quinta-feira, 31 de julho de 2008

Jornalismo Impresso: Nem tudo são más notícias

Está no Observatório da Imprensa.

JORNALISMO IMPRESSO
Nem tudo são más notícias

(Reproduzido do semanário The Economist, 24/07/08; tradução: Jô Amado)

Talvez não chegue a ser um consolo para os estressados jornalistas do mundo rico, mas em muitos países emergentes a indústria jornalística vem crescendo. Segundo dados divulgados em junho pela Associação Mundial de Jornais – World Association of Newspapers (WAN), uma entidade com sede em Paris –, a venda de jornais no Brasil aumentou 12% no ano passado. Nos últimos cinco anos, a circulação cresceu mais de 22%. Na Índia, as vendas aumentaram 11%, ampliando o crescimento dos últimos cinco anos para 35%. No Paquistão, o crescimento do mercado jornalístico foi praticamente o mesmo. A mesma tendência pode ser observada em outros países da Ásia e da América Latina.

A busca por notícias tende a crescer na medida em que as pessoas entram para o mercado de trabalho, ganham mais dinheiro, investindo-o, e começam a sentir que têm mais direitos em sua sociedade. A alfabetização acompanha o aumento de riqueza. Para os recém-alfabetizados, folhear um jornal em público é um símbolo forte e gratificante de sucesso.

Investimento na educação

Na Índia, as campanhas de alfabetização – desenvolvidas pelo governo e por ONGs – são, em grande parte, responsáveis pelo aumento da venda de jornais, segundo Ashok Dasgupta, do Hindu, um grande jornal com sede em Chennai. "Criar empregos é um estímulo", diz ele, "e novos jornais e revistas estão pipocando todo dia." Em sua maioria, publicações pequenas, mas o número de grandes jornais diários, de qualidade, passou de quatro, em 2006, para os atuais seis. E até o final do ano sairá um sétimo.

Na Índia, os diretores de jornais gozam de uma tradicional liberdade de expressão. Mas também nos países com governos mais intrometidos os jornais vêm, quase sempre, se dando bem. Isso é particularmente real no caso de pequenos jornais. Governos com poucos recursos raramente têm condições de controlar uma profusão de jornais locais e regionais. No Mali, por exemplo, os jornais estão pipocando "como cogumelos", diz Souleymane Kanté, administrador local da World Education, uma ONG norte-americana que tem por objetivo erradicar o analfabetismo. O governo do Mali tem sob controle as grandes publicações nacionais, mas há lugar para jornais locais e regionais, diz Kanté.

O enorme esquema de supervisão da China mantém sob controle grandes e pequenos empreendimentos. Mas, também ali, os jornais vêm florescendo. Nos últimos cinco anos, as vendas cresceram mais de 20%, alcançando uma venda diária de 107 milhões. (Em termos comparação, as vendas diárias nos Estados Unidos são de cerca de 50 milhões.) A crescente riqueza da China ajuda a explicar o fato. Assim como um alto nível de alfabetização, devido, em parte, ao investimento feito pelo Partido Comunista na educação.

"Toneladas de anúncios"

Shaun Rein, do China Market Research Group, em Xangai, diz que também existem outros fatores. Como todos os jornais chineses são de propriedade do Estado, é provável que continuem sendo baratos mesmo com o aumento das despesas e com os anunciantes procurando a internet. A luta de Beijing contra a corrupção também pode ser um fator. Algumas autoridades vêem as publicações locais como aliados no esforço para desmascarar políticos regionais e municipais corruptos e fazem vista grossa às restrições aos repórteres. Há também as que desaprovam, gerando boatos sobre um debate nos escalões superiores do partido – não divulgado pela mídia, chinesa, naturalmente.

Os jornais também vêm se dando bem em países de renda média, segundo a Associação Mundial de Jornais – WAN. Na Argentina, por exemplo, a circulação aumentou em mais de 7% no ano passado. Manuel Mora y Araújo, da agência de consultoria Ipsos, diz que os grandes grupos de comunicação dos Estados Unidos e de outros países ricos não vêm investindo em empresas jornalísticas na Argentina possivelmente devido a seus próprios problemas, por falta de recursos. Entretanto, diz ele, "a imprensa não está preocupada – há toneladas de anúncios".

Blog do professor pc recomenda; Ombudsman da TV Cultura



Começou essa semana. Ernesto Rodrigues é meu camarada e contemporâneo nos tempos do Globo. Vou virar freguês. Bom principalmente para quem quer trabalhar em televisão. Quer ler?
http://www.tvcultura.com.br/ombudsman/

Revista Manchete: "Uma tragédia sem manchete"

Está hoje na Folha. Fiz alguns frilas para a Manchete no início da carreira. Vale a pena ler. Jornalismo não é só alegria.

TENDÊNCIAS/DEBATES

Uma tragédia sem manchete
ROBERTO MUGGIATI

O caso dos ex-funcionários da Bloch Editores leva a indagar, quase num brado de desespero: podemos ainda contar com a Justiça?

"ACONTECEU , virou Manchete" foi, por muitas décadas, o lema da maior revista do Brasil. Quando Bloch Editores pediu a falência em 1º/8/2000, desaparecia não só uma grande empresa jornalística mas a sua nau capitânia, que, em 48 anos de presença semanal nas bancas, marcou época e foi um reflexo do país em seus aspectos mais saudáveis e criativos.

Darcy Ribeiro, em "Aos Trancos e Barrancos", resumiu admiravelmente o surgimento da revista em 1952: "Adolpho Bloch lança "Manchete", que deslumbra o público. Na verdade, queria é desbancar o "Cruzeiro" com um jornalismo fotográfico colorido, moderno, dinâmico e ousado. Desbanca". Na verdade, "Manchete" foi o fruto do casamento perfeito do empresário com o jornalista, da melhor tecnologia de impressão a serviço da inteligência dos mais talentosos redatores e fotógrafos do país.

A tragédia de Bloch Editores começou às 20h de 5/6/1983, um domingo, quando foi ao ar a Rede Manchete de Televisão. A partir daquele momento, travestido de ilusória redenção, as revistas foram relegadas a segundo plano pelo falso brilho da mídia eletrônica. Treze domingos depois, um câncer fulminante matava Justino Martins, o grande editor da "Manchete" -uma morte simbólica como poucas.

A empresa familiar, tão arraigada ao ramo gráfico -Adolpho dizia que lhe corria tinta nas veias-, não se deu bem com o ramo televisivo. A grande ironia foi que a derrocada financeira da editora se deu por ter sido avalista da TV numa pequena dívida com o Banco Econômico (depois encampado pelo Banco Central). Essa dívida irrisória, que não chegava a US$ 10 mil, acabaria virando uma bola de neve de muitos e muitos milhões.

Em setembro de 1998, pela primeira vez, o salário dos funcionários da Bloch atrasou. E nunca mais foi pago.

À espera de soluções salvadoras -a TV foi vendida durante um mês para a Igreja Renascer, num negócio que não vingou-, muitos funcionários ficaram na empresa, pagos com "vales" semanais que, nos melhores casos, não chegavam a um terço dos salários.
Jogados literalmente na rua quando o imponente prédio da rua do Russell foi lacrado pela Justiça, aguardam há oito anos os salários não pagos e outros direitos que lhes são devidos.

A reação inicial foi de impotência. O patrimônio da Bloch era suficiente para pagar as dívidas trabalhistas, mas havia o terror das massas falidas longevas deste país. Lembro-me bem do comentário cruel de um representante da Justiça no corredor do fórum a um grupo de ex-funcionários da Bloch: "A massa falida de vocês é uma criança. Massa falida boa, no Brasil, só quando chega a balzaquiana..."

Recobrando o ânimo, as vítimas do naufrágio da Bloch formaram uma comissão de ex-funcionários e passaram a atuar junto ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio de Janeiro. O trabalho incansável da comissão alcançou algumas vitórias: 1) pressionou a massa falida de Bloch Editores, levando-a a agir com mais força na defesa dos interesses dos ex-funcionários; 2) conseguiu o apoio da juíza responsável pelo processo, Maria da Penha Nobre Mauro Victorino, e do promotor Luiz Roldão de Freitas Gomes Filho; 3) com isso, ocorreu algo inédito na Justiça trabalhista do Rio: os ex-funcionários habilitados na massa falida receberam duas parcelas de R$ 5.000 dos seus débitos trabalhistas. Pela primeira vez, esses deserdados começavam a acreditar que o processo chegaria sem muita demora a um bom termo.

Uma terceira parcela, de R$ 3.000, começou a ser paga, mas só poucos receberam. O pagamento foi suspenso pela 3ª Câmara Cível, que acatou embargo da União reivindicando a prioridade da Receita nos débitos da ex-Bloch. (O triste nessa história é que o Imposto de Renda foi recolhido dos empregados, mas não foi repassado pela empresa à Receita.) Uma das justificativas do embargo é que, pela nova Lei de Falência, de 2005, os direitos trabalhistas não seriam mais soberanos. Mas a falência da Bloch é de 2000, o que assegura a prioridade total aos créditos trabalhistas.

A decisão da 3ª Câmara Cível gerou nova onda de intranqüilidade. Como escreveu Pedro Porfírio em sua coluna na "Tribuna da Imprensa" de 28/7, "(...) pilares elementares de suas normas foram pelos ares, ante a leitura de um desembargador que desfez decisão de primeira instância e desconheceu a primazia do credor trabalhista, em benefício da dívida tributária, embora lidasse com coisa julgada".
O desassossego voltou a castigar as 2.000 famílias dos ex-funcionários da Bloch -ao todo, 6.000 pessoas que integram há anos a massa dos excluídos deste país, convivendo (até quando?) com a doença, a indigência e, em muitos casos, sem exagero, a fome.

