quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Mais uma sobre o futuro do jornal impresso: e-paper


Esqueci de postar. Não deixem de ler a matéria publicada no caderno "Infoetc." de O Globo de anteontem sobre o e-paper (papel eletrônico). Imperdível. São duas páginas de matéria. Reproduzo a capa apenas como ilustração.

Em todo lugar tem alguém da FACHA: até entre plagiados



Minha ex-aluna gente boa Fernanda Lizardo mandou recado avisando que um jornalista cearense plagiou um de seus belos textos. Isso é baixaria. Coisa muito feia. Ainda mais pra quem se diz jornalista. A denúncia está no blog da Cooper:
http://cooper.blig.ig.com.br/

"Todo mundo sabe que não me importo que os textos deste blog (devidamente registrados na Biblioteca Nacional) sejam reproduzidos em outros locais – contanto que seja dado o devido crédito. Muitas vezes encontrei textos não creditados, mas foi só dar um toque no dono do espaço, que ele imediatamente o fez.
Dessa vez, me deparei com uma situação inédita – e um pouco chocante também...

Eis que um jornalista do Ceará, chamado Marcos Peixoto, gostou tanto de um texto daqui que resolveu reproduzi-lo. Ou quase. Além de não dar o credito, ainda mudou algumas palavras para disfarçar o plágio descarado. Talvez ele conheça bem o termo “plágio”; mas, pelo visto, desconhece o termo “contrafação”, que caracteriza a modificação de um trabalho na tentativa de ocultar seu verdadeiro autor.

Em situações normais eu não o exporia assim, porém, como jornalista – e responsável por liberações de direitos autorais, diga-se de passagem –, sinto-me profundamente ofendida por perceber que um "colega" não honra os ensinamentos da boa prática da nossa profissão.

(Interessante que no site dele consta NewsCariri by Marcos Peixoto - 2007 © Direitos Reservados)".

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Mais um livro censurado


O caso do livro sobre o Roberto Carlos, do jornalista Paulo César Araújo, pode ser repetido.

Livro de jornalista sobre imigrantes japoneses pode ser recolhido das livrarias
Redação Portal IMPRENSA

No ano do centenário da imigração japonesa, a Justiça brasileira terá de decidir se autoriza a publicação de parte do livro do jornalista Jorge J. Okubaro. A família Kakazu pediu ao Judiciário que o livro "O Súdito - Banzai Massateru!" - indicado ao Prêmio Jabuti 2007 - seja recolhido das livrarias. Segundo os familiares de Seijin Kakazu, trechos do livro ofendem sua honra, o que de mais precioso ele deixou a seus sucessores.

O livro nasceu da intenção de Jorge J. Okubaro, editorialista do jornal O Estado de S.Paulo, de homenagear seu pai, Massateru Okubaro, que chegou ao Brasil em 1918. Para que o livro pudesse ser feito, foi consultado material proveniente de museus, entrevistas, documentos e arquivos de jornais.

Na publicação, narra-se a história do suposto abandono da família por parte de Seijin Kakazu ao descobrir que não era o pai de nenhum de seus três filhos. Segundo relatos registrados no livro, na fuga Kakazu levou seu filho mais velho para que guardasse sua alma após a morte, de acordo com uma antiga crença de pessoas nascidas na região de Okinawa, província ao sul do Japão.

Além do abandono, o livro relata o assassinato da ex-mulher de Kakazu e a adoção dos dois filhos deixados para trás.

A família de Kakazu pede indenização pela publicação sem prévia autorização e pelas "inverdades" relatadas na obra. A advogada da família, Ana Paula Leiko Sakauie, diz na ação que o personagem em questão teve sua vida exposta de maneira covarde, indevida e falseada. A advogada ainda salienta que, por estar morto, Kakazu não teve a chance de se defender.

Para o jornalista Jorge J. Okubaro, o processo ajuizado pelos filhos só revela o inconformismo por não terem sido mencionados no livro. Esse é apenas um dos argumentos apresentados pelo advogado José Rubens Machado de Campos, no recurso.

De acordo com informações do site Consultor Jurídico, por enquanto, o juiz da 41ª Vara Cível de São Paulo negou o pedido de liminar para impedir a circulação da obra.

Mancadas de edição


É preciso estar atento - e forte - na hora de fazer as legendas de fotos. Vejam o que o Lance fez na edição de hoje. Cadê a disputa? O que se vê é o jogador do Santos comemorando um gol com os colegas de time.

domingo, 27 de janeiro de 2008

Site cria "webjornal" com hits da semana

Está no caderno Ilustrada da Folha de S. paulo de hoje.

Site cria "webjornal" com hits da semana
The Digg Reel, derivado do popular agregador de notícias Digg.com, é telejornal on-line que reúne vídeos mais vistos
Edições, de tom puxado para o humor, entram no ar às quartas-feiras com videonotícias escolhidas e comentadas por internautas

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL


Manter-se atualizado sobre os últimos hits da internet é algo que tem se tornado tão importante quanto difícil, dada a profusão de sites, vídeos e histórias que brotam diariamente.

Se você é dos que gostam de saber das novidades enquanto elas ainda estão quentes, mas não tem tempo de abrir todos os links que lhe mandam por e-mail (ou de vagar por sites como o YouTube), vai apreciar o "webjornal" The Digg Reel.

Um subproduto do hiperpopular www.digg.com -mistura de blog, rede social e site de notícias em que tudo é submetido e votado pelos internautas-, o www.thediggreel.com estreou há duas semanas com o formato de telejornal.

Apresentado pela engraçadinha Jessica Corbin, o "webjornal" destaca os vídeos da internet mais assistidos pela comunidade do Digg.

A proposta é apresentar entre sete e dez vídeos por semana, em ordem crescente de número de votos recebidos, com as edições entrando on-line às quartas-feiras.
Há também a promessa de alguns "por trás da cena", para mostrar como os vídeos mais populares foram feitos -mas, pelo menos até a segunda edição, a idéia ainda não havia sido posta em prática.

Comentários na tela
A semelhança com os telejornais também aparece (infelizmente) no estorvo que são os comerciais -aqui, inseridos no meio da apresentação.
Há diferenças notáveis, no entanto, a começar pelo fato de que as videonotícias são, invariavelmente, escolhidas pelos internautas.
A interação característica da internet também aparece com a inserção, após cada vídeo, de alguns dos comentários deixados pelo público no site.
Analisando as duas primeiras edições, nota-se que o tom é puxado para o humor, não apenas nos vídeos mais assistidos mas também na apresentação de Corbin e nos comentários selecionados para aparecerem.
Com a proximidade das eleições presidenciais norte-americanas, os vídeos de temática política, como o do apresentador John Stewart debochando da mídia e de Hillary Clinton, um dos mais vistos das primeiras edições, certamente surgirão com mais regularidade. E o Digg Reel será uma boa biruta para indicar em que direção sopram os ventos da internet.

Mancadas da Imprensa (no caso, da Folha de S. Paulo)


Uma confusão balcânica
Mário Magalhães (Ombudsman da Folha)

Um mapa menor do que a face de uma caixa de fósforos provocou nos últimos dias o que um leitor qualificou de lambança.

No sábado retrasado, a Folha publicou o título "Acordo de Sófia reforça domínio russo no mercado europeu", sobre um contrato, assinado na capital da Bulgária, para a construção de um gasoduto.

Ao lado saiu o mapinha, recurso editorial precioso para localizar os países mencionados. Nele, pululavam erros.

Na segunda, "Erramos" corrigiu: o mar Adriático do desenho é, na verdade, o mar Egeu. Reclamei: Belgrado, capital da Sérvia, fora grafada impropriamente e aparecia como capital de país extinto, a Iugoslávia. Nova correção, na terça, referiu-se à falecida Iugoslávia como "Estado báltico".

Dois leitores escreveram e, na quarta, leu-se o derradeiro "Erramos": a Iugoslávia era um país balcânico, não báltico.

Lição reafirmada: checar antes de informar é importante. Em correções, mais ainda.

sábado, 26 de janeiro de 2008

Divulgando o blog do pc



Mandei fazer uma camisinha, digo, camisa, com a "cabecinha" (epa, epa, epa; muita calma nessa hora) pra divulgar o blog do pc. Acho que ficou supimpa. Em breve vou fazer outra divulgando o blog do professor pc e dar (no bom sentido) de presente pra alguém especial.

