segunda-feira, 31 de março de 2008

PC Guimarães comenta - A nº 1





Nasceu! Na correria da primeira edição, houve algumas truncadinhas. Mas é mais ou menos isso que eu queria dizer. É só passar a mãozinha. Quer ler direto no jornal? Clique:
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domingo, 30 de março de 2008

Coluna do PC no Correio do Brasil



Meu camarada e editor-chefe Gilberto de Souza acaba de enviar a arte da minha coluna sobre futebol, que estréia amanhã, segunda, no jornal Correio do Brasil.
http://www.correiodobrasil.com.br/

Lei de Imprensa (Editorial da Folha de S. Paulo)

Não morro de amores por editoriais. Leio de vez em quando, passo os olhos sempre. Mas o da Folha de hoje pode servir de pesquisa para algum colega ou aluno.

Lei de Imprensa
STF deveria manter o núcleo vivo da lei de 67, enquanto Congresso acelera trâmite de novo estatuto para a imprensa

A SUSPENSÃO , em caráter provisório, de 20 artigos da Lei de Imprensa e o advento de métodos orquestrados para cercear a liberdade de expressão recolocaram na ordem do dia a necessidade de formular uma legislação moderna e democrática para a imprensa. Diante do risco de que se crie um indesejado vácuo jurídico, o trâmite de uma nova lei deveria ser acelerado.
Uma respeitável corrente de opinião advoga a simples extinção da Lei de Imprensa, de 1967, sem que nenhuma legislação seja colocada no lugar. Argumenta que toda tentativa de regular a atividade jornalística acabará criando controle excessivo sobre o direito à informação, pilar da democracia.
De fato, parlamentares e governantes constituem alvo preferencial do escrutínio da mídia independente -cuja principal função é fiscalizar o poder. Se o interesse dos poderosos, de controlar a informação em proveito próprio, imperasse no espaço público, qualquer tentativa de legislar sobre o tema seria temerária.
No entanto, preceitos constitucionais, decisões judiciais reiteradas, décadas de prática de jornalismo livre e valores democráticos já enraizados na opinião pública ajudam a conter, sem apagar, o interesse egoísta de quem detém poder.
A Lei de Imprensa deixou de ser a principal ameaça à liberdade de expressão no Brasil. Criada por uma ditadura, seu objetivo central era controlar a informação pela coação legal, imposta a veículos e profissionais. Nem todos os 33 artigos do código de 1967, entretanto, correspondiam a pressupostos de tutela.
Os dispositivos mais autoritários da Lei de Imprensa passaram a ser ignorados nos tribunais a partir da redemocratização de 1985. O que restou do diploma hoje propicia alguma segurança jurídica a cidadãos, empresas e jornalistas, sem ameaçar direitos fundamentais.
Já nos códigos cuja aplicação seria alargada no caso da abolição da Lei de Imprensa, há mais incerteza. Em todas as democracias modernas existe um conflito clássico entre dois valores fundamentais: o direito à informação, de um lado, e os direitos ligados à personalidade, do outro. As constituições resolveram o dilema conferindo primazia ao primeiro termo, em nome do interesse público. Como contrapartida, criaram mecanismos para reparar excessos cometidos no livre exercício da imprensa.
Isolados, os parâmetros dos códigos Civil e Penal são impróprios quando invocados para avaliar a atividade jornalística. Tendem a atribuir valor absoluto à garantia da honra, da intimidade e da privacidade das pessoas.
A Carta de 1988 diz que não haverá censura prévia, embora artigos do Código Civil de 2002 a permitam. Daí a necessidade de uma lei de imprensa, que venha restaurar a hierarquia constitucional: juízes não podem praticar atos de censura prévia, ainda que seja no intuito de defender os valores da personalidade.
Sem lei de imprensa, só grandes empresas teriam boas condições de proteger-se da má aplicação da lei comum, levando processos até as mais altas instâncias do Judiciário. Ficariam mais expostos ao jogo bruto do poder, e a decisões abusivas de magistrados, os veículos menores e as iniciativas individuais.
A fiscalização de tiranetes e oligarcas em regiões menos desenvolvidas do país ficaria mais vulnerável. Tampouco haveria o devido amparo legal à efervescente "imprensa cidadã", que dissemina blogs pela internet -inovações que merecem ter proteção especial da lei de imprensa quando revestirem caráter jornalístico.
Para evitar riscos desse tipo, o Supremo Tribunal Federal deveria manter de pé o núcleo vivo da Lei de Imprensa no julgamento que fará do diploma nos próximos meses. Seria uma atitude desejável de prudência, embora insuficiente diante das ameaças que surgem por outras vias.
Tornou-se inadiável instituir um novo marco regulatório, amplo e atualizado, para a imprensa. Deve-se buscar um estatuto intransigente, ao vetar as formas insidiosas de censura prévia; sem compromisso com o erro, ao acelerar o trâmite do direito de resposta e dos processos de quem se sinta ofendido por publicações; moderno, ao proteger as inovações do jornalismo na internet, prevenir o abuso nas reparações em dinheiro e inibir o uso orquestrado da Justiça para assediar empresas e jornalistas, a chamada litigância de má-fé.
O interesse público de conhecer a verdade, de ter acesso à diversidade de opiniões e de questionar o poder precisa da proteção de uma nova lei de imprensa. O Congresso não deveria furtar-se à tarefa de confeccioná-la.

Faculdades em shoppings! O que você acha disso?

A Folha de S. Paulo de hoje publica matéria no caderno "Cotidiano" sobre essa "onda" de faculdades em shoppings. Sou contra. Tem cheiro de picaretagem, de oportunismo.

Novas faculdades se instalam em shoppings
Só na região metropolitana do Rio, há pelo menos 9 instituições do tipo; em SP, movimento começou no ano passado

Para estudantes, segurança aparece em 1º lugar entre conveniências, além da infra-estrutura, que possivelmente não teriam em um campus

RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL


Daqui a duas semanas, o shopping Light, no centro de São Paulo, deixará de ser apenas um espaço de compras e de alimentação. No dia 15, no quarto andar, será inaugurada a mais nova unidade da Universidade Guarulhos. Os alunos serão acomodados em cinco salas de aula, ao lado de lojas de roupas e tênis e bem embaixo da praça de alimentação.
Aos poucos, faculdades e universidades instaladas em shoppings deixam de ser novidade no Brasil. Só na região metropolitana do Rio, há pelo menos nove instituições assim.
Na cidade de São Paulo, o movimento começou no ano passado. No segundo semestre, a UniSant'Anna abriu um campus no terreno do shopping Aricanduva, na zona leste. Meses antes, a Unicapital havia dado início às suas atividades no quinto andar do shopping Capital, no bairro da Mooca, também na zona leste.
Para os alunos, estudar dentro de um centro de compras traz uma série de conveniências. A segurança aparece em primeiro lugar. Podem estacionar os carros dentro dos shoppings, sem precisar sair à rua. Os corredores são vigiados por fortes esquemas de segurança.
"O aluno fica menos exposto à violência da cidade. Isso pesa muito", diz Marcelo Campos, um dos diretores da Estácio Participações, que controla a Universidade Estácio de Sá.
Outra vantagem é a infra-estrutura que os alunos possivelmente não teriam num campus tradicional. No salão de beleza do shopping Capital, os estudantes da Unicapital têm 10% de desconto no corte de cabelo.
Nesse mesmo shopping, na noite da quarta passada, a estudante de estatística Bruna Takata, 24, tomava café no primeiro piso enquanto esperava a hora de subir para a próxima aula. "Às vezes faço compras antes da aula. Já mandei fazer óculos aqui", ela diz.
Emanuela Santana, 21, que cursa gestão em recursos humanos na UniSant'Anna do Aricanduva, é vista com freqüência nos corredores do shopping. "Se chego mais cedo, aproveito para pagar as contas no caixa eletrônico e dar uma olhada nas livrarias", diz ela.
Shoppings atraem naturalmente linhas de ônibus e metrô. Ainda no quesito transporte, os alunos podem usar o estacionamento sem pagar nada.
Em novembro, a Faculdade Interamericana de Porto Velho começará a funcionar num shopping da capital de Rondônia. Aguardam-se inaugurações em Maceió e Belo Horizonte. No Rio Grande do Sul, a Ufpel (Universidade Federal de Pelotas) terminará um novo campus até meados do ano. Ao lado, meses depois, será aberto o shopping Anglo. Um dos acionistas do shopping é a fundação de apoio da universidade, que se comprometeu a investir o lucro do empreendimento nas atividades da Ufpel.

BOX 1
No Rio, alunos têm aula até em estação de metrô

Em busca de novos alunos, as universidades particulares criaram salas de aula em locais incomuns. A UniverCidade, no Rio, por exemplo, inaugurou há três anos uma unidade dentro da estação Carioca do metrô.
A unidade tem 18 salas de aula, seis laboratórios de informática e uma biblioteca. Os 1.500 alunos podem chegar via metrô ou pela rua. Neste último caso, não é preciso comprar passagem do metrô para entrar.
Em outro caso inusitado, a Universidade Estácio de Sá, também no Rio, tem uma unidade no 15º andar do edifício-garagem mais conhecido da cidade, no centro.
As duas instituições têm como objetivo atrair os estudantes que trabalham em escritórios e em lojas do centro. No caso da unidade localizada na estação do metrô, a idéia é também facilitar a chegada de quem mora em outras regiões da cidade, principalmente na zona norte.
A adoção de espaços alternativos é sinal do crescimento do ensino superior privado no Brasil. Entre 2001 e 2006, segundo o Ministério da Educação, o número de instituições pulou de 1.208 para 2.022. E a quantidade de alunos, de 2,1 milhões para 3,5 milhões. (RW)

BOX 2
Entorno de lojas dificulta formação, diz professor
Para especialista da PUC, aluno que sai para ver loja perde ambiente de debate

Professora da UnB aponta um "efeito simbólico" das faculdades de shopping, em que conhecimento parece mercadoria a ser comprada

O aluno que faz um curso dentro de um shopping center pode ter a mesma formação acadêmica do estudante de um campus tradicional, mas corre o risco de sair perdendo na formação pessoal, avalia o professor Fábio Gallo, que coordena o MBA em gestão universitária da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).
Gallo diz que o ambiente universitário é um "espaço natural de debate político", importante para a formação do pensamento crítico. "Querendo ou não, o aluno está envolvido. Basta freqüentar a biblioteca, a lanchonete, os corredores da universidade. Mas, num shopping, quando sai para ver a vitrine da loja, ele perde essa oportunidade de amadurecimento."
Para a professora de sociologia da UnB (Universidade de Brasília) Fernanda Sobral, a faculdade de shopping tem um forte "efeito simbólico". "Num curso assim, parece que você está numa loja, comprando conhecimento, como se fosse uma mercadoria. Na educação, porém, você também tem de produzir conhecimento", diz ela, que faz parte, na UnB, do Núcleo de Estudos sobre o Ensino Superior.
Segundo a professora, a universidade e o shopping são mundos diferentes. "Shopping é um lugar onde se faz compra. Não é um lugar adequado para a reflexão."
Os dirigentes dessas instituições não vêem problema na localização das salas de aula. "O universitário não é mais criança, sabe quando tem de ir para a aula. De qualquer forma, quando ele quer sair da universidade para fazer alguma outra coisa, não precisa estar dentro de um shopping. Ele faz isso onde estiver", afirma Marcelo Campos, um dos diretores da Estácio Participações, que controla a Universidade Estácio de Sá.
"Tanto no caso do aluno que estuda no shopping quanto no caso do aluno do nosso campus central, a freqüência é a mesma. Ele não deixa de assistir às aulas para ir ao cinema", diz Leonardo Placucci, reitor da UniSant'Anna. (RICARDO WESTIN)

Quem foi que disse que os jornais vão acabar?


Costumo dizer aos meus alunos que "jornal é para a elite", que não vão acabar, que são formadores de opinião, etc e tal. A Folha de hoje publica uma pesquisa interessante, produzida pela agência FSB. Um dado interessante:
" (...) O resultado mostrou que os jornais estão no topo da lista -nada menos do que 69,9% dos entrevistados disseram preferir esse meio como a primeira fonte de informação. (...)". Eis a íntegra da matéria.


Pesquisa aponta a Folha como o jornal preferido na Câmara
Entre 246 deputados federais entrevistados pela FSB, 84,6% escolheram o jornal como sua principal fonte de informação

"O Globo" está na segunda colocação, com 49,2%, e "O Estado de S. Paulo", com 32,9% da preferência dos parlamentares, é o terceiro

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Pesquisa com deputados federais indica que a Folha é o jornal preferido como fonte de informação na Câmara -84,6% dos parlamentares escolheram o jornal como o de sua preferência na leitura diária. Realizado no final de 2007, o levantamento procurou identificar, de forma espontânea, os três jornais preferidos pelos parlamentares na Casa.
Logo depois vem o jornal "O Globo", apontado por 49,2% dos deputados como um dos três de sua preferência para se informar diariamente. Na terceira posição está "O Estado de S. Paulo", escolhido por 32,9% dos parlamentares.
A quarta posição no ranking é do "Correio Braziliense", com 32,1%. Aparecem ainda na lista "Valor Econômico" (11,8%), "Jornal do Brasil" (6,1%) e "Gazeta Mercantil" (4,1%). Outros jornais totalizam 44,2%.

A soma ultrapassa os 100% porque o levantamento perguntou quais os três jornais preferidos, sem apresentação de uma lista dos veículos aos entrevistados.
Elaborada pela FSB Comunicações, empresa de comunicação corporativa, a pesquisa ouviu 246 dos 513 deputados federais. Foram entrevistados parlamentares de todas as regiões e de 17 dos 20 partidos políticos do Congresso, distribuídos de forma praticamente proporcional ao tamanho de suas bancadas.

Principal fonte
O levantamento buscou identificar ainda outros aspectos da mídia em relação à Câmara, como a principal fonte de informação dos parlamentares. O resultado mostrou que os jornais estão no topo da lista -nada menos do que 69,9% dos entrevistados disseram preferir esse meio como a primeira fonte de informação.
Os telejornais foram escolhidos como a segunda principal fonte de informação -41,9%. Pelos dados do levantamento, sites e blogs na internet ainda estão longe de jornais e telejornais. Foram apontados por 12,6% dos deputados como a principal fonte de informação e 13% como a segunda.

Diretor-executivo da FSB em Brasília, Wladimir Gramacho disse que os dados "revelaram que, apesar do avanço das novas tecnologias de comunicação, os jornais impressos continuam tendo um lugar muito relevante no processo de informação e de formação de opiniões dos deputados".
A pesquisa também buscou identificar a preferência dos deputados quanto aos telejornais, revistas e rádios. No caso dos primeiros, o "Jornal Nacional" (60,6%) e o "Jornal da Globo" (39,4%), ambos da TV Globo, lideram a lista dos três preferidos dos deputados. Em terceiro surge o "Jornal da Record" (39,4%).
Entre as revistas, os deputados escolheram "Veja" (77,9%), "IstoÉ" (47,8%) e "Época" (40,2%). No caso das rádios, a CBN é a mais ouvida (63,8%), seguida da Band News FM (20,3%) e Câmara (15,4%).

A pesquisa identificou ainda a preferência partidária pelos jornais. O resultado indicou que 96,3% dos tucanos ouvidos escolheram a Folha como um dos três de sua preferência. Depois vêm petistas (92,3%) e integrantes do DEM (76,7%).
Já no caso de "O Globo", 57,7% dos deputados petistas optaram pelo jornal carioca. Tucanos estão em segundo, com 55,6%, e democratas em terceiro, com 46,7%. "O Estado de S. Paulo" tem maior preferência entre os democratas (56,7%), seguidos dos tucanos (48,1%) e petistas (32,7%).

sábado, 29 de março de 2008

Blog do professor pc recomenda: livro de George Orwell sobre Literatura e Política


Estou lendo. Já passei da metade. Quase todo mundo conhece George Orwell por "A revolução dos bichos" e "1984". Mas o cara era um tremendo repórter. Os textos são dos anos 40, mas atuais. Que estilo! Orwell fala sobre a Europa pós-guerra. Ele estava lá.

Cantinho do Mobral - a x há


É muito comum esse tipo de erro por parte dos alunos. Mas profissional não pode errar. Leiam a primeira linha da entrevista do Túlio Souza. Não é "a", é "há". O certo: "Estou há cinco meses ...". Como diria aquele locutor paulista: "Olho no Lance!".

É só passar a mãozinha.

sexta-feira, 28 de março de 2008

Será que eu dou (no bom sentido) pra colunista?


Meus amigos (copyright by João Saldanha)
Na próxima segunda-feira começo a publicar uma coluna sobre futebol no jornal Correio do Brasil, do meu amigo Gilberto de Souza. É claro que conto com o apoio e colaboração de todos - e todas.
O endereço:
http://www.correiodobrasil.com.br/

Mancadas de edição: Enquanto a legenda não vem


É comum acontecer. Mas não pode acontecer. Está no jornal Metro de hoje. É só passar a mãozinha.

Fotosacana - 17: Hugo Chávez, quem diria, acabou na "Disney"


Sensacional, fantástica, hilária, do balacobaco, sinistra a foto do Lula Marques na capa da Folha de hoje. Das melhores. É "política", mas é genial.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Blog do professor pc recomenda: palestra sobre Juventude


Meu camarada e ex-companheiro de reportagens em O Globo, Alcyr Cavalcanti, já é sócio do blog e está sempre valorizando o nosso espaço com dicas de eventos. Pediu, publico:

"Fala PC,
Sexia feira vou participar de seminário organizado pelo EMERJ (magistratura) e pelo NUESC/UFF, núcleo de sociologia e criminologia do qual faço parte.

Tema "Juventude e Sistema Socioeducativo" , no dia 28/03/08 no Forum de Niterói
rua Vcde. de Sepetiba 519 (Centro-Niterói) de 9h às 18h.

Minha fala " Conflitos Sociais em Áreas Segregadas", às 14h.
abs Alcyr"

Fotosacana - 16: Eu não sou Silvinho não!


Saiu hoje no Globo. A foto é de Filipe Araújo, da AE.
Waldick Soriano vive!

Fotosacana - 15: Marisa Sorvetão


Saiu hoje na capa da Folha de S. Paulo. É de Alan Marques. A gulosa é a política Marisa Serrano. Como diria aquele antigo personagem do Jô Soares: "BOCÃO!".

quarta-feira, 26 de março de 2008

Blog sobre a revista SENHOR no ar


Já está no ar o blog sobre a revista Senhor, produzido pelos alunos de Secretaria Gráfica da FACHA Méier. Os alunos estão em fase de pesquisa e apuração de matérias. A ilustração é do noivo da aluna Fernanda Amaral. E o cara não vive disso! É psicólogo. Não vive porque não quer, pois o traço é de profissional. Se quiser fazer ilustrações para alguns dos meus trabalhos, topo na hora.

http://culturasimsenhor.zip.net/index.html

O que "ser" Pitty?

Há alguns anos, quando trabalhava numa grande multinacional, vivenciei uma cena de puxasaquismo explícito que deu o maior "bololô", como diria a minha avó desalmada. Eram tempos de vacas magras e, para agradar ao novo presidente que acabara de assumir o cargo, um "assessor" (sempre eles) decidiu provar que a empresa no Brasil estava cumprindo a meta de redução de custos e serviu uísque nacional para o homem. Só que o cara era escocês e ao provar o "precioso líquido" exclamou: "O que ser isso?". Não sabia ainda falar o português, mas sabia muito bem o sabor de um bom whisk.

Resultado: o "assessor" teve que sair correndo para comprar uma garrafa de um legítimo scotch.

Como todos sabem, eu não vejo Big Brother. Mas fiquei assustado ontem com aquela moça que botaram pra cantar. Uma tal de Pitty. Passei a minha adolescência ouvindo Pink Floyd, Led Zeppelin, The Who e Cia. Sei bem o que é rock. Mas não sei o que é Pitty. O que ser Pitty?

terça-feira, 25 de março de 2008

Gay Talese na Folha de S. Paulo


Gay Talese, um dos pais do New Journalism, é um dos maiores repórteres do mundo. Sou fã do cara e li quase todos os livros dele. Ontem, saiu uma entrevista dele na Folha. Como eu estava gripado, não pude postar. O início do lide ("Gay Talese está resfriado...") é uma citação ao famoso texto do repórter sobre Frank Sinatra.