É o caso de indagar, uma vez mais, quase num brado de desespero: podemos ainda contar com a Justiça neste país?

* ROBERTO MUGGIATI é jornalista profissional há 54 anos, 33 dos quais passados em Bloch Editores. Foi editor-chefe da revista "Manchete" durante 22 anos.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

"O Cavaleiro das Trevas e a PM do Rio de Janeiro: as políticas públicas contra o caos", por Oswaldo Munteal e Tahirá Endo

Mais uma vez meu querido colega e professor Oswaldo Munteal me presenteia com um artigo inédito para o blog. Escreveu em parceria com Tahirá Endo.

“O Cavaleiro das Trevas e a PM do Rio de Janeiro: as políticas públicas contra o caos”

Este texto é dedicado ao meu querido Tito Ribeiro um pequeno grande homem

Oswaldo Munteal e Tahirá Endo

“Não se pode mais confiar mesmo em ninguém.
Tem que se fazer tudo sozinho”

Coringa

Do mito de Prometeu às histórias de Frank Miller, ressurge a idéia generalizada de um bem maior numa sociedade de perversos. Prometeu pediu a Zeus que o tornasse um mortal. Mas afinal quem encarna o bem? Como bem lembra o personagem vivido por Heath Ledger em Batman, O Cavaleiro das Trevas: “A sociedade só pensa em dinheiro. Eu gosto do que é barato, gasolina, pólvora e fogo, e eles têm algo em comum são baratos”. O lado sombrio de todos nós aparece fortemente em mais este bom negócio da indústria do cinema. Os arquétipos aparentemente foram forjados na caracterização do bem e do mal. Os especialistas pedem um “Oscar” para Ledger, e o público nas salas de projeção fica extasiado com a exibição do mais puro e “natural” estado de violência.

O cavaleiro das trevas como história introduz um dado novo nos quadrinhos, um herói que se torna um mártir. O objeto da investigação de Miller/Nolan é a tragédia de estar só num mundo de feras, sendo também uma delas. E o pior em nome delas produzindo mais violência para defendê-las. O trabalho com a Sombra requer uma forte intensidade emocional e reflexiva. O pensamento e a intuição a um só tempo articulados objetivando a compreensão de um fenômeno que se torna cada vez mais agudo, ou seja, o da violência.

No filme de Nolan, como na vida a força policial se apresenta com todos os seus limites e impossibilidades. Batman se rende ao Coringa (uma espécie de trapaceiro ou jogador), e este à lógica do poder repressivo, que na luta contra o crime instaura ainda maior desordem. O Cavaleiro das Trevas se torna um banido da sociedade, um mártir sem rumo, um sem lugar num mundo sem razão. O menino que fecha a trama diz: “mas ele não fez mal a ninguém”. O homem morcego ultrapassou os limites para impor o controle social, rompeu as regras, e ele também quebrou o pacto hobbesiano. Pelo menos é o que parece nos quererem fazer crer os pós-modernos quando convidados ao debate acerca das alternativas da razão no mundo contemporâneo.

A principal corrente do pensamento político clássico define o Estado pela sua peculiar característica de usar a violência de modo legítimo e, dentro desta sociedade buscar o monopólio do uso desta. No Brasil, e especialmente na cidade do Rio de Janeiro, vemos com o avanço das milícias, a atuação da ONGs, e a segurança privada nas ruas da zona sul, um recuo do Estado no cumprimento deste papel.

As milícias representam uma inversão do papel do Estado, agentes ou ex-agentes armados do Estado procuram à legitimidade nas milícias, e cobram de acordo com os seus interesses, serviços e taxas das comunidades, além de se utilizarem da violência armada para coerção. Assumem o seu poder a partir de ligações com políticos eleitos e financiando diretamente a campanha eleitoral de seus aliados.

As ONGs entram neste debate discursando sobre a importância de um novo setor nem público nem privado para a resolução dos problemas que afligem nossa sociedade, como a educação, moradia, violência sexual, tráfico ilegal de armas, pessoas, etc. Mas na prática o chamado terceiro setor, devido à falta de controle, abre espaço para desvios de verba, para abertura de ONGs de fachada, entre outras falcatruas. Quando elas agem, dão soluções tópicas e parciais a questões que não podem ser deixadas para amanhã, como a saúde, educação e segurança públicas.

A classe média não se preocupa com a situação de nossa saúde pública e busca os planos privados. A educação pública só é problema para classe média devido à pauperização de nossas universidades públicas, pois é a única estrutura de ensino público que ela utiliza. Com relação ao transporte público ela se fecha em seus automóveis particulares. Todo este descaso com as instituições públicas se relaciona com o problema da segurança pública em nossa cidade. A classe média só se preocupa e fica revoltada com a violência de nossos policiais quando ela própria é atingida.

* Oswaldo Munteal é professor adjunto de história contemporânea da UERJ e pesquisador da EBAPE/FGV e Tahirá Endo é bacharel em Ciências Sociais e auxiliar de pesquisa EBAPE/FGV.

domingo, 27 de julho de 2008

Blog do professor pc recomenda: livro "A arte de entrevistar bem"



Tenho quase toda a coleção. Não li ainda este livro. Mas parece interessante.

Design de jornais: página de Esportes JB



Tem gente que acha que editar e diagramar é ficar fazendo quadradinhos, com títulos e subtítulos e que não há mais espaço para a criatividade na diagramação. Vejam que bela página desenhada no caderno de Esportes do JB de hoje. Vejam a posição das bolas e o recorte dos jogadores. Será que foi desenhada pelo meu amigo e competente Sylvio Marinho? Vou checar.

sábado, 26 de julho de 2008

Aula de Jornalismo: "Por trás das câmeras: O fotógrafo dos fotógrafos"

Trabalhei com muitos motoristas bem curiosos em O Globo: Roberto Manga Rosa, seu Abel, Dodô, Batista e muitos outros (contarei algumas historinhas em breve). Mas nenhum igual ao Bill Silva, do Grupo Estado, que acompanha os fotógrafos do jornal nas pautas e flagra os bastidores de grandes reportagens. Vale a pena ver o documentário "Bill Silva", no site do Estadão.

http://www.estadao.com.br/interatividade/Multimidia/ShowVideos.action?destaque.idGuidSelect=BE7AED2477664E07AB75090387AE66FD

Jornalismo em tempos de Ditadura Militar: Censura no Estadão





São famosas as histórias ocorridas nos jornais O Estado de S. Paulo e Jornal da Tarde nos tempos da Ditadura Militar. Receitas de doces e salgados e versos de Camões para driblar a Censura, por exemplo. Vale a pena ver. Aula de Jornalismo.

http://www.estadao.com.br/interatividade/Multimidia/ShowVideos.action?destaque.idGuidSelect=BE7AED2477664E07AB75090387AE66FD

Sacada de título: "Cala a boca já morreu, quem manda aqui..."



Deu hoje na Folha de S. Paulo. Como todos lembram, o Rei mandou o Plebeu calar a boca.

Blog do professor pc recomenda: livro "Blackwater"



Finalmente estou lendo. Escrito por um jornalista americano, Jeremy Scahill.

Eis o resumo publicado no site da Saraiva, onde comprei:

"O uso de mercenários em conflitos bélicos não é novidade. Diferente no cenário da guerra no Iraque é a meteórica ascensão de uma companhia que, sob o comando de um radical cristão de extrema- direita, transformou-se de mero campo privado de treinamento militar em um colosso com 600 milhões de dólares somente em contratos oficiais com o governo dos Estados Unidos. A Blackwater USA assumiu essa privilegiada posição em menos de uma década. Seu formidável crescimento coincidiu com a chegada ao poder da direita cristã, e seus negócios ganharam considerável impulso com os atentados de 11 de setembro de 2001 e com a chamada “guerra ao terror”."

A mensagem de Obama



Li no Globo online. Não conta detalhes de como o jornal conseguiu pegar a mensagem. Mas é interessante. Também já "roubei" uma mensagem - da assessoria do Brizola. Depois eu conto.

Vaga para estágio no Rio

Mandem mensagem.

Mancadas da Imprensa: Gilson Caroni descobre Lula lá na lua



Bela gozação do professor Gilson Caroni publicada no Observatório da Imprensa.

LEITURAS DO ESTADÃO
Um jornal perdido no espaço


Está certo que a publicidade brasileira é uma das melhores do mundo. A qualidade e criatividade dos seus jingles são por demais conhecidas, aqui e alhures, agindo com eficácia na imaginação do consumidor, fixando marcas, produtos e pessoas.

Fundamental como estratégia comunicativa, a função primordial deles é grudar na cabeça do público-alvo. Para fixar no subconsciente, a melodia tem que ser de fácil aceitação. Nada de rebuscamento; acordes fáceis e campo harmônico simples são o suficiente para a estratégia comunicativa. O importante é que a mensagem seja memorizada, levando à compra do produto anunciado.

Estamos tratando de um gênero textual publicitário, mas que pode pregar peças em jornalistas distraídos, criando uma intertextualidade inusitada. Foi o que ocorreu na versão online da editoria de "Ciência" do Estado de S. Paulo (23/7/2008).

