Estou fora do Rio, no momento. Tentei postar este artigo ontem, mas deu tilt. Mestre Gilson Caroni, gente boa, apesar de flamenguista, mandou por e-mail texto do Tiago Cordeiro, publicado no Comunique-se.
"Na maioria das universidades, os professores recomendam que uma informação seja checada no mínimo três vezes antes de ser publicada. Na pressa dos "pescoções" e horários de fechamento, não é raro que repórteres não tenham como recorrer a esse expediente. Ainda assim, para muitos profissionais a intensidade e velocidade do trabalho jornalístico não justificam que apenas um site como o Orkut seja usado como única fonte de informações.
“O Orkut deve ser tratado como qualquer site da internet, existe uma série de procedimentos para você checar a informação. Como fonte, o Orkut não basta por si só”, opinou Diego Toledo, subeditor da BBC Brasil. A matéria “Tráfico exibe poder de fogo pelo Orkut”, publicada no Jornal do Brasil nesta terça-feira, não informa em nenhum momento outra fonte além do site de relacionamentos. Todo texto fala sobre supostos perfis de traficantes sem indicar quais evidências confirmariam que foram feitos por criminosos e não pessoas como os atores do filme "Cidade dos Homens", confundidos como criminosos.
"Acho que o Orkut é fonte sim, mas não pode ser a única", declara a jornalista Pollyanna Ferraz, professora da PUC-SP e pesquisadora em intermídia. Ela lembra o caso de um e-mail que dizia conter fotos do acidente da Gol, mas se tratava de imagens do seriado "Lost". "A falha está não no Orkut e sim na apuração", frisa.
Para o professor de jornalismo online da PUC-RS Eduardo Pellanda, o Orkut e outros sites como a Wikipedia podem ser usados no jornalismo, mas não como “fonte primária” e sim como um indicador de um tipo de comportamento. “Não sendo o único elemento de dados, acho que o Orkut pode te ajudar bastante nesse sentido. Há conversações lá que são reais e podem ser um dado a mais”, explica Pellanda.
Sem donuts para você
Apesar da polêmica, todos os profissionais de jornalismo online concordam que o caso do JB não sustenta excluir o Orkut de uma apuração e sim que ele não deve ser a única fonte. “Ele pode ser usado com restrições. As funções básicas do jornalismo têm que ser seguidas sempre para não comprarmos algo como verdade e vendermos como se fosse verdade. Se houver qualquer dúvida, o editor deve sempre checar se vale colocar a informação com uma dúvida ou optar por não dar nada”, ressalta Luiz Claudio Oliveira, editor da Gazeta do Povo Online.
O subeditor da Websinder, Paulo Rêbelo, vê o Orkut como uma boa possibilidade de se adquirir novas fontes, mas também condena usá-lo com exclusividade. "Tem muita gente que usa e não checa se está falando com alguém de verdade e é muito fácil criar um perfil falso. Já vi muitos casos de colega usar o Orkut para achar uma pessoa, fazer perguntas por e-mail e nunca verificar se essa pessoa existe, se realmente ocupa aquele cargo etc.", explica o jornalista que apesar da opinião jamais usou o site de relacionamentos como fonte.
“É a lição básica do jornalismo. A gente tem que garantir a informação para o leitor. Em uma situação dessas, a pessoa vê aquilo no Orkut e compra como verdade sem checar com a polícia ou com uma fonte segura”, explica Oliveira.
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