quarta-feira, 30 de abril de 2008

"A verdade dos jornais"

Vale a pena ler o artigo da Isabel Lustosa, publicado hoje na Folha.

A verdade que vem impressa nos jornais
ISABEL LUSTOSA--------------------------------------------------------------------------------
A palavra impressa tem um peso tal que o critério para ver a tendência autoritária de um governo são as ações que toma contra os jornais --------------------------------------------------------------------------------

NA MINHA primeira mocidade, no Ceará dos anos 1970, fazia muito sucesso a polêmica coluna de Claudio Pereira, "Patrulheiros Toddy". Em uma época de total irresponsabilidade, bem distante dos modernos tempos do politicamente correto, Pereira publicava os maiores absurdos sobre a vida de seus desafetos, mas, sobretudo, de seus afetos, que, por vezes, em decorrência do material publicado, se converteram em desafetos. Quando questionado sobre a veracidade das informações, Pereira sempre dizia: "Saiu no jornal? Se saiu no jornal, então é verdade".
Brincadeira à parte, meu velho e moleque amigo se referia ao fascínio que a folha impressa exerce sobre as pessoas. Quem escreve de vez em quando para os jornais sabe avaliar que diferença faz mostrar a alguém um texto digitado em uma folha comum ou mostrá-lo já impresso na página de opinião de um grande jornal.
Diante do impresso, as críticas que o original receberia são, geralmente, feitas com muito maior cuidado.
A palavra impressa tem um peso tão considerável que o critério para avaliar a tendência autoritária de um governo são as medidas que toma para cercear a publicação e a circulação dos jornais. No Brasil colonial, a impressão de livros e periódicos era totalmente proibida. Os que se aventuravam nesse tipo de empreendimento pagavam caro: além da apreensão de seus prelos e tipos, pesada multa e imediato regresso a Lisboa para se entenderem com as autoridades.
Quando finalmente, depois da vinda da corte, em 1808, começou-se a imprimir no Brasil, a censura ainda vigorava com força total. A chegada do liberalismo, após a Revolução Constitucionalista do Porto, de 1820, produziu interessante debate entre os que, como José da Silva Lisboa, viam a liberdade de imprensa como danosa para a nação e terreno propício à calunia e os que, como Hipólito da Costa, advogavam sua total liberação. Silva Lisboa, então chefe da censura na Impressão Régia, defendia seus interesses e, bom amigo do trono e do altar, os da coroa.
Hipólito, que escrevia da Inglaterra, respirando as liberdades garantidas pelo sistema constitucional inglês, procurava demonstrar que os boatos que corriam de boca em boca eram mais daninhos que os impressos -estes podiam ser facilmente refutados, pois constituíam provas em processos por calúnia.
Essa precoce discussão sobre a liberdade de imprensa que marcou o alvorecer do nosso jornalismo foi sucedida por uma fase de intensa disputa entre jornalistas de várias tendências em torno do modelo político que cada um considerava mais adequado para a jovem nação que surgia.
Nesse debate fundador, a imprensa foi ao mesmo tempo palco, ator e público-alvo. Campo de embate de opinião, laboratório de idéias, mas também de uma nova ordem legal cujos contornos ainda não estavam bem definidos, a imprensa brasileira da Independência caracterizou-se, entre outras coisas, por uma guerra de insultos entre jornalistas. O direito ao anonimato que então vigia garantiu a impressão de textos fortes, alguns até mesmo rebarbativos, como os que se atribuem ao primeiro imperador. Porém, pelo estudo desses impressos, podemos entender hoje as motivações de seus autores, as paixões e os interesses que orientaram suas ações.
O aspecto interessante dessa guerra de impressos é a consciência que tinham seus redatores de que aqueles escritos se destinavam à posteridade.
De que eram protagonistas de um momento histórico importante e que era preciso garantir desde aquele instante a divulgação de seu papel no desenrolar dos acontecimentos.
Ao mesmo tempo, podemos constatar que, como meu amigo Claudio Pereira, eles sabiam que o fato de uma informação estar impressa no jornal contribuía muito para lhe dar credibilidade. Daí o cuidado que tinham em exaltar seus próprios feitos e diminuir os dos adversários, em atacá-los propagando sobre eles informações negativas -verdadeiras ou falsas.
Cabe ao historiador de hoje a tarefa de vasculhar e interpretar esses jornais resistindo ao fetiche da página impressa e cotejando as informações com as constantes em outras fontes.
Assim, recomenda-se ao leitor contemporâneo lembrar que não há texto neutro, que, na composição e no desenvolvimento de um texto jornalístico, na maneira de narrar e destacar um fato, estão também embutidas as paixões e os interesses do jornalista, do editor ou da empresa jornalística a que estão ligados. De modo que nem sempre o que sai no jornal é a expressão genuína da mais pura verdade.

ISABEL LUSTOSA, doutora em ciência política pelo Iuperj, é historiadora da Casa de Rui Barbosa no Rio e autora de "Insultos Impressos: A Guerra dos Jornalistas na Independência" (Cia. das Letras, 2000).

terça-feira, 29 de abril de 2008

piauí 20 nas boas bancas do ramo. E nas minhas mãos


Já estou lendo. Amanhã entra "resumo" no site da revista. Imperdível como sempre.

Aula de Secretaria Gráfica: Mostra de capas da Esquire


Saiu hoje na Folha, em matéria assinada pelo Matinas Suzuki Jr. Imperdível.

"Esquire" surpreendeu anos 60 com capas ousadas
Publicitário George Lois criou capas históricas, que estão em mostra no MoMA
MATINAS SUZUKI JR.
ESPECIAL PARA A FOLHA


Para cerca de 1 milhão de americanos -e milhares de fanáticos pelo mundo-, uma das boas coisas da década de 1960 era o frisson causado por como seria a próxima capa da revista "Esquire". Entre 1962 e 1972, as capas da "Esquire" foram surpreendentes, provocativas, pertubadoras. Muitas delas não tinham título e nem se referiam ao principal assunto da edição.

Eram mais do que capas de revista: uma espécie de editorial em forma gráfica, uma tomada de posição firme sobre os fatos de uma época em chamas.
As capas da "Esquire" dos anos 60 estão sendo exibidas no Museu de Arte Moderna (MoMA), de Nova York, em uma mostra que vai até 2009.

Estas capas eram boladas a 12 quarteirões da Redação da "Esquire", na agência de George Lois, um dos revolucionários da publicidade americana. Ele era, no nosso jargão de hoje, um criativo, sem nenhuma familiaridade com o ramo de revistas.
A idéia de contratar o publicitário Lois para fazer as capas foi de um homem ousado, Harold Hayes, o editor que ajudou a criar o "new journalism" ao publicar as reportagens de Gay Talese, Tom Wolfe, Norman Mailer e Michael Herr.

Inicialmente, ao lado de Clay Felter (que sairia da "Esquire" para fundar a "New York"), e depois como único editor, ele conseguiu que a "Esquire" se tornasse não apenas uma coqueluche de momento, mas também uma das revistas que melhor captou o comportamento de uma geração.
Harold Hayes contava que não sabia como fazer as capas da "Esquire" e por isso convidou Lois. No acerto entre os dois, Hayes jamais poderia interferir nas criações de Lois, algo incomum no mundo das grandes revistas. Hayes honrou o acordo até o fim.

A capa com um Papai Noel negro (o lutador de boxe Sonny Liston), publicada no Natal de 63, levou ao cancelamento de anúncios por clientes indignados; o departamento comercial estimou perder US$ 750 mil.

Um outro lutador estaria na capa mais famosa que Lois criou para a revista, em 1967: Muhammad Ali, que aparece flechado como o mártir São Sebastião. Ali havia se convertido ao islamismo e seria preso por recusar a convocação do Exército para ir ao Vietnã. Ele, inicialmente, resistiu a posar para a foto como um ícone cristão, mas, no final, seu líder Elijah Muhammad deu permissão.

Lois fez capas com Andy Warhol afundando-se na sua própria criação, alguém pingando lágrimas sobre uma foto de John Kennedy, Sletvana com o bigodão do papai Stálin, a atriz Virna Lisi fazendo a barba (a "Esquire", que comemora 75 anos agora em 2008, faz uma releitura daquela capa na edição que está nas bancas), Nixon sendo maquilado, Woody Allen por cima da sexy Ann-Margrett. Uma capa sobre o Vietnã, sem imagens, trazia a frase em branco sobre o fundo negro: "Meu Deus, nós acertamos uma garotinha!".

Poucas vezes o jornalismo foi tão provocador, irreverente e imaginativo quanto na "Esquire". Hayes, Lois e a "gang que não sabia escrever certinho" acenderam o pavio curto de uma dinamite no jornalismo.

