sábado, 19 de janeiro de 2008

Blog do professor pc protesta: Jornalista iniciante sofre!

Meu ex-aluno Diogo Mochcovitch ligou. Queria saber o que é preciso fazer para publicar legalmente uma revista. Disse para ele ir ao Sindicato dos Jornalistas pedir informações. Qualquer informação que eu pudesse passar para ele seria "achismo". Achei que o nosso Sindicato seria o lugar indicado. Diogo foi e voltou desanimado. Contou a história que publico abaixo.

Sindicatos parecem repartições públicas
Diogo Mochcovitch

"Na proximidade de receber o diploma após a conclusão do curso de Jornalismo na FACHA, certo dia estava com um grupo bem heterogêneo de amigos e resolvemos realizar a produção de uma revista. Nada virtual, impressa. Ao apostar nesta investida, fizemos tudo como deve ser feito. Designamos cada um para sua função, um responsável por uma coluna, outro com matérias de determinado assunto, e ainda outro com a arte, publicidade, etc. O rapaz do marketing já realizou a pesquisa nas áreas onde devem concentrar as vendas.

Tudo muito correto. Lugar para estabelecer a redação já tem em vista. Nada de projeto pendente de faculdade que morre com o tempo. Entretanto, o problema maior da iniciação no mercado de revistas impressas é o registro. Atendi o conselho do professor e jornalista PC e fui ao sindicato dos jornalistas (com o respeito que me trataram, se for com caixa alta não vou me ater a colocar). Uma rápida olhada no Teatro Municipal antes de ir ao prédio. Após 17 andares, bem espremido no elevador, me falaram que sou obrigado a ter o registro e só se preocuparem em mostrar qual documento é preciso e o pagamento de uma taxa – parece que terminei o ensino médio, menos uma faculdade de Jornalismo – me indicaram ao sindicato patronal de jornais e revistas para lá, resolver as pendências de todas as dúvidas do registro da revista.

Depois de uma bela tarde de calor no pescoço – quem dera se fosse uma espécie de pescoção na futura redação – atravessei o centro e passei pela encantadora Travessa do Ouvidor, onde freqüentava o saudoso Pixinguinha. Após a rápida admirada, entrei no prédio número 16. Quando finalmente achei que iria resolver minhas questões, me deparo com um olhar dos pés até a ponta do fio do meu cabelo mais alto como quem diz “Você, dono de revista ou jornal?”. Depois da provação e absolvição do olhar punitivo cheguei, enfim, à secretária que me recebeu com um desprezo tão grande quanto o olhar.

O jovem jornalista pergunta humildemente: ”Gostaria de saber sobre o registro...”. A interrupção da mulher sentada numa cadeira velha vem à tona com um estrondoso “É o quê?”. “Não é aqui que você vai ver isso. O sindicato dos jornalistas sempre manda as pessoas pra cá. É que nem o registro de uma empresa qualquer. Geralmente se contrata um despachante. Ele que resolve isso”, declarou num tom tão alto quanto o calor que fazia lá no recanto do Pixinga.

Insisti mais um pouco. Também, se tivesse ido embora não teria aprendido nada com o diploma que receberei.

“Lê a lei 5.250, a lei da imprensa. O resto é normal. Ah, tem um registro também, como é que é o nome. Esqueci, mas tem que ver”.

Aí a razão do título. Os sindicatos servem pra ajudar ou são uma classificação próxima ao que é visto nas repartições públicas? De qualquer maneira, desistir; não iremos. Recorreremos a outros órgãos e, quem quiser ajudar entre em contato".

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