias produzidos no Brasil. O diretor de redação é o jornalista Eugenio Bucci, também diretor do curso de pós-graduação em jornalismo da universidade brasileira.
primeiro número da revista, que será vendida mediante assinatura, tem artigo do jornalista Alberto Dines sobre o efeito da tecnologia no jornalismo; matéria sobre a imprensa negra norte-americana; reflexão sobre a relação entre assessoria de imprensa e redação entre outros assuntos.
A Revista de Jornalismo da ESPM se junta a outras escassas publicações dedicadas à reflexão sobre a profissão. Outro exemplo é a Revista Brasileira de Ensino de Jornalismo, voltada mais para a educação jornalística do que para a profissão em si. (Fonte: Blog Jornalismo nas Américas)


Como navegar no acervo do Estadão



Tudo bem que o Estadão tem lá os seus problemas, mas indico para quem gosta de jornal e de pesquisa.

E por falar em Estadão, indico para quem quiser conhecer o lado crítico da história do jornal.


















Para saber mais, clique no blog Livros de Jornalismo.

Uma caixinha de ferramentas chamada internet

Sempre defendi a tese de que computadores e internet são apenas "caixinhas de ferramentas". Por isso, curti ao ler há pouco no facebook um texto da minha querida ex-companheira de Segundo Caderno de O Globo, Sonia Biondo, publicado no site de outra colega, Ana Maria Ramalho. O título é "Internet, essa caixinha de ferramentas" e reproduzo abaixo:


Uma das expressões mais desgastadas quando se fala de internet e todos os seus produtos é que trata-se de uma ótima "ferramenta" para o trabalho de todos nós, felizes habitantes do século 21. E como todo clichê desencadeia, em geral, uma seqüência de mediocridades, este tem sido só o começo, acredito, de um grande mal-entendido.
Os meios vituais são mesmo uma grande janela escancarada para o mundo. Ao passear pela infinita highway, há muito deixamos de ver somente a paisagem: passamos a parar, apreciar a vista, e desenfreadamente visitar os incontáveis negócios à beira dessa estrada. Negócios que vão desde o acesso online à Enciclopédia Britannica a uma enganosa compra coletiva de aplicação de botox. Isso significa que quando saímos agora para a vida, para o mundo, saímos com um potencial devastador, podendo quase que estar em todos os lugares ao mesmo tempo (sorry, Deus), e correndo em igual proporção todos os riscos físicos e virtuais dessa mega presença no planeta.
É aí que chegamos às ferramentas, que nada mais são que o conjunto de geringonças eletrônicas que nos faz tão poderosos, que nos permite imprimir presença, ou simplesmente acessar, todos os lugares que quisermos, em tempo real, ao simples toque dos dedos. Cada um tem a sua caixa de ferramentas. Customizada, claro. E faz dela o uso que quiser.
O mal entendido começa quando começamos a acreditar que usar ferramenta garante o resultado. Ou que buscar o acesso é buscar o conhecimento.
O que provê o conhecimento para a sociedade continuam sendo as sagradas instituições de ensino de um País. E nesse quesito, vamos combinar, somos um País arrasado. Gostaria de dizer que isso é uma outra história, mas infelizmente não é. Enquanto nossos governantes não se decidirem a fazer a revolução da educação nesses tempos urgentes e de alta velocidade em que estamos vivendo, cada vez mais as novas gerações estarão usando a tal caixa de ferramentas como aquela macaco de "2001, Uma Odisséia no Espaço", o filme do Kubrick - jogando o osso/ferramenta pro ar - sem saber o que fazer com ela.
Mark Zuckerberg, o jovem bilionário criador e gestor do Facebook, uma das megas ferramentas à sua disposição, é produto, não se esqueçam, de uma seleta turma de estudantes de Harvard, da qual fazia parte um brasileiro que, diga-se de passagem, resolveu estudar fora.
Habitado pelo conhecimento, qualquer um pode usar as ferramentas da caixa sem medo de se machucar. Ou de machucar alguém. Mas sem conhecimento, essa acaba sendo a pior versão da caixinha de surpresa - um outro gasto clichê.


*Sonia Biondo é jornalista, criadora do programa ‘Superbonita’ do canal GNT/Globosat, e colunista da Rádio Sul América Paradiso, com o boletim "Superbeleza". Entre os livros publicados, assina as crônicas de "Mulher Integral" (Ed. Gryphus) e as "600 Dicas Para Você Ficar Superbonita" (Ed. Globo).

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Será que as repórteres da Band não têm noção do que é Jornalismo com J caixa alta?



Agora vai ser uma mancada atrás da outra. Vão resgatar até as antigas. Pesquei no face.

Jornalistas baianos repudiam atitude de repórter da Band


Pesquei no face. Está dando no Portal da Imprensa. Para saber mais, clique aqui.

Entretenimento é uma coisa, Jornalismo é outra

Recomendo a leitura do texto do Fernando Molica publicado hoje no Dia.


Fernando Molica: O craque miúra que não quis brincar

Rio -  Não basta fazer três gols num jogo, é preciso participar do tal quadro de pedir música criado pelo ‘Fantástico’. Herrera — jogador que vai a campo como um miúra disposto a fazer picadinho do toureiro — não quis participar da brincadeira e acabou sendo xingado na Internet por um outro repórter da emissora (o colega, depois, pediu desculpas ao argentino).