ENTREVISTA da 2ª/GAY TALESE
Nos EUA, os piores presidentes não tiveram amantes
Autor de "A Mulher do Próximo" diz que americano não está mais moralista e que falar de sexo simplifica a política
O escritor e jornalista americano Gay Talese, que escreveu livro-reportagem sobre sexo nos EUA
DANIEL BERGAMASCO
DE NOVA YORK


GAY TALESE está resfriado. Telefona para o repórter da Folha, atendendo ao pedido deixado na secretária eletrônica, e avisa, raspando a garganta: "Me resfriei e vou viajar, não posso receber você em casa. Mas posso falar agora sobre o Spitzer, tenho poucos minutos", diz o escritor de 76 anos, um dos pais do jornalismo literário, autor de reportagens antológicas reunidas nas coletâneas "Aos Olhos da Multidão" e "Fama e Anonimato" e de obras como "O Reino e o Poder", sobre o "The New York Times", onde atuou como repórter.

Talese diz que a sociedade americana não está mais ou menos moralista desde que ele publicou em 1980 "A Mulher do Próximo", livro-reportagem que retrata a transformação sexual e moral dos Estados Unidos entre as décadas de 1960 e 1970. Contudo, diz, a mídia repete tanto as informações sobre escândalos sexuais que faz que as pessoas se importem com eles, como no caso do ex-governador de Nova York Eliot Spitzer, que, casado, renunciou no último dia 12 após confirmar que era cliente fiel de uma rede prostituição. Nesse caso, afirma Talese, o escândalo foi bem-vindo. "Não é que ele esteja vivendo uma vida tão diferente de muitas outras pessoas, tendo uma prostituta, uma amante. Mas a diferença é que ele preconizava uma posição de moralidade, ele quis fechar bordéis, e aí aparece que ele era cliente de bordéis. É bom que ele seja exposto", diz o escritor.

FOLHA - O que mudou no moralismo americano entre "A Mulher do Próximo" e o escândalo sexual do governador Eliot Spitzer?
TALESE - O moralismo não mudou. A mídia mudou.

FOLHA - De que forma?
TALESE - Quando escrevi "A Mulher do Próximo", a mídia não discutia tanto infidelidade, não transformava a vida privada das pessoas em colunas de notícias. John Kennedy foi presidente dos Estados Unidos e teve muitos casos, mas ninguém escrevia sobre sua vida sexual. Havia rumores, mas isso nunca foi conhecido, como foi com Bill Clinton, ou agora, com o governador de Nova York, ou com o senador [Larry] Craig, o homossexual [que renunciou após assediar um homem em banheiro de aeroporto, em 2007]. Na França, quando François Mitterrand foi presidente, não havia discussão sobre seu filho ilegítimo. Mas a mídia americana publica hoje sobre qualquer coisa.

FOLHA - Os eleitores levam em conta o comportamento sexual do candidato?
TALESE - Não acho que faz diferença nenhuma desde que não se relacione com seu trabalho. John Kennedy foi um presidente muito bom e tinha amantes. Bob Kennedy, seu irmão, tinha amantes. Eram casados e tinham amantes. Lyndon Johnson tinha amantes. Eisenhower. Todos nossos bons presidentes tinham amantes. O presidente Richard Nixon não tinha amantes e foi um presidente ruim. Esse cara, George W. Bush, é um presidente ruim. E não tem amantes. Entende? Bill Clinton foi muito bom e teve. Os piores presidentes são os que não tiveram amantes. Nixon foi o pior de todos os tempos. E Bush é o segundo pior. Se Bush tivesse amantes, talvez não estaria matando tanta gente no Iraque e tendo essa politica de destruir a vida de tanta gente.

FOLHA - O senhor quer dizer que, se a vida sexual de Bush fosse menos comportada, seu governo seria melhor?
TALESE - Não digo que seria melhor, mas quando você olha... Os bons presidentes não eram pessoas que se "comportavam" sexualmente. Martin Luther King tinha muitas amantes. Matin Luther King! Nós temos um feriado para ele, ele é um herói nacional. E tinha muitas amantes. Muitas. Ele era um cara mau? Não, não era.

FOLHA - O desrespeito da privacidade dos políticos é sempre ruim?
TALESE - Depende. Não é bom ou ruim. O que você quer dizer com bom ou ruim? Spitzer é um hipócrita, e é bom que ele seja exposto como hipócrita. Não é que ele esteja vivendo uma vida tão diferente de muitas outras pessoas, tendo uma prostituta, uma amante. Mas a diferença é que ele preconizava uma posição de moralidade, ele quis fechar bordéis, e aí aparece que ele era cliente de bordéis. É bom que ele seja exposto. O outro cara que o substituiu [David Paterson] diz que não tem um casamento perfeito. Mas quem tem? Pelo menos ele trouxe um pouco de verdade para o governo. Spitzer é um hipócrita.

FOLHA - Como repórter, hoje em dia, você publicaria matérias sobre esse escândalo?
TALESE - Não vou dizer que não publicaria, porque, se alguém mais publicar, você tem que publicar. Você não pode fingir que não viu, porque todo mundo sabe sobre isso, está na televisão, nos websites. Se você está no negócio de publicar jornais, tem que publicar o que é considerado notícia. É que hoje em dia tudo é notícia, o que não acontecia 30 anos atrás. É bom ou ruim? Eu não sei. O que acontece é que pelo menos força as pessoas a viverem em coerência com o que dizem.

FOLHA - O sr. avalia mesmo que nada mudou moralmente na sociedade? "A Mulher do Próximo" mostra, por exemplo, a revista "Playboy" como algo chocante e depois mais respeitada, mas hoje em dia a revista é uma instituição americana.
TALESE - Eu mostrava como aquilo mudou naquela época. Nós tivemos mudança real nos anos 1960 e 1970, quando escrevi aquele livro. Pouca coisa mudou desde então. Exceto que a mídia fala mais sobre sexo agora porque há mais liberdade para isso. Mas você não vê pessoas tendo relação sexual com penetração na TV, não ouve certas palavras na TV. Há restrição sobre o que você pode dizer, o que você pode ver. Você não pode ver homem nu na TV mostrando o pênis, não pode. No Brasil também não pode, tenho certeza.

FOLHA - Mas, se a mídia muda, a percepção da sociedade não muda juntamente com ela?
TALESE - Eu acho que a mídia mantém a história viva. Quando Bill Clinton teve uma pequena vida sexual com Monica Lewinsky, isso não tinha nada a ver com o trabalho dele como presidente. Não ocupou muito tempo dele. Mas a mídia fez uma história enorme, e aí as pessoas começam a se importar. Lembra que o papa João Paulo 2º estava visitando [Fidel] Castro naquela época? Ele estava indo para Havana e toda a mídia estava lá para cobrir o papa. Quando houve o rumor de que o presidente Clinton teve esse pequeno caso sexual no Salão Oval, todo mundo deixou Havana. Toda a mídia foi embora. E o papa não tinha com quem falar. Não havia cobertura de Castro encontrando o papa. A mentalidade da mídia está toda voltada para escândalos sexuais. A mídia conduz a história.

FOLHA - Por quê?
TALESE - Sexo não é complicado. Política é complicado. Na campanha, veja, as pessoas não ligam para propostas. Elas gostam de histórias simples, escandalosas, com o mais baixo, o menor denominador comum. E a mídia provê isso. A mídia é que conduz a história.

FOLHA - Mas por que o governador renunciou, se as pessoas não se importam tanto assim?
TALESE - A mídia faz as pessoas se importarem, porque repete, repete, repete e repete a história. Fica batendo até a morte. A mídia quer manter a história. Acho que é bom que Spitizer tenha sido exposto como hipócrita, porque é. Já Bush não é um hipócrita sexual, mas é hipócrita em várias outras formas.

FOLHA - Em que formas?
TALESE - Ele diz que estamos tentando levar democracia para o mundo. E não estamos. Estamos invadindo o mundo, forçando eles [outros países] a se ajustarem a nossa política. A administração de Bush critica os chineses em direitos humanos, e nós invadimos os países de outras pessoas e levamos atrocidades para esses países. Não estamos em uma posição em que podemos dizer que somos melhores que os outros. Somos piores, de certo modo.

A ultima edição do Repórter Esso, em 1968 (no rádio)


Vale a pena ouvir. Especialmente a emoção e o choro* do locutor Roberto Figueiredo. Quem mandou a dica foi a minha ex-aluna e bailarina Lorenna Eunapio. História pura.
http://www.ijigg.com/songs/V2BGC44GPD

* Chorar é uma atitude muito digna. Muito melhor do que dar chute nos outros, por exemplo (pra meio entendedor de futebol, meia palavra basta, né?)

segunda-feira, 24 de março de 2008

Minha babá está torcendo pro Rafinha

Como todos sabem, eu não vejo o Big Brother. Mas a minha babá austríaca, a Gherda, disse que está torcendo pro Rafinha.

domingo, 23 de março de 2008

Mudou a Páscoa ou mudamos nós?


Mais uma materinha publicada no site das mulheres. Quer dar uma espiadinha? Não precisa passar a mãozinha. O site não é meu e eu respeito as mulheres. É só dar uma clicadinha.
http://www.bolsademulher.com/familia/materia/mudou_a_pascoa_ou_mudamos_nos/18391/1

Os diminutivos são em homenagem ao Vinicius de Moraes. Estou lendo sobre a Bossa Nova.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Revista Senhor é tema de blog de alunos da FACHA Méier


No semestre passado resgatei com meus alunos de Secretaria Gráfica da FACHA Méier a "memória" da revista Goodyear. Nesse primeiro semestre de 2008 iniciamos a produção de um novo blog sobre a revista Senhor. Em breve divulgo o endereço do blog. Podem acreditar que vem coisa boa por aí.

Para vocês terem uma idéia do que foi a revista, um texto publicado em 2006 pelo jornalista Ivan Lessa (dispensa apresentação. Quem quiser saber mais que vá no google).