Ao reproduzir matéria da BBC sobre a divulgação, por um artista gráfico, da imagem de uma nave russa capaz de fazer viagens tripuladas à Lua, o jornalista responsável pelo título talvez tenha sido vítima de associação involuntária, provocada pelo jingle "Vai lá e vê", composto para a campanha presidencial de 1989, do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva.

Sem se dar conta da poderosa estratégia de convencimento do verso "Lula, lá, brilha uma estrela", o profissional do conservador diário paulista não titubeou: como planetas, estrelas, cometas são corpos celestes, sem qualquer hesitação, tascou: "Artista revela nave russa para viagem tripulada à Lula".

Será que é preciso tanto para se descobrir as razões da popularidade do presidente? Será que o carisma do primeiro mandatário terminou por dar força gravitacional ao satélite? Jornalismo, publicidade e astronomia, definitivamente, não dão uma boa mixagem.

Quando a linha editorial de um veículo estabelece no seu corpo redacional idéias fixas em relação a algo ou alguém, qualquer desatenção leva tudo para o espaço. Gravidade zero.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Como atrair tráfego para o seu site

Deu no blog do Tiago Dória. Interessante para quem é blogueiro.

"A seção de tecnologia do ElPais destaca em sua home a entrevista com Avinash Kaushik, evangelista da Google, considerado uma referência na área de medição da audiência na internet e que está na Espanha para uma série de palestras.

Segundo ele, apesar da medição na internet não ser tão “madura” quanto na televisão, a web é o meio mais rico em informação. Tem menos dados demográficos, porém é muito mais rica em informação sobre o comportamento de sua audiência.

Na entrevista, o evangelista deu algumas dicas para aumentar o tráfego de um site e fazer sucesso na rede.

1) Esteja atento aos buscadores para ficar sempre nos primeiros lugares - SEO.

2) Esteja presente e descubra quais são as páginas e os serviços preferidos dos usuários de seu site. Por exemplo, se os seus visitantes gostam do YouTube, usam o Flickr e tem perfil na Facebook, marque presença nestes sites. Monte um ecossistema em torno do seu site.

3) Não venda produtos em seu blog. Venda idéias e conceitos. Enfim, coisas que sejam marcantes.

4) Crie um evento [offline] em seu área que dê visibilidade ao seu site.

Nesta quinta-feira, o Ibope anunciou uma ferramenta de monitoramento de marcas em redes sociais."

Blog Cultura: Gilberto Gil canta Volare na terra de Domenico Modugno



Está na Rádio do Moreno. A gravação não é boa, mas a música é linda.

http://oglobo.globo.com/pais/moreno/#115915

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Aula de Jornalismo: Luiz Weis no Observatório

Gosto dos textos do Luiz Weis publicados no Observatório da Imprensa. Boas reflexões sobre a profissão. Eis o mais recente:

Um breve contra o lero-lero

O New York Times recusou-se a publicar, como veio, um artigo do candidato republicano John McCain falando de seus planos para o fim da ocupação americana do Iraque.

O jornal pediu a McCain que reescrevesse passagens do texto para dizer em termos concretos o que entende por “vitória no Iraque” e se irá anunciar um cronograma para a retirada.

O pedido foi rejeitado, e a equipe do candidato se queixou de discriminação.


Na fase das primárias, o NYT anunciou seu apoio a Hillary Clinton entre os democratas e a McCain entre os republicanos.

Recentemente, o Times publicou um artigo do afinal vitorioso Barack Obama sobre o Iraque. Não se sabe se saiu como recebido, ou se precisou ser canetado pelo autor, por exigência do jornal.


Todos os artigos da sua página de Opinião são editados e checados. Não só por razões de clareza e espaço, mas para eliminar erros factuais. Se algum deles serve de base para um juízo de valor, o autor que desate o nó, do contrário nada feito.

Nem todos apoiam essa política. O argumento contrário é o de que o jornal não tem de interferir em artigos assinados – o leitor que julgue os seus autores. É, por exemplo, a rotina na imprensa brasileira.

Mas o Times está certo. Nem sempre o leitor sabe distinguir informação falsa da verdadeira, e o jornal não deve mesmo se prestar ao papel de transmissor de enganos alheios, propositais ou não, em nome do respeito à integridade das idéias dos articulistas.

No caso McCain, o NYT foi mais longe. Pelo visto, não quis ser mula do eventual lero-lero de um candidato diante de uma das duas questões que deverão decidir a eleição de novembro. (A outra é a economia.) Se ele fala em “vitória no Iraque”, tem de explicar o que quer dizer com isso.

Se os jornais brasileiros tratassem com a mesma severidade os artigos com as promessas dos nossos candidatos, nenhum deles iria gostar – mas o leitor encontraria menos abobrinhas nas páginas opinativas.

Homem morde cachorro. E a lenda virou fato!



É regra antiga no Jornalismo: "Cachorro morder o homem não é noticia. Noticia é o homem morder o cachorro". E não é que aconteceu em Sabará, Minas Gerais! E o menino ainda perdeu um pedaço do dente! Deu na Folha.

Fotosacana - 32 - Cobertor curto para Lula



E a famiglia Stuckert continua brilhando! Saiu hoje no Globo. O autor é Roberto Stckert Filho, o Stuquinha.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Sobre Jornais Gratuitos. Deu no "Jornalistas & Cia"








Sou fã do "Jornalistas & Cia" dos meus amigos Eduardo Ribeiro, Wilson Baroncelli e Cris Carvalho. Pesquei a bela matéria acima na edição que acaba de sair. Imperdível para estudantes de Jornalismo.

Quer ler com calma? É só passar a mãozinha. Quer assinar o "Jornalistas & Cia". Entre em contato com Silvio Ribeiro:
assinaturas@jornalistasecia.com.br

"Ele só gosta de morto!"

Gosto dos textos do Ruy Castro. Me amarrava nas tiradas da Dercy Gonçalves. Estive na terra dela. Que idéia da porra essa de ser enterrada em pé! Leiam o texto do Ruy publicado hoje na Folha. Será que agora ele vai aceitar? E o que ele pensa da biografia do Paulo Coelho escrita pelo não menos genial Fernando Morais?


A grande vedete
RUY CASTRO

Há dez anos, fui procurado por uma amiga ou secretária de Dercy Gonçalves. A atriz me convidava a escrever sua biografia. Eu estava mergulhado na preparação de um livro, que não sabia quando iria terminar, e não podia assumir um compromisso tão sério. Além disso - tentei explicar delicadamente -, não costumava pegar encomendas, nem biografar pessoas vivas.

É difícil convencer alguém de que um biografado vivo não é confiável. Se ele é importante para merecer uma biografia, será também poderoso o suficiente para tentar influir no texto. Primeiro, ao ser ouvido pelo biógrafo, mentirá o quanto puder sobre si próprio. Depois, obrigará os amigos a mentir por ele - ou a omitir fatos que não sejam do seu interesse revelar. Acho que Dercy, por seu temperamento cru, não faria isto, mas não podia abrir uma exceção.

Assim, disse à secretária ou amiga que, "se e quando Dercy viesse a faltar", é que sua história estaria terminada, e ela poderia ser biografada. E, como eu era seu fã e queria que ela vivesse para sempre, não via como poderia aceitar o trabalho. A moça transmitiu o recado e ficou por isso mesmo.

Tempos depois, num programa de TV, a apresentadora perguntou a Dercy se ela não gostaria de ter sua biografia escrita. E Dercy, bem a seu estilo áspero, respondeu: "Queria muito. Até já mandei falar com o Ruy Castro. Mas ele só gosta de morto!"

Outro dia, por acaso, revi seu filme "A Grande Vedete", de 1958, dirigido por Watson Macedo. Na seqüência final, Dercy, com mais de 50 anos, dança em volta de Catalano e canta "Tome Polca", dos eternos José Maria de Abreu e Luiz Peixoto. Ao me lembrar dela, toda catita nos versos, "E tem um chá/ Bolinhos de polvilho/ E outros triviais", me pergunto se não devia ter aceitado seu convite.

terça-feira, 22 de julho de 2008

domingo, 20 de julho de 2008

O bom da Folha hoje: entrevista com David Remnick, editor da revista "New Yorker"

Sou fã da revista, li um livro de David Remnick. Vale a pena ler a matéria. Saiu hoje no caderno "Mais!".

Manhattan SEM GELO
HÁ DEZ ANOS À FRENTE DA MÍTICA "NEW YORKER", DAVID REMNICK EXPLICA COMO TIROU A REVISTA DO VERMELHO E AUMENTOU O NÚMERO DE LEITORES JOVENS
TREVOR BUTTERWORTH

Não podemos viver sem o presunto de ganso", diz David Remnick, com a avidez de um gourmand desnutrido. Tem 1,82 m, está se aproximando dos 50 anos e é magro para um jornalista conhecido como comilão.

Ele sugeriu que nos encontrássemos no Esca, um restaurante italiano no centro de Manhattan, cujo nome significa "isca" e cuja estatura, ao que parece, não é apenas por causa da comida. Seu chef obcecado por peixes, David Pasternack, foi o tema de um perfil em 2005 na revista "The New Yorker", em que Remnick acaba de comemorar seu décimo aniversário como editor.