Eu vou processar o "jornalista" Maurício Menezes



Vocês podem não acreditar, mas eu conheço alguns flamenguistas inteligentes, criativos e "do bem". Maurício Menezes, mistura de jornalista com comediante, é um deles. Mas dessa vez, ele passou das medidas. E não é porque engordou alguns quilinhos, envelheu muitos aninhos e deixou de ser parecido com o George Harrison. É que ele mexeu com o Glorioso. E não se mexe com Fogo. Ele vai ver. Para começar, estou contatando o advogado Michel Assef Filho, que conseguiu livrar Toró, Obina, Jonathas, Bruno e todos aqueles botinudos do time do apito que agrediram os jogadores do Botafogo no ante-penúltimo jogo entre as duas equipes (digo, entre uma equipe e um bando).
O que ele publicou hoje em seu blog é imperdoável. Vou prender e arrebentar esse cidadão. Ah se o Tarzã (ex-chefe da torcida do Botafogo) fosse vivo!

Leiam o que ele escreveu e digam se tenho ou não tenho razão em botar esse indivíduo atrás das grades:

"Todas as vezes que o Flamengo ganhou do Botafogo - e não foram poucas - eu tenho que ouvir os insultos do professor PC Guimarães, um querido amigo, professor de Jornalismo da Facha.

Fico sempre calado nessas horas, ouvindo ele, do outro lado da linha, falar do juiz, dos bandeirinhas, da posição do sol na hora do gol, das agressões que os jogadores do Botafogo sofreram...

Agora o PC ganhou mais espaço para esculhambar o Flamengo. Está com uma coluna no Correio do Brasil e ainda com um blog ( blogdoprofessorpc.blogspot.com) e em ambos os espaços ele anuncia: é para falar mal do Flamengo mesmo!

O Flamengo ganhou, lá vai o meu telefone tocar e lá vem o PC detalhar, minuto a minuto do jogo, as roubalheiras, falcatruas e conspirações contra o Botafogo. Basta o Botafogo ganhar e o panorama muda completamente ( mas ele liga da mesma forma, só que sorridente, para relembrar que "poderia ser de muito mais")

Tenho bons amigos botafoguenses. Clóvis Monteiro e Francisco Barbosa, ambos comunicadores das manhãs na Rádio Tupi, são sempre bem humorados. Meu caríssimo José Roberto Tedesco, assessor de imprensa do Tribunal de Justiça do Rio, idem. Já Fernando Molica, repórter da Rede Globo , é um pouco mais ácido. Mas dá para tratar.

O PC não. O PC gosta tanto de uma briga, que certa vez o nosso colega Ricardo Bruno foi fazer uma palestra na Firjan, quando era assessor de imprensa do Governo Garotinho, e PC foi lá só para contestar tudo o que ele falava.

O Flamengo ganhou de 1 a 0 no primeiro jogo da decisão. Por incrivel que pareça, PC aceitou o resultado. Pelo menos não encontrou nenhum complô da CBF, da CIA, da Nasa, para destruir o Botafogo. Mas é porque ele tem esperanças de que o Botafogo vai virar o jogo.

Agora, me respondam: por que os botafoguenses, com raras exceções, são assim? "

E ainda por cima manipulou a ilustração do Tiburcio. É caso de prisão nas Ilhas Cagarras. Lugar ideal para flamenguistas.

"PC Guimarães comenta" - nº 5


Quer ler? É só passar a mãozinha.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Mais uma sobre o jornal do futuro

Conheça o jornal do futuro
Qual tempo de vida tem um meio de comunicação? Os clássicos jornais impressos têm 200anos de história e, como a velhice um dia perturba, experimentam, aos poucos, a decadência frente outras mídias. Em sua maioria, as novas gerações pouco os procuram, como comprovam pesquisas. Jovens preferem provar o virtual e eletrônico frente à tinta no papel, panorama que contribui para a queda mundial na circulação dos periódicos, há anos. Sendo assim, quanto tempo ainda têm de vida? Embora a pergunta seja enigmática, há quem arrisque. E o palpite vem de quem escreve para o próprio meio: "o jornal impresso ainda tem uma sobrevida de 20 ou 30 anos", diz jornalista Ethevaldo Siqueira, do jornal "O Estado de S.Paulo".

A conclusão não foi ao acaso. Deu-se em conversa com outros jornalistas experientes e especializados em informação na era digital, durante o NAB Show, em Las Vegas. O motivo, segundo aponta o texto, é a incapacidade do jornal em competir com a rapidez do rádio, TV e internet. Tornaria-se redundante, portanto. Segundo escreve Ethevaldo, o grupo imagina ser possível que, em 2015, boa parte dos jornais já tenha migrado para a Internet.

Até 2030, a expectativa é que o impresso mude seu papel na mídia,antes de desaparecer. Não será necessariamente um meio de massa, mas poderá ser consumido por segmentos especializados. Apesar do contexto, o jornalista lembra que não será a Internet responsável pela morte do jornal, "embora deva impor-lhe reformulações profundas".

O jornal em 2020

As mudanças apontadas tomam por base o espelho da Web. A principal delas é passar de produto físico a virtual, de acordo com o jornalista. Até a publicidade foi listada. A previsão é de que os anúncios saiam da tradicionalidade e assemelhem-se mais com os modelos de pagamento sob visualização dos leitores, ou seja, links patrocinados. Mobilidade e colaboração entre leitor e jornalistas, ao estilo Wikipedia, também foram listados. Do ponto de vista do conteúdo, a dica é evoluir do foco predominantemente noticioso e partir para análises mais complexas.

Fonte: adnews

"PC Guimarães comenta" no ar. A nº 5. "Eu tive um sonho"



Como tem acontecido todas as segundas: a coluna "PC Guimarães comenta" acaba de ser publicada no Correio do Brasil. Fica até amanhã. Quer ter uma idéia? É só passar a mãozinha. Quer ler na íntegra? Clique
http://www.correiodobrasil.com.br/

É só passar a mãozinha na capa do jornal, do lado esquerdo do site, e navegar no sistema de flip (clicando do lado direito no alto do jornal). As páginas vão virando.

domingo, 27 de abril de 2008

Fotosacana - 22: o Demo é o Demo


Nada contra o prefeito Kassab. Mas tudo contra o Demo. Os dois. O partido, que tem origem na Ditadura e em ACM; e o lá das profundezas.

Scheik o quê?


Belíssima matéria publicada no caderno "Vitrine" da Folha de ontem sobre Livrarias. Capa e duas belas páginas. Se há uma coisa que me irrita hoje em dia, como "rato de livrarias", é vendedor desinformado. Grande parte das livrarias, em especial as megas, empregam pessoas sem a menor preocupação de qualificação profissional. O cara está lá para vender livros como se estivesse numa farmácia ou numa quitanda. A Travessa é das poucas que costuma ter vendedores mais qualificados. Na Ouvidor, por exemplo, tem o Carlinhos, que merece ser citado.

Hilário na reportagem é a reação de vendedores ao ouvir o repórter pedir um livro de Eric Hobsbawm ou de Lilian Schwarcz. Imaginem se ele tivesse pedido algum de Shakespeare!

Sugiro ao pessoal que está fazendo o blog "Livrarias & Livreiros" que republique essa matéria na íntegra.

Belo título!


Bela sacada de título e abetura hoje na capa do caderno "Ilustrada" da Folha. É assim que se faz.
Euclides vive!

Espetacularização da notícia?

Começou bem o novo ombudsman da Folha, Carlos Eduardo Lins da Silva. Texto pra ler e refletir.

O que fazer no caso Isabella

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Espera-se que a Folha não caia na vala comum de outros meios, que parecem só se guiar pela satisfação imediata dos desejos da audiência--------------------------------------------------------------------------------