A polêmica despertada pelo gesto até banal do jogador — o de se recusar a participar de uma jogada promocional — está ligada a uma questão maior, a confusão entre jornalismo e entretenimento. Faz parte do ritual esportivo que, ao final de um jogo, atletas parem para dar entrevistas, não custa quebrar o galho dos repórteres. O problema é que, de uns tempos para cá, a necessidade de se ampliar a audiência estimulou a criação de artifícios como aquele constrangedor João Sorrisão: muitos jogadores toparam brincar; outros, não. Mesmo fora do esporte proliferam programas que têm um pé no jornalismo e outro no espetáculo. Na prática, aplicam a velha Lei de Gérson para tentar levar vantagem em tudo. Usam um formato jornalístico para compor um roteiro humorístico, baseado na lógica do show. Quem reage às abordagens acaba sendo acusado de ter cometido um atentado contra a liberdade de imprensa.

TVs, rádios e jornais têm o direito de valorizar o espetáculo, de criar elementos que atraiam o público. Ao inventar um novo jeito de apresentar os gols do ‘Fantástico’, o Tadeu Schmidt conseguiu a simpatia de quem não consegue ver graça naquele bando de gente correndo atrás de uma bola. O programa, por sinal, teve jogo de cintura no caso Herrera, a situação foi tratada com bom humor. Mas o episódio deixou claro que há sempre um risco em situações semelhantes — o pedir música não faz parte da cartilha jornalística, está mais no campo do entretenimento. O Herrera, um profissional como qualquer um de nós, pode não querer brincar depois de cumprir uma exaustiva jornada de trabalho. Afinal, a câmera que acaricia é a mesma que apedreja jogadores com a divertidíssima seleção dos inacreditáveis gols perdidos.

No fim das contas, a reação mal-humorada do jogador do Botafogo deixa uma lição. Ninguém está impedido de tentar arrancar de um entrevistado uma declaração que fuja aos padrões jornalísticos, mas é bom estar preparado para um troco imprevisto. É aquela história: quem não sabe brincar não deve descer pro playground.

Formigas acusadas de fumar haxixe na Índia


Meu camarada Maurício Menezes vai adorar ler isso. Vale também o comentário: "Hilário também é o comentário: "E como as formigas carregaram 24 quilos de haxixe sem ninguém perceber?"."

Pesquei no face.

domingo, 20 de maio de 2012

Diário Carioca, um pequeno grande jornal, Ferreira Gullar, na Folha

Deu hoje na Folha de S. Paulo. Estou lendo o livro da Cecília. Ela esteve com meus alunos de Técnica de Reportagem à noite e vai estar na próxima terça com a turma da manhã. Recomendo o livro e a leitura do texto abaixo.


Um pequeno grande jornal
O 'Diário Carioca' introduziu no jornalismo brasileiro a técnica redacional norte-americana do lide e sublide

O "Diário Carioca" (1928-1965) nunca esteve entre os grandes jornais brasileiros mas, ainda assim, marcou época e contribuiu para a modernização de nossa imprensa. É o que está evidente no livro que Cecília Costa acaba de publicar e cujo título diz exatamente isso.

Conforme nos conta, foi por acaso que soube desse jornal, de que mal ouvira falar, já que ninguém o lia em sua casa. Foi atrás, pesquisou, ouviu jornalistas que nele haviam trabalhado e nos deu um livro feito com indiscutível empenho, rico de informações e pleno de lucidez.

O assunto também me diz respeito, muito embora o "DC" nada me deva. Muito pelo contrário, fui eu que muito aprendi no pouco tempo em que ali trabalhei. Lembro esse tempo com muito prazer e saudade, uma vez que nunca pertenci a uma Redação de gente tão bem-humorada quanto aquela. Esse bom humor se refletia nos textos, nos títulos e às vezes na escolha dos assuntos noticiados. O principal responsável por isso era Luiz Paulistano.

Já me referi, aqui mesmo, noutras crônicas, a esse ambiente de camaradagem que nos contaminava a todos. Mas o "DC" não se limitou a isso: implantou no jornalismo brasileiro a técnica redacional norte-americana do lide e do sublide, que veio substituir, em nosso jornalismo, o velho "nariz de cera".

A nova técnica introduzia o leitor de imediato no fato que estava sendo noticiado, já que, em dois parágrafos de quatro linhas cada, saberia o fato que se queria contar, quem era o autor da ação, onde e quando ocorrera e por quê, se fosse o caso.

Mas o livro de Cecília Costa não se limita a nos contar a história do "Diário Carioca". Vai adiante ao nos informar do desdobramento que aquela experiência jornalística conheceu, quando alguns daqueles redatores transferiram-se para o "Jornal do Brasil", em 1958, no momento em que se iniciou a renovação do velho jornal, então transformado num veículo de anúncios classificados. Nem Redação tinha mais, e as notícias eram transcrições do que publicava a agência oficial do governo federal.

A renovação do "Jornal do Brasil" começou, de fato, com o suplemento literário (o "SDJB"), criado por Reynaldo Jardim no ano de 1956. O êxito desse suplemento estimulou a condessa Pereira Carneiro, sua proprietária, a renovar o próprio jornal. Chamou Odylo Costa Filho para fazê-lo.

O acaso, como se sabe, é um fator decisivo na existência dos fatos e das pessoas. E assim foi que, por acaso, fui parar na Redação do "JB", por indicação de Carlos Castelo Branco. É que, àquela altura, já o "DC" atrasava pagamento dos salários, e eu necessitava daquela grana para as despesas da família.

