sábado, 14 de julho de 2012

Imitar a internet é suicídio para os jornais, diz Janio de Freitas

Deu hoje na Folha.


Em homenagem, colunista defende a reinvenção de jornais
Janio de Freitas diz que impressos devem buscar soluções próprias para enfrentar a concorrência com a internet
Para ele, situação atual lembra os anos 50 e 60, quando havia temor do fim dos jornais com a chegada da TV
Jorge Araújo/Folhapress
O jornalista Janio de Freitas durante homenagem recebida em congresso em São Paulo
O jornalista Janio de Freitas durante homenagem recebida em congresso em São Paulo

DE SÃO PAULO
O jornalista Janio de Freitas, 80, colunista da Folha, foi homenageado ontem no 7º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo.

A sessão solene também foi dedicada a Tim Lopes, da TV Globo, morto há dez anos durante reportagem.
No evento, Freitas afirmou que os jornais devem se preocupar menos com a internet e centrar esforços em soluções próprias para reinventar o impresso e enfrentar a concorrência da rede.

"A internet procura imitar os jornais, e os jornais estão tentando imitar a internet", afirmou. O resultado, diz, é que os jornais estão perdendo a identidade. "Para os jornais, isso é um suicídio."

Freitas esteve à frente das reformas do "Diário Carioca" e do "Jornal do Brasil", que revolucionaram a imprensa brasileira com mudanças no conteúdo e na forma da informação levada ao leitor.

Ele observou que nos anos 50 e 60 os jornais sofreram a concorrência feroz da televisão, veículo recém-nascido no Brasil.

"Havia, como hoje com a internet, a percepção de que os jornais não sobreviveriam", lembrou o colunista.
E não morreram, na sua visão, porque se reinventaram com linguagem própria.

"Que os jornalistas voltem sua criatividade para encontrar o jornal do seu tempo", afirmou o colunista.

Freitas é crítico do jornalismo na internet. Segundo ele, a rede não criará leitores para o jornal impresso e atua pouco em investigações.

Ele lembrou o Wikileaks, que reuniu informações sigilosas sobre governos. Mas para divulgá-las, entregou o material a profissionais de jornais impressos.

Matinas Suzuki Jr., diretor da Companhia das Letras e ex-jornalista da Folha, disse no evento que sua geração deve muito do aprendizado a Freitas. "Janio se tornou um grande herói para a gente."

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