A FOLHA se equiparou aos veículos eletrônicos que alguns de seus colunistas tanto condenam na cobertura do caso Isabella ao publicar no pedaço mais nobre de sua primeira página de 19 de abril foto do bando de pessoas que se aglomeraram em frente à delegacia onde o crime é investigado para "celebrar" o aniversário da menina e insultar e tentar agredir os suspeitos.
Episódios como o assassinato dessa garota costumam despertar em muitos seres humanos seus piores instintos. Os meios de comunicação de massa, quando abrem espaço para mostrar sua imagem, acabam por premiar o comportamento dessas criaturas, que parecem buscar seus 15 minutos de fama ou descarregar, catarticamente ou não, sua fúria represada.
É óbvio que a mídia precisa cobrir o caso Isabella. Nenhum outro assunto desperta tanto interesse, discussões, comentários do público. Ignorá-lo seria contrariar os princípios essenciais do jornalismo e não ajudar a ninguém.
Mas o que se espera da Folha em situações como esta é que ela não caia na vala comum de outros meios, que parecem só se guiar pela satisfação imediata dos desejos aparentes da audiência. Mesmo que a maioria esmagadora dos leitores exigisse detalhes mórbidos, descrições escabrosas, cenas fellinianas, o jornal deveria recusar-se a fornecê-los.
A comunicação social é um negócio, claro, e deve se orientar pelo objetivo de fazer lucro para as empresas que o exercem. Mas não é só isso. Ela também impõe deveres sociais e, em minha opinião, os jornais impressos têm a obrigação de levar mais a sério do que qualquer concorrente a missão de dialogar com a sociedade para melhorar a cidadania.
Felizmente, o que os leitores da Folha majoritariamente têm pedido neste caso não é sensacionalismo. Eu li 67 mensagens enviadas ao jornal sobre o assunto. Algumas demonstravam que seus autores haviam entrado no clima orwelliano que os programas de TV do gênero "reality show" parecem ter conseguido instaurar como imperativo social em muitos países, Brasil inclusive.
Mas quase a metade expressava inconformismo com o que um leitor chamou do "circo" em que se transformou a tragédia. Muitos exigiam menos: menos destaque, menos fotos, menos máquinas fotográficas no rosto dos personagens da notícia.
Cerca de um quarto das manifestações pedia que o jornal fosse mais crítico em relação ao trabalho da polícia, que aceitasse com menos credulidade todas as explicações que vêm sendo dadas, que não se transformasse numa linha de transmissão das hipóteses oficiais.
Vários leitores lembraram-se do tristemente célebre exemplo do caso Escola Base, de 1994, quando a mídia ajudou a destruir a vida de seis pessoas, inocentes das acusações que lhes faziam, por embarcar sem restrições nas conjeturas dos policiais que investigavam a história e pré-julgar os réus com base em supostas evidências.
Uma análise isenta comprovará que, em geral, os veículos de comunicação, os impressos especialmente e a Folha em particular, aprenderam com o passado. A cobertura deste jornal do caso Isabella é muito mais cuidadosa do que havia sido a da Escola Base.
Mas têm ocorrido vários escorregões, como a foto da capa do dia 19, a falta de espírito crítico, o excesso de minúcias desagradáveis, insinuações sem fundamento, ilações gratuitas.
O que se espera da Folha é que ela jogue luzes para que a sociedade toda possa compreender melhor por que desgraças como essas acontecem e por que as pessoas reagem a elas como reagem.

Que bela matéria!


Eu não entendo como é que ainda existe gente - em especial estudantes de Comunicaação - que não sente prazer em ler jornal. Que bela matéria publicada hoje na Folha. Gosto de ler sobre a Segunda Guerra Mundial. Que pauta! Que sacada!

Eis a íntegra da matéria:

Exposição com fotos de Paris ocupada gera polêmica na França
Fotógrafo André Zucca registrou cenas amenas do cotidiano da cidade em 1941, durante domínio do país pelos alemães


Imagens provocam críticas por não mostrarem o lado dos que resistiram aos nazistas; legendas dirão que autor era colaboracionista

LENEIDE DUARTE-PLON
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS


A França ainda não acabou de ajustar contas com o passado ligado à ocupação alemã durante a Segunda Guerra Mundial e ao colaboracionismo com o ocupante. Prova disso é que nos últimos dias uma polêmica ocupou a imprensa francesa em torno da legitimidade da exposição de fotos de André Zucca, da Paris de 1941.
Tudo nessa exposição de fotos parece incomodar. A começar pelo título original. "Ela deveria se chamar "Parisienses sob a Ocupação" e não "Os parisienses sob a Ocupação'", dizia o historiador Jean-Pierre Azéma, autor do prefácio do livro com as fotos da exposição, antes mesmo de o título ser mudado, na última sexta.
Como muitos, ele pensa que fotos de parisienses vivendo normalmente ocultam a realidade trágica dos resistentes e a perseguição dos judeus.
As belas fotos de Zucca foram encomendadas pelo invasor nazista para publicação na revista alemã "Signal", célebre pela qualidade da fotografia, mas acabaram não sendo publicadas. Eram fotos de propaganda, pois a revista era diretamente ligada a Goebbels.
Isso não estava dito explicitamente quando a exposição foi inaugurada na Biblioteca da Cidade de Paris, no bairro do Marais, onde fica até julho. Depois da crítica de um importante jornalista, os organizadores acrescentaram um texto explicativo informando que o "privilégio" de fotografar a cidade era dado a poucos fotógrafos, escolhidos a dedo pelos alemães.
Os caros e raros filmes Agfacolor eram fornecidos somente a esses fotógrafos. Por isso, há tão poucas imagens dessa época. As fotos existentes foram feitas por fotógrafos que trabalhavam sob estrito controle.
As 270 fotos inéditas da exposição têm um grande valor histórico, mas mostram uma Paris descontraída, com uma vida quase normal em diversos bairros emblemáticos. Zucca fotografa as elegantes corridas de cavalo de Auteuil, fachadas de cinemas, bairros chiques ou mais populares como o mercado Les Halles, que desapareceu.
Os parisienses parecem despreocupados, sentados nos cafés, entrando ou saindo do metrô ou de cinemas.
Algumas fotos mostram um aspecto light da ocupação, com tropas alemãs descendo a avenida Champs Elysées depois da troca diária de guarda do Arco do Triunfo ou a rue de Rivoli enfeitada com a bandeira do Reich. Na cidade, aqui e ali podem ser vistos letreiros em alemão. Imagens históricas que ainda incomodam muito.

Resistência ausente
Na mesma cidade e época, toda tentativa de resistência era fortemente reprimida pelo ocupante alemão. A ausência da realidade da guerra chocou alguns e gerou a polêmica.
Na última segunda, o prefeito de Paris, Bertrand Delanoë, anunciou que a exposição continua, mas a prefeitura vai organizar debates com historiadores sobre o uso da fotografia como instrumento histórico.
Além disso, as fotos vão ganhar legendas mais explícitas para que fique claro que foram feitas por um colaboracionista e sob encomenda dos nazistas. Os cartazes espalhados pela cidade foram retirados.
André Zucca foi um dos mais ativos fotógrafos da imprensa de antes da guerra. Ele trabalhou como repórter especial de grandes revistas como "Life" e "Paris-Match". No fim da guerra, foi julgado por colaboração com o ocupante, mas não foi condenado à morte. Mudou de nome, de cidade e morreu longe de Paris.

sábado, 26 de abril de 2008

Você precisa de quê?



Embora com enfoques diferentes, Carta Capital e Veja trazem a comida em seus assuntos de capa na edição dessa semana.

Blog do professor pc recomenda: outro livro sobre 1968

Blog do professor pc recomenda: livro "1968, o que fizemos de nós", Zuenir Ventura


Im-per-dí-vel! Acabo de encomendar pela Saraiva, que tem o melhor preço (R$ 59,90), sem o frete. Já está nas livrarias por R$ 74,90.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Aula de Comunicação, por Edson Vaz Musa (ex-presidente da Rhodia)

Essa historinha também está no blog do Jornal Laboratório (http://jornallaboratoriofacha.blogspot.com/). Não deixem de visitar.

É contada pelo então presidente da Rhodia, o empresário Edson Vaz Musa, no livro Portas abertas - A experiência da Rhodia: novos caminhos da Comunicação Social na empresa moderna", de Célia Valente e Walter Nori. Fala sobre o "Plano de Comunicação da Rhodia", uma das maiores inovações da história da Comunicação Empresarial no Brasil. Vale a pena ler. É uma aula para as três áreas da Comunicação: Jornalismo, PP e RP.


Abaixo, uma interessante historinha contada no livro
"Certamente, essa anedota já é conhecida por alguns de vocês. Entretanto ela pode nos ajudar nessa reflexão sobre comunicação.

“Tempos atrás, o líder de um povo, perseguido por um exército inimigo, se viu acuado. Ele não podia recuar porque não tinha armas para enfrentar seu adversário. Nem prosseguir porque à sua frente estava o mar Vermelho, barrando o caminho. Esse líder, chamado Moisés, olhou seu povo e disse que iria abrir o mar para que pudessem fugir. Ao ouvir isso, um dos seus assessores não se conteve: ´Se o senhor abrir o mar, pode contar, eu lhe garanto no mínimo dez páginas na Bíblia´”.

Vamos imaginar o que aconteceria se essa passagem bíblica fosse transportada para os dias de hoje. Se Moisés não tivesse credibilidade, quais poderiam ser as manchetes dos jornais?

MAR VERMELHO SE ABRE. MOISÉS DIZ QUE FOI ELE.

FENÔMENO AGITA O MAR VERMELHO

MOISÉS É UM RISCO À NAVEGAÇÃO?

MOISÉS DESAFIADO A REPETIR A FAÇANHA.

MOISÉS. UM NOVO SPIELBERG?

E se, ao contrário, ele tivesse credibilidade?

MOISÉS ABRE O MAR E SALVA O SEU POVO.