Memórias da revista Senhor
Ivan Lessa

De vez em quando, um sujeito formado em jornalismo aparece e vira para mim e diz: "Eu me lembro daquele artigo que você escreveu sobre o Spinoza na revista Senhor." Faço um sorriso modesto, encaro as sandálias dele, penso que mundo estranho este em que as pessoas se formam em jornalismo. O sujeito prossegue: "Que revista hem!" Eu vou mais longe: "Ainda vou processar a Chauí por uso indevido". Na verdade nunca escrevi uma única linha sobre Spinoza. Na verdade, tenho a maior dificuldade de me lembrar da revista Senhor. Não guardei nenhuma. Lembro pouquíssimo dela. O que eu me lembro mesmo é que foi meio frustrante e gostoso. Mas isso, como tudo mais, é opinião pessoal. Eu me lembro é do pessoal. Da redação. Restaurantes. A revista Senhor foi assim:

Em janeiro de 1959 eu tinha 23 para 24 anos, era chefe de redação da Norton Publicidade, ganhava 30 contos por mês. Fui checar na carteirinha de trabalho. Tá lá. A revista Senhor não assinou a carteira. É dado. Recapitulando: era chefe de redação, 9 às 5, mais dois frilas excelentes, duas agências. Master e Abaeté, que menores, não tinham condição de pagar um redator tempo integral. Então, na hora do almoço, ou depois do trabalho eu passava lá pegava os dados, fazia o texto das campanhas e faturava 15 milhas em cada uma. Lembro-me da campanha de lançamento de cigarros da Lopes Sá, para a Master. E dos livros da Civilização Brasileira, do querido Ênio Silveira, na Abaeté, onde o diretor de arte, frila também, era o Eugênio Hirsch, simpaticíssimo e que também fazia umas capas péssimas para a Civilização. Mas, enfim, o que eu queria dizer era o seguinte, 60 contos por mês era uma nota. Pra dar uma idéia: dava para comprar um carro novo por mês. Nada mau. Eu gastava tudo em disco importado e mulheres locais. Dinheiro bem empregado. Só que aos 23 anos todo mundo é idiota. Principalmente eu. Como eu tinha assinatura de revista americana e já lera uma porção de pocket books entrei numa crise existencial. Ou de identidade. Por aí. Foi quando o Paulo Francis, que já era meu amigo desde 1953, me perguntou se eu não queria ser redator de uma revista, tal de Senhor, uma mistura assim de Esquire, New Yorker e Playboy. Quanto pagam? Mal. Na minha cabeça, eram 17 milhas. Ridículo, perto do sessentão. Mas topei, já que era uma besta. Com cara íntegra (vocês não têm idéia do que é minha cara íntegra...) demiti-me da publicidade, a alma gargalhando e berrando, "Free at last, thank God All Mighty, free at last!". Comecei, se não me engano, em março. Preenchendo a vaga deixada pelo redator anterior, Adirson de Barros, demitido depois de um ou dois números apenas, possivelmente por já ser informante do SNI antes mesmo da criação desse simpático órgão informativo. No número de maio eu já estava lá. Isso porque em abril morrera Billie Holiday e, antes, eu já escrevera matéria sobre a pobre da moça. Senhor foi pras bancas com "A Hora e a Vez de Billie Holiday". Não era de todo uma josta. Tratava a cantora como já morta, previa como seria uma enganosa cinebiografia, com Dorothy Dandridge, Belafonte, coisa e tal. Não peguei fama de pé-frio.

Mas a revista? Como era a revista? Era na Travessa do Ouvidor, 22, um andarzão na sede da Editora Delta, empresários responsáveis por enciclopédias como a Larousse além de coleções, feito Nobel, Freud, esses caras. Eu me lembro dos dois irmãos Waissman, Sérgio e Simão. Simpáticos e finos. Possivelmente queriam o prestígio de uma publicação intelectual. Ou então pegar mulher. Não sei. Verdade é que chamaram o Nahum Sirotsky para fazer, ser editor-chefe da revista, e o Nahum que sabe das coisas, fez. Chamando o Francis para editor e o Carlos Scliar para direção de arte, assistido pelo esplêndido Glauco Rodrigues. Luís Lobo ficou com serviços, Jaguar com cartuns. Numa salona, trabalhava o Ivo Barroso para a enciclopédia, mas que traduziu muita coisa boa para a revista. Todas as capas, todas as ilustrações do Scliar eram de primeiríssima qualidade. Os serviços do Luiz Lobo eram ótimos principalmente porque na hora do almoço o que fizemos de pesquisa para dica de restaurante não estava no gibi, saía na Senhor. Me lembro de um restaurante em particular, na travessa dos Barbeiros, o Escondidinho. Nunca comi tão bem em minha vida. O ponto alto da revista, para este criado que vos fala, era o almoço. Oba! Epa! A casa Heim, Dirty Dick's, o árabe da Senhor dos Passos, um porrilhão deles. O fotógrafo era o Chinês, o Armando Rosário. Formidável o Chinês. Posei muito para ele, para a revista, essa parte de serviços. Ilustrando uma matéria do Marcito Moreira Alves intitulada "Os Boas Vidas". Eu em close com um chapeuzinho-esporte acendendo um cigarro por trás do volante do meu carro. Eu tinha carro, claro. Bonito, Mercury, duas cores, hidramático. Meus pés ilustrando umas meias xadrez, muito sobre o amarelo, no bar do hotel Miramar, aquele do posto Seis. Eu de longe com uma moça ao lado no saguão do Santos Dumont, ela com meu paletó. Era pra ilustrar paletós. A moça eu estava de olho nela, trabalhava no DAC. Foi pretexto. Não deu em nada. Quer dizer, deu – no melhor sentido possível – mas anos depois.

Que mais? Eu escrevi uma matéria sobre o conjunto vocal The Hilo's. Outra sobre o LP do João Gilberto. Outra que era uma tremenda enganação sobre os Beats and Angry Young Men, que chamei de Os Cansados e os Zangados. Cozinhei tudo de uma porção de coisas de revistas importadas lá de casa ou da redação. Traduzi um conto do Thurber com um erro de redação deste tamanho. Imagina vocês, que, no contículo, "As Sete da Noite", tem no original uma moça “lying in the sofa" e, em português, eu taquei "mentindo no sofá". Era o que eu achava de mulher, meu querido, me veio na natural, sorry. Teve também uma engraçada. Francis me deu um artigo do Sartre para traduzir. Sobre Berlim. Em inglês. Li e fiquei esperando. Aí Francis ou Nahum me cobraram a tradução. Cadê? Eu – olha só que paspalhão! Estava esperando o original em francês. E esta besta foi chefe de redação de agência de publicidade. Well, well.

Divertida , na revista, era uma sessão que o Lobo ("Lobíferra Cretaturra", como o chamava Scliar, que ciciava um pouco e arranhava os rr, assim feito a Clarice, de quem eu já vou falar logo, logo) criou, no começo, intitulada Sr. e Cia. Noticinhas curtas, com molho. Eu fiz algumas que não eram de jogar fora. Por exemplo: "Jeff Chandler vai se casar com Esther Williams. Bem feito pros dois". Coisinhas assim. Pra mim, as Dicas do Pasquim estão meio aí. Mas isso é besteira, forget it, deixa pra lá. Eu acertei mesmo foi com Jaguar. Embora, que me lembre nessa fase, não saiu nada. Talvez palpite num ou noutro cartum. Mais tarde é que viramos amigos e irmãos.

A Senhor publicou um esquema de tipo encarte, o Quincas Berro d'Água do Jorge Amado. Incríveis os originais dele. Cada erro sensacional de ortografia, gramática, pontuação, tudo. Mas ele ainda era ótimo. No mesmo esquema, "O Urso", do Faulkner, um troço do Tolstói.

Quando tinha tradução literária, muita colaboração do Mário Faustino, amicíssimo de Francis e cobrão conforme se diz nos meios acadêmicos. Francis entrevistou o Martin Luther King. Graham Greene, acho. Carlos Lacerda escreveu sobre o cultivo de rosas (até hoje tenho os originais em papel da Câmara dos Deputados). Rubem Braga fez crítica de arte, Armando Nogueira texto antológico sobre Didi, "O Homem que Passa" (titulão, hem?). Outros colaboradores? Carpeaux, Millôr, Vinícius, Marques Rebêlo, meu pai, minha mãe, Sabino, Antônio Maria, Sérgio Porto, Cony, Callado. Todo mundo que sabia escrever. Gozado. Tinha muita gente que sabia escrever. Lembro de um camarada que escrevia sobre som, hi-fi, por aí, chamado Fânzeres. Fânzeres é um nome sensacional. Fânzeres.

Ah. Clarice. Pois é. Só era conhecida no metiê. Aquele livro com título parecido com coisa da Carson McCullers. Perto – ou distante – do Coração Selvagem. Morava em Washington, era casada com diplomata. Alguém – quem? – teve a feliz idéia de pedir conto. Chegava tudo por carta. Lembro daquele, "A Menor Mulher do Mundo". Sensacional. Apareciam os envelopes americanos, a gente voava lá. Feito exemplar novo da New Yorker.

Depois do dia do fechamento da revista, nós nos pintávamos todos e íamos para a praça Mauá bulir com os marinheiros. Mentira. Essa última frase aí, de se pintar e ir pra praça Mauá, é mentira. Eu só queria ver se vocês ainda estavam acordados ou prestando atenção. Olhaí, é o seguinte: a revista vinha num papel muito bom, tinha um visual legal, publicava umas coisas mais do que razoáveis e – ah! ia me esquecendo. Tinha fotografia de mulher meio pelada. De muito bom gosto, claro. Várias edições feitas lá em casa. É. Eu morava em cobertura dando pra praia. Que praia? Copacabana, Leme, claro. Queriam o quê? Ramos? Uma moça que pousou: condessinha. Polonesa, creio. Outra de flor no cabelo, pele ruim.

Daí o Francis me mandou entrevistar o ginecologista Hélio Aguinaga e o rabino Lemmle. Sobre pílula anticoncepcional. Eu não tinha, não tenho o menor jeito para esse troço. Foi um horror. Daí o Francis me mandou escrever um artigo, colado mas não muito, de revista americana, cujo título – como esquecer-te? Era "Como Dizer Não à Sua Mulher". Enganei o quanto pude. Não saía mesmo. Pra vexame meu, Francis afinal sentou e escreveu de enfiada, se me permitem a expressão. Acho que foi na frente de todo mundo. Todo mundo rindo de mim e jogando pedra. Logo depois, o Nahum me chamou e me demitiu por incompetência. Quer dizer, Nahum é bonzinho demais, nunca faria assim. Deve ter dito que eu era formidável mas que isso e aquilo outro e coisa e tal. Me abraçou, me beijou na boca, capaz até de ter chorado. Nahum é maravilhoso, um anjo. Vive me mandando e-mail de Tel Aviv cheio de anedota em inglês. Não sei por quê. Mas digo que achei ótimo e trocamos lembranças. Vive dizendo que foi quem me "descobriu". Capaz. Verdade é que o Newton Rodrigues veio me substituir dando finalmente um cunho de profissionalismo à redação da prestigiosa revista. Veio também o Ivan Meira, do mundo da publicidade, passe caro, para tornar a publicação mais viável do ponto de vista publicitário. Foram para Copacabana. Logo ali, saída do Túnel Velho. Mudou o diretor. Veio Odylo Costa Filho, especialista número um em velório de imprensa. Reynaldo Jardim, especialista número dois. O Jaguar passou a fazer um encarte humorístico na revista, O Jacaré. Estreitamos ainda mais a amizade, houve o início de colaboração.

