Legendas:Foto 1: Briga entre alunos apenas do Mackenzie registrada em 67
Foto 2: Marines dos EUA fincam a 2ª bandeira americana no monte Suribachi, e não a primeira
Foto 3: Imagem de alunos da Kent State University sem adulteração Erros repetidos viram mentiraFoto que virou ícone do movimento estudantil brasileiro de 1968 (no alto) foi registrada em outubro de 1967 e não envolvia alunos da USPDIZEM que uma mentira repetida mil vezes vira verdade. Pois erros que se repetem muito podem virar mentiras. Até em fotos.
Em 13 de maio, recebi o leitor Renato Martinelli, que veio relatar um erro que o jornal vem repetindo e o tem incomodado há décadas.
A foto do alto virou ícone do movimento estudantil brasileiro de 1968 por ter sido sistematicamente identificada como retrato da "batalha da rua Maria Antonia" entre estudantes da USP e do Mackenzie.
A mais recente reincidência do engano ocorreu no dia 4 deste mês, no caderno Mais!.
Como o leitor me documentou, a foto é de 26 de outubro de 1967, registra uma briga entre alunos apenas da Universidade Mackenzie e saiu na capa da edição do dia seguinte da Folha.
Ela mostra um grupo de jovens de direita que tentava destruir a urna da eleição para a diretoria da União Estadual dos Estudantes, disputada pela chapa Nova UEE (com José Dirceu candidato a presidente e o mackenzista Américo Nicolatti a vice), pela Frente Universitária Independente (liderada pelo PCB) e pela Frente de Trabalho, da situação (liderada pela AP).
Gil Passarelli (1917-1999), um dos melhores repórteres-fotográficos que este jornal já teve, ganhou o Prêmio Esso de Fotografia com ela. Mas até em livro de sua autoria, a foto saiu como se fosse de 1968. O Banco de Dados da Folha corrigiu a legenda no arquivo em 2001, mas ela voltou a sair errada.
Martinelli desejava corrigir a falha para atenuar uma distorção histórica: a impressão de que no Mackenzie só havia conservadores. Ele e vários colegas lutaram pela democracia numa frente de centro-esquerda, e não é justo que isso não seja devidamente reconhecido.
A segunda foto é outro erro repetido. De Joe Rosenthal (1911-2006), ela retrata a segunda bandeira americana hasteada no monte Suribachi em 23 de fevereiro de 1945, não a primeira. E esse gesto não representou o fim da batalha pela ilha de Iwo Jima, que ainda perduraria por 31 dias, com o custo de 6.821 vidas americanas.
A outra foto, do confronto entre a Guarda Nacional e os estudantes da Kent State University, também tem um erro em sua história. De John Filo, então estudante de fotojornalismo, de 4 de maio de 1970, foi por décadas reproduzida com uma adulteração (o poste que aparece atrás da moça foi apagado para melhorar a composição) até o autor, atualmente editor da CBS News, se dar conta e restaurá-la.
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