Mário Magalhães, ombudsman da Folha, comentou em sua coluna a "polêmica Huck e Ferréz", que rendeu muitas cartas ao jornal. Vale citar.
Ferréz contra Huck: vale publicar tudo?
Parece um equívoco classificar como "polêmica entre Luciano Huck e Ferréz" o debate que nas duas últimas semanas animou o "Painel do Leitor".
Foi do apresentador de TV Huck a iniciativa de enviar à Folha o artigo "Pensamentos quase póstumos", no qual contava o sufoco de ter o relógio Rolex roubado, com a arma apontada para a cabeça. Saiu na segunda retrasada. Não polemizava com ninguém em particular.
Quem polemizou com ele, segunda passada, foi Ferréz. O rapper e escritor, também por sua iniciativa, teve o texto "Pensamentos de um correria" impresso no mesmo espaço. Ele reconstitui o assalto pelo olhar do ladrão: "Todos saíram ganhando, o assaltado ficou com o que tinha de mais valioso, que é sua vida, e o correria ficou com o relógio".
Leitores protestaram. Para uns, o jornal deveria recusar o desabafo "elitista" de Huck. Para outros, permitiu a "apologia de crime" por Ferréz.
Creio que a Folha, abrigando a divergência, comprovou as virtudes do pluralismo. Oponho-me à publicação irrestrita de artigos. Por exemplo, o jornal deve vetar autor duvidando do Holocausto.
Mas Ferréz não louvou o roubo. Elaborou ficção. Ele e Huck enriqueceram a reflexão sobre violência, concorde-se ou não com suas idéias claras ou subjacentes.
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