Assim foi que, por acaso, me tornei chefe do copidesque do "JB". Para compô-lo, sugeri a Odylo a contratação de dois redatores: Jânio de Freitas e José Ramos Tinhorão, ambos ex-colegas meus no "DC". A vinda de Jânio -que era meu amigo desde quando trabalhamos na revista "Manchete"- foi decisiva.
Com a colaboração de Amílcar de Castro, começou uma revolução gráfica no "JB". Já falei aqui, mas acho importante repetir: naquela época, as primeiras páginas dos jornais eram ocupadas por matérias que continuavam nas páginas de dentro, quaisquer páginas.

Jânio mudou isso, ocupando a primeira página com resumos das notícias principais, que estariam completas numas mesmas páginas, conforme o assunto. Isso obrigou a escrever as matérias em tamanho definido. Assim nasceu o papel diagramado: cada redator tinha que ater-se a um número exato de linhas.

O jornal ganhou em organização e em clareza. Pode ser que exagere. A verdade, porém, é que os demais jornais pouco a pouco absorveram essas inovações surgidas no "Jornal do Brasil".

Cabe ressaltar que uma parte importante do livro de Cecília são depoimentos que nos mostram, sem mistificação, o que eram os jornais daquela época.

Operação boas maneiras: eu apoio

Deu hoje na Folha. E essa professora não conhece alguns alunos que acham que Laboratório de Internet de faculdade não é lanhouse. E que quando um professor está dando aula num laboratório desses o aluno deve dar bom dia, boa tarde ou boa noite e perguntar se pode usar o computador se quiser consultar algum trabalho.


CRISTINA GRILLO
Boas maneiras

RIO DE JANEIRO - Li outro dia uma reportagem sobre uma professora que vem fazendo sucesso nas altas rodas cariocas dando aulas de boas maneiras para crianças.

No cursinho, ela ensina aos pequenos noções básicas de boa educação. Coisas como não falar alto, não interromper a conversa alheia, dizer "obrigada" e "por favor".

Seria uma boa ideia ampliar a prática para que atingisse boa parte da população da cidade, principalmente aquela ligada ao setor de serviços.

Uma cartilha básica poderia ensinar aos motoristas de táxi, por exemplo, que nem todos os passageiros têm interesse em ouvir, em alto volume no rádio do carro, o último sucesso de um grupo pagodeiro ou um debate em uma rádio popular.

Outro item deveria explicar que, quando o passageiro pede, educadamente, que se diminua o volume do rádio, a resposta correta não é "não posso porque senão não escuto".

Garçons, atendentes e vendedores poderiam receber da tal professora a seguinte lição: não é de bom tom continuar conversando animadamente com o colega de trabalho enquanto o cliente mendiga por um segundo de atenção.

Nem pega bem olhar de cara feia quando ele, timidamente, interrompe o bate-papo com um "por favor, gostaria de..."

A cartilha poderia incluir regrinhas básicas para o cidadão em geral. Coisas simples, como não fingir que está dormindo no banco do metrô quando um idoso entra no vagão, não aproveitar a breve distração do próximo para tentar furar a fila no cinema, não acelerar o carro ameaçadoramente enquanto o pedestre atravessa a rua na faixa...

A lista de pequenas incivilidades de nosso dia a dia é longa, mas não é intransponível. Se as crianças de dez anos podem aprender a ter boas maneiras, com um pouquinho de boa vontade, nós também conseguiremos.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

PC Guimarães fala de blogs no Portal dos Jornalistas



Deu no "Portal dos Jornalistas". A entrevista foi feita pela repórter Mariana Ribeiro. 

16.05.12 - Blogueiro profissional

Paulo Cezar Guimarães, ou simplesmente PC, é o que se pode chamar de blogueiro profissional. Com cinco blogs na rede, cada um deles sobre um tema específico, PC diz que apesar de não ser um nerd sempre foi antenado em lançamentos tecnológicos: “Quando lançaram o DVD, fui logo comprar. A mesma coisa com o celular. Gosto de descobrir quais recursos aquela nova tecnologia pode me oferecer”.
Com blogs, em especial, a história foi um pouco diferente, mas não menos curiosa. “Como professor universitário [da Facha, no Rio de Janeiro], levei meus alunos para acompanhar o fechamento de O Globo, com meu amigoJorge Antônio Barros. Quando terminou a visita, já de madrugada, eu e ele fomos jantar. No caminho, fomos abordados com certa agressividade por policiais em uma blitz. Eu tenho cabelo e barba branca, o Jorge é evangélico e nós nos identificamos. Não havia necessidade de tudo aquilo”, conta. Após o episódio, Jorge comentou que publicaria o acontecido em seu blog. Curioso, PC diz que logo se interessou pela explicação do amigo sobre o que era o tal blog. “Logo depois, o Blog do PC Guima estava na rede”, lembra.
Os demais vieram em consequência do primeiro. “Após um período publicando assuntos variados no Blog do PC Guima, notei que eram muitos os comentários sobre esportes. Então resolvi focar sobre o assunto no blog, mas não queria deixar de lado o conteúdo que postava para meus alunos da faculdade”. Foi assim que no ano seguinte – 2007 – PC estreou seu segundo “filho virtual”, o Blog do Professor PC Guima. Um ano mais tarde, este se desmembrou e deu origem a outro blog, agora específico para crônicas, o Crônicas do PC Guima. O espaço mais recente de PC é o Livros de Jornalismo, em que dá dicas de obras importantes para estudantes, professores e profissionais da área. 
Além de seus blogs independentes, PC escreve sobre o Botafogo para o portal do JB. Também utiliza a ferramenta com seus alunos da Facha. “Dependendo da disciplina que estou ministrando, escolho o enfoque do blog. Já fizemos blogssobre os 100 anos de Noel Rosa, Beatles e Woodstock. Agora estamos fazendo um explorando a revista Realidade”, conta.
Sobre a relação internet e Jornalismo, ele comenta: “A internet valorizou a nossa profissão de todas as maneiras, mas também trouxe muitos aventureiros. Por exemplo, um blogueiro que escreve sobre o Flamengo no JB é advogado – muito competente, por sinal. Quando ele se intitula jornalista, periodista ou cronista, eu rebato dizendo que jornalista sou eu. Ele é um advogado blogueiro”.
PC atribui o sucesso de suas publicações justamente ao olhar diferenciado do jornalista. “O leitor entra no blog pra ver uma brincadeira, comentários sobre coisas que saíram na grande imprensa (que, inclusive, eu replico no meu espaço). Porém, já tive chamada de posts publicados no site do JB”, afirma. E completa, assertivo: “Li muitos livros sobre blogs, inclusive estrangeiros. Manter o blog atualizado é o segredo, senão você perde o leitor”.
“O blog que começou como diversão, tornou-se um meio de trabalho. A única coisa que ainda não consegui com eles foi ganhar dinheiro”, brinca o jornalista, que hoje também faz blogs sob encomenda.
Por: Mariana Ribeiro

