segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Ruy Castro estréia na Folha (Sempre a certeza de um bom texto)

RUY CASTRO
Outro bom dia para nascer
RIO DE JANEIRO - No dia 1º de maio de 1991, Otto Lara Resende estreou nesta coluna. Não foi o primeiro titular dela, mas foi seu primeiro cronista. Cronista, mesmo -alguém sem muito compromisso com os fatos, com a busca da objetividade ou com o que, na época, ia pela cabeça dos nossos políticos, se algo fosse.
Com sua vivência entre as potestades da República desde 1946, Otto podia escrever sobre o que quisesse -de uma improvável vaca que acabara de ver na avenida Vieira Souto a uma certa tarde das calendas, em que ele e Rubem Braga chupavam jabuticabas enquanto Kennedy era morto em Dallas. Não significava que os colegas de Otto na página não pudessem fazer o mesmo. Mas, por algum motivo, parecia natural que a liberdade para fazer crônica fosse privilégio do colunista do Rio. Aliás, desde Maneco Antonio de Almeida, no "Correio Mercantil", em 1854, o Rio tem esse privilégio.
A crônica de estréia de Otto se chamou "Bom dia para nascer", porque, por acaso, saiu no dia de seu aniversário. Não tinha uma palavra solta. Otto lembrou as efemérides da data: a carta de Pero Vaz de Caminha, o nascimento de José de Alencar, o Dia do Trabalho. Era um bom dia para começar -ou, segundo ele, recomeçar.
Por coincidência, para mim também, hoje é um bom dia para nascer e para estrear nesta coluna. O 26 de fevereiro tem seus marcos: o nascimento de Victor Hugo, do inventor Levi Strauss (o criador do jeans, não o antropólogo), do caçador (depois preservador) Buffalo Bill e da sambista Isaurinha Garcia. Foi também o dia em que se gravou o primeiro disco de jazz (em 1917, pela Original Dixieland Jazz Band). E, para meu prazer, é um dia que sempre cai perto do Carnaval, quando não no próprio. Tudo a ver.
É também o Dia do Comediante. Mas, no Brasil, qual não é?

2 comentários:

Vitor Sznejder disse...

PC: ótima idéia, a de postar diariamente os excelentes textos do Ruy Castro, e de outros colunistas da FSP. No RJ, poucos têm acesso a esse jornal, que além disso mantém muitas páginas fechadas a não-assinantes. Obrigado e abs, Vitor

PC Guimarães disse...

Valeu, querido. Bom receber o seu apoio.