Blog do professor pc recomenda: livro sobre "funéreos" 2



Fui dar uma pesquisada de preços e descobri que o "Livro das vidas" (ver post abaixo) está sendo vendido por R$ 38,40 na americanas.com
Eis a resenha do livro publicada no site da americanas:

O mais novo título da coleção Jornalismo Literário apresenta ao leitor brasileiro uma pequena amostra da arte de escrever obituários. O Livro das Vidas reúne uma seleção de textos publicados na seção de obituários do New York Times, com ênfase nas histórias de pessoas comuns, cujas vidas ganham outradimensão ao serem descritas com o olhar curioso e afetuoso dos repórteres do diário americano.

Em detalhado posfácio que acompanha o volume, Matinas Suzuki Jr., coordenador da coleção Jornalismo Literário e responsável por essa seleção de textos, mostra como a seção de obituários foi ganhando importância ao longo das últimas quatro décadas nos jornais americanos e ingleses. Suzuki relembra a trajetória de Alden Whitman, imortalizado por Gay Talese como o Sr. Má Notícia (em perfil incluído na coletânea Fama & anonimato), que deu novo impulso a este tipo de texto ao entrevistar figuras famosas com o objetivo declarado de recolher informações para os seus futuros obituários. "A seção de obituários do Times é uma cerimônia de adeus diária de bom jornalismo e uma das campeãs de leitura do jornal mais influente do mundo. Há quem pense que a valorização do obituário pela imprensa de língua inglesa seja um ritual de morbidez, mas isso é uma falsa impressão", escreve Suzuki.

Para além dos "mortos ilustres", esta coletânea mostra como a seção de obituários pode alcançar grandes momentos ao descrever, com humor, ironia e notável poder de síntese, histórias de pessoas que dificilmente freqüentariam as páginas dos jornais. Gente como Angelo Zuccotti, o sujeito que cuidava da porta de El Marocco, famosa boate nova-iorquina, e que considerava sua atividade uma arte. Ou Anton Rosenberg, amigo dos beatniks Jack Kerouac e Allen Ginsberg, que tinha uma atitude tão cool e uma despreocupação e indiferença tão grandes que "nunca chegou muito a nada".

Blog do professor pc recomenda: livro sobre "funéreos"



A matéria está no caderno Ilustrada da Folha de S. Paulo de hoje. O jornalista Matinas Suzuki Jr. acaba de lançar mais um livro da coleção "Jornalismo Literário". Li quase todos. Vou comprar esse. O livro fala sobre os necrológios famosos do The New York Times. E me lembra uma história que presenciei no Globo. Vou contar amanhã.

Coletânea traz melhores obituários do "NY Times"
Textos de "O Livro das Vidas", organizado por Matinas Suzuki Jr., são quase literários

Edição com necrológios famosos do jornal chega às livrarias na terça; história que narra o "Calvin Klein do espaço" é um dos destaques

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Reza a máxima do ex-editor de cidades do "New York Times", A. M. Rosenthal, que "se você tiver que morrer, é melhor morrer no "Times'". Mas o tom é menos tétrico do que parece.
No maior jornal dos EUA escreveram os melhores obituaristas da história -artistas da morte como Alden Whitman, o "Sr. Má Notícia", ou Robert McG.
Thomas Jr., pai das "biografias de gente desconhecida".
Alguns dos textos já fazem parte de duas antologias em inglês, que foram utilizadas pela Companhia das Letras para compilar uma seleção que chega traduzida ao Brasil no dia 29, como "O Livro das Vidas".

"O obituário talvez seja o único lugar da imprensa diária que chegou perto do jornalismo literário sistematicamente", diz Matinas Suzuki Jr., coordenador da coleção "Jornalismo Literário". No livro estão 57 obituários de pessoas anônimas, mas importantes pelo que fizeram, como o "Calvin Klein do espaço" que abre o livro.
Um dia, na escola de uma cidadezinha de Massachusetts, o garoto Russell Colley disse a um escandalizado professor que queria ser estilista de roupas femininas. Acabou estudando desenho mecânico, coisa de homem. E não tardou até que se destacasse no âmbito da engenharia espacial nos anos 1930 -mas por projetar trajes pressurizados, que os pilotos americanos usaram para quebrar recordes de altitude. Mais tarde, ele comentaria o pânico dos astronautas por não terem "certas facilidades" para as "necessidades" no espaço.

Detalhes pinçados com maestria, e que, enleados à "causa mortis", número de herdeiros e datas de um obituário qualquer, e narrados como uma "pequena biografia", instantânea e colorida, fizeram de Robert McG. uma lenda no "Times". E, por isso, o autor mais freqüente dos textos da coletânea brasileira. "McG. deu importância jornalística ao obituário, não só de precisão, mas de estilo", avalia Suzuki Jr.
No posfácio, o organizador delineia a história recente do gênero, quando o até então copidesque do "Times" Alden Whitman foi chamado para "dar vida à página de obituários" -e que virou logo "o pai do obituário moderno", pela simples idéia de entrevistar os perfilados em vida sobre sua morte. Deu tão certo que a prática é ainda hoje mantida pelo "Times" -que já teve mais de 2.000 obituários prontos "na gaveta", à espera da morte.

Há sabor ainda na evolução dos eufemismos, no melhor estilo "partiu dessa para melhor", trazidos à tona no filme "Closer" (2004); e na história do escritor Ernest Hemingway, que, tido como morto, acabou lendo o próprio obituário -o que continuaria fazendo ao longo da vida, todas as manhãs, com uma taça de champanhe.

Tradição
Nos Estados Unidos e no Reino Unido, a maioria dos jornais tem uma seção fixa de obituários, o que não acontece no Brasil. "Eles são mais valorizados na cultura anglo-saxã, que celebra o morto", diz Suzuki Jr. "É diferente da cultura ibero-católica, marcada pelo estigma da dor e do silêncio."
A idéia é mudar essa visão mórbida do obituário. "Uma boa história humana, próxima e bem narrada, é tudo o que o leitor quer no café da manhã."

Ruy Castro e o bambolê

Sou fã do texto do Ruy Castro. Hoje, na Folha de S. Paulo, ele "pega" um bambolê e faz um texto delicioso sobre o assunto. Ah se eu fosse bom assim!

A bordo do bambolê
RUY CASTRO
Outro dia, ao pensar em algumas contribuições dos americanos ao espírito humano, lembrei-me do bambolê. Era aquele aro de plástico -matéria plástica, dizia-se- que as mulheres equilibravam na cintura, rebolando os quadris para não deixá-lo ir ao chão. E por que me lembrei? Porque, a exemplo de outros "high- lights" do século, como a bossa nova, a Copa da Suécia e o vestido-saco, o bambolê está fazendo 50 anos.
Em 1958, quando surgiu nos EUA (e logo chegou ao Brasil), ele foi uma febre. Mulheres de 5 a 50 anos passaram a rebolar dia e noite. Em casa, na calçada, nas ruas, em todo lugar elas saracoteavam a bordo de bambolês. A média era de um para cada mulher, donde uma família podia dispor de até cinco bambolês.
Seu criador, um americano de 33 anos chamado Richard Kneer (pronuncia-se nêr), na verdade não o inventou. Apenas adaptou-o de um aro de madeira que vira sendo usado por um anônimo ginasta na Austrália. Daí, fabricou-o em plástico e vendeu-o para o mundo inteiro -60 milhões de unidades de saída, 70 milhões em 1959, 100 milhões em 1960. Ninguém parecia segurar o bambolê.
De repente, sem explicação, assim como estourara, o bambolê ficou fora de moda ("xangai", segundo Ibrahim Sued) e foi abandonado. Knerr se viu com 1 bilhão de bambolês encalhados no depósito. Ao fim e ao cabo, seu lucro com o brinquedo reduziu-se a US$ 10 mil.
Knerr -que morreu no dia 14 último, na Califórnia, aos 82 anos- ficou rico mesmo foi com o frisbee, um disco de plástico que se joga na praia e que nunca pegou por aqui porque já tínhamos coisa muito melhor, o frescobol. E foi também o criador daquele abominável spray de espuma que, este ano, finalmente, o Carnaval carioca proibiu. Ou seja, viveu da medíocre matéria plástica.

