domingo, 2 de dezembro de 2007

Jornalismo com alma de release (Mário Magalhães)

Bela crítica do ombudsman da Folha, hoje. Mais uma.
Jornalismo com alma de release
O jornalismo brasileiro é pouco crítico na cobertura de políticas públicas. É o que confirma um portentoso cruzamento de dados da Agência de Notícias dos Direitos da Infância com base em 15 análises temáticas de mídia produzidas de 2000 a 2005.
A Andi esquadrinhou 17.481 textos de jornais de todos os Estados e eventualmente de revistas, sobre assuntos como saúde do adolescente, drogas, trabalho infantil e doméstico, educação, violência e desenvolvimento humano e social.
Constatou que inexpressivos 8,52% deles cobraram ou responsabilizaram o governo, fosse no mandato derradeiro de Fernando Henrique Cardoso ou no inaugural de Luiz Inácio Lula da Silva.
Ao não cobrar, o jornalismo oculta limitações e falhas dos governos. Ao não responsabilizar, deixa de esclarecer os deveres do Estado. Vai-se a uma entrevista e, já é hábito, limita-se a divulgar de modo submisso as declarações, promessas e versões das autoridades. Conforme Guilherme Canela, coordenador de Relações Acadêmicas da Andi, "na cobertura de políticas públicas, a mídia se vale fortemente das fontes oficiais. E não chegam a 10% as matérias com opiniões divergentes".
O resultado é este: jornalismo com alma de release.

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