Eu voltei para a publicidade, fiquei sem fazer nada, voltei para a imprensa. Resolvi – sempre por motivos pessoais – fazer as piores besteiras do mundo. Modestamente, peguei um recorde sul-americano no gênero, anos 62-68. Tudo bem. É assim mesmo. Só não entendo porque vocês brasileiros perdem tempo com essas bobagens. Vão pra praia, gente. Jogar futebol. Tocar violão debaixo das estrelas, while beautiful morenas do the samba, chic-a-chic-a-boom-chi. Esse negócio de jornalismo cultural, não sei não, hem gente?

Nota do Editor
Texto gentilmente cedido pelo autor. Publicado originalmente no caderno “Fim de Semana”, do jornal Gazeta Mercantil, em 1999.


Ivan Lessa
Londres, 24/4/2006

Livrarias & Livreiros - Esse blog promete


Um grupo já esteve na Livraria Leonardo da Vinci, uma das mais tradicionais do Rio. E, pelo que soube, vem boa matéria por aí. A bola está com os alunos. Vamos correr atrás e brilhar.

domingo, 16 de março de 2008

Cantinho do Mobral - "Invergonha" é o cacete!


Estou pesquisando para escrever uma matéria e encontrei a "pérola" na Internet. A moça critica os erros gramaticais das pessoas que escrevem para um site e escorrega feio no seu comentário. "Invergonha" é de envergonhar. Tem até um ditado imoral e pornográfico para explicar esse tipo de coisa, mas não vou publicar aqui. É algo mais ou menos assim: "Quem tem ... (pi) não faz trato com ... (pi)"*.
Mobral nela!
Quer ler? É só passar a mãozinha.

* Pros torcedores daquele time que têm dificuldades de entender certas coisas e pros "intelectuais" que não assistem televisão: "pi" é aquele sonzinho que colocam em programas de tv para "censurar" palavras obscenas (rs).

Folha Corrida, boa novidade da Folha de S. Paulo


Outra boa idéia da Folha. De longe lembra a página 2 do Globo. Vale conferir.

Folha Corrida vai trazer o noticiário em cinco minutos
Jornal lança página diária onde leitor terá informações essenciais do dia em textos curtos e diretos, do mundo político à cultura

No domingo, haverá os personagens e fatos de destaque para atender ao leitor que não acompanhou os acontecimentos

DA REDAÇÃO

O jornal estréia na próxima terça-feira a Folha Corrida, uma página que trará diariamente resumo de notícias, extratos de colunistas, dicas práticas, artes e gráficos para ser lida em poucos minutos.
De segunda a sábado, a nova página da Folha funcionará como mais uma "porta de entrada" para o jornal. Depois de passar pela primeira página, o leitor apressado encontrará na Folha Corrida mais informações essenciais do dia, em textos curtos e diretos que perpassarão todos os cadernos, do noticiário político à cultura, Informática, Folhinha etc.
No domingo, a Folha Corrida fará um resumo dos acontecimentos mais importantes da semana e dos personagens que mais se destacaram, também para ser lido em até cinco minutos. O objetivo é atender o leitor que não acompanhou o noticiário e os que lêem jornal apenas no fim-de-semana.
Às segundas-feiras, haverá uma agenda do que acontece na semana, como eleições no mundo, finais de campeonatos, divulgação de índices importantes ou estréias de cinema. A Folha Corrida será publicada sempre na última página do caderno Cotidiano.

Esporte
Também a partir desta terça-feira, Esporte passa a circular diariamente como caderno independente, separado de Cotidiano, como já acontece nos finais de semana. Reivindicação antiga dos leitores, a separação permitirá dar maior visibilidade à cobertura dos principais fatos e eventos esportivos do país e do mundo.

Deu no New York Times; e daí?, Mário Magalhães

Mais um bom texto para reflexão do ombudsman da Folha, Mário Magalhães.

Deu no "New York Times'; e daí?

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Não passa muito tempo sem que a Folha edite textos encorpados para anunciar o que o "Times" e outros veículos estrangeiros dizem sobre o Brasil
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O furo que derrubou o governador local Eliot Spitzer, enrolado com uma rede de prostituição para endinheirados, renovou as evidências de que, a despeito de vexames recentes, o diário americano "The New York Times" mantém o vigor. Talvez seja a melhor fonte jornalística para se informar sobre os EUA, é dos melhores jornais do mundo.
Essa condição, contudo, não faz dele um papai-sabe-tudo sobre o Brasil. Muito pelo contrário, o "NYT" acumula enganos ao se arriscar a falar do Cristo Redentor com a mesma desenvoltura com que aborda a Estátua da Liberdade.
Entre os micos célebres, está a cascata de 2004 sobre a dita preocupação nacional com hábitos etílicos do presidente da República -o que não justifica o despropósito de Lula de querer expulsar o repórter.
No ano seguinte, o "Times" divulgou uma epidemia de obesidade. Na primeira página, estampou uma Garota de Ipanema com curvas renascentistas. Só que ela não era brasileira, mas tcheca.
O mesmo correspondente assinou reportagem que a Folha traduziu, "Índios da Amazônia recorrem contra a venda de seu DNA". No essencial, a notícia havia sido publicada uma década antes. Não foram cumpridos procedimentos como checar todas as informações e ouvir o "outro lado".
Não passa muito tempo sem que a Folha e parcela do jornalismo pátrio editem textos encorpados para alardear o que o "Times" e outras publicações estrangeiras pontificam acerca do Brasil.
O historiador britânico Kenneth Maxwell escreveu dias atrás: "Uma das coisas mais estranhas sobre o jornalismo brasileiro é o fato de que continue a conferir credibilidade àquilo que os jornais dos Estados Unidos, especialmente o "New York Times", têm a dizer sobre o país".
O colunista da Folha contou um fiasco do "NYT": do Reino Unido, o jornal narrou a campanha contra a caça à raposa. A correspondente não flagrou nenhum caçador ou sabujo, o cão que persegue e mata as raposas. Na mesma cidade, Maxwell viu quase 300 sabujos "inquietos" reunidos.
A jornalista apurou mal. Maxwell comentou, sobre os moradores: "Não estou certo de que saibam e muito menos se importem com o que seja o "New York Times". Uma boa lição para os brasileiros".
O jornal contou com grandes correspondentes aqui, como Tad Szulc e Alan Riding. Antes de nós, reconheceu importância em Chico Mendes.
Mas tratar com reverência cada citação ao país é sinal de submissão cultural e jornalística. Sugere provincianismo. Às vezes, o complexo de inferioridade impede que se note, por trás da grife do "Times", reportagens tecnicamente malfeitas sobre o Brasil.

sábado, 15 de março de 2008

Fotosacana - 14: o dentinho do Mantega

Fotosacana - 13: O que é isso, companheiro?


O que fazia Fernando Gabeira clicado pela lente de Berg Silva, de O Globo?

Jornalista não pode errar - 2 (Tem culpa o Arnaldo Bloch?)


Há anos costumo dizer para os meus alunos que "jornalista não pode errar". E dou (no bom sentido) exemplos de médicos, engenheiros e outros profissionais que erram e nada acontece. Por isso, adorei ao acabar de ler no Globo a coluna do botafoguense Arnaldo Bloch falando justamente sobre esse assunto. Quer dar uma espiadinha? É só passar a mãozinha? Quer ler o texto na íntegra? Vá comprar o jornal numa banca ou num shopping. O final é muito bom. Não sou pai de pançudo (a) e todo mundo tem que ler jornal. Estudantes de Comunicação principalmente. O Arnaldo também agradece.

Aula de Secretaria Gráfica: legenda da foto sobre Conflito no Tibete


Está tudo muito bom está tudo muito bem, mas...
Que bela foto da agência Reuters sobre o Conflito no Tibete! Diz tudo. Mas o pessoal da Folha bobeou na edição e na revisão gráfica. Pelo padrão do jornal, legendas laterais não "trepam" na imagem como aparece nesta página. É só passar a mãozinha pra ver o detalhe.

É Serginho Vasconcellos, meu amigo do Grajaú, e mais 10


Tenho vários ídolos. Charles Chaplin, Nilton Santos, Garrincha, Ernest Hemingway, Rubem Braga, Fernando Sabino, Vinicius de Moraes, Noam Chomsky, Sergio Porto, Drummond, Fernando Pessoa, Che Guevara, Paulo Cesar Caju e Marinho Chagas, Noel Rosa, Catherine Deneuve, Tio Sá e muitos... muitos outros. Me amarrava também nos palhaços Fred e Carequinha. Mas se eu escrever que eu gostava do Carequinha, muitos canalhas vão me gozar.

Admiro o texto de dois amigos: um dele já se foi: Lanning Elwis. O outro continua: Sérgio Vasconcellos. Meu melhor amigo de infância, o irmão que eu gostaria de ter. Até mesmo pra brigar. Por anos e anos não nos falamos. Culpa minha.

O cara escreve muito. Vejam o que escreveu no seu blog "Ferro de blog blog":
http://sergiovasconcellos.blogspot.com/

"Amanhece laranja em Niterói. Vejo daqui. Aqui não. Aqui cinza. A velha paisagem dos meus 6 anos de idade volta aos meus olhos de boêmio, agora ávidos por um sono profundo.

Estou no Grajaú. No velho Grajaú dos amigos de infância. Do Amaury, do PV, do PC, do Alfinete, do Arbex, do Tuninho Arataca, do Marcio, do Paulo Maurício, do Cesar Bigode, Oswaldo e de tantos outros que já se foram.

Estou no velho Grajaú do PC, da Cássia, da Clarita, da Sandra, da Tê, da Leila, da Chris, da Katia, da Regina Mara, da Carminha, nossa de quanta gente que subia - e quando subia, a gente olhava de baixo - e descia as escadas da Boite Oficina, que eu fazia com o Helcinho, com o Fernando, com o Eduardo, no velho e saudoso GTC?