Mancadas de edição: O Extra pensa que café é água, água não é café não



O pessoal da editoria de Esportes do jornal Extra pagou mico ontem. Na legenda da foto está escrito que "Jorge Henrique pega um café da mão de Abedi...". Quem foi que disse que é café? É água. Mesmo porque, acho que se fosse café não seria recomendável num treino. É preciso estar atento e forte.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Bonito, charmoso, gostoso, humilde e colecionador de gravatas


Não tinha visto ainda. O professor Felipe Franceschini fez a gentileza de enviar dois exemplares pelo correio. A Marina Heizer fez uma bela matéria comigo - bem apurada e bem escrita - sobre a minha coleção de gravatas. Agora mesmo é que o Reynaldo Gianecchini vai ficar com inveja de mim. Está na mais recente edição do Jornal Laboratório da FACHA.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Fotosacana


O que que é isso, ministro?!

Foto: Valter Campanato (Agência Brasil)

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

A pressa passa e a m... fica


Gol contra
Mário Magalhães
A Folha trombeteou na capa do caderno "Veículos 2" do domingo: "Fotos exclusivas mostram a "cara" do Gol G5". Sob a manchete, uma imagem do carro indo e outra vindo.
As fotografias não eram exclusivas. Nem aquelas eram a "cara" e a traseira da nova geração do modelo anunciado.

Um leitor atento me informou sobre a veiculação das imagens na internet desde outubro. Avisei a Redação.

Na quarta, saiu "Erramos" esclarecendo que, segundo a montadora, as fotos eram "um desenho sobre como seria o novo Polo" -não o Gol.
Insisti na crítica diária no reconhecimento do falso ineditismo. Na quinta, novo "Erramos" completou a correção.
A Redação conta que recebeu o material, reservadamente, de uma fonte. A busca das fotos na internet, para checar a exclusividade, foi malfeita (é fácil encontrá-las).

Perguntei por que não se consultou antes a Volks. Resposta: "Não seria suficiente para evitar o erro. Nenhum veículo da imprensa especializada em automóveis consulta as montadoras antes de publicar segredo da indústria, pois o papel da assessoria, historicamente, é o de sempre negar todo projeto de novos carros".

"E por um motivo simples: se a imprensa divulga fotos de uma nova versão de um modelo que já esteja sendo vendido (o novo Gol será lançado em junho), as vendas do atual despencam. O consumidor não compraria um carro zero-quilômetro que mudará em pouco tempo, pois, além de perder o "fator novidade", teria um carro ainda mais desvalorizado na hora da revenda."

Mancadas de Tradução, Mário Magalhães, ombudsman da Folha

Estou de férias e tenho navegado pouco. Por isso não republiquei ontem o texto de ontem do ombudsman da Folha, como costumo fazer. Mais uma aula do Mário.

Mancadas de tradução: rir ou chorar?
Mário Magalhães
Desafios vão desde conhecer o contexto em que a palavra original é usada até ter tempo para pesquisar os termos que diferem de país a país

"É de chorar, não?"
Assim um leitor reagiu ao erro de tradução da Folha no primeiro dia do ano.
Na entrevista com o cientista político David Samuels, seu livro "From Socialism to Social Democracy? The Evolution of the Workers" Party in Brazil" foi traduzido como "Do socialismo à social-democracia? A evolução da festa dos trabalhadores no Brasil".
Dois dias depois, a correção esclareceu que o título se referia ao "Partido dos Trabalhadores" (o tal "Workers" Party"), e não a alguma "festa" -outra tradução literal para "party", despropositada no contexto.
Para chorar ou rir, enganos de tradução constituem ameaça cotidiana ao jornalismo. Volta e meia, lêem-se em português, incompreensíveis ou distorcidas, informações e declarações veiculadas na origem em outro idioma.
No fim de dezembro, o Screen Actors Guild, sindicato americano de atores de TV e cinema, transformou-se na Folha em entidade de críticos.
Em setembro, "The Palermo Shooting", filme de Wim Wenders, foi tratado como "O tiroteio de Palermo". Após o alerta de um leitor, "Erramos" reconheceu que as "traduções mais adequadas" seriam "Fotografando Palermo" ou "Filmando Palermo" -"shooting" tem acepções diversas.
O "tiroteio" pela Casa Branca estimulou o Programa de Qualidade do jornal a distribuir dez dias atrás uma valiosa relação de mais de uma centena de "termos comumente usados na cobertura eleitoral americana, para facilitar traduções e evitar problemas com falsos cognatos ou traduções literais de expressões idiomáticas".
A lista foi coordenada pela editora de Treinamento, Ana Estela de Sousa Pinto, a partir de sugestão de Roberto Dias, ex-correspondente em Nova York e hoje editor-assistente de Brasil. Ensina-se, por exemplo, que "strategist" nada mais é que "marqueteiro".
Os leitores ganhariam se o jornal fosse mais fiel a essas instruções do que costuma ser ao "Manual da Redação".
O "Manual" determina: "A tradução da expressão de língua inglesa "press conference" é "entrevista coletiva'", não "conferência de imprensa". A fórmula vetada segue assídua.
Bem como "evidência" no lugar de "prova", que no ambiente da Justiça deve ser a tradução mais comum (com "indício") de "evidence", lição da lista que reafirma o "Manual". Em maio, noticiou-se que um homem foi solto "por falta de evidências". Em bom português, faltaram provas.
Dos sete jornalistas que contribuíram para a elaboração da lista, o mais tarimbado é Carlos Eduardo Lins da Silva, hoje diretor de Relações Institucionais da Patri Políticas Públicas. Ele foi correspondente da Folha em Washington em 1987-88 e 1991-99.
Indaguei-lhe sobre tradução. "O desafio maior é encontrar a expressão em português do Brasil que tenha o significado mais próximo possível do que a palavra a ser traduzida tem na cultura da língua de origem", ele respondeu.
"Ou seja: conhecer o contexto em que a palavra original é usada. Como no caso do "party': Tecnicamente, é festa mesmo. Mas (...) no contexto da política não é. Por isso, para traduzir bem de verdade, é preciso que o tradutor tenha vivido na sociedade que usa a língua que deseja traduzir. Ou, no mínimo, que conheça muito bem essa sociedade."
Há duas décadas tradutora na Folha, Clara Allain é reconhecida pela excelência do seu trabalho -não são dela os erros aqui enumerados. Filha de inglesa e francês, ela aponta alguns desafios da profissão.
"São vários -talvez o maior seja a falta de tempo para pesquisar coisas que diferem de país a país. Exemplo: se promotor é o mesmo que "prosecutor", se "chancellor" é chanceler, e assim por diante."
"São as diferenças de organização social, política, educacional, sindical etc. etc., de um país a outro, que às vezes fazem com que seja difícil encontrar a tradução correta para termos, ou a que chega mais perto da idéia original, quando se está correndo contra o tempo e a falta de espaço."
Lins da Silva acrescenta: pressa e preguiça são as maiores armadilhas da tradução.
Os dois pecados conspiraram para traições da Folha aos originais: Silicon Valley saiu como Vale do Silicone (e não do Silício); "Il Gattopardo", como "O Gato Pardo" (o romance italiano é "O Leopardo"); e a gíria americana "Bimbo", designação de "moça considerada bonita, mas pouco inteligente", virou órgão sexual masculino.
São mancadas dos anos 90. Não custa o esforço para não engordar a antologia de vexames que fazem rir ou chorar.

