quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

A Internet é uma nova babá eletrônica? Ruy Castro

Deu na Folha.

Nova babá eletrônica
RUY CASTRO

Uma dona-de-casa americana, Lori Drew, 49, está sendo acusada de ter inventado um personagem no site MySpace para se corresponder com uma vizinha adolescente, Megan, 13. O trote teve fim trágico. O personagem seria um "rapaz de 16 anos". Depois de se tornar amigo virtual de Megan, o "rapaz" brigou com a garota e disse que o mundo "ficaria melhor sem ela". Megan se matou.

No Rio, outro dia, um homem foi preso ao chantagear uma menina também de 13 anos, de quem se aproximou fazendo passar-se no Orkut por uma colega dela. Confiante na "amiga", a garota deixava-se filmar. O homem adulterou as imagens, transformando-as em pornografia, e transmitiu-as para os colegas da menina quando esta se recusou a se encontrar com ele. Por sorte, ela contou tudo à mãe, que chamou a polícia.

Nos primeiros seis meses do ano, uma ONG que investiga denúncias do gênero flagrou 45.941 páginas com conteúdo de pedofilia no Orkut. Podem ter sido retiradas do ar, mas foram logo substituídas por outras, que, por algum tempo, continuaram ao alcance de qualquer menor armado de um mouse.

No passado, a babá eletrônica era a televisão. Hoje é a internet. Crianças de menos de dez anos passam o dia encafuadas em seus quartos, trocando mensagens e imagens com pessoas que seus pais não conhecem e que podem não ser suas coleguinhas de escola. Ao criar um precoce canal de comunicação com o mundo, a criança começa a correr todos os riscos inerentes.

O lar já não é garantia de proteção. O perigo vem pelo ciberespaço e passa por entre as pernas dos responsáveis (muitos pais nem sabem o que é o Orkut). Existem filtros para tentar controlar esse contágio, mas não seria má idéia se os computadores dos guris ficassem na sala, com as telas à vista dos adultos.

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