quarta-feira, 16 de maio de 2012

"O papel das novas mídias no fortalecimento da liberdade de imprensa", palestra no Globo

Tirando a questão política que envolve a Grande e a Pequena Mídia, vale a pena dar uma espiadinha na matéria abaixo publicada hoje no Globo. Reflitam politicamente e questionem o conteúdo do que o Paolo Mieli falou.


'Em busca da verdade, toda fonte é legítima', afirma Paolo Mieli
Por O Globo (internacio@oglobo.com.br) | Agência O Globo – 18 horas atrás

RIO - Ninguém deve ser evitado ou descartado como fonte de informação. Esta é a resposta do jornalista italiano Paolo Mieli, de 63 anos, especialista em estudos sobre liberdade de imprensa, ao recente debate no Brasil sobre a legitimidade do contato entre repórteres e fontes. A polêmica ganhou fôlego depois que gravações da Polícia Federal mostraram telefonemas entre o bicheiro Carlinhos Cachoeira e um repórter da revista "Veja". Convidado pelo GLOBO para debater "O papel das novas mídias no fortalecimento da liberdade de imprensa", Mieli é categórico ao defender que, na busca pela verdade, não cabe ao jornalista discriminar fontes e que esse contato é legítimo, desde que a imprensa não passe a servir aos interesses destes contatos.

Numa palestra concedida em italiano, com tradução simultânea e mediação dos colunistas Ancelmo Gois e Flávia Oliveira, Mieli - que já dirigiu o "Corriere della Sera" e o "La Stampa" e atualmente é presidente da editora RCS Libri SpA - tratou do impacto da chegada de novas mídias em eventos como os levantes populares que derrubaram ditadores na Primavera Árabe. O jornalista italiano lembra que, apesar de seu perfil imbatível na rápida disseminação de informações, como a convocação para protestos por meio das redes sociais, estas mídias ainda não se mostraram capazes de refletir sobre esses eventos ou de apontar direções para países que ainda tentam encontrar seu caminho para a democracia.

No Brasil a convite do Instituto Italiano de Cultura do Rio de Janeiro em colaboração com a Associação Cultural Anita Garibaldi, Mieli ressalta que o mar de informações disponíveis para o leitor não exime a imprensa tradicional de seu papel de hierarquizar as notícias e simplificar mensagens. Ao contrário, o excesso de informação disponível só reforça a necessidade de selecionar os fatos que, realmente, interferem na vida do leitor.

Ainda assim, Mieli reconhece que a mudança de hábito do consumidor é irrevogável. Mas, se na Europa o público jovem troca jornais pela busca de conteúdo em tablets, no Brasil ele acredita que a mídia impressa ainda conta com a ajuda do aumento do poder de compra da população, capaz de impulsionar o número de leitores. Com um futuro ainda incerto, para Mieli, o jornal impresso se tornará, no futuro, um símbolo de status, a partir do qual se adquire a visão definitiva de um determinado evento.

A RELAÇÃO COM AS FONTES

"Vou dizer de forma clara: qualquer fonte é legítima. Um jornalista não deve se impor obstáculos na busca por informação, como discriminar se alguém é um mafioso, criminoso ou nazista. Obviamente, isso é válido desde que receba da fonte uma notícia, algo que ontem não se conhecia e hoje você passa a conhecer. É óbvio, também, que a fonte dirá o que convém a ela. Nosso trabalho é encontrar algo a mais. Uma passagem para a verdade se consegue com pequenos detalhes, que, em alguns casos, podem ser obtidos com uma fonte considerada condenável. O problema é quando o jornalista se coloca a serviço de um contato criminoso. O ofício trata de construir a verdade. Ninguém deve ser evitado como fonte. Se você está procurando fatos, deve falar com o mafioso mesmo que a lei o obrigue a denunciá-lo. Nesse caso, você deve violar a lei e pagar as consequências, ainda que isso signifique ser preso."

IMPRENSA INDEPENDENTE

"A partir da década de 70, se consolida um modelo de jornalismo que atinge os interesses constituídos na política e na economia. É nessa fase que ocorre a explosão de casos de corrupção, coberturas como a luta pela Presidência dos EUA, os escândalos sexuais como o de Bill Clinton e Monica Lewinsky, e as relações de Silvio Berlusconi e suas moças.

Os poderes políticos reagem pedindo restrições das leis de liberdade de imprensa. Pedem a imposição de limites, mas com a disseminação da internet, isso faz com que as leis que poderiam limitar a publicação de dados no impresso funcionem como uma barragem para o oceano.
Uma informação livre tem de ser economicamente autossuficiente. Enquanto não houver meios de pagar os jornalistas, não podemos enfrentar sozinhos os gigantes da economia; enquanto não houver forma de enriquecimento na internet, ela pode funcionar como uma armadilha. Temos as ferramentas, a força, as condições de batalhar contra a censura. Mas há o risco de nos condicionarmos pela falta de meios."

JORNALISMO TRADICIONAL

"Os aspectos mais importante no jornalismo tradicional são a hierarquização das notícias e a simplificação da mensagem - a ideia de que ontem as coisas realmente importantes foram tais e tais. Caso contrário, corre-se o risco de passar uma enxurrada de dados, como se houvesse um ouvinte colado ao rádio o dia inteiro. A internet é um meio de informações fragmentadas. Na Europa, muitos ainda assistem ao jornal da TV. É de se estranhar, afinal quem tem gratuitamente informações no computador não precisaria, em tese, assistir. Mas você quer ser um cidadão do seu mundo. E isso se traduz com a definição das coisas mais importantes na avaliação de uma comunidade paga para fazer essa seleção. Se você tentar não ler ou assistir ao jornal, verá que após uma semana não estará entendendo mais nada. Sem a hierarquização da notícia, você se perde. E com um mar de dados é muito fácil esconder informações."

O PAPEL DAS NOVAS MÍDIAS

"As novas mídias têm uma função formidável no que diz respeito à difusão, à velocidade da notícia. Hoje é possível saber em tempo real o que nos interessa nos campos econômico e até revolucionário, no caso dos países da Primavera Árabe. Mas as novas mídias não têm a forte personalidade que há no jornal impresso e na TV. Conseguem fazer explodir uma questão, mas não regem o comportamento de longo prazo, de longa duração. No festejo da revolução árabe, as novas mídias foram insignificantes ou nulas quando se fala em sugerir a construção do que viria depois. No Egito, elas são importantes, mas propõem sempre o mesmo modelo: convocar as pessoas à Praça Tahrir. São muito eficazes pela rapidez, pela técnica peculiar vista principalmente no mundo do Twitter. Mas são nulas a partir do momento em que você precisa parar para refletir."

REPERCUSSÃO GLOBALIZADA

"A sugestão que dou para os jornais brasileiros é buscar a repercussão internacional. Silvio Berlusconi ainda é um homem poderoso. Mas na batalha pela verdade, ele teve de trabalhar muito porque havia uma opinião pública internacional que contava o que na Itália não aparecia na imprensa. Um artigo sobre um tema local no "New York Times", no "GLOBO", no "Le Monde", no "Corriere della Sera" tem um impacto importante."

MUDANÇA DE HÁBITOS

"No início, pensávamos em atrasar o casamento com a internet, mas percebemos que não funcionaria. O que acontece na Europa é irreversível. Os garotos pulam do papel para a internet. Os jovens - e não digo os de 15 anos, mas os de 25 ou 30 anos - ligam o tablet para ver as notícias do dia. Vocês têm uma oportunidade a mais com a grande quantidade de pessoas que passam a contar com meios para comprar jornal todos os dias. Vocês (os diários brasileiros) terão um tempo a mais antes de enfrentar o problema que vivemos."

O FUTURO DO IMPRESSO

"Penso que a situação é difícil para o jornalismo impresso. Durante séculos, o teatro foi a maneira de se expressar, da Grécia antiga até o fim do século XIX. Depois vieram o cinema e a TV. O teatro não morreu, mas não é o mesmo do passado. Ainda hoje, muitos diretores e atores encontram sua consagração passando pelo teatro. Na imprensa pode acontecer algo similar. O papel impresso será algo mais elitista, com menos cópias, mas se um autor quiser contar a fundo a realidade, ele passará pelo impresso. Será onde se adquire a visão definitiva de um evento.

No futuro, as elites vão ler jornal. Uma parte da população encontrará seu status nisso. A leitura do jornal, quando alguém se senta no bar e com tempo curte a informação, é um ritual. Abrir um jornal significa dedicar um tempo à informação. É como os livros que hoje podem ser lidos em tablets. Mas tenho a convicção de que os livros no formato tradicional ainda deverão durar uns 250 anos."

Abaixo a reprodução da página impressa.

Somente para ilustrar o post.
Não é preciso consultar o oftal.
Não dá par ler mesmo

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Essa é pra botar no currículo! E no Blog do Professor PC também

Caraca! Só hoje fui saber. Meu querido amigo, ex-aluno e tremendo escritor Marcos Eduardo Neves, autor do livro "Nunca houve um homem como Heleno", me botou no meio das feras homenageadas nos créditos do livro que está fazendo o maior sucesso.

Não mereço tanto. O que seria de mim se não fossem meus amigos e meus queridos alunos e ex-alunos. Tipo de homenagem pra botar no currículo. Valeu, Marcos! Você é o cara.