Ele tem muito a celebrar depois de dez anos: a circulação da "New Yorker" aumentou 32%, para mais de 1 milhão de exemplares por semana; os índices de renovação de assinaturas, de 85%, são os mais altos do setor; e, apesar do senso comum de que os leitores jovens não têm concentração para fazer mais que blogs e piadas, a revista viu seu público de 18 a 24 anos crescer 24% e o de 25 a 34, 52%.

Vinte e quatro de seus 47 prêmios National Magazine foram concedidos sob a direção de Remnick. Talvez o mais tranqüilizador seja que o balanço da "New Yorker" passou do vermelho para o azul -embora sua propriedade privada o impeça de revelar os lucros.

É difícil lembrar como as coisas pareciam desesperadas uma década atrás, quando, depois de seis anos como editora da revista, Tina Brown saiu repentinamente para começar a malfadada "Talk".

Se muitos em Manhattan ficaram furiosos com a vinda de Brown, que é britânica, para reformular a revista e torná-la mais amistosa com os anunciantes, sua partida também foi vista como uma profecia terrível. A "Fortune" estimou que em 1998 os prejuízos da "New Yorker" chegavam a US$ 175 milhões [R$ 278 milhões], fazendo dela "um dos maiores buracos de dinheiro da história das revistas americanas".

Experiência anterior
Remnick chegou ao cargo sem nenhuma experiência editorial. Depois de se formar "summa cum laude" em literatura comparada na Universidade Princeton em 1981, foi trabalhar no "Washington Post", passando do plantão policial noturno para esportes e a sucursal do jornal em Moscou, onde a história -"pura sorte", como ele diz- lhe deu a oportunidade de brilhar e, afinal, ganhar um Pulitzer em 1994 por "Lenin's Tomb" [A Tumba de Lênin], seu livro sobre a queda da União Soviética.
Mesmo antes do prêmio, sua reputação já o fizera ser contratado por Brown, um dos primeiros depois que ela chegou à revista, em 1992.

"Nunca pensei em ser editor.
Nunca fui mais feliz do que quando estive em Moscou para o "Washington Post" ou percorrendo o mundo para a "New Yorker". Sinceramente, nunca pensei nisso -e não digo no sentido em que um Maquiavel diria", afirma Remnick.
Realmente, ele era o melhor candidato ao cargo. Depois de oferecê-lo a Michael Kinsley, então editor da revista on-line "Slate", S.I. Newhouse Jr., dono da Condé Nast, pensou melhor, retirou a oferta e escolheu Remnick. Tudo aconteceu em poucos dias.

Em um momento Brown estava lá; no outro Kinsley pareceu estar lá; e no outro Remnick experimentava a queda livre do sucesso imprevisto, que é melhor interpretado, segundo ele, por Robert Redford em "O Candidato", que, depois de uma vitória eleitoral improvável, termina o filme perguntando: "O que fazemos agora?".
Embora haja outras revistas veneráveis nos EUA, não é certo se outra publicação tem o mesmo poder sobre a imaginação dos americanos que a "New Yorker".

Nascida das energias literárias do início dos anos 1920 -Dorothy Parker foi a primeira crítica imperdível da revista- e movida por uma espécie de veneração provinciana pela vida em Manhattan, a revista tornou-se sinônimo de sofisticação inteligente.

Questionado sobre o que fez para revigorá-la, Remnick diz que não houve uma coisa, apenas uma questão de prestar atenção às despesas, concentrar-se em aumentar a circulação real em vez de distribuir exemplares, retirar alguns autores e acrescentar outros.

"Você encontra os jogadores para pôr em campo", diz, citando o lendário ex-treinador dos New York Yankees [time de beisebol] Joe Torre: "Você os coloca lá e os deixa fazer o que sabem fazer melhor".

Futuro do jornalismo
Na verdade, muitos jogadores haviam sido contratados por Tina Brown, entre os quais nomes de primeira linha como Malcolm Gladwell e Anthony Lane, assim como uma equipe editorial central que Remnick também faz questão de citar: Dorothy Wickenden (editora-executiva), Pam McCarthy (subeditora) e Henry Finder (diretor editorial).
Salienta que grande parte do sucesso da revista pertence a eles.

Outro fator que contribuiu para o sucesso da "New Yorker", explica, é que as revistas escaparam à "crise existencial", induzida pela internet, que atormentou os jornais americanos. "Jantei com editores de jornais de todas as categorias, e as conversas às vezes pareciam uma despedida de suicida."

Ele diz que a melhor maneira de ler uma revista ainda é em papel, mas, "para aqueles cuja segunda natureza é ler on-line, eu quero estar lá. Não quero fazer previsões idiotas sobre o que vai ser impresso e o que não vai ser impresso, simplesmente não sei. Mas faço questão de estar lá".

Conseqüentemente, está "profundamente envolvido" na criação do website da "New Yorker" -não que ele seja facilmente convencido pelo tecnoevangelismo. Na verdade, os blogs não lhe dizem muito como escritor -"não tenho nada a dizer se não puder sair de casa e seria um péssimo crítico".

E, até que sites como o Huffington Post comecem a gastar US$ 3 milhões por ano para relatar a guerra no Iraque, diz ele, os jornais que fazem isso continuarão sendo muito mais importantes para o futuro do país.

Como o site também abriu a porta para um público internacional potencialmente enorme, e a revista, sob sua supervisão, desenvolveu um enfoque maior nas atualidades, pergunto se foi tentado a expandir a marca "New Yorker" no exterior.
"Sim", diz Remnick, rápida e enfaticamente. "A questão é até que grau a "New Yorker" é tão "sui generis" e americana para conseguir se tornar um produto internacional de sucesso. Não sei, mas é algo que quero descobrir."

Bonomia
Sua vida fora da revista é comum: gosta de assistir à televisão e escutar jazz, ir ao cinema com sua mulher, Esther Fein (brincando, ele censura o crítico da revista, Anthony Lane, por não falar mal o suficiente do filme "Sex and the City", apesar de Lane ter sido cáustico), e ficar com seus três filhos: Alex, 17, Noah, 15, e Natasha, 9.

Embora os filhos possam se divertir com a comparação, é tentador ver Remnick como o George Clooney do jornalismo americano: sua afabilidade tem a força e a polidez de uma armadura, e seus comentários "off" são conspirativos e desarmam as pessoas.
Ele exala bonomia.

Na última Conferência New Yorker -uma espécie de cúpula de Davos de visionários criativos, que ocorreu em maio-, ele estava disponível para qualquer um que desejasse lhe falar e parecia não apenas estar à vontade, mas realmente apreciar a companhia dos jornalistas que organizaram o evento.

O temperamento alegre de Remnick e sua capacidade instintiva de passar de líder a seguidor são provavelmente os segredos de seu sucesso. E, como tais, são qualidades que só podem ser refinadas, não aprendidas.

Como observou o escritor e humorista da revista Calvin Trillin quando Remnick foi anunciado como editor (com muitos aplausos na Redação): "Nunca me ocorreu que uma coisa tão sensata acontecesse".

Ele usa intervalos curtos da revista para "sair de casa" e renovar sua vocação de repórter. "Todos temos charges de quem somos, e a minha é que ainda faço reportagens", diz.

Durante nossa refeição (chegamos com o restaurante vazio e continuamos lá muito depois de os clientes do almoço terem saído), ele repete como é grato e feliz por estar onde está. Lembro a ele que, certa vez, disse em uma entrevista que editar a "New Yorker" não era o emprego dos seus sonhos. "É só porque nunca sonhei com isso", revida. "Mas o que poderia ser melhor?"


A íntegra deste texto saiu no "Financial Times".
Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves.

sábado, 19 de julho de 2008

Em defesa dos jornais



Está no Globo de hoje. Bem interessante. Quer ler? É só passar a mãozinha. Na tela, na tela...

Fotosacana: Christina Kirschner



Uma bela mulher. Chamavam antigamente de "coroa enxuta". Adoro certos termos de antigamente. "Brotinho" também é ótimo. Mas aí já é o outro extremo.

Viva Balzac!

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Faltou publicar: ombudsman da Folha de domingo

Sou daqueles que destacam páginas de jornais para ler depois. Faço isso sempre. Por isso não postei aqui um dos textos do ombudsman da Folha publicado no domingo último. E vale a pena ler. A questão da seção de cartas é antiga e já vem sendo questionada por outros "ombudsmans" do próprio jornal. Concordo plenamente com as outras duas questões. Acho um absurdo gente que não retorna ligações, e-mails, recados através de pombo-correio ou sinal de fumaça etc e tal.

Vou fazer um teste e mandar um e-mail para ele. Leiam o texto que vocês vão entender.


Três questões recorrentes
Carlos Eduardo Lins da Silva

Há situações em que o jornal é quem mostra incapacidade de compreender o que repetidas mensagens afirmam

Num dos mais importantes romances do século 20, Elias Canetti mostra como um "leitor" pode interpretar qualquer texto apenas da maneira que lhe interessa, por mais claro que possa parecer ao "escritor" ou a um observador isento que o sentido da afirmação é diferente, quando não oposto, ao entendimento que lhe é dado.

Peter Kien, o personagem principal, um homem a quem só interessavam os livros, e sua governanta (depois mulher), Therese, trocam mensagens entre si, mas o significado que cada um dá a cada uma é quase sempre antagônico ao do outro. E reiterar o que foi dito inúmeras vezes não resolve o problema.

O que o gênio do artista intuiu, a ciência agora comprova. Falsas crenças se estabelecem em algumas pessoas e nada as demove delas porque o cérebro humano permite, e no caso de alguns indivíduos até favorece, a ocorrência desse fenômeno, provocado, entre outros fatores, pela "amnésia da fonte".

