Vale a pena ler a troca de "correspondências" entre Adilson Laranjeira, assessor de Imprensa de Paulo Maluf, e Clóvis Rossi, colunista da Folha de S. Paulo. Clóvis escreveu em um artigo (abaixo) que Adilson Laranjeira, seu ex-colega na redação do mesmo jornal, "mudou de lado" ao assumir o cargo de assessor de Imprensa de Maluf, o que não deve ser fácil. Como defender Maluf? Adilson nega que tenha trocado de lado. Há jornalistas que até defendem a criação de um Sindicato diferente para os profissionais que trabalham em assessoria de Imprensa. Alegam que assessor de Imprensa não é Jornalista. Discordo. Mas vale a reflexão.
Maluf
"Clóvis Rossi me elogia em seu artigo "O encontro dos caras-de-pau" (Opinião, 15/2) e estranha que eu tenha trocado de lado quando assumi o cargo de assessor de imprensa de Paulo Maluf. Nunca troquei de lado e jamais usei em benefício próprio o privilégio que foi trabalhar durante 20 anos na Folha. Troquei apenas de emprego e continuo o mesmo profissional. Aquilo que escrevo sobre Maluf é baseado no direito de defesa que o "Manual da Redação" da Folha assegura a todos.
Quando Maluf é acusado e o jornal ouve o ex-prefeito na própria reportagem, para nós o assunto está encerrado. Quando Maluf é atacado em artigos ou em cartas de leitores sem ser ouvido, uso aquilo que o "Manual da Redação" assegura. Um exemplo que vem ao caso: o PT deveria reclamar do jornal porque Rossi diz em seu artigo que o partido virou uma organização criminosa, "no dizer do procurador-geral da República".
O procurador jamais disse isso, e sim que 40 altos dirigentes e membros do partido constituíram uma quadrilha dentro da organização partidária, o que é muito diferente. Como se vê, continuo atento apenas a que as coisas sejam ditas como são, e não como elas possam significar para outros que não as ouviram corretamente."
ADILSON LARANJEIRA, assessor de imprensa de Paulo Maluf (São Paulo, SP)
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O encontro dos caras-de-pau
CLÓVIS ROSSI
SÃO PAULO - Quando comecei na Folha, há exatos 28 anos, Adilson Laranjeira era chefe de reportagem. Meu chefe, portanto. Profissional competente, uma de suas funções era pôr a sua turma a trabalhar em textos de denúncia ou críticos a Paulo Salim Maluf.
Depois, o velho e bom Adilson mudou de lado. Passou a ser assessor de imprensa de Maluf. E, nessa função, faz o contrário do que fazia quando estava na Folha: manda cartas negando todas as acusações e críticas a seu chefe. É do jogo. Essa rotina reapareceu, em parte, na edição de ontem desta Folha, em carta na qual Adilson diz que fui injusto ao comparar a farra dos "fuscas" com dinheiro público de Maluf com a farra dos cartões lulopetistas (e tucanos).
Mas há, na carta, um dado relevante: nos 23 anos decorridos até chegar ao poder, o PT fazia questão de vociferar que todos os demais partidos eram farinha do mesmo saco e que só ele era impoluto como a Virgem Maria. Agora que a suposta virgem virou "organização criminosa", no dizer do procurador-geral da República, referendado em princípio pelo STF, é Maluf, a antiga Geni da política tupiniquim, quem fica injuriado ao ser posto no mesmo saco do lulopetismo.
Já os lulopetistas nem mandam cartas para fingir que são inocentes. Apenas esmolam para que os jornalistas digamos que os outros também não são. Pedido, aliás, que apenas revela a cara-de-pau e má-fé da "quadrilha" e de sua matilha de hidrófobos-debilóides, posto que TODOS os escândalos dos anteriores governos, TODOS, foram expostos exatamente pela mídia hoje dita "golpista", da Ferrovia Norte-Sul, no governo Sarney, à privataria, passando pela compra de votos para a reeleição, no governo FHC, para nem mencionar todos os trambiques do governo Collor, aliás hoje aliado de Lula. Como Maluf. Como Sarney.
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