Quem lê tanta notícia?: mata o véio


Mata-me de rir. Pesquei no facebook.

Cantinho do Mobral: esfoleando jornais e assassinando a gramática


Assim esse jornaleiro mineiro me mata. Direto do face do meu camarada, ex-aluno e professor da FACHA, Frederico Caldas.

domingo, 13 de maio de 2012

Jornal britânico subverte regras de edição

Interessantíssimo este artigo de Álvaro Pereira Júnior, publicado na Folha de sábado. Leia abaixo e depois clique aqui.

O furacão azul da web

Se o "Mail Online" subverte todas as regras de edição, por que tem uma audiência tão espetacular?


"BABÁ PODE pegar 30 anos de cadeia depois de atacar sexualmente uma menina de cinco anos na casa dos pais dela e transmitir tudo AO VIVO, pelo Skype, para pedófilos."

Atenção, o parágrafo acima não é um trecho extraído de um texto maior. É uma manchete! Isso, manchete, aquilo que, em tese, deveria ser direto, sintético, ter verbo no presente e catar o leitor pelo colarinho.

A manchete escabrosa -na forma e no conteúdo- saiu nesta semana no site do "Daily Mail", jornal britânico "caretaço", a voz da classe média conservadora do Reino Unido.

Um diário tão "coxinha" que foi satirizado por Morrissey, dos Smiths, na letra de "The Queen is Dead", uma crítica à monarquia ("Charles, você nunca teve vontade / de aparecer na capa do 'Daily Mail' / vestido com o véu de noiva da sua mãe?").

Mas se o jornal é tão bege, por que deu, na internet, uma manchete barra-pesada como a do início deste texto? E por que o "Mail Online" é assunto desta coluna?

Porque o "Daily Mail" deixou de lado o ranço e a opacidade que tem no papel e se transformou em um fenômeno da internet. É, desde fevereiro passado, o site de jornal mais lido da língua inglesa. Deixou para trás um parâmetro de qualidade jornalística, o site do "New York Times".

A fórmula desse sucesso é totalmente inusitada.

1) Mandou para o quinto dos infernos regras básicas de diagramação e edição. A home page é uma zona, cheia de títulos compridos, quase sempre em azul, e praticamente sem hierarquia de assuntos.
2) O "Mail Online", da internet, não tem quase nada a ver com o "Daily Mail" impresso. É feito por outra equipe, com outro editor-chefe e outra pegada.

Se o "Daily Mail" das bancas fala de política, tem um viés xenófobo e cobre celebridades com certa discrição, o "Mail Online" está pouco se lixando para política e dedica um espaço enorme às fofocas -uma longa coluna, fixa, à direita de quem olha para a home page.

Também capricha nas reportagens policiais e de comportamento, além de muitas notas bizarras. É divertido, leve. Seus textos, tantos deles irresistíveis, são reproduzidos no mundo inteiro, nem sempre com o devido crédito.

Também sabe surpreender: pesquisando para esta coluna, encontrei uma longa reportagem, muito bem escrita e apurada, sobre a herança de Malcolm McLaren, o criador do punk inglês. Poucas horas antes de morrer de um câncer muito raro, McLaren assinou um documento em que deixava seu único filho fora da partilha de bens.

O filho, multimilionário empresário de moda, nem precisaria do dinheiro. Mas McLaren fez questão dessa última crueldade. Aprendi no "Mail Online". Mas desculpe pela digressão. Falávamos do sucesso do "Mail" na web.

O caos da "home" é o que mais chama a atenção. Primeiro, porque ela é imensa. Você vai descendo o cursor, descendo... E não acaba nunca.

Segundo, porque não tem hierarquia, ou, se tem, segue regras indecifráveis. Começa com uma manchete, depois assuntos embaralhados, depois outra manchete, em seguida mais assuntos misturados, aí outra manchete, outro "mélange" de editorias, e assim vai.

É básico no jornalismo: editar é hierarquizar. Diante de uma gama de assuntos e reportagens, e de uma página em branco, cabe ao editor decidir qual o principal assunto, qual foto merece o maior espaço, se essa foto estará ligada ou não à reportagem mais importante, e quais os temas menos relevantes/impactantes a serem publicados em tamanho menor, ou mais abaixo na página.

Isso vale para veículos impressos e on-line (em TV e rádio também, mas com uma lógica um pouco diferente). A home page do "New York Times", por exemplo, é uma aula de clareza e hierarquização, facilitando a vida do leitor.

Mas, se o "Mail Online" subverte tudo isso, por que tem uma audiência tão espetacular? O editor-chefe, Martin Clarke, fiel à tradição dos tabloides ingleses de fazer jornalismo com o fígado, não com o cérebro, disparou à revista "New Yorker": "Nosso site quebra todas as regras dessa tal usabilidade porque somos 'user-friendly' para pessoas normais, não para fanáticos de internet".

Diante de tanta audiência, não há como negar-lhe razão. O "Mail Online" pintou a internet de azul.

Para não prejudicar os leitores, jornalistas não podem errar. Mesmo nas coisas "pequenas"

Deu hoje na coluna da Suzana Singer, ombudsman da Folha.


O diabo mora nos detalhes

Eles não estão nas primeiras páginas nem ocupam muito espaço, mas podem provocar grandes dores de cabeça. São os "pequenos" erros, que atrapalham bastante a vida de quem usa o jornal no dia a dia.

