sexta-feira, 25 de maio de 2012

Uma caixinha de ferramentas chamada internet

Sempre defendi a tese de que computadores e internet são apenas "caixinhas de ferramentas". Por isso, curti ao ler há pouco no facebook um texto da minha querida ex-companheira de Segundo Caderno de O Globo, Sonia Biondo, publicado no site de outra colega, Ana Maria Ramalho. O título é "Internet, essa caixinha de ferramentas" e reproduzo abaixo:


Uma das expressões mais desgastadas quando se fala de internet e todos os seus produtos é que trata-se de uma ótima "ferramenta" para o trabalho de todos nós, felizes habitantes do século 21. E como todo clichê desencadeia, em geral, uma seqüência de mediocridades, este tem sido só o começo, acredito, de um grande mal-entendido.
Os meios vituais são mesmo uma grande janela escancarada para o mundo. Ao passear pela infinita highway, há muito deixamos de ver somente a paisagem: passamos a parar, apreciar a vista, e desenfreadamente visitar os incontáveis negócios à beira dessa estrada. Negócios que vão desde o acesso online à Enciclopédia Britannica a uma enganosa compra coletiva de aplicação de botox. Isso significa que quando saímos agora para a vida, para o mundo, saímos com um potencial devastador, podendo quase que estar em todos os lugares ao mesmo tempo (sorry, Deus), e correndo em igual proporção todos os riscos físicos e virtuais dessa mega presença no planeta.
É aí que chegamos às ferramentas, que nada mais são que o conjunto de geringonças eletrônicas que nos faz tão poderosos, que nos permite imprimir presença, ou simplesmente acessar, todos os lugares que quisermos, em tempo real, ao simples toque dos dedos. Cada um tem a sua caixa de ferramentas. Customizada, claro. E faz dela o uso que quiser.
O mal entendido começa quando começamos a acreditar que usar ferramenta garante o resultado. Ou que buscar o acesso é buscar o conhecimento.
O que provê o conhecimento para a sociedade continuam sendo as sagradas instituições de ensino de um País. E nesse quesito, vamos combinar, somos um País arrasado. Gostaria de dizer que isso é uma outra história, mas infelizmente não é. Enquanto nossos governantes não se decidirem a fazer a revolução da educação nesses tempos urgentes e de alta velocidade em que estamos vivendo, cada vez mais as novas gerações estarão usando a tal caixa de ferramentas como aquela macaco de "2001, Uma Odisséia no Espaço", o filme do Kubrick - jogando o osso/ferramenta pro ar - sem saber o que fazer com ela.
Mark Zuckerberg, o jovem bilionário criador e gestor do Facebook, uma das megas ferramentas à sua disposição, é produto, não se esqueçam, de uma seleta turma de estudantes de Harvard, da qual fazia parte um brasileiro que, diga-se de passagem, resolveu estudar fora.
Habitado pelo conhecimento, qualquer um pode usar as ferramentas da caixa sem medo de se machucar. Ou de machucar alguém. Mas sem conhecimento, essa acaba sendo a pior versão da caixinha de surpresa - um outro gasto clichê.


*Sonia Biondo é jornalista, criadora do programa ‘Superbonita’ do canal GNT/Globosat, e colunista da Rádio Sul América Paradiso, com o boletim "Superbeleza". Entre os livros publicados, assina as crônicas de "Mulher Integral" (Ed. Gryphus) e as "600 Dicas Para Você Ficar Superbonita" (Ed. Globo).

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