sábado, 13 de dezembro de 2008

O futuro dos jornais: "Murdoch exala otimismo sobre o jornal do século XXI - Entrevista publicada na Folha de S. Paulo - Parte 7

(Continuação do post abaixo)

Quando Dan Rather veiculou sua reportagem no "60 Minutes", da CBS, sugerindo que o presidente George W. Bush teria se esquivado de prestar serviço militar quando esteve na Guarda Nacional, blogueiros rapidamente expuseram a natureza dúbia de seus documentos e fontes.

Longe de festejar esse jornalismo cidadão, o establishment da mídia se pôs na defensiva.

Um executivo da CBS foi à Fox News atacar os blogueiros, numa declaração que ficará gravada nos anais da arrogância.

"O "60 Minutes'", disse ele, era uma organização profissional com "camadas múltiplas de verificações e contrapesos".

Contrastando com isso, ele descreveu o blogueiro como "um sujeito escrevendo de pijama na sala de sua casa". Mas, no final, foram os sujeitos escrevendo de pijama que obrigaram Dan Rather e seu produtor a pedir demissão.

Rather e seus defensores não estão sós. Um estudo americano recente constatou que muitos editores e repórteres simplesmente não confiam que seus leitores tomem boas decisões. É uma maneira educada de dizer que esses editores e repórteres acham os leitores estúpidos demais para pensar com suas próprias cabeças.

Ao enxergar seu público como garantido e permitir que eles mesmos se tornem tão institucionalizados quanto qualquer governo ou empresa sobre a qual escrevem, esses jornalistas estão pondo em risco seus próprios jornais. É simplesmente extraordinário que tantos que têm o privilégio de sentar na primeira fileira e escrever o primeiro relato da história possam ser tão imunes a seu significado evidente - sem falar nas conseqüências disso para sua própria indústria.

Vou dar um exemplo. Quatro anos atrás o "Times" de Londres estava passando por uma fase difícil em termos de sua circulação. Então fizemos um experimento de mudar do formato de folha grande para o que chamamos de versão "compacta". Durante quase um ano, imprimimos duas versões do "Times" - ambas contendo as mesmas fotos, manchetes e reportagens.

Os leitores, em sua maioria avassaladora, preferiram a versão nova, compacta. Então adotamos essa versão, invertemos nossa queda de circulação e ajudamos a colocar o "Times" em posição mais sólida, o que, é claro, é a chave para conservar empregos. E o fizemos sem afetar a qualidade jornalística.

(Continua no post acima)

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