Revista Língua Portuguesa nas bancas. Sempre uma boa leitura para estudantes, professores e jornalistas. Interessante a matéria sobre os "Códigos do grampo". Publico um trecho a seguir:
Os códigos do grampoRachel BoninoEscutas telefônicas da Polícia Federal revelam a criatividade e as trapalhadas de quem produz vocabulários e expressões para não ser pego pela língua solta Corrupto que é corrupto não usa telefone, que escuta telefônica bem-feita pega bagre e bagrinho. Mas quando usa, esbanja curiosos exemplos de criatividade bandida. A constatação é da Polícia Federal: recentes conversas grampeadas nas mais diversas ações trouxeram à tona uma modalidade de linguagem própria da contravenção, antes reservada ao submundo do crime e do meio policial.
Diálogos cifrados entre juízes, traficantes, assassinos e deputados revelaram pérolas do tipo "entregar o travesseiro" (pagamento de corrupção), "gastos com a reforma da igreja" (propina), além de palavras descontextualizadas, como "tios" (pessoas corrompidas) e "bingo" (morte confirmada), que enriquecem o vernáculo criado diariamente para esconder ações ilícitas do Brasil atual.
Ao contrário de muitas gírias, que podem passar de geração para geração, as criadas no calor do crime costumam ter vida curta, ao sabor da existência de uma quadrilha.
Um membro da Polícia Federal que já trabalhou em ações nacionais e prefere não se identificar garante que as expressões mudam muito e são muito específicas, variando de acordo com a região. Quando uma quadrilha cai, aquela linguagem desaparece com ela, explica o informante. A criatividade seria um pré-requisito para a delinqüência de colarinho branco.
Os especialistas não têm ainda uma descrição unânime do fenômeno. Para o professor Ataliba Teixeira de Castilho, da USP, a maioria das novas expressões cifradas pode ser identificada como metáfora, já que transferem o sentido de um termo para um outro. Na Operação Vampiro (fraudes na licitação de hemoderivados no Ministério da Saúde, em 2004), os partidos descritos nas conversas telefônicas foram chamados de "condomínio" e os deputados, "inquilinos" ou "carros". (...)
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