sexta-feira, 6 de abril de 2007

Dia do Jornalista, 7 de abril


No Dia do Jornalista, quem opina é o leitor
Marcelo Tavela (*)
Fonte: Comunique-se

No próximo sábado (07/04), comemora-se o Dia do Jornalista. A origem da data é incerta: algumas fontes afirmam que o dia foi escolhido devido à abdicação de Dom Pedro I, em 07/04/1831, decorrência do assassinato do jornalista Libero Badaró por inimigos políticos em São Paulo. No dia 07/04 também foi fundada a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), em 1908, outro possível motivo para a celebração.

Independente da celeuma, a reportagem do Comunique-se decidiu subverter a data, e dar voz aquele que é a razão de ser do jornalismo e, teoricamente, o principal interessado: o leitor.

A idéia era parar em frente a bancas no Rio de Janeiro e em São Paulo, e pedir para quem comprava jornais e revistas que desse opinião sobre os profissionais que as fazem. Porém, compram-se cigarros, balas e de tudo o mais em bancas, menos publicações – conclusão certamente influenciada pelo horário da apuração, realizada à tarde. Resolveu-se, então, ouvir quem demonstrava algum interesse pelos principais produtos do estabelecimento, pelo menos observando as capas.

Valores e Dinheiro
“Olha, eu leio mais de um jornal, sempre comparando as notícias para ver as tendências de cada um. Procuro olhar também jornais de outros estados”, conta a atriz Luisa Betamio. “Jornalistas são essenciais para a comunicação entre a sociedade. Acho que eles fazem bem seu trabalho”, completa, fazendo logo a ressalva: “Alguns, pelo menos”.

“Jornalista é muito importante. Traz a informação, deixa todo mundo informado. Principalmente aqueles que trabalham com jornalismo policial, investigativo. O jornalista, além de tudo, precisa ter muita coragem", diz o jornaleiro Ivan Camargo Santos, sobre quem faz os produtos que vende.

A auxiliar administrativa Tânia Souza não tem uma opinião tão positiva sobre os “coleguinhas”. “Jornalista tem que relatar as coisas, mas alguns não passam a verdade. Se acham acima do bem e do mal, e usam a profissão para isso”, sentencia, emendando outra crítica: “Tinham que pensar mais nos valores da sua profissão e menos no dinheiro”, diz, pedindo para incluir que “ama o Willian Bonner”.

Pra fazer a cabeça...
A má impressão é compartilhada pelo cabeleireiro Sérgio Dotti, único que comprou uma revista durante a apuração. “Minha visão é que muitos deles são comprados. Sempre tem algo por trás. Na minha área, por exemplo, nunca tive problema por causa do formol [usado para manter substância nos cabelos em vez de produtos mais caros, e ilegal em certas concentrações], mas grandes empresas podem comprar jornalistas para dizer que o produto faz mal”.

O estudante de administração Gabriel Andrade tem uma posição bem definida para encarar a imprensa. “Eu gosto do jornalismo que me passa informação, mas não tenta me persuadir. Não tenta mudar minha opinião, ‘fazer a minha cabeça’. Tem que complementar as minhas idéias e me ajudar a descobrir coisas novas”, afirma. Ele se recusa a dar sugestões: “Os caras estudam anos. Não será o leigo aqui que vai dizer o que eles têm que fazer”.

... tem hora“Eu comparo o jornalista ao médico: não podem perder oportunidade. Se eu vou a um médico e ele descobre um problema que não é na área dele, não pode deixar passar. Tem que saber o básico para me orientar. Com jornalista é a mesma coisa”, diz a professora de inglês Zilah Ramos. E ela cobra uma função mais educativa ao jornalismo.

“Gosto quando mostra o País, os verdadeiros brasileiros. Tem que fazer pesquisa e conscientizar o povo, principalmente pelo rádio. A classe média lê e discute, assiste TV e vai na internet. Mas o povão está no radinho”, opina, dando também sua referência entre os jornalistas: “O Tintin”.

O técnico em informática Victor Borges é sucinto, mas define uma boa forma de exercer a profissão: “Jornalistas estão mais na frente nas informações, e têm que trazer isso para gente. São a ponta da lança”.

(*) Com participação de Evelin Ribeiro

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