Estudos recentes na Universidade de Stanford atestam que há uma tendência natural no ser humano para lembrar informações que se conformam com a visão de mundo de cada um e desconsiderar as que se opõem a ela.

Isso ajuda a explicar por que alguns leitores da Folha, com freqüência, deixam de perceber notícias que são dadas com constância e destaque.

Depois de o caso Alstom, por exemplo, ter aparecido diversas vezes na capa do jornal (inclusive uma como manchete) e de a cobertura ter indiscutivelmente melhorado de qualidade, ainda recebo reclamações de quem afirma que a Folha omite, ignora o assunto.

Mas também há situações em que o interlocutor que mostra incapacidade de compreender o que repetidas mensagens afirmam é o jornal. Vou tratar de três situações em que os leitores, a meu ver, estão absolutamente certos, e a Folha não percebe.

Uma é o "Painel do Leitor". A seção, diz o próprio nome, é do leitor. Mas é comum que seu espaço seja consumido por personagens de notícias ou seus assessores. Seria muito melhor para todos se essas opiniões constassem do noticiário, como "outro lado". Ou que se criasse uma nova seção para abrigá-las. Mas o jornal demonstra preferir continuar impingindo ao leitor, que gasta seu tempo para escrever cartas, a frustração de vê-las omitidas.

Outra queixa recorrente que recebo, para a qual há, em meu juízo, solução simples e insofismável, é contra jornalistas que não se dignam a responder à correspondência recebida.

Aprendi no meu convívio com Octavio Frias de Oliveira, o principal responsável por esta Folha ter se tornado um grande jornal, que o leitor é tão importante, que deve ser tratado como "sua excelência". É ele quem paga o salário de todos os que aqui trabalham. Merece, no mínimo, a cortesia de uma resposta quando se dirige a um de nós. Mas alguns, em especial colunistas, não acham necessário lhe dispensar essa consideração. E o jornal não se mostra disposto a tentar obrigá-los a fazer isso.

O terceiro ponto é o leitor que não mora na grande São Paulo, Distrito Federal e Rio não receber seções a que os residentes nessas três regiões têm direito, como as revistas Morar, Serafina, Lugar, Moda, +Dinheiro e o Guia da Folha/ Livros Discos Filme. Quem vive fora da Grande São Paulo não recebe a Revista da Folha. Mas todos pagam o mesmo preço pelo jornal. Parece-me situação insofismavelmente injusta.

Solicitei a posição oficial da Folha para estes temas. Sobre o "Painel do Leitor", o jornal avalia "que instituir um segundo painel de cartas acabaria criando duas categorias de leitores, o que não seria bom" e que "um dos pontos que tornam o "Painel do Leitor" atraente é o fato de, em um espaço democrático e plural, mesclar as opiniões de especialistas e anônimos".

A respeito dos colunistas que não respondem, o jornal diz que "sugere" que o façam, mas "entende que depende da disponibilidade de tempo de cada um".
Com relação à restrição de circulação de alguns suplementos a algumas regiões, diz que ela se deve "a razões editoriais, comerciais e de custos" e que "dependerão do vigor da economia -do poder de compra dos leitores e dos investimentos de anunciantes- mudanças no quadro atual".

Para mim, a divisão no "Painel do Leitor" entre autoridades e cidadãos comuns já existe, em detrimento destes; todos os jornalistas e colunistas deveriam ser obrigados a responder ao leitor e, exceto por razão editorial, o jornal deveria ser igual em todo o país.

Sobre efemérides

Belo artigo,. como sempre, do Ruy Castro na Folha de hoje. Me amarro em efemérides. Eita língua!

Efemérides
Ruy Castro

Estou bem de efemérides neste ano. Fui contemporâneo de tudo que está completando 50 ou 40 anos em 2008. Contemporâneo consciente, quero dizer -sabendo do que se tratava quando estava acontecendo pela primeira vez. O que não era nenhuma vantagem, porque eu já tinha 10 e 20 anos, respectivamente, e, com essa idade, supõe-se que o sujeito saiba o que vai pelo mundo -por acaso, título de um cine-jornal da época, filmado pelas Actualités Françaises.
Lamento ter chegado tarde para o nascimento do padre Antonio Vieira há 400 anos e, muito mais, para o desembarque da Corte portuguesa na praça 15, há 200, com o fuzuê subseqüente: criação da imprensa nacional, do Jardim Botânico, do Banco do Brasil -imagino o Rio fervendo por aqueles dias. Da mesma forma, ainda não estava no pedaço quando Machado de Assis e Arthur Azevedo morreram em 1908, mesmo ano em que nasceram Guimarães Rosa e Mario Filho. Desses centenários, o de Mario Filho passou em branco e ainda não se ouvem os foguetes pelo de Arthur Azevedo em outubro.
Em compensação, acompanhei a Copa de 1958 como acompanho o atual campeonato brasileiro, ouvi bossa nova quase desde o dia em que João Gilberto gravou "Chega de Saudade" e não demorei a saber que na França surgira um negócio chamado Nouvelle Vague, cujos filmes eu ainda não teria idade para assistir. Todos esses highlights da história estão fazendo 50 anos.
E, em 1968, ninguém me segurava em casa. Ainda mais porque, no Rio, 1968 já tinha começado em 1967, com passeatas, bombas e correrias estudantis pela avenida Rio Branco. Como éramos todos incuravelmente jovens, ninguém pensava que, um dia, iríamos celebrar os 40 anos daquele tempo entre um exame de próstata e um comprimido para o colesterol.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Fotossacanas




Em dose dupla. Deu no Globo de hoje. Os Stuckerts são bons nisso. A Ana Branco brilhou também.

A capa polêmica



Deu no Globo de hoje, terça-feira. Vale a pena ler. Gosto da New Yorker, mas acho que nessa eles pecaram. Querem dar voto pros Republicanos? Boa reflexão para Jornalistas e estudantes.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Blog do professor pc recomenda: livro "Blackwater"



Ainda não li; está na fila. Mas recomendo.

Blog do professor pc recomenda: livro "A febre Starbucks"



Estou acabando de ler. Vale a pena. Especial para alunos de Publicidade e Propaganda. Mas claro que vale também para o pessoal de Jornalismo e de RP.

"A cegueira histérica no cinema: ´Dirigindo no escuro de Woody Allen´", por Leiza Pereira e Oswaldo Munteal




Meu amigo Oswaldo Munteal, professor da FACHA e da UERJ e, principalmente, BOTAFOGUENSE, é um dos caras mais inteligentes que conheço. Embora botafoguense inteligente seja uma redundãncia. É autor do belo livro "A Imprensa na história do Brasil. Fotojornalismo no século XX" (junto com Larissa Grandi - com ele na foto acima).

Oswaldo valoriza o blog e fez questão que eu publicasse o artigo abaixo. É um pouco grande, mas uma tremenda fonte de pesquisa. O cara sabe das coisas. O texto é assinado também pela Leiza Pereira.

A CEGUEIRA HISTÉRICA NO CINEMA: DIRIGINDO NO ESCURO DE WOODY ALLEN
Leiza Pereira e Oswaldo Munteal

“Estou muito aliviado em saber que o universo, afinal, é explicável. Já estava começando a achar que o problema era comigo. Como agora se sabe, a física, feito um parente chato, tem todas as respostas”. Woody Allen. Fora de Órbita. Editora Agir, Rio de Janeiro. 2007. P. 171

I. Introdução

A obra de Woody Allen, Dirigindo no Escuro, apresenta a história de um diretor, Val, que apesar de ter conseguido ganhar dois Oscar’ s , estava num momento de crise em sua carreira. Sua ex-mulher Ellie, casada com um empresário/produtor da indústria do cinema, indica Val para filmar o cotidiano da cidade de NY, inspirado numa refilmagem de uma película dos anos quarenta.

O pano de fundo da história refere-se ao conflito pai/filho. Após uma seqüência de situações marcadas pela comicidade, todas ancoradas na hipocondria da Val; este no início das filmagens é acometido por uma cegueira psicológica. Não querendo perder a oportunidade de voltar ao mercado de trabalho e as filmagens, pois naquela altura só gravava comerciais para a TV, Val consegue um “olhar” substituto.

O lugar de precioso assistente, que faz o papel dos olhos ou interpretação do diretor, em primeiro lugar é ocupado pelo agente comercial, depois pelo estudante de administração que funciona como tradutor do operador de câmera chinês, e por fim o espaço é ocupado por Ellie.

Ao longo das filmagens Val passa pela vigilância de uma repórter de variedades, pelo ciúme compulsivo diante do noivo da sua ex-mulher, da namorada jovem e oportunista, e, finalmente a perspectiva de uma retomada do casamento com Ellie. O vazio da vida de Ellie e o complexo materno de Val se complementam de forma articulada num certo didatismo de Allen que faz lembrar as suas dificuldades matrimoniais na vida real.

Dois momentos entretanto, são cruciais: 1 – o tratamento psicanalítico de Val; 2- o reencontro de Val com o filho. O terapeuta sugere que Val reencontre o seu argumento do filme, e da partir deste movimento retome a profundidade do seu tempo de vida.