Estou aqui, de frente pra Ponte Presidente Costa e Silva, a ponte Rio-Niterói, que inaugurei com meu pai e minha mãe, junto com milhares de outras famílias.

Era um outro Rio de Janeiro, um outro Grajaú, muito diferentes do que são hoje.

O Grajaú do Padre Ferro, do 110, do Seu Hildo, da Luluzinha, das Organizações Magalhães, do Banco Andrade Arnaud, do depósito de carrocinhas da Kibon, do laboratório e do barzinho no centro da praça.

São seis e dez da manhã. Eu morava na Engenheiro Richard e via quase a mesma coisa do que vejo daqui agora: só que eu via um pouco mais: de binóculo, via as horas no relógio da Central, via os navios na Baía de Guanabara, via a própria Guanabara, do Rei da Voz, das Lojas Ducal, da Tonelux, da TV Excelsior e da Rádio Mayrink Veiga.

Eu via a Pedra da Babilônia, via o cometa da Mesbla do Passeio Público, o Sumaré e quando era inverno, eu via balões enormes, lindos, com lanterninhas formando imagens.

Não tinha incêndio nem Polícia nem Corpo de Bombeiros de plantão. Bandidos? Uns dois ou três: lembro do Mineirinho, do Caveirinha e do Cara de Cavalo. Só.

O Grajaú era um bairro aristocrático, de mansões com jardins e quintais, com pouquíssimos edifícios. Eu mesmo nasci numa casa enorme, na Rua Canavieiras, brincava na rua, soltava pipa e via de longe as Hudsons, os Packards, as Mercurys e os enormes Chevrolets. Todos invariavelmente pretos.

Eu conhecia todo mundo e todo mundo me conhecia. O Chico cortava o cabelo de todos os meninos do bairro e só quando ele estava atolado demais, a gente cortava com o Jair. Lanchava no Boys, passava na casa do Seu Moreira, que dava balas pra gente.

Naquele tempo, a gente podia aceitar balas de qualquer pessoa, principalmente de moradores do Grajaú.

Lembro das Vemaguetes que nos ensinaram mais do que a dirigir, nos ensinando a pilotar. Roda Livre ou roda presa: com ou sem reduzida. A gente fazia curva no braço, sem freio-motor, mas com tração dianteira.

Meu primeiro beijo, minha primeira namorada, meus primeiros gols foram todos no Grajaú.

Olho da janela e vejo que ainda restam muitas casas. Na maioria delas eu brinquei, subi no muro, pulei o portão, porque todo mundo era "faixa". Não tinha tempo ruim.

Amanheceu laranja em Niterói. Mas aqui já clareou também. É tempo de dormir o sono dos justos.

Boa noite".

Dando uma de ombudsman


Meu camarada Felipe Franceschini, editor do Jornal Laboratório da FACHA, fez o convite e eu topei, com muito orgulho, com muito amor, como diz a musiquinha cantada nos estádios de futebol, de preferência no Engenhão, o mais moderno e mais bonito de todos. Eis o texto do "ombudsman" que acaba de sair na edição que já está nas "bancas" da Faculdade. É o professor matando a cobra e mostrando o pau (epa! epa!. Com todo o respeito, claro). Acho que ainda dou (no bom sentido) pra jornalista.
Quer ler? É só passar a mãozinha. Na imagem, não no professor.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Mamãe passou açúcar em mim!


Calma, não precisa aglomerar na fila de autógrafos; tem pra todo mundo. Podem copiar a foto à vontade e botar, que nem "santinho", junto à mesa de cabeceira ou carteira. Só não vale fazer despacho na esquina. Confessem: até que eu era bonitinho e charmoso. Humilde continuo sendo. Lembra ou não lembra o James Dean?
Hoje, 14 de março, é dia do meu aniversário e vale ficar meio sensível.

Em tempo: o carro era um Austin, o primeiro que meu pai comprou. Ele era colecionador de carros antigos e chamava o carro de austinmóvel (eita trocadalho do carilho). A foto foi tirada há poucos anos.

Fotosacana - 12: Ele só pensa em beijar


Tá na Folha de hoje.

Dia Nacional da Poesia - E o PCzinho está entre as mulheres


Está lá no site "Bolsa de Mulher" uma matéria "deste que vos escreve", como diria minha avó desalmada, a Gabriela Márquez. É sobre o "Dia Nacional da Poesia", comemorado hoje, 14 de março, data de nascimento de PC Guimarães, Castro Alves, Glauber Rocha e Carlos Heitor Cony (necessariamente nessa ordem - rs), entre outros, e da morte de Karl Marx. Está chovendo e-mails do mulheril na minha caixa de mensagens; fora as mensagens no celular. Sorry periferia, mas agora é que ninguém me segura. "E ademã que eu vou em frente, pois cavalo não desce escada" - nem sobe; como diria o grande filósofo Ibrahim Sued..
Quer ver? É só passar a mãozinha; quer ler? Vai lá na bolsa das mulheres.
http://www.bolsademulher.com/estilo/materia/magia_das_palavras/15426/1

quinta-feira, 13 de março de 2008

Aula de Assessoria de Comunicação: "Para que serve o Mídia Training?", por Francisco Viana


Outro texto interessante publicado na revista Imprensa, na coluna do Francisco Viana. Como sempre: é só passar a mãozinha.

Aula de Secretaria Gráfica: Ary Moraes e o novo projeto gráfico do "The Observer"



Leio sempre a coluna "Design de Imprensa", do Ary Moraes, na revista Imprensa. O cara dá aulas de Jornalismo Gráfico. É só passar a mãozinha.
Alô alô, Ary: quero falar com você.

Foto chocante


Tá lá na revista Imprensa. É só passar a mãozinha.

Blog do professor pc recomenda: livro sobre a vida dos frilas


Acabei de ver a dica na revista Imprensa e já encomendei. Custa R$ 27,10, sem o frete. E até flamenguista pode ler, pois tem apenas 128 páginas (rs). É da Summus Editorial, que costuma publicar bons livros sobre Jornalismo.

quarta-feira, 12 de março de 2008

Palestra sobre João Saldanha lota auditório da FACHA



"Tinha gente saindo pelo ladrão", como diria minha avó desalmada, a Gabriela Márquez. O auditório lotou e mais de 100 alunos tiveram a oportunidade de ouvir o jornalista André Iki Siqueira, autor do livro sobre João Saldanha. Quem não conseguiu assistir, ainda terá uma nova oportunidade. André prometeu voltar, em princípio na terça-feira, dia 25, às 9h30, para repetir o encontro para os alunos do turno da manhã. O professor Ivan Proença, amigo e autor de livros sobre Saldanha, também participou da palestra.
Uma noite inesquecível! João sem Medo merece.
As fotos são do professor Lauro Alonso.

Fotosacana: Lula lá


Saiu hoje na Folha. A foto é de Alan Marques.

terça-feira, 11 de março de 2008

Palestra sobre João Saldanha, com André Iki Siqueira




O jornalista André Iki Siqueira, autor do livro "João Saldanha, uma vida em jogo", faz palestra hoje, no auditório, para os meus alunos de Documentação, na FACHA. Ancelmo Gois deu nota. Os demais alunos também estão convidados, pois, afinal, nunca houve um jornalista esportivo que nem João Saldanha.
É só passar a mãozinha pra ler a nota.

Blog do professor pc recomenda: livro sobre poesias


Acabei de ler. Saiu há pouco tempo. Imperdível para quem gosta de poesia brasileira. Dá um bom panorama geral. O preço é um pouco salgado. R$ 52,00 na Livraria da Travessa.

Livrarias e Livreiros, blog no ar



Os alunos da turma de Documentação (manhã) fecharam os grupos do blog sobre Livrarias e Livreiros. O trabalho vai mostrar livrarias e livreiros famosos do Rio e do mundo, dicas e resenhas de livros sobre o tema e muito mais.
O endereço:
http://www.livrariaselivreiros.blogspot.com/

segunda-feira, 10 de março de 2008

FACHA inaugura nova Biblioteca



Na última sexta-feira pedi aos alunos de Técnica de Reportagem que produzissem uma matéria sobre a inauguração da nova biblioteca da FACHA. Fizemos um pequeno "tour" pela biblioteca, ainda na fase final da obra, e a coordenadora Leila Daha passou as informações para os alunos, que escreveram a matéria no mesmo dia, no laboratório. Embora ainda possa melhorar, o texto que mais gostei foi o da Luana Villaça, publicado abaixo. Eis, na íntegra. Não mudei uma vírgula.

"A FACHA INAUGURA MAIS UM NOVO PROJETO!!
Luana Villaça
Está chegando a grande hora!! Na segunda-feira próxima, dia 10/03/2008, a FACHA inaugura parcialmente sua nova Biblioteca. Dotada de um amplo espaço e surgindo com inúmeras novidades, este novo empreendimento visa um acesso mais fácil dos alunos ao local, já que agora, este lugar sagrado de pesquisa se encontra no pátio do campus 1 ao alcance de todos. Outro objetivo com a obra foi a melhoria do conforto durante a estadia dentro do recinto e a segurança por este oferecida, já que o peso proporcionado pelos livros (um acervo tamanho de nada menos que 20.000 títulos, compreendendo em torno de 250 periódicos, 300 DVDs e 1.200 fitas VHS sobre diversos assuntos, entre outros) se tornava perigoso no 3º andar da faculdade.
Falando em 3º andar, um grande ponto relatado pela coordenadora de Bibliotecas da FACHA e responsável pela mesma existente no Campus 1, Leila Dahia, é o fato de que com essa reestruturação foram feitas novas salas de aula para os alunos, dando-lhes também melhores condições de estudos.
Para o total atendimento de todos os freqüentadores da biblioteca, que antes já obtinha uma média de visitação diária de 500 alunos/dia e agora quer triplicar este número, conta-se com a ajuda de atualmente 6 funcionários, sendo 3 à tarde e 3 à noite e já que se recebe muitas visitas de alunos e ex-alunos também de outras universidades como PUC e UFRJ, nada mais coerente do que uma infra-estrutura interna que comporte este montante. Para isso, este novo projeto manterá 120 boxs de guarda-volumes onde 32 já estão instalados e os quais serão condição sine qua non para a permanência dos alunos dentro do espaço. Além disso, existirão 2 salas de vídeo que também servirão como salas de estudos em grupo, 1 sala específica para orientação de grupo ou monografia pelos professores e outra sem a necessidade da presença deste, um grande salão de leitura contendo 9 computadores para pesquisas na Internet e acesso ao acervo e a uma das maiores novidades, uma sala de leitura individual contendo 35 boxs com iluminação própria e mais 4 especificamente elaborados para atender aos deficientes físicos da instituição, o que mostra a inteira preocupação desta para com seus alunos.
Bem, como pode-se ver é um grande projeto que mais cedo do que se espera estará em vigor, funcionando para melhor atender aos seus estudantes. Embora não saibamos quanto foi gasto neste projeto, com certeza o Senhor Miguel Alonso, idealizador do projeto o realizou com uma inabalável precisão de detalhes e bom gosto. Aproveitemos então o temos como benefício – Visitem a Biblioteca FACHA!!".

