domingo, 5 de outubro de 2008

O que aconteceu com os mutuários inadimplentes do EUA?, ombudsman da Folha

Como todos os meus bilhões de leitores sabem, a primeira coisa que leio na Folha aos domingos, é a coluna do ombudsman. Eis o primeiro texto. O segundo está no post seguinte.

"E se as crianças perguntarem? O que respondo?"
Carlos Eduardo Lins da Silva

Uma das vantagens usufruídas pela Folha da instituição do ombudsman são as muitas sugestões de pauta que a Redação recebe de leitores.

Surpreende que às vezes relute em aceitá-las. Em 23 de setembro, recebi de José Antonio Pessoa de Mello Oliveira idéias excelentes sobre perguntas mal, pouco ou não respondidas pelo jornal sobre a crise econômica americana.

Questões aparentemente simples, mas de difícil apuração. Como: "O que acontece com os mutuários inadimplentes com suas hipotecas? Saíram dos imóveis? Estão morando onde? Não ouvi coisa alguma sobre legiões de sem-teto vagando pelos Estados Unidos. E os imóveis retomados? Estão vazios? Serão ofertados ao mercado? Qual o efeito de uma oferta maciça no mercado imobiliário? Com certeza implodiria os preços. Ou nada disso está acontecendo? O cidadão não paga, continua no imóvel e o governo paga a conta? Também não consegui descobrir se o governo americano quer comprar os títulos "podres" com recursos do Orçamento ou se simplesmente vai ligar a impressora de dólares."

Passei as perguntas à editoria Dinheiro no mesmo dia. Eu também não tinha visto no jornal o que o leitor procurava e acho que seria útil para todos ter essas respostas agrupadas num só texto ou, de preferência, num só gráfico.

Até sexta, embora o jornal esteja com quatro jornalistas nos EUA, o leitor continuava sem saber o que indagou.

Pedi explicações aos editores. Eles me disseram que "algumas das respostas foram dadas ao longo das edições e duas não conseguimos responder: onde as pessoas despejadas estão morando e o que aconteceu com os imóveis arrestados".
Deveriam tentar mais e voltar a publicar, consolidadas, as respostas que dizem já ter respondido. Afinal, como argumenta José Antonio: "E se as crianças me perguntarem? E aí, o que eu respondo?".

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