domingo, 25 de janeiro de 2009

Para os "ghostwriters"

Uma das tarefas de assessores de Comunicação é escrever discursos para executivos e políticos. A coluna do Cony hoje na Folha é uma boa reflexão.

Receita de louvor
Ouvi no seminário onde estudei uma espécie de piada sem graça, mas que não esqueci -de certa forma, ela se repetiria na vida real de diversas formas e modos.

A piada é meio boba: famoso orador sacro decorou um sermão único para louvar todos os santos programados pelo calendário religioso. Mudava apenas o nome e alguns detalhes da biografia de cada um deles e mandava brasa.

Na véspera, havia louvado Santo Antônio e o sermão começara com a informação principal: "O milagroso Santo Antônio nasceu em Lisboa em 1195..." E ia até o fim.

Acontece que no dia seguinte era a festa do Espírito Santo, uma das pessoas da Santíssima Trindade (Padre, Filho e Espírito Santo). Distraído, ele começou o sermão: "O Espírito Santo nasceu em Lisboa em 1195...".

Como disse, a piada não chega a ser engraçada, mas continua tendo uso frequente em depoimentos, discursos, artigos.

Nos simpósios, mesas-redondas, celebrações disso ou daquilo, venho reparando que os oradores têm um esquema único para entrar no assunto, seja ele qual for. O detalhe do nascimento necessita de complementos para não deixar margem a qualquer dúvida: "O grande poeta que hoje festejamos nasceu em Itaporanga da Serra, na rua dos Timbiras, número 124, fundos".

Dada a informação biográfica, o passo seguinte é levantar o perfil histórico do homenageado. Seja ele qual for, a regra é mostrar intimidade do orador com a sua vítima: "Conheci Chapeuzinho Vermelho na Baviera, quando lá fazia pesquisas sobre o folclore da Floresta Negra. Era uma menina bonitinha e ingênua, pediu-me um autógrafo em sua caderneta escolar -o que dei com muito prazer...".

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