No sábado retrasado, o caderno "Mercado" tentou ajudar o leitor a comparar investimentos, levando em conta as mudanças na poupança. Um quadro simulava diferentes aplicações para R$ 100 mil, considerando a taxa de juros atual e uma possível queda da Selic, além do impacto do Imposto de Renda.

Uma revisão atenta notaria que a nova poupança, considerando a Selic a 9%, não poderia render R$ 500 e a mesma aplicação, a 8,5%, R$ 516. Com uma calculadora, o planejador financeiro pessoal Alvaro Dias, 42, encontrou outros 13 erros. A tabela teve que ser publicada de novo na terça-feira passada.

Só contando nos dedos, o jornalista aposentado Vicente Pettinati Netto, 77, descobriu que faltava um número no resultado da Lotofácil no mês passado. "Não raro as correções são de coisas sem importância, e erros mais sérios passam em branco. Imagine se alguém deixar de receber um prêmio por culpa do jornal?", criticou.

O blogueiro Sérgio Beni Luftglas, 45, não perdeu uma fortuna, mas uns tantos reais -e tempo- por causa da Folha. No domingo, 15 de abril, saiu de casa depois de consultar a "revista sãopaulo" para assistir a "Guerra é Guerra", no Shopping Pátio Higienópolis (região central de SP). Parou no estacionamento, tomou um café e... descobriu que o filme não estava mais em cartaz. "Quando voltei para casa, fui olhar no guia do 'Estadão' e lá estava certo", reclamou Luftglas.

Os erros em serviços parecem tão insignificantes que muitos relutam em apontá-los. O funcionário público aposentado Camilo Marcantonio, 71, de Monte Alto (interior de SP), ficou na dúvida sobre escrever para o ombudsman, porque, "diante de tantos erros que a Folha comete, o que aponto é nada".

Marcantonio tinha se esquecido de reajustar o salário de sua empregada doméstica. Na seção Faça suas Contas, de "Mercado", viu que o salário mínimo em São Paulo era de R$ 690 em março. "Não tive dúvida.

Pedi desculpas pela falha e paguei-lhe a diferença", conta. No dia seguinte, voltou a "Mercado" e encontrou um novo valor (R$ 622). Mais uns dias e... o salário mínimo tinha voltado a R$ 690. Graças a ele, descobriu-se que a tabela já tinha saído com erro quatro vezes. "Se corrigiu, já está bom", conforma-se.

O jornal é que não pode se acomodar. Se não há checadores, poderia ser criado algum tipo de conferência por amostragem, voltada para a parte de serviço (indicadores econômicos, roteiros de lazer, quadro de fusos horários etc).

Aos leitores, peço que não desistam de alertar a Redação: pode ser no ombudsman@uol.com.br ou clicando no ícone "comunicar erro", que aparece no alto de todos os textos daFolha.com.

É obrigatório, na Folha, retificar qualquer incorreção. Não importa se foi manchete ou se estava em letras miúdas perdida no meio de uma tabela. Afinal, o diabo mora nos detalhes.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

É nisso que dá tentar fraudar tese de mestrado!

Deu hoje na Folha.

Parte da ilustração da versão impressa


Acusação faz cientista refazer mestrado
Empresa afirma que imagens usadas em dissertação são fraudulentas; aluno alterou trabalho quatro anos depois
Imagens teriam sido feitas em uma cozinha; para universidade, uso das fotos era apenas ilustrativo no trabalho
REINALDO JOSÉ LOPES
EDITOR DE “CIÊNCIA+SAÚDE”


Uma acusação de fraude envolvendo uma dissertação de mestrado defendida em 2008 e um artigo científico publicado no ano passado, ambos de pesquisadores da UFPR (Universidade Federal do Paraná), levou a um desfecho inusitado: o mestrado foi alterado quatro anos após a defesa e republicado.
A reportagem da Folha tomou conhecimento do caso pelo Folhaleaks, canal criado pelo jornal para receber informações e documentos.

"Em 30 anos de vida acadêmica, eu nunca tinha visto isso", reconhece o pró-reitor de pesquisa e pós-graduação da UFPR, Sergio Scheer.

Em geral, uma vez que um trabalho de mestrado ou doutorado é aprovado por uma banca de examinadores, o aluno tem, no máximo, algumas semanas para fazer correções finais antes de o trabalho ser "eternizado" na biblioteca da universidade.

Para a UFPR, que concluiu investigação sobre o caso no mês passado, houve apenas uso indevido de imagens. As imagens infravermelhas teriam sido publicadas sem autorização da empresa curitibana Thermotronics.

O dono da empresa, no entanto, afirma que as imagens são fraudulentas, já que servem de base para descrever experimentos que não teriam ocorrido da maneira como afirmam os cientistas.

RATOS NA BERLINDA

O mestrado do médico Angelo Manoel Grande Carstens envolveu a visualização, via infravermelho, do efeito de dois anestésicos, a bupivacaína e a levobupivacaína, nos vasos sanguíneos de ratos.
No ano passado, os resultados dessa mesma pesquisa saíram também na "Revista Brasileira de Anestesiologia".

"É possível conseguir informações fantásticas sobre o metabolismo usando essas imagens de infravermelho", diz o engenheiro Mário Cimbalista Junior, dono da Thermotronics que denunciou a suposta fraude à UFPR.
Segundo Cimbalista Junior, ele tinha sido sócio de um dos orientadores de Carstens, o médico Marcos Leal Brioschi. Ele afirma que costumava ceder as dependências da empresa para experimentos.