MOISÉS DEIXA EGÍPCIOS ATÔNITOS
MOISÉS APONTA O CAMINHO DA SALVAÇÃO
A DIVINA ESTRATÉGIA DE MOISÉS

Tudo dependeria de duas coisas: de que ele realmente abrisse o mar Vermelho e de sua credibilidade. De qualquer maneira, ele diria a seu assessor que as dez páginas na Bíblia representariam um bom retorno, mas o ideal seria que ele conseguisse a capa”.

Edson Vaz Musa

Cid Benjamin no blog do Jornal Laboratório

Não deixem de ler o artigo de Cid Benjamin, "O grande legado de 1968", no blog do Jornal Laboratório.
http://jornallaboratoriofacha.blogspot.com/

Tamanho não é documento


Deu no caderno Rioshow do Globo. Bela sacada de título e boa ação da assessoria de Imprensa. Mas, cá entre nós, que garçozinho desonesto, né?!

O amor é lindo!


Deu hoje na coluna da Monica Bergamo na Folha. Bonitinho, né?

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Blog sobre Ecologia


Minha ex-aluna Ana Claúdia avisa que lançou blog. O papo é Ecologia. Está "fresquinho". Vamos lá.
http://www.ecopapo.blogspot.com/

quarta-feira, 23 de abril de 2008

"PC Guimarães comenta": a número 4


Quer ler? É só passar a mãozinha?

Aula de Jornalismo: que belo lide!


Muitas vezes, já escrevi aqui, um aluno pergunta: o que é um bom texto? o que é um bom lide? Sempre digo que é aquele que da mesmice, que foge do convencional. Um lide precisa contar uma historinha para atrair a atenção do leitor. Como este. Escrever todo mundo escreve, apurar todo mundo apura. Mas é preciso fazer com que a pessoa leia o seu texto. Quase esqueço: quer ler? É só passar a mãozinha.

Blog do professor pc recomenda: "A Internet do Mal"


Imperdível o artigo de Mestre Zu no Globo de hoje. É só passar a mãozinha.

"Castigo do bem"




Deu no caderno "Cotidiano" da Folha de S. Paulo de hoje. As primeiras obras que os caras terão de ler são de Graciliano Ramos e Guimarães Rosa. Que grande notícia! Será que os caras vão aprender?
Vale a pena ler a entrevista do juiz. A íntegra não está na Folha online; só no papel. É só passar a mãozinha.

"Notícias do fumacê", Ruy Castro na Folha

Como meus trilhões de alunos e amigos sabem, não me acho careta nem moralista. Mas o texto do Ruy Castro na Folha de hoje vale uma reflexão. Sou fã do trabalho do cara.

Notícias do fumacê
RUY CASTRO
O lobby da maconha cochilou e a informação vazou. Em dezembro último, pesquisadores canadenses publicaram um trabalho na revista "Chemical Research Toxicology" afirmando que a fumaça da Cannabis apresenta mais substâncias tóxicas que a do tabaco comum. Um "baseado" conteria, por exemplo, uma quantidade de amônia equivalente a 20 cigarros comerciais.
Os níveis de cianeto de hidrogênio e de óxido nítrico -elementos que os usuários do jereré nem imaginam existir, mas que afetam corações e pulmões- seriam de três a cinco vezes superiores aos do cigarro comum. E o tremendo calor nas guimbas que se fumam até o último milímetro é alto indutor do câncer de lábio e de língua. Sem falar em que os fumantes passivos de maconha estão sujeitos aos mesmos riscos que os praticantes do fumacê.
Entendo e respeito o antitabagismo de pessoas que nunca fumaram ou largaram o cigarro depois de décadas na ativa. Eu próprio deixei de fumar há anos. Mas sempre achei suspeita a aversão ao cigarro pelos fumantes de maconha, sob o argumento de que esta seria inofensiva porque "ninguém fuma 20 "baseados" por dia". Sabe-se agora que isso nem é necessário. E, em última análise, o ato de queimar fumo e engolir fumaça é o mesmo, não?
Na Grã-Bretanha, também desafiando o lobby, e em atenção aos alertas dos agentes sanitários, o governo reclassificou a maconha na lista de drogas perigosas, promovendo-a do grupo C (o dos remédios "controlados", tipo Valium) para o B, junto com as anfetaminas. Significa que, a partir de agora, os britânicos apanhados com a erva estarão sujeitos a prisão e multa, não apenas apreensão.
Os aderentes à Marcha da Maconha, no próximo dia 4, em dez cidades brasileiras, fariam bem se dormissem sobre essas informações.

Essa moda pega!


Leio no "Jornalistas & Cia" que alunos do Centro Universitário de Brasília (Uniceub) estão desenvolvendo um blog como atividade de Projeto Experimental.

Esse Maurício Menezes é um palhaço!


Está lá no site do meu queridíssimo amigo Maurício Menezes, gente do bem, embora flamenguista. Maurício, que é personagem do livro de outro amigo querido, Fernando Molica, que além de gente boa, é botafoguense, foi ao lançamento quarta-feira passada, fotografou e sapecou no título:
"Maurício on the book".

Prova que flamenguista sabe falar inglês, pois já aprendeu a lição básica. Quer ver de mais perto, passe a mãozinha...
... no Maurício.

terça-feira, 22 de abril de 2008

PC Guimarães comenta no ar. A nº 4



Quer ler mais um pouquinho.

Clique:
http://www.correiodobrasil.com.br
Fica no ar até quarta.

É assim que se faz reportagem: Célia Cambraia. Cadê você?


No segundo semestre do ano passado, os alunos de Secretaria Gráfica e Programação Visual da FACHA Méier desenvolveram um blog sobre a Revista Goodyear. A publicação foi uma inovação na Comunicação Empresarial dos anos 80 e ganhou diversos prêmios da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial - Aberje (http://www.aberje.com.br/novo/default.asp)

Durante o processo de apuração das matérias, todos os editores e principais envolvidos na publicação foram procurados. O edito-chefe Geraldo Mayrink foi localizado e entrevistado. O mesmo aconteceu com o editor de Arte Takeshi Assaoka e o editor de fotografia Edu Simões. Diversos colaboradores da revista, como o fotógrafo Rogério Reis, e profissionais de outras empresas que admiravam a revista, também foram entrevistados.
Mas à época ninguém conseguiu fazer contato com a principal idealizadora da publicação, a jornalista Célia Cambraia. Os antigos editores da revista só sabiam que ela tinha se mudado do Brasil. Mais nada. Essa semana, o aluno Carlos Brazil, integrante do grupo, descobriu "uma Célia Cambraia" no orkut*. Pelas informações, tudo indicava que era ela. E é. Célia hoje vive em Luxemburgo. Mandamos a fotografia para o fotógrafo Rogério Reis, que respondeu:

"Confirmado ...é a Célia de gravatinha borboleta!! A mentora da revista Goodyear. Parabéns...Tenho saudades dela (...)"

Publicamos a foto porque ela está disponibilizada no orkut. Agora é com a Célia. Tomara que ela concorde em dar uma entrevista para os alunos.

Quer conhecer o blog da Revista Goodyear? Clique:

http://arevistagoodyear.zip.net/

* O orkut também pode - e deve - ser usado como ferramenta de pesquisa e de trabalho para reportagens; não apenas para sala de bate-papo.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

A notícia é um espetáculo?

Não deixem de ler o belo texto de Fernando de Barros e Silva publicado hoje na Folha de S. Paulo. Tudo a ver com as aulas. Principalmente daquele certo professor (rs)

Teatro dos vampiros
FERNANDO DE BARROS E SILVA

Perto do fim de "Budapeste", José Costa (ou Zosze Kósta), o narrador do romance de Chico Buarque, descreve a sensação de estar dentro de uma ficção em seus passeios pela orla do Rio:
"As pessoas que eu topava (...) não me pareciam afeitas ao ambiente. Às vezes eu as via como figurantes de um filme que caminhassem para lá e para cá, ou pedalassem na ciclovia a mando do diretor. E as patinadoras seriam profissionais, ganhariam cachês os moleques de rua, ao volante dos carros estariam dublês, fazendo barbaridades na avenida."
Embora distante, essa passagem de mestre veio com força à memória na última sexta, diante da imagem da multidão aglomerada e disposta a linchar o casal suspeito pelo assassinato de Isabella.
Aqueles tipos pareciam figurantes, coadjuvantes, dublês involuntários num filme B de horror. Um "popular" se exibe fantasiado de Bin Laden; outro vem de Cuiabá, 12 horas na estrada; um terceiro surge com um bolo de aniversário, devorado em segundos pelos "curiosos".
A novidade, porém, não está na atuação desses zumbis sociais; o que agora espanta não é apenas a fúria carnavalesca deste lúmpen da sociedade do espetáculo.
Quando o programa da Record coloca, no meio da tarde, uma cama no palco para reproduzir, no estúdio, o quartinho da menina, a apelação abjeta desse teatro parajornalístico é muito evidente.
E quando a Rede Globo decide transmitir ao vivo, durante três horas, sem intervalos, as imagens do casal acossado no dia dos depoimentos -o que devemos pensar?
Não excluo, evidentemente, a mídia impressa -nem a Folha- dos comentários. Mas é a TV, como se sabe, quem chega às massas, ainda mais neste país. A morte de Isabella já se tornou um capítulo de uma guerra desembestada por audiência. E o jornalismo dito "sério" está a reboque dessa escalada bárbara.
Ou, quem sabe, William Bonner seja apenas um ator da novela das oito representando um locutor que nos narra uma tragédia grega...

