Para vocês terem uma ideia de como está bom esse livro sobre o JB do Alfredo Herkenhoff (ver post abaixo com a capa do livro), que será lançado na próxima terça-feira (31 de agosto), no restaurante Nova Capela, na Rua Mem de Sá, no Rio, eis um dos capítulos contando uma história envolvendo um dos mais talentosos e queridos repórteres do JB, Bartolomeu Brito, o Bartô:
"Um jovem de 1m55 era contínuo do jornal À Noite em 1967. Passou a apurador da Gazeta de Notícias, Diário de Notícias e foi parar na Luta Democrática de Tenório Cavalcanti. Dois anos depois, o faro jornalístico e a coleção de furos o levariam ao Jornal do Brasil. Foi lá que o homem agigantou-se. Um dos episódios mais marcantes da carreira do novato foi a conversa telefônica que manteve com um dos sequestradores do embaixador americano Charles Burke Elbrick ocorrido no período mais macabro da ditadura militar. Tendo à frente do grupo o seu colega de jornal, Fernando Gabeira, o sequestro bem-sucedido, que permitiu a libertação de presos políticos, reservou uma participação ativa para Bartô. O baixinho, após falar com o negociador (o próprio Gabeira) sem identificá-lo foi a um bar em Santa Teresa buscar a carta onde estariam os nomes dos jovens combatentes que deveriam ser trocados pelo diplomata. Tudo certo? Tudo errado. O distraído Gabeira colocou a lista de nomes sobre a descarga do banheiro do boteco. Mais de dois metros de altura acima do vaso. Como fez Bartô para alcançá-la? Recorreu a um homem que estava no balcão. Mais tarde descobriria que o tal homem era um agente do Dops que investigava o sequestro. Para despistar, Bartô disse ao agente que a carta era de sua namorada que ameaçava cometer suicídio. O investigador engoliu.
Bartô passou 23 anos no JB. Descobriu o corpo de um alemão morto pelos caçadores de nazistas israelenses, deu sozinho a morte de 19 militares em uma explosão de quartel em Paracambi, atacou o jogo do bicho e transformou-se em um empírico estudioso da violência urbana. Acolhido pelo jornal O Dia depois de mais de 30 anos de profissão, Bartô sofreu um AVC e teve que se deparar com a cara dura da realidade que assiste ao jornalista comum, aquele que brilhou nas páginas, mas não ganhou o suficiente para acumular riqueza. Ajudado pelos fiéis amigos, aguarda em casa a recuperação. Mas avisa que vai voltar. Não há jornalista vivo no Brasil que desconheça a figura altiva de Bartolomeu Brito".
2 comentários:
Ainda não consegui digerir direito o fim do JB impresso. Tudo bem que o Grande JB já havia morrido, mas a falta carnal, assim assada, estraga com a minha esperança...
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Ah!, claro que comprarei o livro!
Nem eu, Marcelo. Lamentável. Também comprarei o livro.
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