terça-feira, 21 de agosto de 2007

Medíocre é a... ou ele está certo?

De qualquer forma, jornalistas americanos não têm muito o que falar da nossa Imprensa. E a deles? E os jornalistas engajados? Mas este é um blog democrático e informativo.

"A imprensa brasileira navega num mar de mediocridade", diz Larry Rohter ao Estadão
Fonte: Portal IMPRENSA

No último domingo (19/08), o caderno "Aliás", do jornal O Estado de S.Paulo, publicou entrevista com o controverso jornalista Larry Rohter, ex-correspondente do jornal New York Times, responsável pela matéria que ganhou grande destaque na mídia nacional e internacional e que abalou o Palácio do Planalto por falar dos hábitos privados do presidente Lula, entre eles o suposto apreço pelos destilados.

Na entrevista, que ocupou as duas páginas centrais do caderno e teve chamada de capa, o jornalista respondeu perguntas como "Se um correspondente brasileiro assinasse a mesma matéria sobre o presidente americano, o que aconteceria?", "Como você vê as relações entre mídia e poder no Brasil" e "Hoje, se você estivesse com Lula numa entrevista, perguntaria o quê?".

Em tom quase que desafiador, Rother falou da relação da mídia internacional com o atual governo e chamou a imprensa brasileira de "medíocre".

Confira abaixo alguns trechos da entrevista:

"A relação com o PT sempre foi difícil para qualquer correspondente estrangeiro. Com o PFL, o PSDB, o PMDB não há a mesma veemência ao reagir às reportagens que saem no exterior. Mas, quando se trata do PT, a chiadeira é quase infantil".

"Durante a ditadura eu admirava a imprensa brasileira. Ali existia um jornalismo que era vocação, não só carreira. A morte de Vladimir Herzog foi algo que me marcou. O próprio Estado, ao publicar trechos de Os Lusíadas, para resistir à censura, foi algo tocante. Ali vi imprensa de qualidade. Jornalistas e empresas de comunicação até pagaram um preço alto por isso. Hoje em dia, as coisas são diferentes. Há jornalistas de gabarito, mas a imprensa brasileira navega num mar de mediocridade, com algumas ilhas de excelência".

"Governar é fazer coisas. E fazer jornalismo é criticar. A crítica é um elemento-chave na profissão. Não vou ao extremo do "si hay gobierno soy contra", mas é papel da imprensa olhar os governos e dizer "aqui está errado". Agora mesmo, o grave acidente aéreo de SP virou símbolo de uma crise maior. Quais as razões que levaram ao desastre em Congonhas? Não sabemos. Mas há uma crise maior, crise nos serviços, afinal, somos usuários, não há como negar. Então, por que dizer que a cobertura está exagerada? Quem não lembra das críticas ao apagão de energia, feitas pelo PT, no final do governo do FHC? Falta de planejamento, falta disso, falta daquilo. Era uma crítica perfeitamente compreensível. Lembremos de como Bush apanhou da imprensa americana depois do furacão Katrina. E mereceu apanhar! Ver aqueles velhos morrendo em frente do estádio foi terrível. Pois ver os corpos carbonizados em Congonhas produz o mesmo sentimento. O povo sabe julgar. E nós, na mídia, somos instrumentos dessa opinião pública que ora castiga, ora absolve".

Para ler a versão on-line da entrevista, clique http://www.estadao.com.br/suplementos/not_sup37006,0.htm.

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