quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Furo do blog: Ajudem o Roberto Assaf a renovar a carteira de motorista e a pagar os IPVAs atrasados



Encontrei hoje com o nosso querido professor Roberto Assaf (flamenguista). Ele está lançando mais um livro, dessa vez independente. Dei uma olhada nos originais e no cartaz de divulgação. O prefácio é de outro amigo, João Luiz de Albuquerque (tricolor). Chama-se "Ipanema - Lado B". O lançamento é dia 13 de setembro, quinta-feira, na Letras e Expressões do Leblon. Eu vou! Não deixem de ir.

Apresentação
"Ipanema, Lado B" narra o cotidiano de quase 200 personagens, homens e mulheres, jovens e velhos, brancos e negros, ricos e pobres, que viveram entre as décadas de 60 e 80, quando o bairro passou a sofrer mudanças irreversíveis provocadas pela especulação imobiliária. São todos desconhecidos do grande público, que jamais tiveram seus nomes registrados por obras anteriores sobre o tema, daí o Lado B do título. O autor começou a notá-los ainda menino, quando Ipanema ainda tinha jeitão de cidade do interior. E decidiu resgatá-los para a posteridade. Afinal, todos deixaram muitas histórias, ora alegres, ora tristes, por vezes dramáticas, algumas quase inverossímeis, e que também contribuirão para que o bairro preserve a sua memória e identidade.

Resumo de um trecho do livro
"Tio Hélio era um doceiro de mão cheia e um pretenso feiticeiro. Trabalhava numa confeitaria badalada e morava num pequeno quarto alugado num velho centro comercial. Na realidade, só ia lá para dormir, pois quando o expediente terminava, ali pelas cinco da tarde, iniciava o giro pelos bares, angariando a cerveja que bebia quase sempre de graça, em troca dos casos que contava, a maioria falando de gente que havia recolocado "no bom trilho da vida".

Pois é. Tio Hélio dizia-se um pai de santo de mão cheia, capaz de recuperar amores perdidos, buscar empregos sonhados, encontrar remédio para desavenças familiares e arranjar solução imediata para dívidas aparentemente impagáveis. Apresentava-se enfim como pau para toda obra. O velho não era de beber muito. Jamais foi visto embriagado de cair. Nem cobrava qualquer centavo por seus serviços. Valia-lhe sobretudo sustentar a prosa.

A gatinha brigou com o namorado porque ele estava se engraçando com outra. Hélio sentava na cadeira, curvava o corpo e os óculos remendados com esparadrapo caíam-lhe sobre as bochechas. Pedia para trazer uma cerveja e ouvia o relato, compenetrado, balançando a cabeça. Depois, dava a receita para o caso e pedia paciência .

- O titio já rezou e encomendou a graça ao santo. Agora, prá completar, a moça vai fazer bem direitinho o trabalho que o titio mandou, pro moço largar logo esse galho maldito.

As consultas eram sempre em caráter particular. No começo, as pessoas se assustavam com os seus berros, invocando os orixás. Depois, já não ligavam mais. Havia ocasiões em que Hélio atendia dois, três clientes, gente que vinha só pedir informação para completar o serviço.

- O titio sabe onde é que eu arranjo aquela marca de cachaça indicada prá fazer o despacho? Não tô achando em lugar nenhum...

- Ora, aquilo foi um luxo do titio. É que o santo gosta do melhor, mas tá aceitando qualquer uma..."

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