A partir desta ação Val conclui as filmagens recolhe o fracasso da sua obra, de público e de crítica, numa associação evidente a sociedade de massas estadunidense, e por outro lado mostra que esta mesma massificação é capaz de com os seus maneirismos e elitismos analíticos consagrar o imprevisível e inusitado. NY e Paris na virada do século XX para o XXI.

II. Histeria – breve reflexão sobre uma patologia

A referência ao material indicado ao longo do curso é fundamental, nessa direção deve-se considerar as alterações quantitativas da função sensação. Assim diz a nossa apostila: “Podem ser circunscritas ou difusas. As circunscritas estão associadas à perda ou diminuição sensorial localizada num dos órgãos dos sentidos, por exemplo a audição diminuída. Pode ocorrer a chamada ‘personalidade paranóide dos surdos’ , quando encontramos sentimentos de desconfiança e inferioridade, em personalidades já predispostas, que podem tornar-se vingativas.”

Manifestações psicossomáticas se articulam ao sentimento, as nossas dificuldades com os traumas e a sua conversibilidade. Ao retomar o caso clínico de Val, pode-se verificar o seguinte aspecto: “As alterações quantitativas difusas ocorrem, por exemplo, em estados crepusculares os mais diversos, entre eles os histéricos, onde há turvação difusa da consciência, com diminuição global da sensação. Hiperestesias. Referem-se ao aumento da sensação em níveis acima do normal. Há uma sensibilidade geral aos mais diversos estímulos sensoriais. Encontra-se por exemplo em doenças físicas crônicas com astenia ou fadiga geral, na histeria e em estados de humor melancólico”. Esta é uma característica da personalidade de Val, e na sua luta pela individuação. Não se trata de um humor mais-valia, ou seja, voltado para um riso contra a alteridade. Pelo contrário Val ri de si mesmo, da sua desgraça pessoal, dos seus infortúnios, e sobretudo o fato dos carecimentos sociais reverterem para dentro.

Ainda recorrendo ao nosso texto base: “Hipoestesias. Podem ocorrer tanto como anestesias-ausência total da função sensação – ou analgesia – diminuição de uma sensação dolorosa. Os mais importantes e freqüentes ocorrem nos estados crepusculares dos histéricos graves. (...) Os fenômenos conversivos na histeria acontecem com marcadas alterações da função sensação, dos mais diversos tipos. Podem ocorrer: hiperestesia leve e difusa, sem nenhuma alteração orgânica, dores, sensações desagradáveis, hiper, hipo ou analgesias as mais diversas e da mais variada extensão; as anestesias podem ser minimamente circunscritas ou podem ocorrer em membros inteiros. São bastante conhecidos os fenômenos conversivos com hemianestesia, (um dimídio, ou metade do corpo, anestesiado) cegueira ou surdez psicogênicas. Em todos estes casos a inervação permanece intacta.”

Val é um caso clássico? Pode ser, Freud em seus três ensaios sobre a sexualidade é categórico quando caracteriza a histeria como um fenômeno especificamente feminino. O desejo inconfessável que se revela na negatividade da conclusão do ato sexual. Se este é violento por natureza, choque de corpos físicos, aparece já mesmo em Freud com o nome de paranóia, quando vem a lume o caso de Daniel Paul Schreber. O desejo de ser penetrado por Deus ao mesmo tempo em que o desejo pelo poder e a conquista do mesmo se verificam. Histeria e Paranóia. Patologias que se complementam, personalidades em busca da identidade.

A histeria é também masculina e a dimensão simbólica, contribuição junguiana, confere um tipo de energia para a revelação desta patologia.

II. Histeria – breve contextualização psicológica

O personagem vivido por Woody Allen no Filme “Dirigindo no Escuro”, foi construído com características que denotam grande fragilidade emocional explicitada em vários momentos do filme em diálogos tragicômicos, culminando com a cegueira histérica.

Desde o início do filme, o discurso do personagem apresenta aspectos infantis. No seu primeiro diálogo, ele está trabalhando no Canadá somente há um dia e liga para a namorada em Nova York dizendo não estar suportando ficar tão longe dela, que está com muitas saudades e que deseja voltar para casa. A namorada sinaliza que ele só está há um dia distante dela, e ele justifica sua decisão pelo fato de não conseguir dormir sozinho. Vários diálogos e em vários momentos no filme ele demonstra sua imaturidade emocional, repetindo que não consegue dormir sozinho, que precisa de alguém para cuidar dele.

A ex-mulher, mesmo estando atualmente casada com o produtor do filme que ele irá dirigir, demonstra grande carinho e cuidado por ele. É ela quem convence o marido a oferecer a direção ao Val Waxman, personagem vivido por Woody Allen. É bem interessante notar a dependência de Val do feminino e a forma maternal que a ex – mulher cuida dele, ambos se complementam na neurose.

Ela, apesar de já estar separada há algum tempo e já estar casada com outra pessoa, apresenta-se bastante maternal, acolhedora e preocupada com ele. Ele, por sua vez, apresenta-se de maneira frágil, sinalizando sempre que precisa de uma “mãe” que cuide dele. Mesmo sendo um diretor de cinema reconhecido por sua inventividade e criatividade, aspectos femininos que ele aparentemente lida bem e conscientemente, existe um aspecto inconsciente e sombrio contrário a sua persona masculina a que Jung denominou de anima , onde ele demonstra estar totalmente subjugado e projetado na figura da mulher, denotando total dependência.

Muitas são as características histéricas apresentadas pelo personagem. Demonstra dificuldade de lidar com as frustrações. Já se separou da mulher há um tempo, ela já se casou com outra pessoa, mas ele ainda não elaborou a separação e quando a encontra expressa sua raiva de modo forte, impulsivo, teatral e histérico. O personagem possui facilidade de somatização, ele mesmo se define como hipocondríaco e apresenta grande dependência de pílulas mágicas. Ingere tipos diferentes de medicamentos, ora para acalmar, ora para excitar, sendo que um cura o efeito colateral do outro.

Histéricos quase sempre tem uma atitude extrovertida, com a libido voltada para o ambiente. Possuem um contato afetivo e sedutor. Expressam suas idéias, emoções e frustrações com grande teatralidade.

São sugestionáveis com facilidade e se deixam influenciar por sintomas transformando – os em doenças. Somatizam como forma de manifestação da sombra, que utiliza o corpo para expressar o que está inconsciente. Como diz Walter Boechat : “a localização destes fenômenos tem sempre um caráter simbólico, o corpo adquire um status de linguagem simbólica do inconsciente”.

O ponto central do filme é quando o personagem começa a enfrentar as dificuldades concretas do cotidiano de um estúdio de filmagem e adquire uma cegueira inexplicável, que é diagnosticada como psicológica. Ele faz vários exames clínicos e é constatado que não tinha nenhuma causa física, portanto, podendo ser diagnosticado como uma cegueira histérica.

Levando em consideração que a cegueira histérica é considerada como uma alteração da função sensação, que é denominada como função do real , e percebendo que a cegueira se instalou no momento em que ele efetivamente começa a dirigir o filme, que tem como roteiro as dificuldades de relação de um pai com o filho, fato que o remete a sua vida pessoal, a cegueira é uma maneira de impedi-lo de enxergar a realidade. Ele demonstra não possuir força de ego o suficiente para enxergar o que a realidade tem para lhe mostrar.

A solução encontrada, sugerida pelo seu agente, é a de que a verdade sobre sua cegueira não seria dita, visto a necessidade que tinha de realizar a direção do filme para que pudesse retornar ao mundo dos negócios. Como seu agente, ele iria acompanhá-lo o tempo todo, fazendo o papel de seus olhos, vendo por lê, dirigindo por ele, acompanhando-o onde quer que ele fosse.

Aceitou esta sugestão e assim encontrou uma forma de continuar a direção do filme, mas, mais do que isto, encontrou uma forma de alguém cuidar dele, ver por ele, alimentá-lo com informações e resoluções, uma “mãe” que cuidasse dele.
Este processo teve 3 etapas. Primeiro foi o agente, mas logo ele proibido de entrar no estúdio e foi substituído por um tradutor koreano que estava acompanhando o câmera men. Foi demitido no meio da filmagem, e então, a ex-mulher assumiu este papel.

É muito interessante observar esta passagem. São 3 etapas, 3 estágios, até chegar ao encontro da ex-mulher, que era inconscientemente o que ele desejava, e retomar a visão.

A primeira etapa, a do agente, ele é colocado diante da realidade de alguma maneira. O agente mostra para ele que é preciso ganhar dinheiro, enfrentar as filmagens não perder a oportunidade de realizar o trabalho. Mesmo sem enxergar, ele o leva pelo braço até o local de filmagem. Talvez o papel do agente fosse como o de um pai que não aceita a desculpa do filho para faltar na escola. Um pai amoroso, que o acompanha, mas que não deixa o filho desistir.

A segunda etapa é a do koreano, que é um estrangeiro, alguém fora da realidade dele, mas que aceita cuidar dele, fazendo este papel de “olhos” do diretor. Talvez a figura do koreano represente o mundo externo, o desconhecido, a realidade estrangeira, aquilo que ele precisa enfrentar para crescer.

A terceira etapa é a ex-mulher que assume o papel de acompanhante. Afetiva e conhecedora de seus hábitos, ela cuida dele com cuidado e presteza, e assim retomam um vínculo que tinha se perdido com a separação. Conversam muito e recordam situações que viveram quando estavam casados. Ao sentir alguma segurança afetiva, a segurança que uma criança sente ao estar próximo e vinculado com a mãe, ele retoma a visão.

