segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Extra! Extra!: Jornais X Internet

Circulação de jornais aumentou em 2006
Tiago Cordeiro
O mito de que com a internet os jornais estão fadados a um papel secundário no jornalismo foi contestado pelo Instituto Verificador de Circulação (IVC), que comunicou nesta segunda-feira (26/02) que pelo terceiro ano consecutivo a circulação de jornais brasileiros aumentou. Em 2006, esse índice foi de 2,36%.

“Os números do IVC mostram que a recuperação da indústria jornalística brasileira, depois de alguns anos de queda na circulação, segue com todo vigor. Eles resultam de uma economia mais aquecida, embora ainda de forma tímida, e do esforço constante dos jornais brasileiros de melhorarem como produto, de buscarem novos nichos de mercado, de atender as expectativas dos leitores”, opinou Antonio Athayde, diretor-executivo da Associação Nacional de Jornais (ANJ). De acordo com a Associação Mundial dos Jornais (WAN), esse crescimento acompanhou a mesma tendência mundial em 2005

“Mesmo diante de outras mídias, como a internet, os jornais brasileiros têm acompanhado a evolução do mercado. Temos ainda muito espaço para crescer na circulação, diante dos baixos índices de leitura no Brasil”, avaliou Athayde. Frisou também que os jornais precisam e devem crescer junto ao mercado publicitário.

Leitura
O baixo índice de leitura do País foi confirmado por outra pesquisa da WAN de 2005, onde o Brasil aparece com 45,3 leitores por mil habitantes em 50º lugar, atrás de países como África do Sul, Paquistão e Malásia. “O Japão está no topo da tabela. Se o Brasil se aproximar dos países desenvolvidos ainda tem muito a crescer”, acredita Ricardo Costa, diretor-geral do IVC. O Japão possui um índice de mais de 600 leitores para cada mil habitantes.

Para Marcelo Senna, editor-chefe do Expresso do Infoglobo, a tendência está longe de ser inexplicável. “A gente verifica que é um fenômeno marcado principalmente pelos compactos populares. Não apenas no Rio de Janeiro eles têm forte crescimento, mas também em outros estados como Minas Gerais”, apontou. Em janeiro, o tablóide Super Notícia, da capital mineira, foi apontado como o primeiro em vendas avulsas no país custando R$0,25 por exemplar.

Para Costa, porém, o avanço dos jornais populares é apenas parte desse crescimento e não apenas a única causa. “Há também a questão de preços mais acessíveis, promoções etc. Além disso, os jornais mudaram seu formato e conteúdo. Há um movimento para buscar mais leitores e diversificar”, analisou Costa.

Para melhorar
Para a jornalista Mariana Duccini, mestranda em jornalismo e ciências da linguagem pela USP e professora do curso de redação e estilo para jornais e revistas da Escola de Comunicação, apesar da boa notícia, ainda há muito o que melhorar nos jornais impressos. Ela mantém um acompanhamento sistemático de erros grosseiros na mídia impressa – com mais de 500 ocorrências – e vê o nível cultural das matérias decaindo de forma inaceitável.

“Vejo erros de apuração, precisão, estilísticos e mesmo gramaticais”, revela. Apesar disso, ela também acredita que os jornais ainda podem crescer. “Acho que ainda há público para se crescer sim. A internet ainda vem muito a reboque do meio impresso, apesar de toda aquela questão de tempo real eu não vejo muita diferença em relação aos jornais. Acho que sua grande saída é aprofundar sua capacidade analítica, o estilo europeu. Se continuar fazendo uma função simplesmente de reportar os fatos ‘aconteceu ontem e pronto’ aí poderemos mesmo ter uma vida curta”, acredita.

Fonte: Comunique-se

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