sábado, 13 de dezembro de 2008

O futuro dos jornais: "Murdoch exala otimismo sobre o jornal do século XXI - Entrevista publicada na Folha de S. Paulo - Parte 8

(Continuação do post abaixo)

Seria de se imaginar que nossa experiência com o "Times" serviria de boa lição sobre a importância de reagir ao que os leitores querem e de conservar um jornal relevante e viável.

Mas não foi sobre isso que escreveram os jornalistas, em sua maioria. Em vez disso, eles ofereceram muitas condolências pelo abandono da tradição, além de lamentos sentimentais chorando a perda de um formato do qual a maioria dos leitores do "Times" já não gostava.

Vejo a mesma coisa todos os dias. Em vez de encontrar assuntos relevantes às vidas de seus leitores, os jornais publicam matérias que refletem seus próprios interesses. Em vez de escrever para seu público, escrevem para seus colegas jornalistas. E, em vez de encomendar aos jornalistas reportagens que tragam mais leitores, alguns editores encomendam reportagens cuja única meta é a busca de um prêmio.

Quando comecei no ramo do jornalismo, qualquer pessoa que ousasse desfilar com um prêmio por excelência teria sido ridicularizada na Redação por levar-se demasiado a sério.

Mas hoje o desejo por prêmios virou fetiche. Os jornais podem estar perdendo dinheiro, perdendo circulação e demitindo pessoas a torto e direito. Mas ainda terão uma parede recoberta de troféus - prisioneiros do passado, em lugar de serem entusiastas do futuro.

Os leitores querem notícias tanto quanto sempre quiseram.

Hoje o "Times" de Londres é lido por um público global diversificado de 26 milhões de pessoas todos os meses. É um público muito maior do que a população inteira da Austrália - um público cujas dimensões superam de longe a compreensão e as ambições dos fundadores do jornal, em 1785. Essa estatística, por si só, nos diz que existe um público que quer notícias e que sabe discernir.

(Continua no post acima)

Nenhum comentário: