Repórter do futuro
Jornalista do "New York Times" diz em livro que novas tecnologias não eliminaram as tradicionais
Random House/Bloomberg |
TEREZA NOVAES
EDITORA-ADJUNTA DA ILUSTRADA
Há quatro anos, o jornalista Nick Bilton, 34, leu pela última vez um livro em papel, "A Estrada", de Corman McCarty. Desde então, tudo o que lê, inclusive o jornal "The New York Times", em que trabalha, sai de uma tela.
Descrito como "futurólogo" e "evangelizador digital", o repórter de tecnologia acaba de lançar "I Live in the Future & Here's How It Works" (vivo no futuro e aqui está como ele funciona), sem previsão de sair no Brasil.
Mas Bilton não habita o mesmo futuro que o da família Jetsons, pelo contrário. O que ele descreve para o amanhã é o que você já tem agora nas mãos, este jornal; ou no bolso, o seu celular.
Sua visão de futuro não é apocalíptica: as novas tecnologias não vão acabar com as existentes, como o papel.
O jornal, por exemplo, continuará a circular em papel "por muito tempo" até que os aparelhos de leitura digital sejam muito baratos.
"Estamos no meio do caminho, a mídia que não se adaptar agora não vai sobreviver", analisou Bilton, em entrevista à Folha.
"Estamos indo para um mundo em que tudo será conectado à internet: roupas, carros. É a direção que as coisas vão tomar", vaticina.
"Em dez anos, a internet será como a eletricidade, estará em todos os lugares."
A principal implicação disso para a indústria cultural é que tudo deve se tornar mais "social e personalizado".
"No passado, o livro era uma conversa fechada. Twitter, Facebook e MySpace permitiram que a nova geração se tornasse parte da conversa. É isso o que, de fato, precisamos observar."
O autor segue à risca a própria receita. Seu livro é vendido em papel e, claro, em versão digital. Cada capítulo tem material extra para ser lido (ou assistido) com a ajuda de um "smartphone".
PORNOGRAFIA
Entre as ideias que o jornalista defende, está a de que as pessoas estão em busca sobretudo de "experiências".
Para investigar a tese, Bilton se infiltrou na indústria pornográfica dos EUA.
Descobriu que os filmes menos pirateados eram aqueles cujos atores conversavam com o público pelas redes sociais.
Ele concluiu ainda que as empresas que lucram escutam seus consumidores, vendem seus produtos a preços considerados justos por quem paga e os entregam em qualquer plataforma.
Bilton acredita que a mesma sensação de "experiência" permeia as compras de músicas feitas pelo iTunes, a loja de música da Apple.
Embora não leia em papel há anos, Bilton não abandonou o cinema. Foi assistir ao longa "A Rede Social", sobre o Facebook. Ele considera "fascinante" um grande estúdio fazer um filme sobre "essa mídia que todos nós conhecemos e usamos".
Hoje e também no futuro, a mídia social será algo cada vez mais "mainstream".
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