Bela sacada de título!


Para quem não se liga em futebol. O título se refere ao resultado da partida de ontem entre Palmeiras e São Paulo. No jogo do domingo passado, o São Paulo ganhou do Palmeiras com um gol de mão. Ontem, o Palmeiras ganhou sem a ajuda do juiz. Para os que acompanham futebol: como costuma acontecer com o Flamengo no primeiro caso e com o Botafogo no segundo.

Desculpem a má qualidade do escaneamento. É que não quero estragar o jornal. Por motivos óbvios. São muitas páginas falando do título do Botafogo e vou guardar (rs).

domingo, 20 de abril de 2008

Botafogo campeão da Taça Rio 2008


Que belo trabalho gráfico do Globo online! Tem até hino! O cara que fez deve ser botafoguense. Se é que ainda tem botafoguense no Globo. O melhor time do Rio e um dos melhores do Brasil merece. O resto é chororô.
Quer ver ampliado? É só passar a mãozinha.

Campeão!!!!!!!!

Carlos Eduardo Lins da Silva, na Folha de hoje. Imperdível para estudantes de Comunicação

Vou logo avisando: a entrevista é grande. Mas tem muita informação e "conteúdo", como se diz atualmente. Carlos Eduardo Lins e Silva, que dispensa apresentação para quem está antenado, é o novo ombudsman da Folha, em substituição ao meu camarada Mário Magalhães. Estudantes de Comunicação (não só de Jornalismo, mas de RP também, são OBRIGADOS a ler). A leitura não é apropriada para aqueles que entram na Internet para ficar apenas no orkut e ficar falando como foi a balada de ontem à noite. Mas esses, tenho certeza, não entram no blog do professorpc.

Hoje eu estou nervoso!

ENTREVISTA/CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA

Jornalista que assume cargo na terça defende um produto com menos assuntos e mais análises; para ele, cobertura do caso Isabella mostra que a mídia estimula o que há de pior nos instintos humanos . Jornal precisa encontrar seu novo papel, diz ombudsman

Da redação

NOVO OMBUDSMAN DA FOLHA , Carlos Eduardo Lins da Silva, crê que os jornais brasileiros vivem um momento contraditório. Pelo lado bom, não sofrem da crise de credibilidade que acomete os diários norte-americanos. Pelo ruim, estão perdendo o poder de influenciar a opinião pública. Segundo ele, está na hora de os jornais decidirem que papel vão ter na concorrência com outros meios, como a internet, as rádios e a TV. Defende que o futuro está num produto mais focado, com menos assuntos e mais analítico.

Lins da Silva passa a atender os leitores e a redigir uma crítica interna na próxima terça-feira, dia 22. Sua primeira coluna dominical será publicada no dia 27 no caderno Brasil. Na entrevista abaixo, ele fala da proliferação de blogs, da cobertura do caso Isabella e do impasse que culminou com a não-renovação do mandato do ocupante anterior do cargo.

FOLHA -Jornais brasileiros e americanos vivem situações opostas. Lá eles perdem circulação e receita com publicidade. Aqui cresceram as vendas e o volume de anúncios. Qual a razão desse descolamento?

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA - O que acontece no Brasil é uma coisa ilusória e acho que os jornalistas brasileiros não deveriam se iludir com esse bom momento. Primeiro, porque a internet não está muito disseminada aqui como nos EUA. Segundo, nós estamos vivendo esse boom da economia que eu acho que é passageiro. Nos EUA, ao contrário, a internet é quase universal e a economia está começando a sofrer os primeiros tropeços. Na minha opinião, é irreversível a tendência de os jornais impressos perderem circulação.

FOLHA - É a internet que tirará esse público dos jornais?
LINS DA SILVA - Eu acho que a internet já está tirando público e publicidade dos jornais. E será assim se o jornal impresso não revir a sua existência.

FOLHA - Você não acredita que possa crescer o número de leitores de jornais impressos com mais pessoas alfabetizadas e com mais dinheiro no bolso? Nos EUA, nos anos 60, 80% dos americanos com 18 anos ou mais liam jornais durante a semana. Hoje, ainda são cerca de 50%. O Brasil nunca chegou nem perto disso.

LINS DA SILVA - O problema é que no Brasil o crescimento dos meios de comunicação foi atropelado. Nos EUA, o desenvolvimento do capitalismo foi mais ou menos ordeiro. Houve a afluência monetária, que atingiu grande parte da população. Houve a conquista de direitos trabalhistas, que garantiu mais tempo para o lazer. Houve a alfabetização universal. Tudo isso levou a que quase todo mundo lesse jornal. Depois disso surgiu a televisão, a internet. No Brasil, não houve distribuição homogênea de riqueza, ainda há muitos analfabetos e você teve, antes de a leitura de jornais se universalizar, a chegada da televisão e da internet. Então, acho que essa universalização nunca vai ocorrer.

FOLHA - Para enfrentar a perda de circulação, alguns jornais americanos apostam na hiperlocalidade. Focam cada vez mais na própria comunidade. Essa será uma tendência para o Brasil?

LINS DA SILVA - Não sei se isso vai funcionar nem nos EUA. Há uma outra diferença entre os jornais americanos e brasileiros, que é a questão da credibilidade. Lá, eles passam por um momento de perda da credibilidade. Aqui, não. Mas, voltando à questão, não sei se essa é uma solução para os jornais impressos. Porque, também para o provimento da informação local, a internet é um meio mais adequado. Você pode comprar seu ingresso de cinema pela internet. Você pode saber o cardápio do restaurante pela internet. Você não tem como prestar esse tipo de serviço nas páginas do jornal.
Para mim, a saída para o jornal impresso é apostar na profundidade, na qualidade e ter mais foco, tratar de menos assuntos. Porque isso a internet não pode dar. O jornal impresso precisa procurar o tipo de conteúdo em que ele se sai melhor, em vez de insistir em competir com a internet naquilo que ela pode oferecer com mais comodidade para o leitor.

FOLHA - Alguns jornais ingleses tentam esse modelo mais focado e mais aprofundado, mas não obtêm mais leitores com isso.

LINS DA SILVA - Eu acho natural que esse modelo que eu defendo tenha menos leitores que o modelo atual. Porque esse novo jornal não deverá atender a todo o universo de possíveis leitores. Ele deve ser dirigido para uma parcela mais específica da população. Pode ter menos circulação, mas gastará menos com papel e poderá ter mais publicidade, focada para aquele público. E o mais importante, ele pode ter mais influência social do que esse jornal dirigido ao público em geral, que é muito caro para ser produzido.

FOLHA - Do ponto de vista da qualidade da informação, deixando de lado circulação e publicidade, você acha que os jornais brasileiros vivem um bom ou mau momento?

LINS DA SILVA - Acho que vive um bom momento, uma vez que não perderam credibilidade, como aconteceu nos EUA. Por outro lado, acho que os jornais brasileiros perderam o poder de influenciar. O maior exemplo foi a eleição presidencial de 2006. Era claro que a maioria dos jornais preferia que Lula não tivesse vencido. No entanto, Lula teve dois terços dos votos. Da mesma forma, no momento do mensalão, a maioria dos jornais de qualidade no Brasil preferia que o desfecho fosse outro.

FOLHA - Qual é o grande desafio dos jornais impressos hoje?

LINS DA SILVA - É definir qual papel terão. Principalmente para manter a influência. O jornal terá que encontrar seu lugar, como o rádio encontrou. Muitos diziam que o rádio morreria com a chegada da televisão. Não foi o que aconteceu. Hoje o rádio está num ótimo momento. Ele descobriu que seu espaço não era mais ser como a Rádio Nacional foi em meados do século passado: o centro das atenções da família no horário nobre da noite. Perdeu audiência, sim. Na época, 80% escutavam a Rádio Nacional. Hoje, 1%. O mesmo vai acontecer com o jornal impresso.

FOLHA - A internet trouxe mais participação dos leitores. Você vê futuro nessas experiências que usam o leitor como provedor de conteúdo?

