Infelizmente não pude participar da manifestação. Mas reproduzo aqui no blog o texto publicado no site da ABI:
Diploma: protesto no Centro do Rio
Na manhã desta segunda-feira, dia 22, foi realizada a primeira manifestação no Rio de Janeiro, em repúdio à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que declarou inconstitucional a exigência de diploma de nível superior para o exercício da profissão de jornalista, na última quarta-feira, dia 17.
Estudantes, jornalistas e representantes do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro (SJPMRJ), da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e da Associação de Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do Rio de Janeiro (Arfoc-Rio) se concentraram em frente ao edifício-sede da ABI, no Centro do Rio, às 10h, caminhando em direção à Câmara Municipal do Rio de Janeiro, e em seguida, à Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).
A mobilização para a passeata começou na internet, quando alunos de Jornalismo, através de uma comunidade do Orkut, se organizaram para a realização do protesto, que, segundo Marcele Batista, uma das estudantes que iniciaram o movimento na rede, aconteceu simultaneamente em outros estados como São Paulo, Piauí, Brasília e Rio Grande do Sul.
Ainda em frente à sede da ABI, os manifestantes — trajando roupas pretas e exibindo faixas com mensagens como “Pesquisa com a sociedade confirma: 74,3% querem que os jornalistas tenham o diploma.” — ensaiaram os primeiros gritos de ordem. Ao som de “ão, ão, ão, diploma é obrigação” e “não é mole não, o meu diploma virou pano de chão”, as pessoas utilizaram o megafone para registrar o descontentamento.
Rogério Marques, Vice-Presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro, recordou o período anterior a 1969, quando não havia a exigência do diploma:
"Naquela época predominava o que ficou conhecido como a imprensa marrom, altamente sensacionalista e com padrões éticos questionáveis. Além de muitos jornalistas que mais pareciam policiais, e policiais, amigos de jornalistas, que faziam matérias como um “bico”. Tenho muito receio de que a profissão volte a ser encarada daquela maneira e que a ética seja deixada de lado, em detrimento ao sensacionalismo".
Para o sindicalista, a partir da decisão do STF, a tarefa de organizar a categoria ficará mais difícil, os salários poderão ser nivelados por baixo, e os patrões sairão ganhando. "As empresas vão baixar os salários e contratar aquelas pessoas que fazem parte do grupo de interesse deles".
Sobre esta questão, a Diretora de Relações Internacionais da Fenaj, Beth Costa, chamou a atenção para o que classificou como “nepotismo na imprensa”:
"Como a maioria das empresas de comunicação do País pertence a algumas famílias, elas poderão começar a privilegiar os parentes e conhecidos, que nunca irão contestá-las".
Para Beth Costa, os Ministros do STF demonstraram despreparo na análise da matéria:
"Fiquei indignada com o depoimento do Carlos Ayres Britto quando ele disse que o jornalismo não precisa de técnica, pois se trata de literatura e arte, e que a profissão não causa danos a terceiros. O médico pode matar uma pessoa fisicamente e o jornalista moralmente. Essas justificativas mostram falta de conhecimento sobre a profissão".
Segundo Carmem Pereira, membro da Comissão de Ética da Fenaj, as empresas não vão querer arcar com o ônus da qualificação profissional, o que pode prejudicar a qualidade do serviço prestado:
"Antigamente, as redações eram abertas ao público. O “foca” freqüentava o jornal e aos poucos ia aprendendo o trabalho. Hoje em dia, as redações estão cada vez mais enxutas, e não há espaço físico para isso. As empresas já querem que o estagiário esteja preparado. Como elas se responsabilizarão pela qualificação do profissional?".
Carmem acredita que a decisão do STF, em médio e longo prazo, interferirá negativamente na questão salarial:
"Não sei qual será o parâmetro salarial. Basta ver que o Ministro Gilmar Mendes comparou a profissão de jornalista com a de cozinheiro".
Empunhando um cartaz com a mensagem: “E agora, o jornalista vai enfiar o diploma onde”?, o jornaleiro Sebastião Batista revelou repúdio à decisão do STF:
"Gastei uma fortuna para formar minha filha em Jornalismo e agora o diploma não vale mais. É como se eu tivesse sido atingido por uma bala perdida. Entendo que a partir deste momento, o jornalista vai ficar desmotivado para seguir a profissão".