"Resolvi procurar na internet referências à Thermotronics em artigos científicos e me deparei com o estudo. Fiquei chocado", conta.

Enquanto o trabalho declara que os experimentos ocorreram num laboratório da UFPR em 2007, Cimbalista Junior diz que foram feitos em 2004, na cozinha de sua empresa.

Os pesquisadores também teriam errado no número de ratos filmados no estudo, no número de roedores mortos no experimento e nas informações sobre os aparelhos utilizados. "Tudo isso compromete os resultados."

INVESTIGAÇÃO

A universidade criou uma comissão para investigar o caso, a qual concluiu que as imagens, nas quais o empresário baseou sua denúncia, foram usadas de forma meramente ilustrativa.

"Faltou dizer isso na dissertação original. A gente sempre diz aos alunos que é preciso deixar clara a fonte de tudo o que se usa num trabalho", afirma o pró-reitor.

Segundo ele, o estudo usou como base outro aparelho, que não fazia o mesmo tipo de imagem. Os resultados, portanto, ainda valeriam.

O editor-chefe da "Revista Brasileira de Anestesiologia", Mário Conceição, afirmou à Folha que a equipe da publicação ficou "preocupada" com as denúncias.

No entanto, diz ele, "os conceitos e resultados apresentados foram de responsabilidade dos autores."
Folha apurou que Cimbalista Junior está processando Brioschi. Nenhum dos dois quis comentar a ação judicial.

OUTRO LADO
Pesquisador não respondeu a pedido de entrevista
DO EDITOR DE “CIÊNCIA+SAÚDE”

Por meio de sua advogada, Eloisa Pontes Tavares, o médico Marcos Leal Brioschi, um dos orientadores da dissertação de mestrado e do artigo colocados sob suspeita, disse que preferia não se pronunciar sobre o conteúdo da denúncia, declarando que "a posição oficial da UFPR reflete a realidade dos fatos".
Para a universidade, o problema dos trabalhos foi apenas no uso não autorizado de imagens infravermelhas.
A reportagem da Folha procurou por telefone e por e-mail o anestesiologista Angelo Manoel Grande Carstens, autor do mestrado, e deixou recado no hospital onde ele trabalha e em sua casa, mas o médico não respondeu as mensagens. (RJL)


domingo, 6 de maio de 2012

História do Jornalismo: Estadão lança acervo na internet

Deu hoje no site do Estadão. Belíssima fonte de pesquisa para estudantes. Recomendo.


06.maio.2012 07:00:04

Estadão lança acervo na internet no dia 23

Da abolição da escravidão à promulgação da Constituição, do voo de Santos Dumont à chegada do homem à Lua, da Proclamação da República à redemocratização, do nascimento do futebol à conquista do pentacampeonato, do conflito de Canudos a duas guerras mundiais, não há assunto relevante que não tenha sido noticiado nas páginas do Estadão ao longo de seus 137 anos de história.
Mais de 2 milhões de páginas publicadas pelo jornal desde a sua fundação, em 4 de janeiro de 1875, estarão na íntegra à disposição para consultas na internet a partir do próximo dia 23. Com alguns cliques no computador, tablet ou celular será possível mergulhar na história do Brasil e do mundo.
Mais do que uma poderosa ferramenta de busca de informações, o Acervo Estadão proporcionará uma experiência inédita em termos de disseminação de conhecimento. Convênios com bibliotecas e instituições de ensino do País garantirão acesso pleno a pesquisadores e estudantes.  Ao entregar esse valioso acervo aos leitores, o Estado reafirma seu compromisso com a disseminação do conhecimento por meio do jornalismo independente e de qualidade.
História. A digitalização dará destaque à censura sofrida pelo Estado em vários períodos, especialmente após a edição do Ato Institucional n.º 5 (AI-5) em 13 de dezembro de 1968. As páginas censuradas durante a ditadura militar e nunca publicadas estarão disponíveis tal qual foram planejadas. O leitor poderá ver como o jornal desafiou a censura publicando versos de Camões nos espaços deixados pelas reportagens barradas.
A digitalização dá sequência a um histórico de inovações tecnológicas que sempre marcou a trajetória do Estado. Uma das primeiras foi a contratação da agência de notícias Havas, atual France Presse, pelo jornalista Julio Mesquita, o patriarca da família proprietária da empresa.
O acervo torna possível a consulta dos relatos enviados pelo escritor Euclides da Cunha sobre a Guerra de Canudos, ainda nos primeiros anos da República, no interior da Bahia. O trabalho deu origem ao clássico da literatura brasileira Os Sertões.
Um conversor de valores vai auxiliar o internauta a calcular preços de produtos anunciados em diferentes épocas.
Digitalização. Até recentemente, o trabalho dos pesquisadores interessados em consultar jornais antigos exigia tempo e disposição para folhear originais de papel, em volumosas coleções encadernadas guardadas em bibliotecas. Havia ainda a dificuldades de reprodução e organização, barreiras agora superadas com a possibilidade de fazer buscas pela internet nos arquivos digitalizados.
Perfiladas, as páginas do acervo do Estado cobririam 1.440 km, distância entre São Paulo e Vitória da Conquista (BA). Encadernados, os volumes ocupam 230 metros, altura de um prédio de 76 andares.
Siga o Arquivo Estadão: twitter@estadaoarquivo | facebook/arquivoestadao | Instagram