LINS DA SILVA - Sou bastante cético com relação a isso. Essa suposta democratização da internet, que permitiria ao cidadão ser repórter, é muita demagogia. O público precisa de informação apurada com rigor, com método. Só algumas pessoas, que têm jeito e experiência, conseguem fazer isso.

FOLHA - Este será um ano eleitoral no Brasil. Com isso, o ombudsman deve ser muito procurado por assessores de políticos e também por leitores que acreditam que o jornal está protegendo esse ou aquele candidato. Como você pretende fazer essa fiscalização da neutralidade do jornal e, ao mesmo tempo, separar o que é paixão política, ou interesse de assessores, da opinião mais objetiva de leitores?

LINS DA SILVA - Esse será um dos meus desafios. Eu acho que o jornal tem o direito de endossar um candidato. Não acho que deva, mas tem o direito. Por outro lado, no noticiário, o jornal não tem o direito de endossar um candidato. Ele tem que fazer uma cobertura o mais próximo possível do isento. Como você sabe, não existe objetividade absoluta. Mas existe algo próximo disso, que é equilibrar o espaço dado aos candidatos, não adjetivar, dar enfoque mais ou menos justo para os principais concorrentes.
Eu não gosto muito da palavra fiscalização, mas a observação que vou fazer será baseada nisso. Tem que haver equilíbrio e o máximo de isenção possível. É claro que nunca ninguém ficará satisfeito. Mas a medida do sucesso é sempre ser atacado de todos os lados. Quando mais ataques o jornal receber de todos os lados, mais próximo do equilíbrio ele estará.

FOLHA - A internet permitiu também a proliferação de blogs, muitos com enfoque político. Você acha que esses blogs já conseguem influenciar a opinião pública?

LINS DA SILVA - No Brasil, com certeza não. Nos EUA, sim. Essa influência está sendo sentida na eleição presidencial. No entanto, eu acho que é uma influência ruim, perniciosa. Os blogs tendem a acirrar as divisões. Por exemplo, eu acho que essa disputa entre a Hillary Clinton e o Barack Obama está sendo prejudicada pela divisão que os blogs atiçam entre negros e brancos, entre mulheres e homens, entre trabalhadores industriais e profissionais liberais, que é a divisão que se estabeleceu na demografia eleitoral da Hillary e do Obama.
No Brasil, é parecido, mas é muito menor porque é pequeno o número de pessoas com acesso à internet e que lêem esses blogs. Mas cria-se um mal-estar por causa do radicalismo de alguns deles, que não argumentam, ofendem. Descem a um nível que nem se pode chamar de debate. E isso contamina o tal formador da opinião pública, que muitas vezes lê esses blogs e acaba sendo contagiado pelo radicalismo, o que cria situações artificiais.
A disputa entre petistas e tucanos é muito artificial porque não há tanta coisa que distancie um partido de outro. Mas ela é muito prejudicada pelas pessoas que lêem e até participam desses blogs e se dividem de uma forma muito odiosa.

FOLHA - O ombudsman anterior, Mário Magalhães, condicionou sua permanência no cargo a que o jornal voltasse atrás de decisão tomada no ano passado de não mais divulgar na internet a crítica interna, que, no entender da Direção de Redação, estava sendo usada pela concorrência e instrumentalizada por jornalistas ligados ao Planalto. Você acha que a crítica deveria ser pública?

LINS DA SILVA - Do ponto de vista do ombudsman, acho que essa questão é irrelevante. Do ponto de vista do jornal, inócua. Irrelevante porque qualquer coisa importante da crítica interna poderá estar na coluna de domingo, que é pública. O leitor, então, não perderá nada.
Já para o jornal, acho que a medida é inócua porque o fato de ser restrita à Redação não vai impedir que a concorrência e grupos políticos tenham acesso a ela. É impossível impedir que algo que seja distribuído a mais de uma centena de jornalistas não vaze para fora do jornal. Acho que o impasse foi gerado por uma questão que não precisaria tê-lo provocado, nem de um lado nem de outro.
O que lamento muito, porque considero que o Mário estava fazendo um bom serviço como ombudsman e isso beneficiava o leitor e o jornal.

FOLHA - Os últimos ombudsmans focaram suas colunas dominicais na cobertura da Folha. Você fará o mesmo ou pretende fazer uma análise mais ampla de toda a mídia?

LINS DA SILVA - Não tratarei na crítica dominical de nenhum outro veículo específico porque não tenho mandato para isso. Meu compromisso é com a Folha e não serei ombudsman dos concorrentes, da televisão ou da internet. Mas, ocasionalmente, posso tratar da mídia em geral porque acho que será interessante para o leitor.

FOLHA - Você assume o posto de ombudsman na terça, mas sempre foi um leitor atento. O que mais te irrita nos jornais?

LINS DA SILVA - O que mais me irrita é superficialidade. Depois, erros de português. E isso é uma bobagem, um pedantismo meu, porque erro de português não é tão importante assim. Em terceiro lugar, me irritam muito invencionices de texto. A tentativa de chamar a atenção com o que o repórter considera engraçado. Por exemplo, começar um texto com uma brincadeira que só me fará perder alguns segundos com algo que não tenha nenhum sentido. Também me irritam algumas opiniões muito ralas, que não acrescentam nada para o leitor.

FOLHA - Como você avalia o trabalho dos meios de comunicação na cobertura do caso Isabella?

LINS DA SILVA - Acho que os jornais estão preocupados em não repetir erros, como ocorreram na cobertura de outros casos policiais que mobilizaram a opinião pública. O que é muito positivo. Há preocupação com aspectos éticos. Mas acho absurdo o que o Clóvis Rossi chama de cenas de jornalismo explícito. Eu vi a saída da prisão do casal suspeito e não consigo encontrar sentido naquele batalhão de cinegrafistas em cima de motocicletas colocando a câmara no vidro do carro em que eles estavam. Não sei qual o valor informativo que pode ter uma imagem como aquela.
Só não sei se isso é evitável, porque o público parece querer esse tipo de cobertura. A mídia, nessas horas, acaba estimulando o que há de pior nos instintos humanos, de morbidez e curiosidade doentia.
Mas aqui há uma questão. Será que o jornalismo sério precisa mesmo entregar o que o público quer, ou diz querer? Na minha opinião, jornalismo sério tem que atender a demanda do público, mas tem também que liderar. É preciso haver uma troca entre o meio de comunicação e seu consumidor para que o jornal atenda os desejos dos leitores, mas também ajude a melhorar a qualidade desses desejos.

O que aconteceu com a Folha de S. Paulo?

São 9h10 da matina de domingo e a Folha ainda não entrou na Internet. O que houve? Estão dormindo?

sábado, 19 de abril de 2008

BBB em concurso. Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa


Meus milhões de leitores em todo o universo (quiçá na lua) sabem que não tenho preconceitos contra novelas e bbbs. Mas tem limite. Essa materinha publicada essa semana na Folha é muito interessante. Como diria aquele locutor esportivo: "Que que é isso minha gente?". Aquele professor pequenino deve ter sentido calafrios se leu essa notícia! Leiam o texto.

Em Taubaté, concurso para escriturário tem questões sobre BBB e casal "global"
FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Quem não acompanhou a última edição do Big Brother Brasil nem o fim do relacionamento de um casal de atores da TV Globo pode ter ficado de fora da seleção para escriturário da Prefeitura de Taubaté (130 km de SP).
Esses assuntos, entre outros, foram tema da prova do concurso público promovido pelo município no último domingo para a contratação de 40 escriturários (servidor encarregado da escrituração de registros ou expediente em repartição pública).
Ao todo, 1.600 pessoas concorreram às vagas. O resultado sai na próxima semana. Os classificados serão contratados para desempenhar trabalhos burocráticos, por R$ 450 mensais.
"Alexandre, Bianca e Fernando participaram de que edição do programa Big Brother Brasil?" e "Que famoso casal "global" anunciou, recentemente, o fim do casamento?" foram duas das questões. O teste teve 80 perguntas optativas, divididas em português, matemática, informática e atualidades.
Uma das perguntas foi anulada por erro da organização. Questionava o nome do presidente da Câmara Municipal de Taubaté, mas a opção correta -vereador Luiz Gonzaga Soares (PR)- não constava entre as alternativas.
A seção de atualidades incluiu também questões sobre política ("Quem é o atual prefeito de São Paulo?"), saúde ("Qual é a doença transmitida através do mosquito Aedes aegypti?") e esportes ("Quais são os três pilotos brasileiros que disputam a temporada 2008 da Fórmula 1?").
O diretor do departamento de administração da prefeitura, Julio Cesar Oliveira, disse não ver problemas na inclusão das questões na prova. "Diga por que não pode pôr? Isso é uma coisa da administração. Ela resolveu colocar essa questão e pronto."
O presidente da Câmara Municipal criticou a prova. "Esse tipo de pergunta me parece mais relacionada a fofoca do que a conhecimentos gerais. As pessoas poderiam ter sido questionadas, por exemplo, sobre Monteiro Lobato ou Mazzaropi, que fazem parte da cultura de nossa cidade", disse Soares.
Ele afirmou que enviou requerimento ao prefeito Roberto Peixoto (PMDB) solicitando explicações. O documento pede ainda que o prefeito cancele o concurso.

Assessor do Maluf! Esse cara merece uma matéria


Mais uma carta de Adilson Laranjeira, assessor de Paulo Maluf, publicada na Folha de S. Paulo. Esse cara é campeão de cartas publicadas. Defende Maluf com unhas e dentes. Deve ser muito bem pago para isso. Não é fácil assessorar Maluf. O cara é acusado até de tomar bala de criancinhas. Topa uma entrevista, Adilson?

Vote na enquete do blog JL. "O que você gostaria de ler no Jornal Labotarório?"


Vote na pesquisa divulgada no site e mande seu depoimento com foto para o blog do Jornal.
http://jornallaboratoriofacha.blogspot.com/

Blog do professor pc recomenda: livro "Anatomia do Jornalismo


O caderno "Ilustrada" da Folha de S. Paulo publica matéria sobre o livro assinada por Mário Magalhães, ex-ombudsman do jornal. Custa 27 paus. Um belo texto que começa assim:

"Dois enganos sobrevivem em alguns redutos das Redações jornalísticas e das faculdades de jornalismo. Nas Redações, ainda se encontra quem imagine que boa parte dos pesquisadores acadêmicos seja inepta para noticiar até o aparecimento de um buraco de rua. Nas universidades, persiste, embora decadente, a ilusão de que parcela expressiva das Redações é intelectualmente desqualificada para produzir conhecimento sobre a sua atividade -saber informar, mas não analisar como a informação é elaborada.

Assim como tantos professores dominam as técnicas jornalísticas, e não por acaso sua origem são as Redações, os "jornalistas da ativa" estão habilitados a transmitir seus métodos de trabalho e a refletir a respeito deles. É o que se reafirma em novo livro, "Anatomia da Reportagem - Como Investigar Empresas, Governos e Tribunais", do repórter especial da Folha Frederico Vasconcelos.
O subtítulo não trai -trata-se mesmo, ou também, de um roteiro com lições a jornalistas, novatos ou não, e candidatos ao exercício do jornalismo. (..)"

Quer ler mais? Vai comprar o jornal, pô! Já dou colher de chá demais pra vocês (rs).

Ruy Castro e a girafa no zoológico

Mais um belo texto do Ruy Castro na Folha de hoje. Como pode um flamenguista escrever tão bem?! E tem tudo a ver com Jornalismo, com foca na profissão. Ele fala sobre a primeira matéria que escreveu.

Girafas no zoológico
RUY CASTRO

José Lino Grünewald telefonou e perguntou se eu poderia ir à redação do "Correio da Manhã" aquela noite. Queria me recomendar ao redator-chefe, Newton Rodrigues, para um estágio na reportagem do jornal. Respondi: "Que dúvida!". Era fevereiro de 1967 e eu acabara de fazer 19 anos. Trabalhar num jornal -e no "Correio da Manhã" -era o único sonho que até então tivera na vida.
O "Correio" era um reduto da inteligência brasileira e da resistência à recém-instalada ditadura militar. José Lino, que eu já conhecia havia dois anos, era editor do Segundo Caderno. Em minha cabeça piscaram os ensaios que eu escreveria sobre as candentes questões culturais da hora. No Brasil, o cinema, o teatro, a música popular e o movimento estudantil pegavam fogo. E, com a pílula à venda na farmácia da esquina, começara a "revolução sexual". Lá fora, havia os Beatles, os filmes de Godard, o LSD, a contracultura, o Poder Jovem.
Newton Rodrigues me recebeu muito bem e disse duas coisas. Primeiro, que eu trabalharia como um profissional e receberia como amador. Ou seja, trabalharia de graça. Não me importei -morava com meus pais no Flamengo, eles também fãs do "Correio", não precisava de dinheiro. Segundo, eu começaria pela reportagem geral. José Lino riu e disse que isso significava cobrir o buraco de rua, o cachorro atropelado e o nascimento da girafa no zoológico. Meu mundo caiu, mas aceitei assim mesmo.
Aconteceu que, com os choques diários entre a polícia e os estudantes, um ou outro atentado a bomba e a vinda de Kim Novak ao Rio aquele ano, nunca precisei cobrir o nascimento da girafa. Vejo agora que o casal de girafas Zagallo e Beija-Céu está se acasalando no zôo do Rio. Estou pensando em ir lá e preencher esta lacuna em minha vida profissional.

Blog do professor pc recomenda: livro "O Grande Livro do Jornalismo"


Meu camarada botafoguense Arthur Dapieve me falou ontem sobre esse livro. À noite passei na livraria e dei uma espiadinha. A mão tremeu, a carteira quase esvaziou. Custa R$ 49, inclusive na Saraiva Internet. Mas vou comprar. O nome é pretensioso, mas justificável. Só tem fera - da antiga e do presente - escrevendo.
Quem está ligado, pode ler a sinopse abaixo.

"O grande livro do jornalismo (Editora José Olympio), editado por Jon E. Lewis, reúne 55 dos mais emblemáticos textos jornalísticos de todos os tempos. De "Um homem é guilhotinado em Roma", escrito por Charles Dickens em 1845, a "O relógio marcava 7h55 - precisamente o momento em que o míssil explodiu", de Robert Fisk, sobre a eclosão da Guerra do Iraque, em 2003, reúne a elite do jornalismo e exibe uma lição de seriedade, competência e talento. O volume traz ainda reportagens assinadas por Mark Twain, Jack London, John Reed, Dorothy Parker, Elliott V. Bell, John Dos Passos, John Steinbeck, George Orwell, Relman Morin, Merriman Smith, Norman Mailer, Hunter S. Thompson, Gore Vidal e Jon Krakauer, entre outros.Tudo começou em Roma, em 59 a.C., quando as autoridades emitiam a Acta Diurna, um apanhado informativo, destinado aos cidadãos, de importantes acontecimentos sociais e políticos. "Alguns diriam que a partir de então foi tudo por água abaixo, pois o jornalismo, sejamos francos, não é considerado um trabalho de muito prestígio", escreve Lewis na apresentação. "Às vezes é propaganda oficial, e com, demasiada freqüência, sinistro e muitíssimo improvável divertimento, tal como Eu fui fruto do amor de marcianos. (...) Existe, é claro, uma espécie absolutamente diferente de jornalismo, e é esta que nos interessa aqui. É a reportagem (...). O jornalismo deve apresentar um relato objetivo - mas de uma forma muito particular. Em outras palavras, a melhor reportagem é a verdade, nada mais que a verdade, refletida no talento lingüístico do jornalista."Para o jornalista e escritor Cícero Sandroni, da Academia Brasileira de Letras, "os textos reunidos neste livro demonstram que a reportagem, a crônica, o folhetim e até o pequeno ensaio, desde que escritos por jornalistas talentosos, para jornais e revistas, sobre temas e fatos do passado, resistem ao passar do tempo e permanecem vivos e atuais para o leitor do século XXI".As reportagens compiladas por Jon E. Lewis abrangem uma variadíssima gama de assuntos, da queda da bolsa de Nova York ao casamento de Grace Kelly, passando pelo estouro dos Beatles, o assassinato de John Kennedy e a insurreição do Talibã no Afeganistão, mas estão unidas pela qualidade de seus textos. Nesse sentido, O grande livro do jornalismo funciona como um verdadeiro manual de redação e estilo".

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Deu no New York Times, digo, no Dapieve


Meu camarada Arthur Dapieve, botafoguense dos bons, publicou hoje no Globo mais um belo artigo. Dessa vez sobre o "Livro das vidas", coletânea de obituários do The New York Times. Já escrevi sobre o livro aqui, mas vale ler o que o Dapi escreveu. É só passar a mãozinha.

Mancadas da Imprensa: "Caca" da CNN


Deu no Globo! É preciso muito cuidado com o que se diz e se escreve. E se pensa.

O professor

Que belo texto da Eliane Cantanhêde publicado na Folha de hoje. Tudo a ver.

O professor
ELIANE CANTANHÊDE

Pego carona na mensagem que recebi ontem do leitor e educador paraense Kleber Duarte, em que ele reclama dos salários de fome dos professores, para fazer algumas comparações. Um professor não tem cartão corporativo nem para comprar tapioca de R$ 8,00, quanto mais para se hospedar em hotéis cinco estrelas no Rio de Janeiro, freqüentar restaurantes caros e alugar carros com ar condicionado para passear por aí nos fins de semana, alegando "compromissos funcionais".

Um professor não tem cartão - aliás, nem cheque - para pagar R$ 1.000 em abridores de garrafa, R$ 2.738 em três lixeiras, R$ 36.603 em TV e som e R$ 21.600 em "telas artísticas", como fez o reitor da UnB - e com dinheiro público.

Um professor não viaja para EUA, Alemanha, Portugal, Espanha e China fazendo comprinhas de R$ 2.217,27 na loja Nike, de material esportivo, ou de R$ 2.988,21 na Best Buy, de eletrônicos, e trazendo a conta depois para a universidade. Como o reitor da Unifesp (federal de São Paulo), dizendo agora que "botava no bolso sem explicar".

Um professor não ganha DAS (aquela remuneração especial da nata do funcionalismo), muito menos para fazer dossiê com arquivo morto para usar contra antecessor e adversário político do chefe. Um professor também não ganha aumento acima da inflação, como acabam de ter os funcionários não-concursados da Câmara, que já estão entre mais bem remunerados do serviço público.

E um professor está a anos-luz de ter o salário de R$ 13 mil a R$ 18 mil dos auditores fiscais, que conseguem mobilizar uma greve tão bem-sucedida a ponto de paralisar a entrada de caminhões nas fronteiras com a Argentina e o Uruguai e afetar o comércio do Mercosul.

Pensando bem, há algo errado com o professor. É tonto? É incompetente? Será burro? Quem paga esse pato é a criança brasileira. Ou seja, o futuro do Brasil.

Fotosacana - 21: Lula pescoção


Que bela foto de Beto Magalhães, do "Estado de Minas", publicada hoje na capa de O Globo! Lembra a história do pescoção que aconteceu uma vez no Globo. Acho que já publiquei aqui, mas um dia eu conto, de novo.

"Como pegar um bobo na casca do ovo", como diria minha amiga de infância, a Beatriz


Renato Maurício Prado, que, infelizmente, escolheu o time errado pra torcer, deu uma aula de colunismo hoje em O Globo. Mostra como trabalhar com uma informação publicada em outro veículo, atentando para um pequeno detalhe, e criando uma nova "notícia"; fazendo uma crítica sem adjetivar. E usando uma matemática simples! Se é que vocês me entendem.

Hoje eu estou romântico!


Fui pesquisar no youtube e encontrei "My sweet Lord", do George Harrison.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Mancadas da Imprensa: Que jornalismo é esse?




Minha ex-aluna Fernando Lizardo manda a dica muito interessante do blog "Que jornalismo é esse?", de Fábio Monteiro.
http://www.quejornalismoeesse.blogger.com.br/

Blog do professor pc recomenda: outro livro sobre a revista Realidade


O livro, "Revista Realidade - 1966-1968 - Tempo de reportagem na imprensa brasileira", eu já conhecia. Mas nunca tinha lido. Acabei de receber. Ainda não li. Mas parece interessante. Sou fã da revista e é o segundo livro que vou ler sobre a Realidade.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Blog do Jornal Laboratório no ar


Estamos no ar. E contamos com a colaboração dos alunos. A idéia do blog é funcionar como uma espécie de jornal online. Mande notícias, mande fotos, mande ilustrações, mande matérias. Pretendemos fazer reportagens online. Além disso, o jornal servirá para divulgar na íntegra algumas das reportagens e entrevistas publicadas no Jornal Laboratório. O que não couber no papel, entrará no online.

Quer dar uma espiadinha? Clique aqui:http://jornallaboratoriofacha.blogspot.com/

País sem memória

Imperdível o texto de Ruy Castro na Folha de hoje.

Mamãe, eu quero
RUY CASTRO
Num ano farto de efemérides, o pianista, compositor e maestro Vicente Paiva, que completaria cem anos nesta sexta-feira, não terá shows em sua memória. Ao procurar ministérios e empresas que se dizem ligados à cultura, seus herdeiros deram com o nariz na porta.
Vicente Paiva é autor, com o comediante Jararaca, de "Mamãe, Eu Quero", sucesso do Carnaval de 1937 e de todos os Carnavais seguintes. Em 1939, Carmen Miranda levou "Mamãe, Eu Quero" para os EUA, e o resto é história. Se "Aquarela do Brasil" e "Garota de Ipanema" são duas das três canções brasileiras mais conhecidas no mundo, a terceira é "Mamãe, Eu Quero".
Em 1940, Carmen veio ao Brasil e foi hostilizada no Cassino da Urca por uma claque do Estado Novo. Vicente, diretor musical do cassino, compôs quatro robustos sambas com Luiz Peixoto para que, meses depois, ela voltasse à Urca e se consagrasse junto ao seu verdadeiro público: "Diz que Tem", "Bruxinha de Pano", "Voltei pro Morro" e "Disseram que Voltei Americanizada". Ele era um craque.
Em 1946, quando o presidente Dutra proibiu o jogo e fechou os cassinos, Vicente foi realista: trocou os smokings por um terno puído, fez de um de seus carros táxi e foi trabalhar na praça. Mas, pouco depois, estava por cima de novo, musicando o teatro de revista de Walter Pinto. Em 1950, deu a Dalva de Oliveira (e, no futuro, a Gal Costa) um de seus maiores sucessos: "Olhos Verdes", aquele que fala nos "saborosos cambucás".
Apenas pelo que "Mamãe, Eu Quero" já rendeu e ainda rende, os herdeiros de Vicente, que morreu em 1964, devem viver à larga, não? Não. Estamos no Brasil. Eles têm não só de trabalhar para comer como não conseguem com que o país faça justiça a um homem que, todos os anos, enche fevereiro de alegria.

Tem talento, passa por aqui


Minha ex-aluna Cláudia Nunes avisa que vai fazer show. Além de proprietária desse sorriso Colgate (ou será Crest?), Cláudia é filha do Walter Alfaiate. E Walter, além de talentoso compositor, é botafoguense. Não é preciso dizer mais nada.

Palestra sobre livro "Rua do Ouvidor, 110 - Uma história da Livraria José Olympio"


Lucila Soares, editora da Veja no Rio, fez palestra ontem de manhã, em sala de aula, para os meus alunos de Documentação. A turma está desenvolvendo um blog sobre "Livrarias e Livreiros" e um dos temas é a Livraria José Olympio. Mais detalhes sobre a palestra no blog:
http://www.livrariaselivreiros.blogspot.com/

A foto é de Daniel Vidal

terça-feira, 15 de abril de 2008

Tio Sukita é o #*&^<+%



Pego carona com o meu camarada Márcio Riscado, professor de fotografia da FACHA. Ele pergunta pela câmera digital que comprei há poucos dias. Me deu dicas de como usá-la e quer saber se estou aproveitando o novo "brinquedinho".
- Não tive tempo ainda.
- Nem no sábado e domingo?, ele pergunta.
- Não dá. Tenho usado os finais de semana para cuidar da coluna, respondo.
- Que coluna? Você está com problemas na coluna?

Depois que a gente passa dos "inta" é uma caca. A coluna é a "PC Guimarães comenta", sobre futebol, publicada no Correio do Brasil, meu nobre Riscado.

"PC Guimarães comenta": a número 3

Blog do Jornal Laboratório - Em construção


O blog do Jornal Laboratório da FACHA está em construção. Em breve teremos novidades. Quem quiser dar uma espiadinha, é só clicar:

http://jornallaboratoriofacha.blogspot.com/

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Ajudem o PC a comprar uma bicicleta Calói (pode ser Monark também)


Fica no ar hoje e amanhã (terça) a minha coluna sobre futebol no Correio do Brasil
http://www.correiodobrasil.com.br
Meto o pau no Flamenguinho, mas é brincadeirinha. Deram destaque na capa. É só passar a mãozinha.

domingo, 13 de abril de 2008

E ninguém cala esse nosso amor...

3 a 0. Sem precisar da ajuda do juiz. Quero ver os flamenguistas aparecerem fantasiados amanhã na Faculdade.

sábado, 12 de abril de 2008

Zuenir e Bandeira


Já falei sobre o livro em post abaixo. Hoje comecei a ler e hoje Zuenir escreveu sobre o livro em sua coluna no Globo. Imperdível para quem gosta de crônicas e bom texto. Quer ler o que Mestre Zu escreveu? É só passar a mãozinha.

Blog do professor pc recomenda: livro sobre "Viagem de negócios"


Meu camarada e ex-aluno da FACHA, Fábio Steinberg, há alguns anos morando e trabalhando em São Paulo, manda e-mail avisando que está lançando novo livro. Vai ser no dia 28 de abril, a partir das 19 horas, na Livraria Cultura, no Conjunto Nacional, lá na "terra da garoa". Pena que não posso ir. Mas recomendo. Fabinho, que foi gerente de Comunicação da IBM, sabe tudo de comunicação corporativa.