Ruy Castro e as cartas de leitores

No semestre passado meus alunos produziram um blog sobre Seção de Cartas. Ruy Castro publicou artigo na Folha de hoje sobre cartas de leitores.
Rugidos virtuais
RUY CASTRO
Um leitor de jornal que discorde da orientação de uma reportagem ou da opinião de um articulista, e mande uma carta expressando seu ponto de vista, terá sorte se vir essa carta publicada. Os jornais recebem milhares por dia e o espaço para elas é limitado. Além disso, há certas regras para que uma carta saia no jornal.
Primeiro, o missivista precisa identificar-se com nome, endereço, telefone e/ou e-mail. Segundo, a carta tem de ser relevante. Terceiro, deve ser escrita com alguma correção e não pode limitar-se a chulices, como mandar o repórter àquela parte ou o articulista tomar banho, por mais que eles mereçam. É um espaço onde reina a civilidade.
Já os veículos on-line fazem diferente. Como não têm problema de espaço, estimulam seus usuários a enviar mensagens comentando as notícias. Isso gera uma saudável reação em cadeia, em que os usuários comentam também as mensagens uns dos outros. Ao pé de cada uma, a advertência: "Esse comentário é insultuoso ou inadequado? Denuncie".
Seguem-se, então, furibundas trocas de insultos, ainda mais quando o assunto é futebol. Os torcedores se xingam com uma virulência que não se vê nem nos estádios. Todos os qualificativos são usados como ofensa: negros, mulambentos, "bambis", porcos, bacalhau, o que você quiser. Nenhum clube se salva. Protegidas pelo anonimato (as mensagens podem ser assinadas com pseudônimo), cometem-se as piores incorreções políticas envolvendo cor da pele, condição social e característica sexual.
Confesso que adoro esses bate-bocas. É a arquibancada rugindo virtualmente. O que me ofende são as torturantes agressões à língua portuguesa, presentes em 90% dessas mensagens -como se seus autores quisessem estrangular a pobre da gramática, digo cartilha.

sábado, 19 de janeiro de 2008

Blog do professor pc protesta: Jornalista iniciante sofre!

Meu ex-aluno Diogo Mochcovitch ligou. Queria saber o que é preciso fazer para publicar legalmente uma revista. Disse para ele ir ao Sindicato dos Jornalistas pedir informações. Qualquer informação que eu pudesse passar para ele seria "achismo". Achei que o nosso Sindicato seria o lugar indicado. Diogo foi e voltou desanimado. Contou a história que publico abaixo.

Sindicatos parecem repartições públicas
Diogo Mochcovitch

"Na proximidade de receber o diploma após a conclusão do curso de Jornalismo na FACHA, certo dia estava com um grupo bem heterogêneo de amigos e resolvemos realizar a produção de uma revista. Nada virtual, impressa. Ao apostar nesta investida, fizemos tudo como deve ser feito. Designamos cada um para sua função, um responsável por uma coluna, outro com matérias de determinado assunto, e ainda outro com a arte, publicidade, etc. O rapaz do marketing já realizou a pesquisa nas áreas onde devem concentrar as vendas.

Tudo muito correto. Lugar para estabelecer a redação já tem em vista. Nada de projeto pendente de faculdade que morre com o tempo. Entretanto, o problema maior da iniciação no mercado de revistas impressas é o registro. Atendi o conselho do professor e jornalista PC e fui ao sindicato dos jornalistas (com o respeito que me trataram, se for com caixa alta não vou me ater a colocar). Uma rápida olhada no Teatro Municipal antes de ir ao prédio. Após 17 andares, bem espremido no elevador, me falaram que sou obrigado a ter o registro e só se preocuparem em mostrar qual documento é preciso e o pagamento de uma taxa – parece que terminei o ensino médio, menos uma faculdade de Jornalismo – me indicaram ao sindicato patronal de jornais e revistas para lá, resolver as pendências de todas as dúvidas do registro da revista.

Depois de uma bela tarde de calor no pescoço – quem dera se fosse uma espécie de pescoção na futura redação – atravessei o centro e passei pela encantadora Travessa do Ouvidor, onde freqüentava o saudoso Pixinguinha. Após a rápida admirada, entrei no prédio número 16. Quando finalmente achei que iria resolver minhas questões, me deparo com um olhar dos pés até a ponta do fio do meu cabelo mais alto como quem diz “Você, dono de revista ou jornal?”. Depois da provação e absolvição do olhar punitivo cheguei, enfim, à secretária que me recebeu com um desprezo tão grande quanto o olhar.

O jovem jornalista pergunta humildemente: ”Gostaria de saber sobre o registro...”. A interrupção da mulher sentada numa cadeira velha vem à tona com um estrondoso “É o quê?”. “Não é aqui que você vai ver isso. O sindicato dos jornalistas sempre manda as pessoas pra cá. É que nem o registro de uma empresa qualquer. Geralmente se contrata um despachante. Ele que resolve isso”, declarou num tom tão alto quanto o calor que fazia lá no recanto do Pixinga.

Insisti mais um pouco. Também, se tivesse ido embora não teria aprendido nada com o diploma que receberei.

“Lê a lei 5.250, a lei da imprensa. O resto é normal. Ah, tem um registro também, como é que é o nome. Esqueci, mas tem que ver”.

Aí a razão do título. Os sindicatos servem pra ajudar ou são uma classificação próxima ao que é visto nas repartições públicas? De qualquer maneira, desistir; não iremos. Recorreremos a outros órgãos e, quem quiser ajudar entre em contato".

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

As escolas de jornalismo são a última esperança?

Crise nos jornais pressiona faculdades a mudar ensino do jornalismo
Carlos Castilho (Observatório da Imprensa)

O debate sobre a urgência de mudanças no exercício do jornalismo profissional transferiu-se também para dentro das universidades norte-americanas onde o papel das faculdades passou a ser severamente questionado.

Logo depois do ano novo, cerca de 30 diretores de faculdades de jornalismo em universidades norte-americanas, editores chefes e executivos da imprensa se reuniram em Nova Iorque, num brain storm fechado para tentar definir um novo papel para os cursos de graduação, num momento em que a mudança de rotinas nas redações torna-se cada vez mais rápida e irreversível.

O dilema dos participantes era o seguinte: a adaptação dos jornais à nova realidade informativa gerada pela internet exige profissionais que não estão disponíveis no mercado porque as faculdades não os estão formando e as empresas já não podem mais suprir esta lacuna.

“ Nós estamos estamos ficando sem alternativas”, constatou o todo poderoso Bill Keller, Chefe de Redação do The New York Times, num desabafo surpreendente. “As escolas de jornalismo são a nossa última esperança”, completou Bill, depois de admitir que sua receita para os jovens jornalistas já não funciona mais.

“Minha geração recomendava que todo o interessado em fazer jornalismo deveria começar num jornal do interior fazendo reportagem de rua. Aprender fazendo era a regra básica. Acontece que a maioria dos jornais locais já não existe mais e os editores-tutores já se aposentaram. As faculdades acabaram se tornando a única alternativa para a renovação do jornalismo”.

Esta é a proposta básica de um ambicioso programa lançado em 2005 pelas fundações Carnegie e Knight para tentar despertar as faculdades de jornalismo dos Estados Unidos para a nova realidade da comunicação digital. O projeto chamado News21 reúne as cinco mais importantes escolas de jornalismo dos Estados Unidos.

O problema é que a mudança de currículos, e principalmente da cultura universitária em matéria de jornalismo e comunicação, está sendo mais lenta do que esperavam os executivos de jornais.

Esta situação faz com que apenas metade dos novos profissionais contratados por um jornal como o The New York Times saiam direto da universidade para a redação. O mesmo quadro se repete noutras redações e possivelmente também aqui no Brasil, onde o tema simplesmente parece não chamar a atenção nem dos executivos de jornais e nem dos diretores de faculdades de jornalismo.

O brain storm dos americanos tocou em temas muito familiares como, por exemplo, a questão da multidisciplinaridade no exercício da atividade jornalística, bem como a velha dicotomia entre formação generalista versus formação especializada, na capacitação de profissionais do jornalismo.

O problema da multidisciplinaridade, tanto lá como aqui, emperra em questões burocráticas porque as faculdades, departamentos e centros tendem a ser estanques dentro das universidades, dificultando a integração horizontal.

Os executivos de jornais precisam de jornalistas especializados porque a realidade informativa é hoje extremamente diversificada. Não basta uma conversa com um especialista para dar ao repórter a condição de expert em comércio exterior. A formação do profissional é muito mais complexa hoje em dia, e exige que o estudante de jornalismo tenha freqüentado também aulas de economia, segundo a visão dos donos de órgãos da imprensa.

As universidades ainda não conseguiram adaptar suas estruturas a esta nova realidade, da mesma forma que ainda estão atoladas no velho dilema entre a formação generalista ou especializada. Os editores responsáveis já mudaram o discurso, que glorificava o repórter polivalente, e agora sonham com profissionais especializados capazes de contextualizar rapidamente novas notícias.

