domingo, 24 de junho de 2012

Saiba o que é "paywall" ou muro de pagamento poroso

Também deu hoje na Folha. Boa reflexão. Como sou assinante, não vai me afetar. (Ver post acima)


Jornais correm para cobrar na internet, afirma analista
Para Ken Doctor, cobrança por conteúdo permite manter publicidade e crescer
Eugênio Bucci diz que é 'fundamental' para os jornais que a receita venha do usuário e não apenas da publicidade
DE SÃO PAULO


Na última quinta-feira, a Folha passou a cobrar pelo acesso frequente a seu site, no modelo conhecido como "paywall" ou muro de pagamento poroso. Permite agora a leitura gratuita de 40 textos por mês; a partir daí, é restrita aos assinantes.

Segundo o consultor Ken Doctor, do Nieman Journalism Lab, da Universidade Harvard, 800 jornais americanos e europeus "ou já têm 'paywall' ou planejam ter até o início do ano que vem", em rápida adoção que ele qualifica como "fenômeno".

O movimento foi acelerado pelo êxito do modelo poroso adotado há um ano pelo "New York Times". Doctor diz que o sucesso do jornal e de outros que o acompanharam pode ser medido não só pela nova receita, mas por ter mantido os acessos.

"Dois, três anos atrás, o maior temor era que o 'paywall' cortasse o crescimento digital, com perda de audiência e publicidade", diz. "O que aprendemos no processo é que, especialmente com o sistema poroso, em que a maioria das pessoas nunca atinge o limite, nunca fica nem sabendo que existe 'paywall', você pode manter seu negócio de publicidade no lugar e crescendo."

Doctor observa que o "paywall" poroso "é na verdade o modelo do 'Financial Times'". Adotado cinco anos atrás, ele é descrito por Rob Grimshaw, diretor executivo do FT.com, como "definitivamente um sucesso" para o jornal londrino, que acumulou 285 mil assinantes digitais e segue crescendo.

"Não estamos longe da circulação impressa, no momento de 320 mil exemplares", diz Grimshaw, adiantando que a projeção é passar à frente "em algum momento dos próximos 12 meses".

Antes disso, até o fim do ano as "receitas com conteúdo", somando circulação digital e impressa, devem ultrapassar as receitas com publicidade, também somando digital e impressa.

"Se você olhar onde estávamos há dez anos, quando 80% das receitas vinham da publicidade impressa, nós transformamos todo o negócio", afirma.

Para Caio Túlio Costa, executivo de comunicação e consultor para assuntos digitais da Associação Nacional de Jornais (ANJ), o sistema "funcionou bem, começou muito bem", até porque o jornal "já tem experiência grande com o UOL", empresa controlada pelo Grupo Folha.

Ele observa que, "neste momento em que se busca rentabilizar a internet, a Folha optou por uma tendência seguida no mundo inteiro".

Eugênio Bucci, professor da USP e diretor do curso de pós-graduação em jornalismo da ESPM, comenta que a adoção de "pagamento do trabalho jornalístico pelo cidadão" tem impacto nos campos econômico e institucional.

"É fundamental para a independência editorial das empresas que a receita venha do usuário e não só da publicidade", diz. "No conjunto, a instituição da imprensa sempre combinou os dois."

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