A foto foi tirada com o meu celular.

sábado, 8 de março de 2008

"1968" é tema de VA

A turma de Documentação e Pesquisa (Noite) vai produzir um blog sobre 1968. Já está no ar. Em breve teremos muito conteúdo pra pesquisar.
http://www.sessentaeoito.blogspot.com/

Livrarias e livreiros, tema de VA


Inspirado no livro "Um livro por dia", que acabo de ler hoje, pedi aos meus alunos que fizessem um blog sobre Livrarias e Livreiros. O blog entra em breve no ar e a moçada já está apurando as matérias. A primeira livraria a ser visitada é a tradicional "Leonardo da Vinci", no Edifício Marquês do Herval. Em breve divulgo o endereço.

Revista Imprensa nas bancas


Como sempre faço, vou comprar e ler. Tem sempre matérias de interesse de jornalistas, professores e, principalmente, alunos. Apesar de alguns probleminhas...

quinta-feira, 6 de março de 2008

Luis Nassif mete o pau na Veja. Com todo o merecimento


Imperdível a entrevista do jornalista Luis Nassif na "Caros Amigos" que está nas bancas. Ele mete o pau naquela revista que já foi séria, competente e confiável. Eis um trecho disponibilizado no site da "Caros Amigos".

Entrevista explosiva - Luis Nassif

Tudo pelo jornalismo, inclusive pôr a cara para bater. É isso que ele diz movê-lo a desafiar a revista Veja por meio de uma série de matérias contundentes que publica na Internet: Dossiê Veja. Seu blog tornou-se um dos campeões de audiência. Porque não é todo dia que alguém decide enfrentar os supostamente mais poderosos meios de comunicação.

entrevistadores: José Arbex Jr., Renato Pompeu, Thiago Domenici, Marcos Zibordi, Mylton Severiano, Sérgio de Souza. fotos: Eduardo Zappia.

SÉRGIO DE SOUZA Como é que você chega nessa imprensa grande?
Me formei em 69, em São João da Boa Vista. Depois prestei vestibular pra ECA, pra USP e passei. Tenho uma tia que foi casada com o jornalista Luis Fernando Mercadante, que foi da Abril e da Globo, e quando vim pra cá ele me apresentou para o jornalista Talvani Guedes da Fonseca, que me arrumou um estágio na Veja. Fiquei três meses estagiário, daí fui contratado como repórter. Fiz carreira na Veja até 79, quando fui pro Jornal da Tarde. Na Veja a gente pegou aquela fase complicada de ditadura e à medida que comecei a entrar mais na área econômica as informações que a gente levantava passava para o movimento (jornal oposicionista), do Raimundo Pereira. No Jornal da Tarde, quando começou a era da informática eu já passei a me preparar, achava que o computador – não pensava em Internet ainda, mas havia o chamado Cirandão (uma espécie de rede) – seria a liberação do jornalista. Daí fui pra Folha em 83, saí em 87, 88, e fi quei com o Dinheiro Vivo, continuo até hoje. Em 91 voltei pra Folha de novo e agora estou um blogueiro.

JOSÉ ARBEX JR. Qual foi o elemento detonador desse movimento dentro da Veja?
Foi uma pesquisa feita pelos jornalistas Pompeu de Souza e o D´Alembert Jaccoud mostrando que o Euler Bentes tinha uma votação boa no Congresso contra o João Baptista Figueiredo. Quando chegou na redação, eles inverteram os dados, e aquilo foi um problema, juntou todo mundo e “ó, gente, vocês podem ir na linha da revista, mas não podem inverter dados assim”. Ali começou o processo de “passaralho” (demissão em massa), começou uma perseguição terrível em cima das pessoas. Eles não conseguiram me demitir, eu saí quando tive a proposta do Jornal da Tarde. Agora, aquilo foi muito importante, porque quando eles te jogam no meio da guerra você perde o medo e manda bala. Pra mim foi uma maneira de sair da concha e saber que os ambientes de redação são complicados; se você não cria uma imagem, uma marca própria, você fi ca refém. Lembro um ótimo colega que falava: “Não adianta, você não vai fazer carreira porque você é bom jornalista mas não sabe conviver com a estrutura”. E eu nunca consegui. O período que fi quei secretário de redação da Folha foi o pior período da minha vida, porque se eu tiver que trabalhar catorze horas por dia eu trabalho com gosto; se eu tiver que dedicar trinta minutos pra entender essas guerrinhas de puxar o tapete daqui e dali, pra mim é um desespero. No Jornal da Tarde tive o período mais criativo. Montei o Seu Dinheiro, o Jornal do Carro, mas quando surgiu o computador eu falei: “Preciso criar uma marca própria, se depender de redação eu não dou certo”.

MARCOS ZIBORDI E a Internet hoje, você faria esse trabalho sem ela?
Ah não, não tinha Internet, a minha aposta foi quando entrou a era do computador pessoal e do cirandão. Dinheiro Vivo foi o primeiro a trabalhar com informação eletrônica. Meu sonho lá atrás demorou um pouco pra chegar, mas agora chegou. A Internet é fundamental.

"Estou falando do tanto de ataques cometidos contra a honra de terceiros na revista, é uma coisa inacreditável"

JOSÉ ARBEX JR. Eu acho que a Veja merece uma caracterização um pouco melhor, mais precisa. Porque, na minha opinião, ela é diferente da Folha e do Estadão. Tem um lugar que a Veja ocupa, que você citou de passagem. Na minha opinião, ela é o veículo propagador do neoconservadorismo no Brasil. Fiquei pensando: com quem a Veja dialoga? A única resposta que eu achei foi George Bush.
A Abril não é uma editora ideológica. Quando você pega a Abril, a Folha, o Globo, eles cavalgam movimentos da opinião pública. Se a opinião pública quer um pouco mais à esquerda, eles vão, faz parte do conceito da grande mídia em relação ao ambiente de mercado. Depois das Diretas-Já tinha uma onda mais à esquerda, eles foram. Depois tem uma onda um pouco mais à direita. Tem um conjunto de fenômenos aí que ajuda a explicar essa questão de mais pra direita. Tem de um lado uma classe média que foi massacrada quinze anos; aí tem uma insegurança, porque fi nanceiramente ela começa a cair. É uma classe média ameaçada. De repente você tem uma ascensão da classe D. Isso cria uma dupla insegurança pra classe média, que é a insegurança fi nanceira e insegurança de status. Daí o Lula é eleito. Você tem o deslumbramento inicial do pessoal que chega ao governo, o que vai acentuando a resistência da classe média. Tudo isso dentro de um ambiente em que mundialmente há essa tendência à direitização. E a grande imprensa sempre refletiu esses movimentos lá de fora, sempre foi cópia malfeita desses movimentos. Então já havia uma tendência de ocupar esse espaço mais à direita. Os jornais fazem isso. Daí surge o escândalo do mensalão, eles têm a chance de refletir o que eles acham que era o sentimento de seus leitores contra o governo e derrubar o governo. Nada de conspiração, estamos falando de mercado. Então todos partem pra isso. Doeu meu coração ver a Folha a reboque da Veja, mas ela tinha lá a visão de mercado dela. O Estadão, com mais discrição, como sempre. O Globo, com exceção das intervenções de Ali Kamel, faz um jornalismo um pouco mais sólido. A IstoÉ é aquilo que a gente já conhece. Mas a Veja envereda por um caminho onde entra um profundo amadorismo desse pessoal. Quando eles começam a subir o tom, com aquela agressividade, colocar o presidente da República...

terça-feira, 4 de março de 2008

Eles erraram


Por falta de tempo, não postei duas das críticas publicadas na coluna do ombudsman da Folha, Mário Magalhães, no último domingo. Vale a pena ler. A outra está no post seguinte.
Considerações sobre os "Erramos"
Recebi da jornalista Suzana Singer, secretária de Redação da Folha (área de edição), um comentário sobre a correção de erros de informação.
Ei-lo: "O ombudsman chamou a atenção, em sua coluna de 10 de fevereiro, para a demora na publicação dos "Erramos". Do dia em que saiu o erro até a correção, a média é de 7,34 dias [balanço de 2007]".
"No entanto, o gráfico acima mostra que a maioria dos "Erramos" (55%) é publicada em até três dias. Isso não significa, porém, que a Redação se contente com esse desempenho -é nosso objetivo tornar as correções ainda mais ágeis."
Contextualizo: nenhuma publicação brasileira retifica seus erros como a Folha. A seção "Erramos" fornida não é sinal de fragilidade jornalística, mas de pujança. Todos erram, só alguns se corrigem.
Claro que a média de tempo para as retificações é inflada pela demora e rebaixada pela rapidez. Não parece um bom resultado que mais de 130 correções tenham esperado, em 2007, pelo menos três semanas para sair.
Em quatro anos de tabulação, a espera média começou em sete dias e assim permanece, sem avanço algum.
É possível melhorar? Os últimos dados indicam que sim: em fevereiro de 2008, o jornal corrigiu 127 erros de informação, salto de 33% em relação aos 96 do mesmo mês do ano anterior. O tempo entre a veiculação do erro e a correção foi de 6,88 dias, menos que a média de 2007. Ela pode cair muito mais, em benefício dos leitores".

Matéria reciclada


Outra nota interessante retirada da coluna do ombudsman da Folha, Mário Magalhães, no domingo último. Bela crítica.

"A manchete da Folha no domingo foi quase igual a um título de capa em 2005. O jornal sabia da reportagem antiga, mas considerou "os dados diferentes, atualizados". Acho que a informação é igual. E que manchete merece notícia nova".

Uma bela matéria!

Que belo texto do Robert Fisk, publicado no caderno "Mais", da Folha de S. Paulo, no último domingo. Uma aula de Jornalismo.

