terça-feira, 26 de junho de 2007

Como será o repórter do futuro?


Abro a página 2 do Globo de hoje e leio na coluna "Por dentro do Globo" uma materinha sobre os "Repórteres do futuro". Justamente um dos temas de uma das minhas provas finais. Aproveito e publico o melhor dos textos que li até o momento.

Desejável e inevitável
Flávia Ferreira
"A internet já ocupou o lugar das revistas e dos jornais, um conjunto de valores associados ao exercício da atividade informativa também está sendo drasticamente alterado e tudo indica que o perfil do profissional do futuro será bem diferente do atual. Esta evolução não é apenas desejável, mas também inevitável porque o jornalismo atual não pode continuar como está, embora tenham sido separados na forma e velocidade da mudança. A tecnologia, o novo perfil dos consumidores e a realidade econômica terão um papel crucial no futuro da imprensa, mas tudo indica que o exercício da profissão vai depender de fatores não-materiais, concentrados especialmente na área da educação.

Há necessidade de atualização dos profissionais que atualmente trabalham nas redações de revistas, jornais, rádios e emissoras de TV. O processo de modernização tecnológica é irreversível e está atropelando a maioria dos profissionais mais experientes, cujo conhecimento é indispensável na contextualização da informação um recurso que se tornou essencial à compreensão das notícias num ambiente de muita informação. As empresas estão recorrendo ao expediente fácil de trocar profissionais calejados por jovens que conhecem as novas tecnologias, mas carecem de maior experiência no relacionamento com fontes e leitores. O descarte dos veteranos parece uma solução fácil, mas suas conseqüências aparecem quando o noticiário perde densidade e o leitor troca os jornais pela internet, por exemplo. As redações do futuro estarão formadas por jornalistas que ingressarão nos próximos anos em algum curso de comunicação, mas se não houver uma urgente mudança nos currículos é quase certo que os novos profissionais serão tão desatualizados quanto os que saem hoje das universidades. A grande maioria das faculdades de jornalismo no Brasil não tem uma disciplina de jornalismo on-line, não discute as mudanças em curso na imprensa e nem prepara os alunos para as novas exigências de um mercado onde a comunicação digital será predominante. O que as faculdades fazem hoje é preparar profissionais para o desemprego. O terceiro e talvez mais importante fator a condicionar o futuro do jornalismo é a nova relação entre os profissionais e o público.

A internet colocou nas mãos das pessoas comuns a possibilidade de elas tornarem-se protagonistas ativos na arena da informação pública. Isto nunca havia ocorrido antes em escala massiva. Ferramentas como as máquinas de digital, as páginas web, os blogs, os chats e o correio eletrônico deram ao público um poder inédito em matéria de observação crítica da imprensa e isso passou a ameaçar o olímpico isolamento dos jornalistas e formadores de opinião pública. Os profissionais que já estavam desorientados pelo implacável encolhimento das redações, pela introdução maciça de novas tecnologias, pela falta de tempo e recursos para contextualizar informações, passaram também a enfrentar leitores vigilantes e cheios de exigências.

Por outro lado, os leitores e os autodenominados jornalistas amadores passaram a exercer o seu papel ativo na comunicação sem terem tomado consciência de toda a complexidade do jogo da informação. Trata-se de uma situação delicada e que pode gerar conseqüências trágicas. Ficou claro que os principais desafios da imprensa nos próximos 10 anos encontram-se mais no terreno educacional, por meio do aprendizado permanente dos profissionais, estudantes e dos novos "amadores" do jornalismo, do que na tecnologia e nas finanças".

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