Ele termina o filme e obviamente a crítica americana não vê com bons olhos, mas a crítica francesa o classifica como gênio. Ele volta a viver com a mulher e vão para Paris receber os louros.

Aparentemente ele demonstra que irá retomar sua fase criativa, o que sinaliza que somente quando está vinculado com alguém que cuide verdadeiramente dele, que faça com que ele se sinta amado, aí sim, haverá espaço para fluir o aspecto feminino da criatividade. Caso contrário ele fica “cego” para sua anima, sua criatividade e inventividade ficam bloqueadas, ele é incapaz de produzir, de criar, de se relacionar com o mundo exterior através do trabalho. Fica atemorizado e histérico.

sábado, 12 de julho de 2008

Rosana rouca



E a Rosana Jatobá hoje no jornal "Hoje"? Rouquinha da silva, como diria a minha avó desalmada. O que houve? A moça estava nervosa por apresentar o jornal? Confesso que até hoje só tinha visto a moça falando do tempo. Ou ficou rouca e a Globo não tinha ninguém para substituir? E se ela perde a voz no meio do jornal?

Aula de edição



Saiu hoje na capa da Folha. E boa jogada de títulos. Gosto disso.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Matéria sobre Última Hora na revista Imprensa



A revista Imprensa de julho está nas bancas. Ainda não li. Mas parece interessante essa matéria sobre a digitalização do acervo do jornal Última Hora. Abaixo trecho da matéria publicada no site Portal da Imprensa.

Contra as traças, bytes
Por Julia Baptista

Arquivo Público de São Paulo e AMD selam parceria para digitalizar acervo do Última Hora, agora disponível na internet. Exemplo bem-sucedido é uma exceção entre os arquivos, que enfrentam a ação do tempo, falta de financiamento e dificuldades na área tecnológica

A manchete "Passeatas proibidas - Estudantes reúnem-se para traçar novos rumos" estampava a primeira página do jornal Última Hora de 6 de julho de 1968. Na noite anterior, o ministro da Justiça divulgara uma nota oficial recomendando aos governadores que não permitissem passeatas, porque estariam "gerando intranqüilidade e perturbando a ordem pública". Em dezembro daquele aano, o Ato Institucional n.5 deu início ao período mais violento do regime militar.

O episódio aconteceu há 40 anos, mas graças a uma parceria inédita do Arquivo Público do Estado de São Paulo e a AMD - empresa fabricante de chips e processadores - essa e mais de 40 mil páginas digitalizadas do Última Hora podem ser consultadas hoje livremente na internet. Importante documento para pesquisadores, professores, estudantes e jornalistas, o acervo digitalizado conta com exemplares de 1956 e 1955 e de 1961 a 1969.

Por ser uma instituição estatal, o Arquivo não pôde receber a verba diretamente da AMD. Para viabilizar a utilização desse recurso, o órgão público contou com o apoio da Associação dos Amigos do Arquivo (AAA), que comprou softwares e colocou a página do projeto no ar. Os servidores de acesso da informação via internet estão equipados com processadores da AMD.

"Habilitar a população a ter acesso, via web, a essa parte importante da história brasileira foi uma coisa que calhou muito diretamente com o nosso foco de inovação", explica José Antônio Scodiero, presidente da AMD na América Latina. De acordo com o executivo, financiar um projeto como esse vai ao encontro do perfil da empresa. "Identificamos-nos muito com a história do jornal Última Hora, que tinha uma característica de empresa inovadora, que estava sempre à frente", compara Scodiero.

Título sacana



Líder na "Zona"?! rs)

Aula de edição: O falso míssil do Irã




Bela edição do Globo sobre a matéria do falso míssil do Irã. Belo box.

Jandira na moto. Faltou Assessoria?



Será que ninguém se tocou? Ou foi proposital para a candidata aparecer? Serginho Cabral já tinha feito o mesmo em outra ocasião, como a própria matéria lembra. Saiu no Globo de hoje. Boa reflexão sobre Assessoria.

Mancadas do Jornalismo



Meu camarada PV enviou. Saiu no Kibeloco. Parece a história que meu camarada Maurício Menezes contava em seus shows sobre o editor que publicou uma foto da cerveja Antarctica numa matéria sobre o continente da Antártida. Esses coleguinhas!

terça-feira, 8 de julho de 2008

O que político não faz para aparecer?



Marta Suplicy mexendo na linguiça, Alckmin bebendo cafezinho em boteco e Kassab chupando picolé na rua. É ruim, hein! Vale tudo na busca dos votos. Deu ontem na Folha. Aliás, a Folha também contou que um skatista de 14 anos abordou Alckmin perto de uma casa de detenção: "Ei, tá roubando, roubando muito. Como não? Político não rouba?". Prefiro não comentar.

Blog do professor pc também é cultura: Kennedy e os Russos

John Kennedy perguntou certa vez a um diplomata soviético: "O que devo fazer para entender os russos?". A resposta foi breve: "Leia os romancistas russos".

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Rescaldo da Flip - 2: "Como falar de livros que não lemos?"

Vale a pena ler a entrevista do psicanalista francês Pierre Bayard, autor do livro "Como falar dos livros que não lemos?". Li o livro e não gostei. Prefiro esta entrevista publicada sábado na Folha de S. Paulo.

Ler ou não ler?
O professor e psicanalista francês Pierre Bayard propõe a "dessacralização' da leitura em antimanual irônico; "Não conseguimos atrair as pessoas para a leitura se as fazemos ter medo de ler'

MARCOS STRECKER
ENVIADO ESPECIAL A PARATY


A idéia é provocativa e francamente irritante para muitos, especialmente em um evento como a Festa Literária Internacional de Paraty. Mas é justamente propondo a "dessacralização" da leitura no bem-humorado antimanual "Como Falar de Livros que Não Lemos?"(Objetiva) que o psicanalista francês Pierre Bayard se apresenta amanhã, quando debate com o colunista da Folha Marcelo Coelho na mesa "Os Livros que Não Lemos".
Em entrevista, o professor de literatura francesa na Universidade de Paris-8 diz que seu livro foi muito bem recebido nos EUA, mas não no Reino Unido.
"O problema é que lá as pessoas levaram ao pé da letra." Afirma que procurou fazer uma obra divertida sobre a consciência pesada dos não-leitores e que houve muitos mal-entendidos quando o livro foi lançado.
"Mas eles acabaram levando ao seu sucesso", diz, sorrindo.

FOLHA - As pessoas devem ter vergonha de não ler alguns livros?

PIERRE BAYARD - Eu tento mostrar que as pessoas não devem ter vergonha. Tento "desculpabilizar" o leitor, mostrando que freqüentemente os intelectuais, em especial os professores, tentam transmitir a imagem do livro como um objeto sagrado. Os grandes leitores sabem que há muitos livros bons que nunca leram. E, mesmo alguns livros que são importantes, o que significa não ter lido? Sempre dividimos as obras nas categorias lidas e não-lidas. Para os intelectuais, sobretudo, há um espaço intermediário, o dos livros com os quais vivemos. Às vezes nós apenas folheamos, outras vezes apenas começamos, outras vezes somente ouvimos falar ou lemos críticas sobre eles. Podemos até ter lido da primeira à última linha, mas há muito tempo, e já os esquecemos. Mostro como substituímos as obras por livros imaginários.

FOLHA - Não é necessário ler todo o livro para compreendê-lo?

BAYARD - Tento tirar do discurso sobre os livros tudo o que significa "é necessário" ou "se deve". Acho que há muitos itinerários possíveis. Claro que há o mais habitual, de ler da primeira à última linha. Mas há outras formas. Podemos apenas folhear ou ler até uma certa altura. Pode não ser o bom momento para lê-los. Assim como há várias maneiras de conhecer uma pessoa.

FOLHA - Os seus argumentos são de um professor ou de um psicanalista?

BAYARD - Naturalmente, há uma dimensão psicanalítica, já que a questão inicial da psicanálise é a de liberar o paciente da culpa. Mas também é um livro de professor. Percebi, na prática, que os alunos tendiam a considerar o livro como um objeto religioso. Tendiam a ler da primeira à última linha sem se dar a liberdade de percorrer a obra. Meu livro é sobretudo para os grandes leitores. Houve uma certa confusão, porque alguns jornalistas consideraram que eu queria dissuadir as pessoas da leitura. Mas sou um grande leitor, precisei ler muitas obras para poder escrever meu livro. O grande leitor é uma pessoa livre em relação aos livros.

FOLHA - Já que estamos em uma festa literária e o sr. diz que é um grande leitor, o sr. leu os livros dos outros autores?

BAYARD - Há alguns autores de quem eu realmente li os livros. Da psicanalista Elisabeth Roudinesco, por exemplo, eu já li muito. Há autores cujas obras me interessam, mas que não comecei realmente a ler. De Alessandro Baricco, por exemplo, eu comecei a refletir sobre os seus livros.

FOLHA - O sr. leu Baricco?

BAYARD - Sim... Bem, não... É complicado [risos].

FOLHA - O sr. está no Brasil, país com baixo índice de leitura. Uma obra como a sua, quando diz que não é necessário ler um livro, não pode ser considerada antipedagógica?