Carregando nas mãos um rolo de papel higiênico, que comparava ao seu diploma, Isabela Guedes, estudante do 7º período de Jornalismo, demonstrou preocupação com o acirramento da concorrência na hora de pleitear uma vaga no mercado de trabalho:
"Já estou quase me formando e até agora não consegui um estágio, pois o mercado é muito fechado. Agora, que estou concorrendo com pessoas de todas as áreas, será muito mais difícil conseguir emprego".
Quando a passeata chegou à sede da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), Rogério Marques pediu apoio aos parlamentares, argumentando que a extinção da obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista afeta toda a sociedade:
"Precisamos de jornalistas bem qualificados e bem pagos, para que a sociedade seja informada da melhor maneira possível. Queremos que seja criada uma frente parlamentar, a mais ampla possível, para entrar nessa luta junto com a gente".
Vestido como cozinheiro, numa alusão à comparação feita por Gilmar Mendes entre esta profissão e a de jornalista, o Presidente da Arfoc-Rio e Diretor do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro, Alberto Jacob Filho, lembrou que a decisão do STF não diz respeito somente aos jornalistas, mas a outras categorias que também terão a exigência do diploma derrubada:
"Nossa luta será para estabelecer pré-requisitos para o exercício de todas as profissões que não oferecem riscos aos seres humanos, como argumentaram os Ministros do STF, e que, portanto, perderão a exigência do curso superior para serem exercidas. Vamos tentar resolver esta situação, seja por projeto de lei ou emenda constitucional".
Alberto informou ainda que será disponibilizado no site do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro um espaço para a coleta de assinaturas exigindo a implementação de dispositivos que garantam a regulamentação das profissões.
Segundo Alberto, a partir desta semana, o sindicato consultará juristas para saber de que maneira isto poderá ser feito.
Antes de encerrar a manifestação, Rogério Marques convocou os presentes para um protesto nesta terça-feira, dia 23, às 17h, em frente à Fundação Getúlio Vargas (FGV), em Botafogo, zona sul do Rio, onde o Ministro Gilmar Mendes, Presidente do STF, estará ministrando uma palestra.
Diploma: protesto no Centro do Rio
Na manhã desta segunda-feira, dia 22, foi realizada a primeira manifestação no Rio de Janeiro, em repúdio à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que declarou inconstitucional a exigência de diploma de nível superior para o exercício da profissão de jornalista, na última quarta-feira, dia 17.
Estudantes, jornalistas e representantes do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro (SJPMRJ), da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e da Associação de Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do Rio de Janeiro (Arfoc-Rio) se concentraram em frente ao edifício-sede da ABI, no Centro do Rio, às 10h, caminhando em direção à Câmara Municipal do Rio de Janeiro, e em seguida, à Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).
A mobilização para a passeata começou na internet, quando alunos de Jornalismo, através de uma comunidade do Orkut, se organizaram para a realização do protesto, que, segundo Marcele Batista, uma das estudantes que iniciaram o movimento na rede, aconteceu simultaneamente em outros estados como São Paulo, Piauí, Brasília e Rio Grande do Sul.
Ainda em frente à sede da ABI, os manifestantes — trajando roupas pretas e exibindo faixas com mensagens como “Pesquisa com a sociedade confirma: 74,3% querem que os jornalistas tenham o diploma.” — ensaiaram os primeiros gritos de ordem. Ao som de “ão, ão, ão, diploma é obrigação” e “não é mole não, o meu diploma virou pano de chão”, as pessoas utilizaram o megafone para registrar o descontentamento.
Rogério Marques, Vice-Presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro, recordou o período anterior a 1969, quando não havia a exigência do diploma:
"Naquela época predominava o que ficou conhecido como a imprensa marrom, altamente sensacionalista e com padrões éticos questionáveis. Além de muitos jornalistas que mais pareciam policiais, e policiais, amigos de jornalistas, que faziam matérias como um “bico”. Tenho muito receio de que a profissão volte a ser encarada daquela maneira e que a ética seja deixada de lado, em detrimento ao sensacionalismo".