O estranho caso da biografia inventada
Um dos mais influentes correspondentes atuais, Robert Fisk conta como foi vítima de um fraudador egípcio que escreveu uma biografia de Saddam Hussein usando seu nome
ROBERT FISK

Eu o recebi em Beirute num embrulho simples, um envelope pardo contendo uma pequena brochura em árabe, acompanhada de um bilhete de uma amiga egípcia. "Robert!", dizia. "Você realmente escreveu isto?"
A capa trazia uma foto do ditador iraquiano Saddam Hussein sendo julgado em Bagdá, o lado esquerdo de sua cabeça em cores, o direito desbotado, vestindo um paletó esporte preto, mas sem gravata, segurando um Corão na mão direita. "Saddam Hussein", dizia a capa em grandes letras. "Do nascimento ao martírio." E depois vinha o nome do autor -em um belo tipo caligráfico dourado, no canto superior direito. "Por Robert Fisk."
Então lá estavam, 272 páginas de brochura sobre a vida e os tempos do Hitler de Bagdá -e vendendo bem na capital egípcia. "Todos suspeitamos de um homem muito conhecido aqui", ela acrescentava. "Chama-se Magdi Chukri."
É desnecessário dizer que notei um ou dois problemas nesse livro. Ele adotava uma visão muito condescendente com a brutalidade de Saddam, não parecia se importar muito com os civis mortos a gás em Halabja -e era cheio de passagens enfeitadas, do tipo que eu detesto. "Depois da rejeição americana do relatório de armas iraquianas à ONU", escreveu "Robert Fisk", "o rufar dos tambores de guerra tornou-se uma cacofonia".
Pois eu não escrevi esse livro. Não se tratava de plágio -uma prática comum no Cairo, e por isso faço questão de que todos os meus verdadeiros livros sejam publicados legalmente em árabe no Líbano. Não, não era plágio. Era fraude.
E era claramente o momento para o detetive Fisk investigar "O Mistério do Falsário Egípcio". Elementar, meu caro leitor, por isso embarquei no vôo ME304, da Middle East Airlines, de Beirute para minha capital menos favorita, o burocrático, congestionado, falido, maravilhoso, bárbaro, irredutível, espetacular Cairo.
Eu havia chamado um amigo jornalista egípcio, Saef Nasrawi, para ser meu Dr. Watson, e, a poucos metros da porta do Marriott Gezira Hotel, encontramos nosso fiel motorista, Yasser Hassan. "Não esqueça de colocar meu sobrenome no seu jornal", ele anunciou.
Ele disparou para o que todos esperávamos que fosse o escritório da editora. "Ibda", chamava-se a empresa, supostamente, e a telefonista egípcia havia rastreado o nome até um endereço no Cairo Antigo.

Casa da criatividade
O nº 953 da Corniche el-Nil era um prédio alto residencial no qual Saef e eu não poderíamos entrar sem a autorização de uma senhora coberta de preto, cujo filho brincava na rua empoeirada.
Ela escutou enquanto chamávamos escada acima. Sim, disse uma voz de mulher, podíamos pegar o elevador. Na parede havia uma placa: "Ibda, a casa da criatividade para jornalismo, publicação e distribuição". A parte da "criatividade" era bem real.
Mas a polida mulher de véu no 11º andar era de uma total ignorância. "Nunca publicamos esse livro", disse, e ligou para sua chefe, que estava na Feira do Livro do Cairo. Esta telefonou para nosso celular e insistiu -com veracidade- que "Saddam Hussein" não era obra sua.
Saef e Yasser discutiram nosso problema. Os detalhes editoriais na capa do livro estavam claramente errados. Mas o frontispício anunciava que o livro tinha sido registrado no governo egípcio para circulação -em outras palavras, sua venda tinha sido autorizada pela censura oficial.
Então, decidi que nosso próximo destino seria uma visita ao Dar al-Kutb -a "Casa dos Livros", do Ministério da Cultura. O fraudador, o tal Magdi Chukri, teria sido tão esperto a ponto de legalizar seu livro, produzido ilegalmente, no não-tão-legalista governo do presidente Hosni Mubarak? Chegamos ao Ministério da Cultura, um árido prédio stalinista ao lado do qual encontramos a "Casa dos Livros".
No primeiro andar havia um empório de livros -hesito em chamá-lo de escritório-, um vasto átrio de volumes e manuscritos. Eles se empilhavam metros acima das mesas e das prateleiras e -ao que parecia- a quilômetros do chão.
Centenas, não, milhares de livros estavam amontoados em fileiras dickensianas, do piso ao teto: novelas eróticas, ficção árabe, tratados de jurisprudência islâmica e manuais de física.
Duas mulheres de véu e dois homens de barba estavam sentados junto de uma mesa no meio dessa floresta de literatura, um deles -sempre há um milagre no Cairo- na frente de um computador sujo, amarelo-desbotado.

Mesquita subterrânea
Perguntei se meu volume favorito tinha sido aprovado para venda pelo governo egípcio. "De Robert Fisk?", o homem perguntou. "Ele mesmo!", gritei. "Sim, foi registrado aqui em 30 de maio de 2007." "Há o nome do homem que quis registrá-lo?" "Não, só o endereço: rua Hassan Ramadan, 13, em Dokki."
Segundos depois o detetive Fisk descia a escada correndo, com seu fiel Dr. Saef Watson nos calcanhares. "Para Dokki!", pedimos ao deliciado Yasser. Agora, sem dúvida, estávamos na pista do Impostor do Cairo. Pelo menos havia uma chance de confrontar o sr. Magdi.
O problema -nós três percebemos- é que o nome Magdi Chukri é quase tão comum no Cairo quanto John Smith no Reino Unido. Deve haver centenas de milhares de Magdi Chukris no Egito -um dos quais é um ex-ministro das Relações Exteriores, um homem de grande probidade que jamais forjaria um livro, e provavelmente por isso o autor escolheu esse nome.
Viramos à esquerda em um beco de odor terrível -a rua Hassan Ramadan- e paramos diante do nº 13. Era uma mesquita subterrânea. Não apenas era subterrânea como, quando Saef e eu tentamos entrar no prédio, as orações chorosas de um funeral se ergueram do porão.
Um "bo'ab" prestativo -todos os edifícios egípcios têm porteiro- apareceu e insistiu em que nenhum editor vivia no prédio inclinado, de tijolos de barro, que ficava atrás da mesquita. "Eu conheço todo mundo", ele disse, apontando para os varais cheios de roupa. "Esses são os Wassis, esses são os Salman..."
Nessa altura, uma senhora idosa de óculos surgiu de uma escada. Não, ela disse a Saef, não havia editores aqui. "Mas houve um simpático senhor Magdi Chukri."
"Magdi Chukri?!" "Sim, mas se mudou um ano atrás [antes de registrar seu falso endereço no governo, elaborou o cérebro informático do detetive-inspetor] e hoje trabalha na filial da livraria Mgboulli, ali na esquina."
Nem Holmes nem Watson jamais se moveram tão depressa. Saef, Yasser e eu saímos gritando pelo lado errado da rua Hassan Ramadan, deixando os condutores de burros com os olhos apertados de ódio porque nossos gritos os afastavam da rua. Só uma coisa importava agora. O nº 45 da rua Al-Batal Ahmed Abdul-Aziz, a livraria Mgboulli local.
E lá estava ela, com a vitrine lotada de brochuras, sem o "G" e o "U" do nome, caídos há muito tempo.

"Eu não escrevi este livro"
Um egípcio magro, fumando um cigarro, de paletó de smoking amarelo com lapelas de veludo preto, bloqueava a entrada. "Quero comprar um livro", eu disse suavemente, com o sorriso conquistador -temo- de um policial à paisana invadindo meu rosto.
Lá dentro havia dois homens musculosos, balconistas como nunca se viram. Perguntei sobre um livro muito conhecido, a vida de Saddam Hussein. "De Robert Fisk?" "Ah, sim, esse mesmo!"
Acompanhei um dos fortões escada acima até a seção de "biografia de Saddam Hussein". Nesse momento ele voltou correndo para baixo e pegou o livro de uma pilha secreta sob o balcão. "Trinta libras egípcias", ele disse. Eu paguei. Sim, paguei o equivalente a 2,86 [cerca de R$ 9,50] por um livro com meu nome na capa, o qual não escrevi.
O homem de paletó amarelo -agora ele se apresentou como "Mahmoud"- me perguntou por que eu queria comprar aquele livro especialmente. "Porque ele tem meu nome na capa", eu disse. "E aqui está meu cartão de visita. Eu não escrevi esse livro." "Mahmoud" e os dois musculosos caíram na gargalhada. Saef também. E eu também. Pois era um momento cômico.
"Mahmoud" conhecia "Magdi Chukri"?, perguntei. "Sim, ele é meu amigo. Mas nos deixou há algum tempo e hoje mora na Cidade 6 de Outubro. Este é o telefone dele." Liguei. Não atendeu. Havia outro número. Uma mulher atendeu, se recusou a dar seu nome ou endereço e desligou. "Mahmoud" encolheu os ombros. "Quantos exemplares deste livro você já vendeu?"
"Mahmoud" deu uma tragada no cigarro. "Pelo menos uns cem até agora." "Então você me deve 3 mil libras egípcias!" Eu estava gostando dessa parte. "Mas não, sr. Robert, não lhe devemos esse dinheiro", disse "Mahmoud" com um sorriso fingido. "Porque o senhor acaba de me dizer que não escreveu o livro. Como podemos lhe pagar por um livro que não escreveu?"
Por que eu gostava de "Mahmoud"? Por que estava gostando daquele momento? Seria possível encontrar o sr. Chukri na Cidade 6 de Outubro, caçá-lo rua a rua? Saef inclinou-se sobre meu ombro.
"Sr. Robert, cerca de 9 milhões de pessoas vivem na Cidade 6 de Outubro." Entendi a mensagem. Agarrando meu segundo exemplar da biografia de Saddam Hussein por Robert Fisk -Yasser adorou recebê-lo de presente- , deixei a Mgboulli e voltei para o Marriott. Naquela noite, fiquei sentado no balcão do hotel e olhei além dos minaretes escurecidos e as águas pretas do Nilo para as luzes tremulantes da Cidade 6 de Outubro.
Lá longe, no escuro, "Magdi Chukri" devia estar trabalhando em outro livro histórico. Qual será seu título?, me perguntei. E que nome de autor enfeitará sua capa dourada?

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A íntegra deste texto saiu no "Independent". Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves.