Não é do Donga, mas é pelo telefone. E mais uma vez concordo com o colega. Mais três aulas sobre Bom Jornalismo. Sobre erros e falta de atenção, sobre isenção e sobre apuração.
Pelo telefone
Mário Magalhães
A edição de 1987 do "Manual da Redação" continha recomendação predatória ao gênero jornalístico da reportagem: "Um trabalho jornalístico que puder ser bem realizado por telefone prescinde do contato pessoal entre o jornalista e a fonte de informação".
O princípio é outro: só apure por telefone o que não puder apurar pessoalmente.
O verbete foi suprimido. Lembrei-me dele na cobertura sobre a rescisão dos contratos dos 1.064 (na maioria) cortadores de cana da Fazenda Pagrisa, de Ulianópolis (PA).
Para fiscais do Ministério do Trabalho, eles viviam em situação análoga à escravidão. Para os donos da fazenda e alguns senadores, os trabalhadores passavam bem.
Em protesto contra a intervenção do Senado, os fiscais pararam as ações de combate ao trabalho escravo, como contou a Folha no dia 22.
Desde então, o jornal publicou relatórios, declarações e entrevistas. Tudo apurado de longe. Faria melhor se viajasse ao Pará, onde não mantém correspondente, para investigar.
Expor versões alheias não basta. É preciso produzir a sua, a mais fiel aos fatos possível. Com um repórter no local, há mais chances de êxito.
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Há 13 anos
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