quarta-feira, 25 de agosto de 2010

As memórias do JB no livro de Alfredo Herkenhoff. Um trecho em primeira mão aqui no Blog


Para vocês terem uma ideia de como está bom esse livro sobre o JB do Alfredo Herkenhoff (ver post abaixo com a capa do livro), que será lançado na próxima terça-feira (31 de agosto), no restaurante Nova Capela, na Rua Mem de Sá, no Rio, eis um dos capítulos contando uma história envolvendo um dos mais talentosos e queridos repórteres do JB, Bartolomeu Brito, o Bartô:


"Um jovem de 1m55 era contínuo do jornal À Noite em 1967. Passou a apurador da Gazeta de Notícias, Diário de Notícias e foi parar na Luta Democrática de Tenório Cavalcanti. Dois anos depois, o faro jornalístico e a coleção de furos o levariam ao Jornal do Brasil. Foi lá que o homem agigantou-se. Um dos episódios mais marcantes da carreira do novato foi a conversa telefônica que manteve com um dos sequestradores do embaixador americano Charles Burke Elbrick ocorrido no período mais macabro da ditadura militar. Tendo à frente do grupo o seu colega de jornal, Fernando Gabeira, o sequestro bem-sucedido, que permitiu a libertação de presos políticos, reservou uma participação ativa para Bartô. O baixinho, após falar com o negociador (o próprio Gabeira) sem identificá-lo foi a um bar em Santa Teresa buscar a carta onde estariam os nomes dos jovens combatentes que deveriam ser trocados pelo diplomata. Tudo certo? Tudo errado. O distraído Gabeira colocou a lista de nomes sobre a descarga do banheiro do boteco. Mais de dois metros de altura acima do vaso. Como fez Bartô para alcançá-la? Recorreu a um homem que estava no balcão. Mais tarde descobriria que o tal homem era um agente do Dops que investigava o sequestro. Para despistar, Bartô disse ao agente que a carta era de sua namorada que ameaçava cometer suicídio. O investigador engoliu.

Bartô passou 23 anos no JB. Descobriu o corpo de um alemão morto pelos caçadores de nazistas israelenses, deu sozinho a morte de 19 militares em uma explosão de quartel em Paracambi, atacou o jogo do bicho e transformou-se em um empírico estudioso da violência urbana. Acolhido pelo jornal O Dia depois de mais de 30 anos de profissão, Bartô sofreu um AVC e teve que se deparar com a cara dura da realidade que assiste ao jornalista comum, aquele que brilhou nas páginas, mas não ganhou o suficiente para acumular riqueza. Ajudado pelos fiéis amigos, aguarda em casa a recuperação. Mas avisa que vai voltar. Não há jornalista vivo no Brasil que desconheça a figura altiva de Bartolomeu Brito".

2 comentários:

Marcelo F. Carvalho disse...

Ainda não consegui digerir direito o fim do JB impresso. Tudo bem que o Grande JB já havia morrido, mas a falta carnal, assim assada, estraga com a minha esperança...
______________
Ah!, claro que comprarei o livro!

PC Guimarães disse...

Nem eu, Marcelo. Lamentável. Também comprarei o livro.