Meu ex-aluno Alex Laus envia o texto abaixo, publicado no site Terra.
Na era da internet, qualquer um pode ser jornalista
Os "bloggers" são os colunistas mais lidos, os pedestres com telefones celulares viraram fotógrafos e aqueles movidos por causas pessoais são especialistas na investigação: na era da internet, qualquer um pode ser um "jornalista cidadão".
Os sites que exibem vídeos, imagens e páginas pessoais são a prova desta florescente expansão.
"É um grupo enorme de pessoas que não tem nenhuma formação (em jornalismo), mas quer fazer parte das grandes discussões", disse a presidente da Sociedade Americana de Jornalistas Profissionais (SPJ, sigla em inglês), Christine Tatum.
Em dezembro passado, o gigante da Internet Yahoo! lançou o "YouWitnessNews", um site que publica matérias de pessoas comuns, editadas por jornalistas profissionais.
O site de notícias canadense "NowPublic", criado há dois anos, "conta" com mais de 60.000 "jornalistas" de 140 países.
Tanto o "YouWitnessNews" quanto o "NowPublic" firmaram acordos com conhecidas agências de notícias para fornecimento de conteúdo e fotos.
Vários sites que exibem vídeos, como YouTube, Revver ou Bebo, tentam por todos os meios estimular as pessoas a alimentar suas páginas com notícias ou comentários. O site Revver até paga seus colaboradores com um percentual dos lucros obtidos com publicidade.
"Trata-se de pessoas comuns que foram testemunhas de coisas extraordinárias e querem compartilhá-las", explicou o fundador do NowPublic, Leonard Brody.
"Quando acontece alguma coisa, quem é mais confiável: um jornalista ou editor, ou milhares de pessoas?", provocou.
Seis meses atrás, estes "jornalistas cidadãos" foram os únicos a mostrar imagens do golpe de Estado na Tailândia à rede CNN. Durante os atentados de Londres em 2005, as primeiras imagens que alimentaram a internet foram capturadas pelos celulares dos pedestres.
"O jornalismo cidadão seduz enormemente os jornais", afirmou Mark Fitzgerald, da publicação especializada em mídia "Editor and Publisher".
"Um dos aspectos que mais atraem os jornais é que os jovens que não são leitores de jornais se sintam tentados pela idéia de serem publicados e serem parte de um jornal", acrescentou.
A agência de imprensa financeira Dow Jones teve de incorporar "blogs" em seu site on-line, muito a contragosto, temendo perder sua reputada confiabilidade, disse o chefe do site Marketwatch.com, Bambi Francisco.
"Do ponto de vista editorial, eles se negavam a fazê-lo, mas do ponto de vista financeiro viram que tinham de fazer isso, porque iria significar mais visitas a sua página", justificou Francisco, durante uma coletiva de imprensa sobre jornalismo digital, em março, em Los Angeles.
"O conteúdo fornecido pelos usuários gera lucros", destacou.
Esta sedutora tendência tem, porém, um gosto amargo para os veículos mais tradicionais, comentou Andrew Keen, autor do livro "The cult of the amateur: how today''s Internet is killing our culture" (O culto do amador: como a Internet de hoje está matando nossa cultura, numa tradução livre), que será lançado em junho.
Keen ressalta que ele não confia nesta chuva de opiniões, fotos e vídeos on-line.
"Não me inspira confiança", sentenciou, em conversa com a AFP.
"O pêndulo se inclinou de uma maneira tão radical que agora qualquer pessoa acha que é um especialista. Você pode imaginar o que pode acontecer se os jornais desaparecerem e ficarmos entregues à blogosfera?", especulou.
Já para Christine Tatum, o "grande problema é que muitas destas pessoas não têm nenhuma experiência (...) sobre as leis, nem os princípios fundamentais de um jornalismo sólido e responsável".
Em meio a tantas críticas, o especialista em mídia Leonard Brody diz que a era do jornalismo de "fontes múltiplas" está apenas começando e vai evoluir para um trabalho em equipe, similar ao processo feito pela enciclopédia virtual Wikipedia.
"Pela primeira vez, as organizações monopólicas de notícias terminaram, desapareceram. Elas perderam a guerra", vaticinar.
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