Para o sindicalista, a partir da decisão do STF, a tarefa de organizar a categoria ficará mais difícil, os salários poderão ser nivelados por baixo, e os patrões sairão ganhando. "As empresas vão baixar os salários e contratar aquelas pessoas que fazem parte do grupo de interesse deles".
Sobre esta questão, a Diretora de Relações Internacionais da Fenaj, Beth Costa, chamou a atenção para o que classificou como “nepotismo na imprensa”:
"Como a maioria das empresas de comunicação do País pertence a algumas famílias, elas poderão começar a privilegiar os parentes e conhecidos, que nunca irão contestá-las".
Para Beth Costa, os Ministros do STF demonstraram despreparo na análise da matéria:
"Fiquei indignada com o depoimento do Carlos Ayres Britto quando ele disse que o jornalismo não precisa de técnica, pois se trata de literatura e arte, e que a profissão não causa danos a terceiros. O médico pode matar uma pessoa fisicamente e o jornalista moralmente. Essas justificativas mostram falta de conhecimento sobre a profissão".
Segundo Carmem Pereira, membro da Comissão de Ética da Fenaj, as empresas não vão querer arcar com o ônus da qualificação profissional, o que pode prejudicar a qualidade do serviço prestado:
"Antigamente, as redações eram abertas ao público. O “foca” freqüentava o jornal e aos poucos ia aprendendo o trabalho. Hoje em dia, as redações estão cada vez mais enxutas, e não há espaço físico para isso. As empresas já querem que o estagiário esteja preparado. Como elas se responsabilizarão pela qualificação do profissional?".
Carmem acredita que a decisão do STF, em médio e longo prazo, interferirá negativamente na questão salarial:
"Não sei qual será o parâmetro salarial. Basta ver que o Ministro Gilmar Mendes comparou a profissão de jornalista com a de cozinheiro".
Empunhando um cartaz com a mensagem: “E agora, o jornalista vai enfiar o diploma onde”?, o jornaleiro Sebastião Batista revelou repúdio à decisão do STF:
"Gastei uma fortuna para formar minha filha em Jornalismo e agora o diploma não vale mais. É como se eu tivesse sido atingido por uma bala perdida. Entendo que a partir deste momento, o jornalista vai ficar desmotivado para seguir a profissão".
Carregando nas mãos um rolo de papel higiênico, que comparava ao seu diploma, Isabela Guedes, estudante do 7º período de Jornalismo, demonstrou preocupação com o acirramento da concorrência na hora de pleitear uma vaga no mercado de trabalho:
"Já estou quase me formando e até agora não consegui um estágio, pois o mercado é muito fechado. Agora, que estou concorrendo com pessoas de todas as áreas, será muito mais difícil conseguir emprego".
Quando a passeata chegou à sede da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), Rogério Marques pediu apoio aos parlamentares, argumentando que a extinção da obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista afeta toda a sociedade:
"Precisamos de jornalistas bem qualificados e bem pagos, para que a sociedade seja informada da melhor maneira possível. Queremos que seja criada uma frente parlamentar, a mais ampla possível, para entrar nessa luta junto com a gente".
Vestido como cozinheiro, numa alusão à comparação feita por Gilmar Mendes entre esta profissão e a de jornalista, o Presidente da Arfoc-Rio e Diretor do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro, Alberto Jacob Filho, lembrou que a decisão do STF não diz respeito somente aos jornalistas, mas a outras categorias que também terão a exigência do diploma derrubada:
"Nossa luta será para estabelecer pré-requisitos para o exercício de todas as profissões que não oferecem riscos aos seres humanos, como argumentaram os Ministros do STF, e que, portanto, perderão a exigência do curso superior para serem exercidas. Vamos tentar resolver esta situação, seja por projeto de lei ou emenda constitucional".
Alberto informou ainda que será disponibilizado no site do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro um espaço para a coleta de assinaturas exigindo a implementação de dispositivos que garantam a regulamentação das profissões.
Segundo Alberto, a partir desta semana, o sindicato consultará juristas para saber de que maneira isto poderá ser feito.
Antes de encerrar a manifestação, Rogério Marques convocou os presentes para um protesto nesta terça-feira, dia 23, às 17h, em frente à Fundação Getúlio Vargas (FGV), em Botafogo, zona sul do Rio, onde o Ministro Gilmar Mendes, Presidente do STF, estará ministrando uma palestra.
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