As faculdades também não encontraram ainda respostas convincentes para outro dilema das redações: os cursos de graduação devem dar mais ênfase ao treinamento de futuros profissionais nas novas habilidades técnicas da era digital ou preocupar-se com o desenvolvimento do seu juízo critico, capacidade analítica, visão multimídia ou com o novo relacionamento com os leitores.

Convenhamos, não são opções fáceis. Mas pelo menos uma coisa parece que vai mudar, e rapidamente. O tradicional divórcio entre empresas e faculdades no ramo do jornalismo, especialmente aqui no Brasil, tende a acabar, porque caso contrário, tanto um lado quanto o outro só tem a perder.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Célio Campos no Globo


Estava à toa na vida lendo O Globo de manhã e, ao chegar na seção de cartas, que leio sempre, encontrei uma carta do nosso professor Célio Campos. Célio Campos só tem um, mas mesmo assim fui checar. É o próprio. Disse que esqueceu de incluir a campanha contra o pagamento de Imposto de Renda e anunciou a sua (dele) candidatura a vereador.

Fotosacana


O Lupi merece ser sacaneado.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Febre na Imprensa brasileira?


Gustavo Barreto é um jovem jornalista, politizado, e está sempre ligado. Acaba de me enviar o artigo abaixo.

A febre da imprensa brasileira
Birra política se sobrepõe à saúde pública e cidadãos saem perdendo no caso da febre amarela.
Gustavo Barreto

É perfeitamente possível dizer que há no Brasil, atualmente, um surto de febre amarela na imprensa brasileira. Como demonstro no caso de um importante jornal paulista, felizmente (ou infelizmente), este “surto” se restringe à imprensa brasileira e a alguns jornalistas brasileiros. Colocada sob a óptica de um microscópio, a imprensa de grande circulação parece conter em sua genética um arranjo que a destina a provocar o medo e a desinformação em casos de crises de saúde pública e, mais especificamente, no recente caso das notificações de febre amarela no Brasil.

Na capa do jornal Folha de S. Paulo da última segunda-feira (14/1/2008), ao melhor estilo Folha, um ministro de Estado “nega” - colocado na primeira linha (veja na imagem), em “Ministro vai à TV e nega” - uma “epidemia” de febre amarela – colocado como frase na segunda linha: “epidemia de febre amarela”. Acima, uma imagem de desabrigados da forte chuva que atingiu o litoral paulista, que casa à primeira vista com os dizeres “Ministro vai à TV e nega epidemia de febre amarela”. Não usarei nenhuma habilidade lingüística para demonstrar como esses elementos gráficos foram importantes na construção da capa - basta acompanhar o conteúdo que o jornal vem insistindo em dar preferência nos últimos dias.

O tom da reportagem tenta claramente desmentir o ministro, como se percebe logo no primeiro parágrafo: “No dia em que o número de notificações de casos suspeitos de febre amarela subiu de 15 para 24, o ministro José Gomes Temporão (Saúde) foi à TV fazer um pronunciamento em cadeia nacional para dizer que “não existe risco de epidemia”. O ministério confirmou que, dos 24 casos suspeitos notificados pelas secretarias estaduais de saúde, 5 foram descartados e outros 2, confirmados. ”

As aspas em “não existe risco de epidemia” é contraposta à relação que fazem ao “dia em que o número de notificações de casos suspeitos (...) subiu de 15 para 24”.

Depois, continua com a birra com o governo dando um espaço de destaque a um “renomado infectologista da USP” que disse que “(...) ninguém pode dizer que não existe risco [de febre amarela urbana] quando doentes vêm de áreas silvestres para lugares com Aedes”, enquanto deixa no canto da página uma notinha que confirma exatamente o que sustenta o Ministério da Saúde: “Os casos de febre amarela confirmados até agora não são motivo para alarme na opinião de infectologistas do Incor, da Unicamp e do Fleury. Para eles, a preocupação deve mesmo ser apenas de pessoas que vão viajar para regiões afetadas.” David Uip, que também é infectologista e diretor-executivo do InCor (Instituto do Coração) – e nem por isso mereceu uma entrevista – tocou na ferida: “A gente precisa ter a responsabilidade de baixar a bola agora e não causar pânico”.

Exatamente o que a Folha de S. Paulo, de modo irresponsável, não fez nesta segunda (14/1). E outros dois igualmente renomados médicos tinham a mesma opinião. Se ouvissem mais, teriam mais opiniões semelhantes.

Trocando em miúdos, o jornal Folha de S. Paulo, abrindo mão do jornalismo sério e que serve ao cidadão, de modo que tome a melhor atitude no cotidiano, está de birra com o governo, como lhe é comum. Nesse caso, está dando sua pequena contribuição ao caos na saúde pública.

Outro exemplo foi a entrevista com Drauzio Varella na mesma edição (14/1). Varella é uma excelente fonte, pois além de conhecedor do assunto (é médico cancerologista), foi um dos dois sobreviventes em 2004 quando três pacientes morreram.

O repórter começa a birra: “Dá para falar em surto?”

Varella é claro e diz que não, não dá. “O que acontece é um fenômeno de imprensa. E isso é clássico na história das epidemias. Toda vez que surge uma, os governos negam. E a imprensa vai atrás, no rastro da doença. Estamos vivendo uma situação normal.”

O repórter insiste na birra: “O senhor não vê esses casos como um alerta?”

Varella tenta ser mais objetivo: “Não vejo mesmo”. E dá uma dimensão do real problema que trazem jornais como a Folha de S. Paulo: “O problema dessas fases de pânico é que muita gente que não precisa vai tomar a vacina. O sujeito está em São Paulo e vai ao Guarujá e quer se vacinar. Aí cria-se um problema social, engrossam-se as filas. E o sujeito que precisa não vai tomar. Eu acho até que essa preocupação com a febre amarela silvestre vai aumentar o número de casos porque os médicos vão fazer mais o diagnóstico.”

O repórter, acredite, insiste na birra: “Então há subnotificação...”

Varella tenta ser ainda mais claro: “Fui cuidado por médicos da melhor competência, todos professores da USP, gente com muita experiência. Nenhum deles tinha visto sequer um caso de febre amarela.”

Finalmente o repórter muda de assunto. Ao responder se não daria pra erradicar a febre amarela, ele ironiza: “É impossível. Só se se puser fogo em todas as florestas, matar todos os macacos.” Sobre a vacinação em massa, que a imprensa insiste em colocar em questão, juntamente com o “renomado” infectologista da USP, Varella sentencia: “Está errado. Não é a medida mais inteligente.”

No dia 11 de janeiro, o Ministério da Saúde liberou nota técnica (leia aqui) sobre o assunto que foi solenemente ignorada por este jornal paulista. Em vez de informar aos seus leitores sobre as informações técnicas contidas ali, o jornal continuou com sua birra, tentando fazer acontecer uma epidemia urbana na marra:

> Mulher é internada em São Paulo com febre amarela (12/1/2008)
> Argentina: Turistas formam filas para vacinação (12/1/2008)
> Aeroporto e postos de SP têm filas de vacinação (12/1/2008)
> SP tem fila de até 4 h para vacina contra febre amarela (13/1/2008)
> Espanhol morre com suspeita da doença em GO (13/1/2008)

Na matéria de capa desta terça (15/1) - “GO confirma 2a morte por febre amarela neste ano no Brasil” - a Folha escreve: “O número de notificações ao Ministério da Saúde subiu ontem para 26 - eram 15 até sexta-feira e 24 até domingo. Desses, 17 estão sob investigação, três já foram confirmados e seis, descartados”.

O que os editores deste jornal chamam, então, de “notificações”? Se seis estão descartados, porque incluí-los no total de 26? E se apenas 3 estão confirmados, porque não deixar claro que 17 são casos suspeitos e 3 efetivamente de febre amarela? Tudo para confirmar a birra, visto que aparentemente ninguém na redação da Folha leu – três dias depois de divulgada – a nota técnica a que me referi – exceto a sucursal de Brasília, que citou um dos últimos parágrafos, referente à notificação internacional que o Ministério da Saúde fez em 21 de dezembro de 2007. Com mais uma matéria, no entanto, que não contém dados técnicos, apenas políticos: “Brasil fez alerta internacional sobre doença”.