BAYARD - Mas eu acho que é necessário ler! Apenas acho que não conseguimos atrair as pessoas para a leitura se as fazemos ter medo de ler. Precisamos ensinar o prazer da leitura, que consiste em escolher os livros que são bons para você mesmo. Isso é muito difícil. E não eleger alguns livros que as pessoas sejam obrigadas a ler.
No meu livro, por exemplo, eu digo que nunca acabei de ler "Ulisses", de James Joyce. Isso é um escândalo para um intelectual. Não é que não seja um livro bom para mim. Talvez não o seja neste momento.

FOLHA - A internet é um bom meio de formar leitores ou é o contrário?

BAYARD - É um instrumento formidável. Mas há um risco de apenas se "passar os olhos" em tudo. Por outro lado, vejo muitos alunos que entram na biblioteca, selecionam alguns livros e tratam de lê-los da primeira à última linha.
Quantos livros vão acabar lendo em suas vidas?

Rescaldo da Flip - 1: 77 milhões de brasileiros não gostam de ler



Outro artigo publicado na Folha que só pude ler hoje. Vale a pena passar a mãozinha.

"Qué tu se foi fazer na Colômbia, McCain?"



Belo artigo da Eliane Cantanhêde publicado na Folha semana passada. Só hoje pude ler. Vale a pena passar a mãozinha. É muita coincidência pro meu gosto. Essa Direita!

Erro de edição: faltou o final da legenda



Saiu no Segundo Caderno do Globo. Esqueceram de completar a legenda.

A foto da semana: Uma floresta de livros

sábado, 5 de julho de 2008

Professor Gilson Caroni cita Jornal Laboratório em artigo na Carta Maior

ANÁLISE DA NOTÍCIA

Imprensa, um semestre de imposturas

Como esquecer a coluna de 9 de janeiro, de Eliane Catanhêde, colunista da Folha de São Paulo?: "Com sua licença, vou usar este espaço para fazer um apelo para você que mora no Brasil, não importa onde: vacine-se contra a febre amarela! Não deixe para amanhã, depois, semana que vem... Vacine-se logo!”. Gilson Caroni Filho analisa o primeiro semestre da imprensa brasileira.

Gilson Caroni Filho

Um balanço da imprensa nos primeiros seis meses de 2008 mostra que não foi por falta de empenho que a imagem do governo não sofreu considerável desgaste. Um acompanhamento, mês a mês, da cobertura noticiosa mostra que o jornalismo de mercado, usado como controle político das elites, terminou resvalando ladeira abaixo ao continuar acreditando que dispunha de uma ilimitada capacidade prestidigitação.

Quedas de tiragens e audiência decorreram do apego à desmesurada crença nos dispositivos que regulam a relação entre os responsáveis pela produção e difusão de informações. Em inúmeras vezes o fato concreto deu lugar à imaterialidade midiática.

Por mais fiel que seja o leitor, por mais intensa a cumplicidade com o veículo que sistematiza sua visão de mundo, um noticiário que não guarda qualquer relação com a realidade vivida termina por explicitar excessivamente os interesses a que serve. E ao fazê-lo, termina sendo disfuncional a esses mesmos interesses. Um discurso vazio, que cai no descrédito na medida em que mais complexa se torna a sociedade para a qual é elaborado.

Em entrevista a um Jornal Laboratório de conhecida faculdade de Comunicação do Rio de Janeiro, o diretor de redação de Veja, Eurípedes Alcântara, não mediu palavras ao defender o que julga ser a função missionária da revista paulista e, por extensão, de toda a imprensa: “Como no Congresso as oposições estavam- e ainda, de certa forma, estão- desarticuladas, Veja se viu nessa incômoda situação de ser a única oposição real ao governo Lula"

Se a publicação dos Civita adotou o panfletarismo neocon como padrão editorial, os demais veículos da grande mídia também não se furtaram ao papel de substituir os partidos conservadores, ora impondo a pauta a eles, ora sendo pautados por conhecidos parlamentares, como destacou recentemente, aqui mesmo, Bernardo Kucinski, em seu artigo Por que o governo Lula perdeu a batalha da comunicação.

A “invenção de realidades" só esbarrou em um problema. A sociedade brasileira aprendeu a ler sua mídia e dela se afastou. O resultado foi a saturação do fazer jornalístico como práxis ética.

Tendo noção da extensão do “prontuário”, destacaremos apenas os crimes de maior repercussão. Aqueles em que a verdade factual foi solenemente ignorada na escolha de pautas viciadas, em conhecidos direcionamento de títulos e de cobertura.

Em janeiro, a febre amarela voltava às cidades brasileiras, e com casos registrados no Centro-Oeste, retornávamos todos à primeira metade do século passado. De nada adiantou o desmentido das autoridades. A situação calamitosa da saúde pública revelava o descuido do governo. Assim decidiram, de forma igual e combinada, os editores e proprietários das grandes empresas de mídia.

Como esquecer a coluna de 09/01 de Eliane Catanhêde, colunista da Folha de São Paulo?: "Com sua licença, vou usar este espaço para fazer um apelo para você que mora no Brasil, não importa onde: vacine-se contra a febre amarela! Não deixe para amanhã, depois, semana que vem... Vacine-se logo!”.

A marcha da insensatez não esperou que o primeiro mês do ano completasse sua primeira quinzena. Dias depois, como fogo-fátuo, o assunto sumiu do noticiário. O amarelo da falsa epidemia revela a coloração de quem a fabricava.

Em fevereiro, a instalação da CPI dos Cartões Corporativos prometia revelar as entranhas de um "governo corrupto”. Tapiocas, mesas de sinuca e notas fiscais frias na prestação de contas de contas de aluguel de veículos que o Planalto teria feito com cartões, anunciavam, enfim, esquemas irregulares envolvendo agentes do governo.

Como convinha ao espetáculo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso enviava e-mail ao senador Sérgio Guerra, no “qual garantia jamais ter usado dinheiro público para pagar gastos pessoais." Uma pantomima que iria perdurar até meados de maio, quando, vendo que daquele mato não sairia coelho, o jornalismo de Pindorama já teria transformado banco de dados em dossiê. Os préstimos de um conhecido senador foram de valor inestimável.

Abril seria o mês de uma “crise militar". A edição de 16/04 do Globo informava que “o general Augusto Heleno, comandante militar da Amazônia, voltou a classificar a transformação da faixa da fronteira norte do país em terras indígenas como ameaça à soberania nacional”. Em palestra sobre a defesa da Amazônia no Clube Militar, no Rio, o general não se mostrou preocupado em contrariar a posição do governo, que defende a homologação de terras indígenas mesmo em regiões de fronteira, e disse que o Exército "serve ao Estado brasileiro e não ao governo", e chamou a política indigenista do governo de "caótica".

Ingredientes explosivos. Quebra de hierarquia e política pública pondo em risco a integridade do país. O procedimento editorial era condenar o comportamento do militar, dando total respaldo ao teor do seu discurso. Era um fato jornalístico com fortes ressonâncias no imaginário político nacional. Uma oportunidade de continuar o trabalho de assessoramento da "oposição desarticulada". Não durou uma semana. Era muito fardo para pouca farda.

Tráfico de influência na venda da Varig, ingerência indevida da Casa Civil no processo, pressões sobre a ex-diretora da Anac foram os destaques de junho. O depoimento de Denise Abreu na Comissão de Infra-Estrutura do Senado obedeceu ao roteiro folhetinesco conhecido por leitores e telespectadores. Mas o ”grande achado do mês" foi apresentar a elevação de preços que, em grande parte é explicada por fatores externos, como o fim da estabilidade monetária.

O terrorismo de jornais, revistas e emissoras de televisão criou um novo tipo de inflação, que não é de oferta ou de demanda, mas pode ser explicada a partir da formação de um estoque de descontextualização informativa: uma inflação de mídia. Novamente a imprensa tateou à procura de fatos reais que dessem sustentação à produção noticiosa. A distinção entre opinião e informação é algo inexistente quando a luta é contra um governo classificado pelo diretor de redação da Veja como “liberticida”

O primeiro dia de julho, no entanto, traria uma notícia desalentadora: "A inflação calculada pelo Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S) recuou pela terceira semana consecutiva na última medição de junho, registrando taxa de 0,77% - 0,12 ponto percentual menor que a da semana anterior (0,89%). A taxa também é a menor que a registrada no encerramento do mês anterior, quando ficou em 0,87%” (O Globo).

Supondo-se detentora de um mandato que lhe assegura total liberdade na tentativa de intermediar as relações entre Estado e sociedade civil, a imprensa brasileira zelou pelos interesses da oposição ao governo. A governadora Yeda Crusius e o alto comando do PSDB foram os principais beneficiários da cobertura padrão. O Detran gaúcho e o caso Alstom foram, até agora, blindados.

Mantida a inversão na relevância das informações é previsível o modus operandi predominante no segundo semestre. Porém, com a extradição de Cacciola, resta indagar com a poética de Drummond, em que gruta ou concha de página quedará abstrato o indesejável banqueiro?

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Blog do professor recomenda: "A doutrina do choque", de Naomi Klein




Estou lendo. Tijolaço! Mas vale a pena. Li há aguns anos o "Sem logo", da mesma autora. Naomi participa do genial documentário "The Corporation". Quem tiver com grana sobrando (rs) sugiro comprar o livro e o dvd.

Fotosacana: Lula e a batata doce



Prefiro não comentar. Quem mandou a dica foi a Mariana Carnevali.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Design de Jornais




Bela entrevista publicada no "Jornalistas & Cia" dessa semana com o jornalista espanhol Javier Errea. Uma pequena aula para estudantes. É só passar a mãozinha.