Confirmando novamente a observação do jornalista Aloysio Biondi de que reside, em geral, nas últimas quatro linhas das matérias da grande mídia as informações mais importantes, a Folha publica (bem escondidinho, looonge da primeira página): “Especialistas ouvidos pela Folha dizem que os três casos confirmados e os outros 17 sob investigação não configuram nem epidemia nem surto da doença. "São casos isolados", explicou o epidemiologista Pedro Tauil, da Universidade de Brasília. Tauil disse que epidemia é um aumento inusitado de casos da doença, e surto é um tipo de epidemia localizada em que os casos têm relação entre si.”

O problema não chegou nem perto de se tornar uma epidemia, mas tamanha foi a insistência da imprensa que o ministro da Saúde foi obrigado a ir à TV para negar a suposta epidemia inventada pela repetição de mensagens de pânico.

Que jornalismo tem que ser de oposição ao poder, todos sabemos. Que tem que ser independente, igualmente. Mas que ignore informações técnicas e prejudique o seu público, ao criar birras políticas com quem quer que seja, inadmissível. Não se pode colocar acima do interesse público e da saúde pública as disputas mesquinhas entre o governo e aqueles que querem sua caveira – principalmente nesse caso, pois febre amarela é uma doença de pobre, conforme explicou Varella. Não é esse, continuo a acreditar, o papel de qualquer imprensa, seja esta grande, média ou pequena.


Gustavo Barreto é jornalista científico e estudante de Comunicação na UFRJ.
http://medicinaesociedade.blogspot.com/

domingo, 13 de janeiro de 2008

Mais uma aula do ombudsman da Folha sobre viagens de jornalistas

Folha omite convite e fere ética
Mário Magalhães
A norma sobre viagens de jornalistas da Folha que não são pagas pelo jornal já constava do "Manual Geral da Redação" de 1987: "A Folha informa com clareza, no pé do texto, que o jornalista teve suas despesas pagas pelo patrocinador".
Quatro meses atrás, atualizou-se o verbete "Ética" do "Manual", reafirmando: "No caso de viagens, quando o convite é aceito e resulta em texto publicado, o jornal informa com clareza que o jornalista teve suas despesas pagas pelo patrocinador".
Nem duas décadas asseguraram a aplicação dessa cláusula de transparência, introduzida pela Folha no jornalismo brasileiro.

Domingo e segunda, Esporte anunciou o lançamento do carro de Fórmula 1 da Ferrari. Uma enviada a Maranello, Itália, assinou as reportagens. Sem avisos sobre "patrocínio", considerei que o jornal financiava a cobertura. Na crítica diária (acesso livre em www.folha.com.br/ombudsman), observei: "Como ficou claro nas duas últimas edições, a Folha não enviou repórter "a convite". Ou seja, bancou a viagem do seu profissional".

Condenei a prioridade: na Itália, havia assuntos mais importantes a apurar, o processo sobre a disputa de empresas de telefonia em terras brasileiras e a ação judicial concernente à Operação Condor. Na terça, saiu mais um relato sobre a Ferrari, ofuscando a notícia sobre o novo carro da McLaren, que deveria ser o destaque. Silêncio sobre convite.

O alerta de que a jornalista "viaja a convite da Ferrari" só apareceu na quinta, com texto simpático à escuderia produzido em Madonna di Campiglio, estação de esqui onde os pilotos ferraristas promovem a firma. A overdose extemporânea de Ferrari seguiu na sexta e ontem. Indaguei a Redação sobre a omissão nas edições iniciais. Esporte respondeu que em Maranello não havia convite, exclusivo para a ida à estação de esqui. Insisti: quem pagou a passagem aérea para a Itália? Enfim, a verdade: a Ferrari.

Por três dias, o jornal sonegou a informação aos leitores. E fez de bobo o ombudsman, que acreditou -e escreveu- não haver convite e se dedicou a discutir "prioridades".

Agora, a Secretaria de Redação afirma "que foi um erro não ter dito que a repórter viajou a convite em todas as matérias".

Ombudsman da Folha e o mistério da foto a quatro mãos


Este blog republicou a matéria publicada na Arfoc de São Paulo e hoje o ombudsman da Folha comenta o assunto em sua coluna. Mais uma aula do Mário.
O mistério da foto a quatro mãos
Mário Magalhães

É um direito dos leitores, que a ética deve preservar, conhecer a autoria verdadeira dos trabalhos jornalísticos.

DESCOBRI-ME em apuros ao garimpar uma fotografia do incêndio no Hospital das Clínicas para a última coluna de 2007. Como as imagens eram fracas, em estética e informação, encomendei uma ilustração à editoria de Arte.
Na terça passada, a Folha revelou que um grupo de pesquisadores diagnosticou não ser de Jean-Baptiste Debret (1768-1848) um quadro do Masp atribuído ao francês.
As fotos do HC publicadas pelo jornal em 26 de dezembro, que já não eram nenhuma pintura, exibiam idêntico problema: autoria duvidosa. A que saiu na primeira página ganhou o crédito "Oslaim Brito/Folha Imagem". Era igual à editada na mesma data pelo "Jornal da Tarde", do Grupo Estado, concorrente da Folha. No "JT", o autor era "Alberto Takaoka/AE/FotoRepórter".

Cotidiano imprimiu na capa a imagem de uma paciente carregada. Era parecidíssima com uma que saiu em "O Estado de S. Paulo". Nova incerteza: obra de Brito na Folha, de Takaoka no "Estado".

A Associação de Repórteres Fotográficos e Cinematográficos de São Paulo (Arfoc-SP) resolveu investigar. Em 3 de janeiro, seu site cobrou os fotógrafos e emendou: "Cabem também explicações por parte dos jornais [Folha e "JT" sobre] como essa incrível "coincidência" ocorreu".
Leitores me alertaram. Recebi do editor de Fotografia de "Estado" e "JT", Juca Varella, cópia do seu relatório endereçado à Arfoc-SP. Demolidor com os repórteres fotográficos, Varella sustenta que Takaoka ("aspirante ingênuo") fez as fotos creditadas a Brito ("macaco velho ganancioso").

Ambos são free-lancers, sem contrato com os jornais. O primeiro teria topado ceder fotografias ao segundo. Para o editor, foram "cúmplices". Varella anexou uma espécie de certificado digital da foto mais controversa: sua origem é a máquina de Takaoka.
Telefonei para Oslaim Brito, que reconheceu não serem suas as fotos da primeira página da Folha e da capa de Cotidiano (uma saiu no "Agora", diário do Grupo Folha).
Ele colabora com o jornal desde 2004. Contou que chegou ao HC por volta das 23h40 do dia 24. Lá, Takaoka lhe teria presenteado com todas as suas fotos para vender à Folha com o "copyright" de Brito. Dia 25, contudo, o colega teria entregue algumas para o "Estado"/"JT" -uma duplicada.

"Nós tínhamos feito um acordo", diz Brito, que não identifica no expediente desonestidade intelectual ou ofensa ao direito autoral: "O leitor em geral não quer saber disso. Ele está preocupado com isso? (...) A nossa preocupação maior não foi o lance da ética".
Por e-mail, Takaoka narrou que estava no HC pelas 22h30. Na manhã seguinte, acompanhava a mulher, internada em outro hospital. Brito teria surgido e se "oferecido para enviar as fotos à mídia". "Em contrapartida, ele me pediu que lhe cedesse as vantagens de algumas imagens que seriam enviadas exclusivamente" a uma outra publicação. "Mostrei as imagens que eu iria utilizar e o deixei enviando-as de meu notebook."

Takaoka não nega ter topado que fotos suas ancorassem crédito alheio. O condenável seria Brito exagerar. Brito diz que a editoria de Fotografia da Folha soube por ele da jogada logo após a publicação e se "chateou". O jornal só começou a apurar o fato com rigor anteontem, 16 dias depois do desastre.

A Secretaria de Redação afirma que a Folha "foi induzida ao erro pelo fotógrafo [Brito], que publicará a correção [hoje] e que ele não será mais colaborador do jornal". O Grupo Estado, que não publicou crédito falso, foi muito mais ágil na investigação.

É direito dos leitores, que a ética deve preservar, conhecer a autoria verdadeira dos trabalhos jornalísticos.

"Esse caso é um grande retrocesso na luta para moralizar o direto autoral", lamenta o presidente da Arfoc-SP, Rubens Chiri. "O grande problema hoje é a impunidade."

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Blog do Pugliesi ou CLUBE DA LULUZINHA?



Sergio Pugliesi foi meu aluno nos primeiros tempos de FACHA. Virou repórter dos bons e hoje é próspero empresário da Comunicação. A família Marinho começa a ficar preocupada. Os repórteres do sexo masculino também. A agência do Pugliesi parece o Clube da Luluzinha. Pelo jeito, menino não entra. E as meninas dão a maior força pro patrão. Recebi mais de 800 e-mails de meninas divulgando o blog do cara. Uma delas, a Joana Armada, de blusa verde e óculos, atrás da moça de amarelo. Na foto, além do "marajá da Comunicação", aparece o Jan Teophilo, que também foi meu aluno na FACHA.

Alô alô, Pugliesi: se eu botar um saiote de escocês você arruma um emprego pra mim?

O endereço do blog:
http://www.approach.com.br/2007/?i=21&idBlog=1

Revista Imprensa de janeiro nas bancas


Ainda não comprei, mas já está no site do Portal Imprensa. Tem entrevista com o Daniel Piza dizendo que "As revistas culturais brasileiras estão todas muito ruins". Um levantamento mostrando que o assassinato de jornalistas é prática comum em lugares onde o jornalismo representa uma ameaça. Uma matéria que mostra que "Vítimas de assédio moral, profissionais calam-se diante da vergonha e do medo de perder o emprego".

O livro do futuro

Belo texto do NELSON MOTTA na Folha de hoje.

Os livros do futuro
SALVADOR - É um livro? É um site? É um livro virtual!
Talvez por sua origem gutemberguiana, a indústria do livro está demorando a descobrir e a usar os recursos digitais que estão à sua disposição. E que são o complemento ideal para vários gêneros literários.
Melhor do que ler uma boa biografia é ler a história de um Picasso -e ver num site todos os seus quadros, esculturas e fotos de seus modelos e cenários. Se tudo isso fosse impresso, seria inacessível, em volume e preço. Com o site, é acessível e grátis para todos, um complemento da edição impressa. Como fazem as revistas e jornais. Melhor do que ler a biografia de um Cole Porter é também ouvir as suas músicas, ver suas fotos e vídeos. Ou a vida de Orson Welles, com seus roteiros e trechos de seus filmes.
Melhor ainda para os livros de história -com seus documentos, mapas, quadros, links para sites específicos: os extras do livro. Nunca mais os livros de história serão os mesmos.
Porque esta é a linguagem e a expectativa das novas gerações, alfabetizadas digitais, habituadas a encontrar com um clic as palavras, sons e imagens que procuram.
Ao contrário da música, que passou por vários formatos e suportes, do gramofone ao CD e ao "pen drive", os bons e velhos livros não mudaram muito nos últimos séculos, apenas se desenvolveram nos processos de impressão e tiveram inovações discretas nas artes gráficas. O resto, que é quase tudo -palavras no papel-, continua como sempre. Como no jogo do bicho, continua valendo o escrito.
O livro continuará com cheiro de livro, com a textura do papel, poderá ser lido em qualquer lugar, sem precisar de tomada nem de bateria. O livro de papel não vai acabar tão cedo. Mas terá na internet o seu melhor complemento.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Fast Journalism!

Não morro de amores e nem concordo com tudo o que o Clóvis Rossi escreve, mas como o assunto é Jornalismo, vale uma espiadinha.


"Fast journalism"
CLÓVIS ROSSI
SÃO PAULO - Quem perdeu a primária democrata de New Hampshire foi o jornalismo "fast food", esse que se sente compelido a projetar às pressas o futuro com base só em um microfragmento do presente.
Perderam também os institutos de pesquisa, que davam entre sete e dez pontos de vantagem para Obama, apenas para ver o triunfo de Hillary Clinton. Agora, começam as explicações para o erro de informação que foi atribuir New Hampshire a Obama, mas, por incrível que pareça, reincide-se no "fast journalism".
Uma das supostas explicações: as mulheres se comoveram com as (raríssimas) lágrimas de Hillary em um evento de campanha e correram a ampará-la com seu voto. Pode até ser, mas, que pelo leio na mídia internacional, ninguém foi perguntar a um número representativo de mulheres de New Hampshire se foi isso mesmo.
Meu palpite (e com isso me dou o direito de cenas explícitas de "fast journalism") é o de que a grande maioria dos analistas cometeu o erro de tomar Iowa como sinônimo de Estados Unidos. Seria o mesmo que aceitar que uma situação eleitoral de, digamos, Roraima fosse representativa do Brasil.
O fato é que, antes como depois de Iowa, Hillary está à frente na intenção nacional de voto, com cômoda vantagem de uns 20 pontos. Nada mais natural que New Hampshire faça parte desse sentimento nacional pró-Hillary, ainda que em menor escala. Bem menor, aliás.
Ou, posto de outra forma, a surpresa não foi a vitória da candidata em New Hampshire, mas a sua derrota em Iowa. Ponto.
Voltando ao jornalismo não tão "fast": nem morreu a "Obamamania" nem Hillary Clinton está condenada a ganhar todas as demais primárias só porque ganhou em New Hampshire. É dizer o óbvio? É.
Mas é melhor sabedoria convencional que chute.

Fonte: Folha de S. Paulo

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Gilvan e Obama não são a mesma pessoa!





NOSSO COMPANHEIRO Gilvan Nascimento, do Laboratório de Artes Gráficas da FACHA Botafogo, tem um blog delicioso (literalmente). Gilvan divulga receitas culinárias e artísticas. Porque, como ele escreve na apresentação, cozinhar também é uma Arte! Quem quiser dar uma espiadinha, é só clicar:
http://gilvannascimento.blogspot.com/

Agora: é bom esclarecer que Gilvan Nascimento e Barack Obama não são a mesma pessoa.

TV Globo incita guerra entre Brasil e Venezuela?!


O CHRIS MAZZOLA, com quem troquei mensagens e tem um divertido blog, indicou o blog de um outro "coleguinha" de Campinas (epa, epa, epa; "muita calma nessa hora", como diria o carinha da novela, embora eu não veja novela - hehe!). Gostei da ilustração e do nome do blog: "Corpo 12". O Gilberto é santista, vice-campeão brasileiro de 1995(hehe!).

Chamou a atenção o post que abre o blog hoje. Embora também não veja o Fantástico (hehe!) vi essa matéria da suposta guerra entre Brasil e Venezuela e achei uma grande babaquice. Pra quê? Por quê? Como? Quando? Quase as perguntas básicas do lide convencional, né? Mas daí o Partidão levar isso a sério é demais. Eis:

GLOBO INCITA GUERRA ENTRA BRASIL E VENEZUELA
PCB recorre ao MP contra a Rede Globo

"Através do advogado Ivan Pinheiro, seu secretário-geral, o Partido Comunista Brasileiro (PCB) ingressou no Ministério Público Federal no Estado do Rio com uma representação contra a Rede Globo de Televisão, sob a acusação de que a emissora teria produzido no programa "Fantástico" uma matéria de incitamento a uma guerra entre o Brasil e a Venezuela.

Na petição, protocolada no Ministério Público Federal no dia 19 último, alega o PCB que o citado programa violou o parágrafo único e praticamente todos os incisos do artigo 4° da Constituição. Além de pedir a impetração de ação pública contra a Rede Globo, o PCB postula também que seja concedido o direito de resposta, proporcional ao agravo, aos Governos da Bolívia, da Venezuela e do Brasil, este último porque o programa foi ao ar quando o Presidente Lula se encontrava no intervalo de uma visita aos dois países. (...)"

O endereço do blog "Corpo 12":

http://www.corpo12.blogspot.com/

1968 - 40 anos depois - 1




COMO ESTAVA FORA DO RIO e sem acesso a um scaner não pude postar essa interessante matéria publicada na coluna "Gente Boa", do Joaquim Ferreira dos Santos, em O Globo, de 3 de janeiro último. Primeiro pela bela idéia do "experiente" (como dizem os "futeboleiros") repórter-fotográfico Evandro Teixeira de transformar a imagem em tema de livro ("Destinos - Passeata dos 100 mil"), segundo pela publicação na coluna e terceiro pela edição da página. Que beleza de diagramação! Publiquei em 3 partes separadas, mas a página, claro, é uma só.

Mancadas 2008 - 1


ESSA MANCADINHA que abre a seção das "Mancadas" de 2008 foi publicada pouco antes da virada do ano, no domingo. Como estava em Teresópolis e comprei na banca um exemplar do primeiro clichê de O Globo, estranhei a chamada de Esportes na capa. Esqueceram de botar a imagem na primeira edição. Acontece, como diria Cartola, mas não pode acontecer. Alguém levou bronca.

Que grande sacada da agência Casa do Cliente!



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RECEBI A EDIÇÃO número 7 da revista "comunicação 360º", editada pela agência Casa do Cliente, dos amigos Paulo Clemen e Jaíra Reis. As revistas são personalizadas com os nomes dos "assinantes". E, ao contrário da maioria dos meus alunos, o pessoal acertou direitinho na grafia do meu nome: meu Cezar é com z e sem acento.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Cartas de Leitores - 1

Sou fã e leitor de seção de Cartas. A partir de hoje pretendo destacar algumas cartas publicadas nos jornais que tenham a ver com a Imprensa. Como a que está hoje na Folha de S. Paulo:

"Fico preocupada com a decadência dos textos jornalísticos nos últimos anos. Gostaria de ilustrar o fato com a recente cobertura dada pela imprensa ao súbito "ataque" dos seres marinhos popularmente chamados de águas-vivas. O termo ataque não é apropriado, pois nunca houve relatos desses seres marinhos perseguindo banhistas. Ontem mesmo, em Cotidiano, o jornalista Vinícius Galvão faz um relato sobre a diferença comportamental do veraneio no litoral norte paulista que remete a um oásis do consumismo, da moda e do conforto, que vai da fartura de água doce à ausência de água-viva, como se esse fenômeno tivesse alguma relação com o alto poder aquisitivo dos turistas. Passa-se a impressão de que o fenômeno natural do surgimento dessas espécies neste período do ano é conseqüência do descuido com o ambiente (até nas águas límpidas da praia do Espelho, no sul da Bahia, pode-se encontrar água-viva nesta época) e que os banhistas de Maresias e da praia da Baleia são limpos, e os da Praia Grande não são. A matéria não tem a preocupação de contribuir com o esclarecimento, e isso é uma lástima."
ADRIANA BUENO BRAGA (Campinas, SP)

José Dirceu na piauí, segundo Alberto Dines


Como faço desde o primeiro número (não tive a sorte de ler o número 0), estou lendo a revista piauí. Na semana passada, no dia em que a revista saiu, li na íntegra a bela matéria da Daniela Pinheiro com o Zé Dirceu. Uma BOMBA! Caiu no colo do PT. Imperdível. Quem ainda não leu, dê uma espiadinha no texto de Alberto Dines publicado hoje no Observatório da Imprensa.

JOSÉ DIRCEU NA PIAUÍ
Uma lição de jornalismo
Alberto Dines

(Comentário para o programa radiofônico do OI, 7/1/2008)

Quando se lê uma matéria como a da revista Piauí sobre José Dirceu percebe-se claramente a distância que separa nossa grande imprensa do bom jornalismo.

A entrevista-perfil assinada pela repórter Daniela Pinheiro é modelar: pode ser lida como uma peça devastadora contra o ex-chefe da Casa Civil ou como retrato de uma personalidade fascinante. Há nela dinamite suficiente para derrubar meia dúzia de figurões do PT e do governo, mas há também um rico material sobre a perigosa tangência entre o público e o privado, o mundo de negócios e a administração pública, tanto na esfera nacional como internacional.

"O consultor" – este é o titulo da reportagem – é ao mesmo tempo uma denúncia irrespondível e uma confissão surpreendente. José Dirceu aparece ora como uma espécie de cardeal Richelieu, ora como revolucionário arrependido ou playboy internacional.

Resposta única

Num panorama jornalístico dominado pelas posições extremadas, histéricas, debochadas e drásticas, de repente uma pausa para os meio-tons. Desta peça jornalística superior os observadores da imprensa engajada não poderão dizer que se trata de um complô da mídia contra o governo, porque a revista Piauí (com pouco mais de um ano de vida e cerca de 50 mil exemplares mensais) circula junto a um público sofisticado e muito bem informado. Por isso mesmo capaz de perceber todas as nuances de uma informação.

Resta saber por que revistas com 1 milhão de exemplares semanais ou jornais com quase meio milhão de exemplares diários não conseguem produzir este mesmo jornalismo de qualidade.

A resposta está contida em outra pergunta: e por que a grande imprensa ainda não conseguiu dar a merecida ressonância ao que está contido na matéria de Piauí?

A resposta é uma só.

Quer ler mais sobre a piauí?

piauí, uma revista sem gravata, por Lilia Diniz em 3/10/2007

http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=453IMQ006

Vaga para repórter - Em São Paulo

Portal IMPRENSA abre vaga para repórter em São Paulo

"O Portal IMPRENSA abre nesta semana um processo seletivo para a contratação de um repórter para a redação, situada na cidade de São Paulo (SP). A vaga é para meio-período, ou seja, 5 horas trabalhadas.

Os interessados devem enviar seus currículos, no corpo do e-mail, para thaisnaldoni@gmail.com até o dia 11/01 (sexta-feira). Arquivos enviados anexos às mensagens serão ignorados. Na linha do assunto do e-mail deve constar a referência "Vaga para repórter".

O candidato deve ter formação em jornalismo, MTB, disponibilidade para início imediato, experiência comprovada em veículos de internet, bom texto, intimidade com os temas relacionados à imprensa e inglês fluente. Currículos que não se encaixarem no perfil não serão considerados. Os contatos devem ser feitos exclusivamente por e-mail".

"Uma foto dois autores?"



Meu camarada teresopolitano mandou a dica de um interessante blog do jovem (29 anos) Jornalista e RP Chris Mazzola, de Campinas, São Paulo, Brazil.
http://chrismazzola.blogspot.com/

Mazzola também trabalha com fotografia e diz que perde o seu tempo "pensando no sadismo da vida, no que não se pode pensar e no que pode-se viver (e aproveitar). Fora isso, estou dormindo, lendo e assistindo".

No blog, "pesquei" uma bela sacada que, parece, foi descoberta pela Associação dos Repórteres Fotográficos de São Paulo.

A notícia está copiada na íntegra e vale a pena ler.

"No triste episódio do incêndio do Hospital das Clínicas um fato, no mínimo curioso, ocorreu no círculo do fotojornalismo. A capa do jornal Folha de S. Paulo seria a mesma de uma das fotos editadas nas páginas internas do Jornal da Tarde? E no caso de ser de fato a mesma foto, como explicar dois autores para a mesma fotografia?

A fotografia da Folha foi atribuída a Oslaim Brito/ Folha Imagem e já a do JT foi creditado para Alberto Takaoka/ AE/ FotoRepórter. Há de se considerar que os dois jornais pertencem a grupos empresariais diferentes, eliminando a hipótese de utilização da “mesma foto” com erro de crédito. Então como explicar este fato?

Tecnicamente seria impossível dois autores para a mesma foto, a menos que ambos, num sincronismo inédito, tivessem enquadrado, focado e apertado o botão de disparo ao mesmo tempo e no mesmo ângulo. Desta forma, a dúvida permanece.

Cabe aos envolvidos explicações convincentes, pois de acordo com Código de Ética dos Jornalistas, “o compromisso fundamental do jornalista é com a verdade no relato dos fatos, razão pela qual ele deve pautar seu trabalho pela precisa apuração e pela sua correta divulgação.” E “assumir a responsabilidade por publicações, imagens e textos de cuja produção não tenha participado” é um fato gravíssimo. Cabe também explicações por parte dos jornais Folha de S. Paulo e Jornal da Tarde, de como essa incrível “coincidência” ocorreu.

Em se confirmando qualquer tipo de fraude, a ARFOC-SP irá encaminhar as denúncias para comissão de Ética do Sindicato do Jornalista Profissionais no Estado de São Paulo, assim como tomar a medidas de âmbito interno".

FONTE: ARFOC - Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do Estado de São Paulo.
http://www.arfoc-sp.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=543&Itemid=70